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Discworld | O Aprendiz de Morte

Sinopse: ”No quarto volume de Discworld, Morte, um esqueleto com brilhantes luzes azuis em suas órbitas oculares e dono de uma voz semelhante a ” lajes de chumbo caindo sobre granito” , oferece a Mortimer, um desajeitado rapaz de interior, uma proposta irrecusável: tornar-se seu aprendiz. Após receber a garantia de que não é preciso estar morto para conseguir esse trabalho, Mort aceita o cargo. Mas os conflitos surgem quando a descoberta do amor passa a interferir nas responsabilidades do garoto.

O Aprendiz de Morte é o primeiro volume do ciclo da Morte dentro da saga Discworld, protagonizada por nada mais e nada menos que pela própria Morte, personagem ícone da saga por sua FALA PECULIAR… Ah, e seu aprendiz Mortimer, ou simplesmente Mort.

Publicada em 1987, O Aprendiz de Morte já foi adaptado como musical. A história começa com o Morte observando um garoto franzino que tem sérios problemas para arranjar alguma orientação na vida. O pai de Mortimer preocupado, leva o filho para uma feira para arranjar um ofício ao filho, quase sem sucesso por não aparecer nenhuma oferta, aparece uma figura encapuzada. Pronto! Mortimer está encaminhado para o serviço funerário… E que serviço!

Morte e Mort por Omar Rayyan

Mortimer será introduzido nas artes de ‘’CONDUZIR ALMAS PARA O PRÓXIMO MUNDO’’ (pode parecer estranho, mas as falas de Morte são todas em letras maiúsculas), contudo a parte humana talvez o atrapalhe nesse serviço ‘’mortal’’.

A Morte possui diversas representações na literatura mundial, mas com certeza não houve personagem tão carismático quanto o Morte de Pratchett. Nessa obra vemos a crise de ”identidade” de Morte, um pouco fadigado do emprego e em busca de algo bem humano: diversão.

Acompanhado de seu cavalo Pituco e do mais jovem aprendiz Mortimer (ou apenas ”garoto”), Morte nos leva aos dilemas da vida (e da morte claro) e ficamos diante poder do destino inexorável. O trabalho da Morte parece simples, mas diante da ”injustiça” no reino de Sto La, Mortimer intervém e provoca uma distorção na realidade.

Mortimer, Pituco e Princesa Keli por Omar Rayyan

Como já foi dito em resenhas anteriores sobre a saga Discworld, Terry Pratchett tem um humor único e inteligente. Em O Aprendiz de Morte, Pratchett nos apresenta um enredo cômico, trágico e até mesmo filosófico. Será a (ou o) morte o fim? Não podemos mudar nosso destino? Esses e outros questionamentos se encontram entre as linhas do livro.

A leitura é rápida e calorosa, nós divagamos pela Discworld no lombo de Pituco. Uma experiência cheia de aventura e ótima para passar o final da tarde lendo.

Infelizmente a obra está esgotada, mas pode ser encontrada facilmente em pdf. Em julho teremos o lançamento de Homens de Armas.

Confira nossas outras resenhas de Discworld: Direitos Iguais Rituais Iguais, Estranhas Irmãs e Lordes e Damas.

Escrito por RM

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Discworld | Estranhas Irmãs

Sinopse:  ”Nem depois de morto o rei Verence pode descansar. Mesmo como fantasma tem que continuar zelando pelo reino de Lancre, que foi tomado pelo duque Felmet e sua esposa. Com a ajuda de três irmãs, as bruxas Vovó Cera do Tempo, Tia Ogg e Margrete, esse rei fantasma precisa coroar o verdadeiro herdeiro, entregue a uma trupe mambembe de passagem pelos arredores no dia de sua morte. As estranhas irmãs precisarão de muitas artimanhas para localizar um ator nato que interpreta reis como ninguém…”

Terry Pratchett (1948-2015)

A obra ‘’Estranhas Irmãs’’ (Wyrd Sisters), escrita pelo autor inglês Terry Pratchett, publicada em 1988, é o segundo volume do ciclo das bruxas, integrando a saga de livros Discworld. Já comentamos sobre o primeiro volume do ciclo das bruxas, ‘’Direitos Iguais Rituais Iguais’’, você pode conferir aqui.

Temos o retorno da enigmática personagem Vovó Cera do tempo, bruxa famosa pelos recantos das Montanhas de Ramtops, agora acompanhada de Tia Ogg e Margrete, ambas também bruxas, formando o trio mágico (senão uma irmandade, agora entende o título, correto?) em nossa história. Falando em história, a imagem das três bruxas não é tão desconhecido para o leitor que conhece a famosa tragédia de Hamlet com as três bruxas. Se você discordou com algo na frase anterior, você está certíssimo, na verdade as três bruxas descritas por Shakespeare estão na peça Macbeth, não é por acaso que elas são chamadas de estranhas irmãs, o mesmo título da obra de Pratchett que inclusive foi traduzido como Macbest para o alemão.

Ainda retomando Shakespeare, o plano de fundo do enredo nos relembra (agora sim) a peça Hamlet com toques de O Senhor dos Anéis. O Rei Verence, sobreno de Lancre, acabou se ser assassinado pelo Duque, por sorte o herdeiro foi salvo e confinado a nada mais e nada menos que as três bruxas de Ramtops. O Duque assassino chama uma trupe teatral para interpretar uma peça com que faça que as bruxas sejam colocadas contra o povo, relembrando Hamlet.  Misturando ‘’viagens no tempo’’, reviravoltas dignas de Deu a Louca na Chapeuzinho 1 (o 2 é bom, mas o 1 ainda é melhor) e claro bastante humor.

COLEHO 2
Da esquerda para direita: Tia Ogg, Vovó Cera do Tempo e Margrete.

Além disso, Pratchett não só faz uma história mirabolante para puro entretenimento, a mensagem do autor é forte se olharmos com outro viés, como a avareza, inveja e a busca de ter mais e mais dentro da política de Lancre faz com que o Duque assassine o rei. Este que acaba por virar um fantasma desenvolve várias discussões existencialistas que, claro, o autor se utiliza de bastante humor, juntamente com a imagem da Morte, personagem que aparece em praticamente (em todos?) os livros de Discworld.

De fato, com Estranhas Irmãs, o autor se usa para criticar bastante a sociedade inglesa, tanto social quanto no plano político. Outro exemplo bastante interessante é quanto a ‘’viagem no tempo’’ na história, na verdade, uma parada no tempo. O herdeiro de Lancre, possível candidato para a sucessão do trono ao fugir do Duque, só poderia assumir com 15 anos, então as bruxas decidem parar o tempo em Lancre, digno de uma maldição como em A Bela Adormecida durante 15 anos, o autor parodia as eleições na Inglaterra e seus sucessórios representantes. Margaret Thatcher, conhecida como Dama de Ferro do partido conservador, governou durante 10 anos (acredito que Margaret pode ter influenciado o nome da bruxa Margrete) e em seguida John Major, que durou 7 anos de mandato, totalizando 17 anos, coincidência?

Espero que tenham gostado dos comentários sobre o livro e lembre-se que não é necessário ler Direitos Iguais Rituais Iguais para lê-lo. Estranhas Irmãs é um livro concomitante com o atual cenário politico brasileiro, vale a pena a leitura, é um dos melhores livros do ciclo das bruxas e está entre os 10 melhores do Disworld, segundo a rede social de leitores Goodreads. O livro está esgotado, só pode ser encontrado em pdf ou sebos.

Tenham uma ótima leitura!

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Discworld | Direitos Iguais Rituais Iguais

Sinopse: ”À procura do oitavo filho de um oitavo filho para sucedê-lo, o mago Drum Billet encontra, momentos antes de morrer, um recém-nascido na casa de um aldeão. A sina parece estar certa – só que o bebê é uma menina. Assim a garota Esk começa sua complicada aventura de juntar a magia da natureza – a força da Terra que mulheres trazem em si – com as forças cósmicas que os grandes magos invocam…

Para ajudá-la, entra em cena a Vovó Cera do Tempo, uma bruxa cheia de feitiços e de poderes “animais”, que tenta driblar os preconceitos e levar a menina à Universidade Invisível – onde, por tradição, só estudam rapazes.

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Discworld é uma saga de livros escrita pelo inglês Terry Prachett (1948-2015), tendo mais de quarenta volumes dentre eles Direitos Iguais Rituais Iguais. Misturando humor, magia, jornadas cavalheirescas e até mesmo elementos de física quântica, paródias seja ela quanta a sociedade ou religião, Terry nos proporciona momentos de entretenimento e sutileza que imerge o leitor em suas histórias.

Apesar da imensa quantidade de livros, eles podem ser lidos de maneira avulsa que podem ser lidos em uma tarde. Não existe uma ordem que interferia no entendimento das histórias e isso é maravilhoso, contudo, claro, existe agrupamentos de histórias. Escolhi falar sobre ‘’o ciclo das bruxas’’ por sentir curiosidade de conhecer os feiticeiros e bruxas do Pratchett.

No ‘’primeiro volume’’, publicado em 1987, Equal Rites (Direitos Iguais Rituais iguais, traduzido assim pelo trocadilho de Rites com Rights) Terry nos apresenta uma das memoráveis personagens de seu mundo: Vovó Cera do Tempo (em ‘Lordes e Damas’ a Bertrand deixou o nome em inglês Weatherwax, provavelmente por medo dos leitores terem nojinho) uma bruxa que vive em Cabra da Peste perto das Montanhas Ramtop que ficam em cima de uma crosta terrestre apoiada por 4 elefantes em cima de uma tartaruga gigante, A’Tuin, que vagueia o espaço sustentando a ‘’imensa roda do Discworld’’(é isso mesmo que você acabou de ler).

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Eskarina e Simon

A protagonista, diga-se de passagem porque para mim a Vovó rouba a cena, é a Eskarina, a oitava filha de um oitavo filho (isso te lembra algum livro certo?) escolhida para ser uma maga, porém, não existe magAs somente magOs, mulheres podem ser bruxas. O enredo gira em torno do questionamento: Por quê mulheres não podem ser magas?

O que mais me surpreendeu no livro foi como ele inspirou outros autores: vide Vovó Cera do Tempo que tem o poder de olhar lugares por meio de animais o que lembra os wargs em As Crônicas de Gelo e Fogo, ou as criaturas da outra dimensão que sugam a força da pessoa o que lembra bastante os dementadores em Harry Potter e claro a Universidade Invisível onde os alunos estudam a história da magia e outras matérias, uma ”Hogwarts” por assim dizer.

Vovó Cera do Tempo tenta convencer Eskarina de que ela pode ser bruxa mas não maga, mas a magia ou se preferir o destino, é inevitável e Eskarina ”exala” poderes de magos levando-as para uma jornada até a Universidade Invisível e conhecer personagens como o mago Treatle e seu pupilo Simon. Anões, orangotangos, ciganos, lobos famintos, corvos, vassouras de péssimo motor, são alguns elementos que tornam a história mais divertida.

Não diria que é a melhor história do autor, mas é genial e criativo. Infelizmente o livro está fora do mercado então precisa-se recorrer à pdf’s, o único volume disponível do ciclo das bruxas são ‘Lordes e Damas’ e Pequenos Homens Livres + Um Chapéu Cheio de Céu, esses dois últimos deixarei para falar mais tarde. A Bertrand Brasil, que publica os livros do Terry no Brasil, anunciou mais um livro esse ano do ‘ciclo das sentinelas’ (Watch Novels) ‘Guardas! Guardas!’

Tenham uma ótima leitura. A próxima resenha de Discworld será Estranhas Irmãs ”continuação” de Direitos Iguais e Rituais iguais.