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O passado e a modernidade se chocam em O Grande Xaram, publicação da Editora Veneta

Com roteiro de Mauricio Oliveira Dias e com artes de Allan Alex, nasceu a HQ O Grande Xaram. Uma história emocionante, que apresenta um choque entre o passado glorioso e a modernidade “canibal”, onde o velho ventríloquo Xaram, que foi muito famoso no final dos anos 1940, precisa competir a popularidade com os jogos eletrônicos.

Guardião de uma arte esquecida, o velho ventríloquo Xaram anima festas infantis com seu boneco Frodo, obrigado a competir com a modernidade e o fato de ser considerado como ultrapassado. Mas nem sempre as coisas foram assim: no fim dos anos 1940, auge dos programas de rádio, Xaram já teve seu momento de fama. Já no outono de seus anos, o artista sofre com o vazio deixado por um grande afeto que ficou no passado.

Publicado pela Editora Veneta, O Grande Xaram conta com um posfácio do historiador e jornalista Daniel Salomão Roque sobre a história do ventriloquismo.

O Grande Xaram tem formato 20.5 x 27.5 cm e 32 páginas.

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Confira Todos os Detalhes das Pré-Vendas da Editora Veneta

A Editora Veneta tem um dos catálogos, seja em quadrinhos ou em livros, mais rico, importante e desejado das editoras brasileiras. Importantes obras que abordam temas políticos, questões raciais, feminismo, combate à homofobia e guerras são alguns dos assuntos abordados em suas publicações.

E nesse ano não está sendo diferente. Importantes publicações como Depois que o Brasil Acabou de João Pinheiro, Incognegro de Mat Johnson e Warren Pleece e Kit Gay de Vitorelo são alguns exemplos dos tesouros que estão chegando pela Veneta. Isso sem contar graphic novels como Palestina de Joe Sacco e a Caixa: King/BlackDogs de Ho Che Anderson.

Aqui listamos algumas publicações que estão em pré-venda, e com promoção, pelo site da editora.

Kit Gay (Vitorelo)

Finalmente a prova que uma mentira repetida mil vezes pode se tornar verdade! O livro pelo qual tanta gente, incluindo o presidente da república, sonhou! Pela primeira vez, o Kit Gay existe! E em um formato ideal para se ler dentro ou fora do armário. Um manual que te prepara para o futuro, quando a alegria de viver e o respeito pela vida vencerão o preconceito, os ódios de gente recalcada, a alienação, as superstições e a estupidez.

Kit Gay tem formato 12 x 18 cm, 96 páginas e o lançamento oficial será em outubro. Para comprar o seu exemplar, clique AQUI.


Incognegro (Mat Johnson e Warren Pleece)

Com roteiro de Mat Johnson e artes de Warren Pleece, Incognegro se passa nos anos 1930, quando Zane Pinchback, um repórter de Nova York, é enviado para investigar a prisão de seu próprio irmão, acusado pelo brutal assassinato de uma mulher branca no Mississippi. Enfrentando uma multidão de fazendeiros segregacionistas e homens da Ku Klux Klan prontos para o ataque, Zane precisa permanecer “incognegro” por tempo suficiente para descobrir a verdade por trás deste crime, salvando não apenas seu irmão, mas a si mesmo.

Publicado originalmente pela Vertigo, extinto selo de quadrinhos adultos da DC Comics, a graphic novel e ambienta no início do século XX, quando os linchamentos eram uma prática comum em todo o sul dos Estados Unidos, um grupo de repórteres corajosos arriscaram suas vidas para expor essas atrocidades. Eram homens afro-americanos que, pela cor de pele clara, conseguiam “passar despercebidos” entre os brancos, se infiltrando entre os principais grupos racistas. Eram os “incognegros”.

Incognegro tem formato 17 x 23 cm, 144 páginas e tradução de Gabriela Franco. Para comprar seu exemplar, clique AQUI.


Umahistória (Gipi)

O italiano quadrinista Gipi é um dos mais aclamados da atualidade e entrega em Umahistória aquela que foi considerada uma das 10 melhores graphic novels de 2020. Um soldado angustiado diante da carnificina na Primeira Guerra Mundial. Uma baronesa frívola que inspira o surgimento das metralhadoras. Um escritor perdido. Aquilo que não podemos desfazer nem perdoar. O caminho de casa, como encontrá-lo de volta? Tudo isso é Umahistória.

Alternando entre um preto e branco áspero e suas aquarelas exuberantes para construir uma narrativa múltipla. Através de pistas complexas, entre um posto de gasolina solitário e cartas de amor perdidas, Umahistória é uma HQ emocionante sobre como os ecos do passado podem afetar dramaticamente nossas escolhas.

Umahistória tem formato 21 x 28 cm, 132 páginas, tradução de Michele Vartuli e o lançamento será em 27 de setembro. Para comprar seu exemplar, clique AQUI.


O Livro da Selva (Harvey Kurtzman)

Esse aqui é um verdadeiro tesouro em sua importância! Em 1958, o lendário Harvey Kurtzman, o criador da revista Mad, procurou a editora Ballantine com uma ideia nova e radical: um livro com quatro histórias contadas em formato ilustrado e sequencial, voltadas para o público adulto. Nas décadas que se seguiram, esse conceito viria a ser definido pelo termo “graphic novel”.

O Livro da Selva, à frente de seu tempo, revelou-se um fracasso comercial inesperado para a Ballantine e um desastre financeiro para Kurtzman. Sua inspiração e seu impacto foram, mesmo assim, tremendos, especialmente para um grupo de jovens quadrinistas alternativos, entre os quais estavam Robert Crumb, Gilbert Shelton e Art Spiegelman. Kurtzman definiu muito do que foram os quadrinhos dali em diante.

A influência de Kurtzman é imensa não apenas nos quadrinhos norte-americanos. O francês René Goscinny, por exemplo, antes de criar o Asterix, escreveu seus primeiros livros em parceria com Kurtzman, de quem foi uma espécie de discípulo. Para o cineasta Terry Gilliam, que foi assistente do editor e quadrinista no início dos anos 1960, “Kurtzman foi um dos padrinhos do Monty Python”. Até porque, além de Gilliam, outro integrante do Monty Python, o inglês John Cleese, também atuou nas fotonovelas que Kurtzman publicava em sua revista Help, no início dos anos 1960, assim como o jovem Woody Allen.

Esta edição de luxo conta com uma introdução de Gilbert Shelton, outra de Art Spiegelman, um ensaio de Denis Kitchen e uma conversa entre os devotos de Kurtzman, Peter Poplaski e R. Crumb.

O Livro da Selva tem formato 17 x 27.5 cm, 192 páginas, tradução de Alexandre Barbosa de Souza e o lançamento previsto para dia 30 de setembro. Para comprar o seu exemplar, clique AQUI.


Kent State: Quatro Mortos em Ohio (Derf Backderf)

Em 1970, os jovens norte-americanos acreditavam que poderiam mudar os Estados Unidos. A Guerra do Vietnã completava 15 anos, com centenas de milhares de mortos. Na segunda maior universidade do estado de Ohio, a Kent State, o mês de maio começou com uma série de protestos contra o conflito, que se espalharam pela cidade, atraindo a atenção das paranoicas forças armadas do governo Nixon, que viam infiltração comunista em cada flor no cabelo, em cada acorde de guitarra.

Nixon resolveu fazer, então, de Kent State um caso exemplar de repressão. No dia 4 de maio, quando os estudantes se preparavam para mais uma manifestação, soldados da Guarda Nacional simplesmente abriram um tiroteio contra os jovens, deixando nove feridos e quatro mortos.

O quadrinista Derf Backderf tinha 10 anos quando o massacre na Kent State aconteceu. Mas acompanhou tudo aquilo de perto. E agora, cinquenta anos depois, após muitas pesquisas e entrevistas, traz um detalhado e comovente retrato de um momento que ajudou a definir não apenas os Estados Unidos contemporâneo, mas muito do que foi o Ocidente desde então.

Kent State: Quatro Mortos de Ohio tem formato 20 x 27,5 cm, 288 páginas, tradução de Érico Assis e o lançamento previsto para 01 de novembro. Para comprar o seu exemplar, clique AQUI.


Depois que o Brasil Acabou (João Pinheiro)

Premiado no Brasil e na Europa, aclamado como um dos principais autores do quadrinho brasileiro contemporâneo, João Pinheiro passou últimos anos registrando os tumultos que o Brasil tem vivido. O golpe político de 2016, as manifestações de rua, a violência policial e social, a desigualdade mantida a ferro e fogo, a vida nas quebradas e a destruição dos sonhos de o Brasil se ver finalmente livre do colonialismo e do racismo. No retrato feito por Pinheiro, o país é um campo de batalha onde a Preta Maravilha, Marighella, Mano Brown e Antônio das Mortes enfrentam Bolsonaro, Sérgio Moro, José Luiz Datena e um super-herói da Marvel Comics.

“Os confrontos e o delírio são permanentes, tudo isso encontramos no ambiente desenhado por João Pinheiro”, os elogios da revista francesa ActuaBD são para Burroughs, outro livro do quadrinista, mas servem também para definir Depois que o Brasil Acabou. São páginas furiosas, escatológicas e até mesmo panfletárias, mas lindas em sua urgência.

Depois que o Brasil Acabou tem formato 19 x 26 cm, 112 páginas, introdução de Rogério de Campos, prefácio de Marcello Quintanilha e lançamento previsto para 25 de outubro. Para comprar o seu exemplar, clique AQUI.

Lembrando que essas e outras publicações estão com preços promocionais no site oficial da Veneta, clicando AQUI.

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Editora Veneta Começa a Pré-Venda de Palestina de Joe Sacco

A editora Veneta começou a pré-venda, em seu site, de um clássico do jornalismo em quadrinhos. Estamos falando de Palestina de Joe Sacco. Importante publicação que arrebatou importantes prêmios dos quadrinhos quanto da literatura, como o American Book Award. Tornando-se um clássico e está entre as principais histórias em quadrinhos dos últimos 50 anos.

Publicado originalmente em nove gibis, entre 1993 e 1995, Palestina é o fruto de uma extensa pesquisa e mais de 100 entrevistas com palestinos e judeus, realizadas no início dos anos 1990, durante diversas visitas à região da Faixa de Gaza e Cisjordânia. Com uma narrativa dinâmica e um talento para reproduzir os diálogos, Sacco apresenta um testemunho humano comovente, mas também um panorama histórico do conflito que continua fazendo inúmeras vítimas.

Esta edição reúne todos os volumes da obra, o prefácio original do crítico literário Edward Said e textos do jornalista José Arbex Jr., além de fotos, desenhos e comentários de Joe Sacco a respeito da produção. Palestina já foi publicada no Brasil em uma edição especial pela Editora Conrad em 2011.

Palestina tem formato 18 x 27 cm, 328 páginas, capa dura e tradução da Cris Siqueira. A graphic novel será lançada oficialmente em agosto, mas já se encontra em pré-venda com um belo desconto no site da Editora Veneta, clique AQUI para adquirir o seu.


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Fun, publicação da Editora Veneta, Conta a origem das Palavras Cruzadas

Narrativas gráficas compostas por imagens e textos. Geralmente em quadros pequenos. 10 letras.

Quem nunca viu, já preencheu ou pensou em palavras cruzadas? Mas como esse tipo de jogo e exercício mental surgiu? É sobre isso que Fun a nova graphic novel da Editora Veneta conta para seus leitores. Escrita e desenhada pelo italiano Paolo Bacilieri, a HQ mostra a origem desse passatempo e seu impacto na sociedade, que vai desde as guerras à arte.

“No dia 21 de dezembro de 1913, o jornal New York World (o mesmo que tinha lançado o Yellow Kid, a suposta primeira HQ de todos os tempos) publicou, pela primeira vez no mundo, uma nova forma de charada: as palavras cruzadas. Se no primeiro momento, a invenção passou quase desapercebida pelo grande público, logo se transformou em uma febre, virou tema de letras de jazz, se espalhou pelo mundo, criou impérios editoriais e apareceu em filmes nas mãos do Batman e de Marcello Mastroianni.
Foi usada para selecionar agentes dos serviços secretos durante a Segunda Guerra Mundial e Simone de Beauvoir reclamou que as palavras cruzadas haviam sido proibidas pelo governo de ocupação nazista, que temia o uso delas como meio da Resistência se comunicar por mensagens cifradas. O escritor Vladimir Nabokov foi o pioneiro das palavras cruzadas russas, batizando-as ‘krastoslovicy’ e o poeta francês Georges Perec cuidou da seção de ‘mots croisés’ da revista Le Point até o fim da vida. As palavras cruzadas se tornaram o passatempo favorito de empregados e desempregados, de intelectuais e taxistas, de presidiários e monarcas.”

Fun,é um trabalho de pesquisa impecável, que apresenta de maneira ousada, explorando as conexões entre a linguagem visual das palavras cruzadas e a dos quadrinhos. O autor ainda conta também uma história de suspense, com um atentado que envolve um escritor respeitado, um roteirista da Disney e um misterioso grupo de guerrilha situacionista.

Fun tem formato 23,4 x 16,6 cm, 312 páginas e desconto de 20% na pré-venda.

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A Guerra do Deserto, de Enrique Breccia, está sendo publicada pela Editora Veneta

E tem mais Enrique Breccia sendo publicado no Brasil! Ainda bem! Agora é a vez da graphic novel A Guerra do Deserto, que está sendo publicada pela Editora Veneta. Publicada originalmente, pelo argentino, na revista de quadrinhos italiana Linus e apresentam os embates entre gaúchos e indígenas na disputam pelos pampas argentinos.

Mas A Guerra do Deserto vai além do conflito e apresenta dramas humanos no México de Emiliano Zapata, no início do século 20 e a luta do povo argelino contra a colonização francesa em 1950. As histórias relatam momentos de lutas contra a opressão e o colonialismo.

O momento em que surge Martín Fierro, o herói nacional, e acontece a guerra de extermínio contra a população indígena que fez da Argentina um país “branco”. Publicada durante os tumultuosos anos 1970, que desembocaram em uma das mais ferozes ditaduras do nosso continente, A Guerra do Deserto é um mergulho na Argentina do século 19, quando o governo empreendeu uma cruzada contra populações indígenas a fim de liberar terras para o pasto, pois a exportação de carne já se tornava uma importante atividade econômica no país.

A Guerra do Deserto tem formato 21 x 28 cm, 52 páginas, capa dura e o valor de R$ 54,90. A edição está em pré-venda com desconto no site da Veneta e também na Amazon.

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Editora Veneta lança novo quadrinho de Camilo Solano

A nova obra de Camilo Solano, autor de Desengano, Semilunar e outros quadrinhos independentes, será lançada em breve pela Editora Veneta e já se encontra em pré-venda! Confira detalhes abaixo.

Fio do Vento flui como o assobio do vento, contando uma história de amizades: as velhas, as novas, as recauchutadas, as amizades que se manifestam na forma de eternas discussões e, principalmente, a amizade entre pais e filhos.

Camilo Solano tem 30 anos e nasceu em São Manuel, no interior de São Paulo. É autor de diversas HQs independentes, como Inspiração – Deixa entrar sol nesse porão (com duas indicações ao Troféu HQMIX), Onde eu tavo?, Captar, ao lado de Thobias Daneluz, (também indicada ao HQMix), Desengano, cujo prefácio foi escrito por Robert Crumb, Solzinho e Badida, uma parceria com o irmão, Aldo Solano. Em 2017, lançou Semilunar (Balão Editorial).

Suas obras e sua arte já receberam elogios de Robert Crumb, que chegou a dizer que “ele é muito atento para o mundo ao seu redor, luta para descobrir seu lugar nele, e está colocando tudo isso em alguns quadros em sequência, não é tão fácil quanto parece.

Fio do Vento será publicado em formato 19 x 27 cm e preço sugerido é R$ 39,90. Acesse a página da pré-venda no site da Editora Veneta para conferir um preview do quadrinho.

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Melhores quadrinhos estrangeiros publicados no Brasil em 2018

O ano de 2018 foi marcado pela publicação de excelentes quadrinhos. Algumas editoras estrearam no mercado, outras consolidaram seus nomes, e em meio a uma crise que atinge todo o setor livreiro do Brasil, os leitores priorizam suas coleções e leituras através de boas indicações e séries/personagens favoritos.

A Torre de Vigilância, para marcar o início de 2019, elencará nesta publicação os 10 Melhores Quadrinhos Internacionais do ano passado na opinião de três redatores da categoria Quadrinhos do site, sendo eles: Marcus Santana, Ricardo Ramos e Gabriel Faria. No total, são 30 (ou quase 30, pois alguns se repetem) quadrinhos indicados.

Os critérios básicos para escolha dos materiais foram: o quadrinho deve ter sido lançado no Brasil em 2018, e deve ser uma obra inédita, nunca antes publicada no país. O motivo é simples: queremos indicar as melhores novidades para o público leitor. Haverá também uma lista elencando as melhores republicações do ano, e outra elencando os melhores quadrinhos nacionais – para dar um destaque único e exclusivo aos autores nacionais -, mas isso ficará para outro dia. Outro critério para escolha dos gibis, é claro, foi o gosto pessoal de cada um dos redatores. Uma das graças em fazer este tipo de levantamento é a divergência (ou não) de opiniões, e o gosto  pessoal sempre influenciará na escolha dos indicados.

Sem mais delongas, vamos às listas:

Marcus Santana

Blacksad – Alma Vermelha

Os dois primeiros volumes de Blacksad saíram pela Panini no Brasil há mais de 10 anos. Na época, A Alma Vermelha já havia sido lançado na Europa, mas as baixas vendas, fruto de uma estratégia mal-sucedida de vender álbuns europeus em bancas fez somente em pleno 2018 os leitores brasileiros terem acesso ao terceiro álbum da série. 

Mesmo que um pouco abaixo de Arctic-Nation, meu volume favorito do personagem, o nível ainda é muito alto. A trama envolvendo pesquisas nucleares, tensões políticas bem parecida com os dias de hoje, uma fórmula secreta e obras de arte é genial. A arte, as cores, a narrativa, a tradução e o projeto editorial deram muito certo.

A aceitação dos leitores pela segunda encarnação de Blacksad por aqui parece ser boa, uma vez que, em menos de um ano e meio, a editora SESI-SP lançou cinco álbuns do gato de sobretudo. Ainda em 2018 saíram  O Inferno, o Silêncio e Amarillo, alcançando assim o último álbum da série lançado até o momento. Agora é esperar por novos volumes, que foram anunciados em 2016 mais ainda não foram lançados.


Verões Felizes – Senhorita Estérel

Nostalgia é a maior inimiga do senso critico. Grande problema ver tantos produtos de entretenimento que mexem com o passado, nos encantamos e achamos que é o máximo simplesmente por isso. 

Verões Felizes conta em cada volume determinado período de férias da família Fálderault. Apesar de breves passagens em 1992, Senhorita Estérel se passa em 1962, antes dos dois primeiros álbuns da série. Em direção à Saint-Étienne, nos aprofundamos mais ainda na origem dessa família que identificamos cada vez mais como nossa. Seus pais, avôs, filhos… nos sentimos em casa. A arte de Jordi Lafrebe é linda. Seus cenários, expressões, cores e etc. Mesmo ser uma diferença imensa entre hábitos, nostalgia aqui tem qualidade. 

Fica a torcida para os volumes 4 e 5 serem lançados o quanto antes. Já estamos ansiosos.


Ayako

Poucos autores simplesmente não erram. Osamu Tezuka sequer deu a alguém a chance de apostar um descuido em suas obras. E no Brasil já tivemos algumas chances: Adolf, A Princesa e o Cavaleiro, Buda, Dororo, Kimba… Ainda uma lista tímida  se levarmos em conta que ainda faltam obras como Astroboy, Black Jack, Doutor Tenma e Pukko.

Tezuka conseguia surfar em mares agitados, tratava de temas para todos os públicos e mostrou que HQs lá no oriente não é entretenimento somente para jovens. Ia do infantil ao seinen.

O Japão pós-guerra narrado em Ayako foi o período que justamente popularizou os mangás por lá, devido a ocupação dos EUA no país. Temos uma narrativa mais real que fantástica, diferente de Adolf, que mescla os dois universos.

Não vou negar que, apesar da qualidade imensa, a edição da Veneta é grande e cara. 720 páginas em capa dura não teriam como resultar em outra consequência, mas Tezuka vale o esforço. 


Duas Vidas

Já havia gostado muito de Não Era Você Quem eu Esperava, lançamento anterior desse francês que fala português melhor que muito brasileiro.

Dois irmãos, duas carreiras e duas vidas em colisão. É nada mais que isso.

Toulmé fala de obstáculos e situações complicadas de forma ao mesmo tempo serena, preocupante e cômica. Ponto pra editora Nemo.


Black Dog: Os Sonhos de Paul Nash

A surpresa do ano. Muitos têm seu auge e depois se mantém, apesar de um nível abaixo, regulares.

Não é o caso. Apesar de recente e ter sido um trabalho encomendado por um instituto, considero essa uma obra-prima de McKean.

São sonhos (sim, pensei o mesmo que você a respeito de outro personagem do autor) e reminescências de Paul Nash, artista e militar da Primeira Guerra Mundial. Com suas imagens de conflito, ficou conhecido como artista oficial do período.

A leitura é sensorial. Uma ótima experiência. Obrigado, DarkSide! Inclusive por escolher capa dura, edição que, no reino unido, só saiu em 500 exemplares.


Mort Cinder

Oesterheld é para mim o maior roteirista de HQs que já existiu. Podem tentar copiá-lo, mas não tem como chegar no patamar que ele tinha em combinar palavras em sua narrativa. Eu sinto a tensão do ambiente, o peso das vozes e os efeitos sonoros de cada palavra que ele escreve. É o maior.

Alberto Breccia é um gênio da ilustração. Desenhar assim usando como um dos utensílios LÂMINA DE BARBEAR não é para qualquer um.

A trama? Bom, vou deixar vocês mesmos descobrirem. O assunto poderia ser o que fosse, com esses dois não teria a mínima possibilidade de dar errado.

A edição da Figura é melhor até que a versão argentina, país de origem da HQ, que já saiu na França, Alemanha, Portugal, Espanha, Estados Unidos da América e FINALMENTE no Brasil. 

Ano que vem é o centenário de ambos os autores, então se ainda não os conhecem, a hora é essa.


Crimes e Castigos

Carlos Nine é um autor quase desconhecido no Brasil e quase nada de sua autoria foi publicado por aqui. Reparando esse erro, a Figura lançou este ano essa inesperada edição que por pouco não veio. Crimes e Castigos quase não teve sua meta de financiamento coletivo atingida, e o azar seria nosso.

A narrativa de Nine é similar à de Rodolphe Töpffer e Hal Hoster. Com apenas caixas de texto, o detetive Babously desvenda um mistério que, ao mesmo tempo que conta uma história ao longo da HQ, é recheada de narrativas mais curtas em cada uma de suas aventuras.

Os desenhos de Nine beiram o surreal e misturam erotismo, ação e violência neste volume. Sua construção de página são extremamente criativas e divertidas.

Seria muito bem-vinda a iniciativa de novas histórias do autor, mas acredito que seja muito difícil pois até na Argentina, seu país de origem, o público é muito específico.


Uma Irmã

Bastien Vivés, apesar de muito jovem, já é visto como um dos grandes nomes das Narrativas Gráficas na França. Jovem como sua idade, também é sua introdução no mercado brasileiro: esta é apenas sua segunda HQ publicada por aqui. A primeira, O Gosto do Cloro, saiu em 2012.

Assim como na primeira HQ aqui lançada, o foco de Vivés é um relacionamento ao mesmo tempo instantâneo e incomum. Um garoto tem afeto cada dia maior com uma garota que tem que conviver diariamente devido suas férias. A convivência cresce e suas atividades avançam. Seria inicialmente uma irmã, mas a convivência torna a relação difícil de explicar.

Melhor dizendo, é muito bem descritível graças ao traço de Vivés. Tão leve e puro como uma convivência familiar.

A Editora Nemo há um bom tempo mudou seu perfil de publicações, e tem lançado HQs cada vez mais autorais. Infelizmente projetos como de Hugo Pratt e Enki Bilal não vingaram, mas bom saber que continuam ousando em publicar um material tão exclusivo por aqui.


Paraíso Perdido

Sempre tive um pé atras com adaptações em HQ. Ao meu ver é o mesmo que assistir ao filme ao invés de ler a HQ. Ridículo aos que têm preconceito com quadrinhos mas lotam salas de cinema. É preguiça de ler. Medo de gostar.

Mas é tão bom quando calam nossa boca; recentemente tivemos esse gostinho com Elric da Glénat (publicado no Brasil pela Mythos) e Paraíso Perdido faz exatamente isso novamente. Baseado num poema de John Milton no século XVII, temos aqui o drama de anjos que sucumbiram à uma revolta de Satanás, corrompendo a humanidade e gerando o mundo que até hoje vivemos.

A quase falta de texto não incomoda. Me lembrou bem o que Danilo Beyruth me disse em uma entrevista realizada aqui no site: quando uma arte é tão bem feita que o espaço de tempo é diferente. Passamos mais tempo que de costume apreciando cada página pois Pablo Auladell destrói. Que esse autor esteja mais presente por aqui.

A DarkSide definitivamente veio para ficar no mercado de quadrinhos. Ainda bem.


A Terra dos Filhos

Sinceramente acho que o gênero “pós-apocalíptico” se aproxima do cansaço. Muitos filmes, séries e HQs sobre o mesmo assunto em um curto espaço de tempo os estão tornando cada vez mais previsíveis. No mesmo ano, por exemplo, tivemos os filmes Um Lugar Silencioso e Bird Box. A diferença de um para outro era o sentido a ser evitado.

Finalmente publicado no Brasil, Gipi conseguiu fazer uma obra sem cair na mesmice desse gênero. Dois garotos viajam uma terra arrasada buscando uma coisa apenas: conseguir ler o diário de seu pai.

O trabalho editorial da Editora Veneta é muito bom, inclusive escolhendo uma capa melhor que a versão original.


Ricardo Ramos

Black Hammer

Uma das séries mais elogiadas lá na gringa chegou ao Brasil por meio da Intrínseca, e foi um baita golaço. A premiadíssima obra de Jeff Lemire juntamente com o artista Dean Ormston e o colorista Dave Stewart já arrebatou em 2017 o Eisner na categoria Melhor Série Original, contando a trama de um grupo de super heróis em total decadência.

Até agora a Intrínseca publicou dois volumes: Origens Secretas e O Evento, mas a editora tem em seus planos manter a continuidade da série.


A Marcha – John Lewis e Martin Luther King em uma história de luta pela liberdade – Livro 1

Lançado originalmente em agosto de 2013 nos Estados Unidos, A Marcha é a primeira parte de uma trilogia que apresenta a longa batalha do lendário congressista americano John Lewis pelos direitos humanos e civis e a luta pelo fim das políticas de segregação no país. É um retrato sobre o movimento de direitos civis na América, sob a perspectiva de Lewis e a influência que foi exercida sobre ele pelo ícone Martin Luther King.  A obra foi escrita pelo parlamentar norte-americano John Lewis e Andrew Aydin e tem desenhos de Nate Powell.

Aqui no Brasil A Marcha foi publicada pela Editora Nemo que já anunciou a segunda parte da trilogia para abril. Confira a nossa resenha AQUI.


Visão de Tom King

O tão comentado e elogiado arco de Tom King que reformulou o Visão com um vendaval de inovações na sua mitologia chegou ao Brasil e agradou os leitores. Uma história suburbana que mistura suspense, ficção científica e comédia de erros que dá prazer de ler e reler. É praticamente um thriller bem no estilo de King, com simpatias com os personagens e reviravoltas que aparecem a todo momento durante a leitura. Você pode conferir nossa resenha AQUI.


Drácula

O último trabalho de Mike Mgnola antes de cair de cabeça em Hellboy, a adaptação do filme Bram Stoker’s Drácula, chegou ao Brasil pela Editora Mino. E chegou em grande estilo. A Mino não poupou trabalho para publicar uma lindíssima edição, com uma capa vermelha sangue e a história em preto e branco, que só realçou e valorizou mais a arte de Mignola. A qualidade é tão absurda, que quando você termina a leitura dá vontade de assistir ao filme de Francis Ford Coppola em preto e branco. Um dos melhores trabalhos editoriais lançados no país ano passado.


Asa Quebrada

A obra do escritor espanhol Antonio Altarriba conta a trajetória de sua mãe Petra. Uma mulher calejada de tragédias, que começaram logo quando ela nasceu. Quando a sua mãe morreu quando dava luz a ela, o seu próprio pai a tentou matar e no ato deixou Petra com um braço imóvel permanentemente. Anos depois, ela teve que cuidar do seu pai que ficou paralisado após uma briga. E chegando até salvar a sua vida durante a Guerra Civil Espanhola. Assim como em Arte de Voar, onde Altarriba narra a história de seu pai, a trajetória de Petra se mistura com o momento em que o fascismo da Guerra Civil Espanhola aterrorizava o país.

Tanto Arte de Voar quanto Asa Quebrada foram publicadas por aqui pela Editora Veneta.


Os Vampiros

Baseada em fatos reais, a HQ de Filipe Melo e Juan Cavia apresenta um grupo de soldados portugueses que são destacados durante a guerra colonial para uma missão secreta no Senegal em dezembro de 1972. Mas o clima tenso vai pesando sobre eles que acabam sendo consumidos pela paranoia e pelo cansaço. Os homens enfrentam sucessivos demônios. Tanto os da guerra como os que cada um carrega com si mesmo. A publicação aqui foi da SESI-SP.


A Entrevista

A HQ do italiano Manuele Fior apresenta o psicólogo de meia idade Raniero, que conhece a jovem Dora, uma paciente que se torna uma catalisadora das mudanças que se impõem sobre a sua conturbada vida. Publicado por aqui pela Editora Mino, A Entrevista chegou liderar por um tempo o ranking de vendas na Amazon Brasil.


Juízes Negros: A Queda do Mundo Morto

Não poderia faltar nesta lista de 30 quadrinhos, um do universo do Juiz Dredd, maior e mais famoso personagem dos quadrinhos britânicos. Este, escrito por Kek-W (que já teve uma obra publicada no Brasil, A Lei de Canon) e ilustrado por Dave Kendall, é um prelúdio da vida dos principais inimigos do Juiz Dredd, os Juízes Negros (Morte, Mortis, Fogo e Medo), mostrando como era seu universo que foi destruído posteriormente por sua política de “o crime é a vida, a sentença é a morte”. Com arte fenomenal e história elucidante para os fãs do Bom Juiz, A Queda do Mundo Morto (e todos quadrinhos do Dredd) merece receber destaque por parte dos leitores brasileiros.


Lazarus

Greg Rucka e Michael Lark criam, em Lazarus (da Image Comics) uma história de ação e política deslumbrante. A dupla já havia trabalhado em união na série Gotham Central da DC Comics, e em Lazarus, uma série mais autoral, eles repetem o sucesso e qualidade dessa união tão fantástica, e apresentam muita violência com uma personagem feminina, protagonista, fortíssima. O foco da história está no poder mundial, controlado pelas “famílias”, e cada “família” possui sua espada e escudo, uma pessoa, um protetor denominado Lazarus.

A edição nacional é da editora Devir, que trouxe a série em capa cartão e capa dura, para que os leitores possam escolher o que mais lhe agrada.


Fugir: O Relato de Um Refém

A editora Zarabatana, casa brasileira dos quadrinhos de Guy Delisle, surpreendeu a todos ao trazer em 2018 sua obra sobre o sequestro de um funcionário de uma ONG médica na região do Cáucaso. Delisle narra, de forma angustiante, como Christophe André foi mantido em cativeiro sem saber o motivo do sequestro. Comovente, absurda e rivalizando com suas melhores obras (Pyongyang, Shenzhen e suas Crônicas Birmanesas e de Jerusalém), esta graphic novel de mais de 400 páginas explicita muito bem o motivo de Delisle ser tão celebrado no mundo inteiro.


Gabriel Faria

Paraíso Perdido

Pra mim, o melhor quadrinho de 2018. Sempre tive um fascínio por histórias fantásticas com personagens bíblicos. Tal qual o poema original de John Milton (que li somente após ter lido o quadrinho publicado pela DarkSide), o espanhol Pablo Auladell entrega um espetáculo narrativo e visual que enche os olhos do leitor. Sua arte assemelha-se a pinturas clássicas, o que entrega à obra um charme ainda mais especial.

A história narrada, apesar de simples, é recheada de nuances e significados. O que começa como uma história intrigante torna-se rapidamente um épico de guerra, e o texto rebuscado, apesar de dificultar a leitura no início, passa a ser plenamente legível com velocidade significativa no decorrer das páginas. A edição da editora DarkSide também é um espetáculo visual primoroso.


O Relatório de Brodeck

A estreia do francês Manu Larcenet no mercado nacional veio através da editora Pipoca & Nanquim. E, assim como o quadrinho que citei anteriormente, esta também é uma adaptação de um livro. Uma belíssima adaptação.

Uma história densa, que trata especialmente sobre a crueldade humana, O Relatório de Brodeck mostra a vida de Brodeck, escriba recém-saído da Segunda Guerra Mundial, contando e investigando um assassinato brutal cometido pelos moradores de um vilarejo. A obra original é de Philippe Claudel, e a adaptação de Larcenet destaca-se em grande parte por sua arte sombria e muito expressiva.

O quadrinho é tenso. Angustiante, triste e sofrido. Ele escancara o pior do que há na humanidade, e você sente o impacto de cada momento no decorrer das páginas. Brodeck compete com Paraíso Perdido, pra mim, como melhor publicação do ano. E o cuidado editorial da Pipoca & Nanquim é belíssimo.


Blue Note: Os Últimos Dias da Lei Seca

Publicado na França pela Dargaud e chegando ao Brasil pela Mythos Editora através do selo Gold Edition, Blue Note possui dois álbuns em um, ambos situados na Nova Iorque dos anos 30, quando a Lei Seca foi abolida nos Estados Unidos.

Uma das histórias é focada em um boxeador que retorna a ativa enquanto lida com a máfia e um novo amor, e a outra é sobre um músico que se mudou para Nova Iorque. As duas histórias têm em comum o envolvimento com a venda ilegal de álcool, os clubes de música, e principalmente, gângsteres.

A atmosfera de época traduzida às páginas pela dupla Mathieu Mariolle e Mikaël Bourgouin é simplesmente deslumbrante, e a ligação entre a vida de Jack Doyle (o boxeador) e R. J. (o músico) é belissimamente conduzida. Vincenzo, dono do maior clube da cidade e perigoso mafioso, também é um personagem intrigante, e a ligação entre jazz, boxe e noir torna Blue Note uma das surpresas mais agradáveis do ano.


Uma Irmã

Assim como o texto do Marcus no início desta postagem resumiu bem, Uma Irmã é um quadrinho leve e puro, e um adjetivo ficou de fora mas acrescento aqui: delicado. História sobre descobertas e uma relação inusitada que poderia facilmente desembocar na pornografia gratuita pura e simples, mas nas mãos de Bastien Vivès, acaba por se tornar um show de empatia e delicadeza.

Vivès possui apenas 34 anos mas é considerado por muitos como um dos prodígios do mercado europeu. E não é pra menos: sua arte e narrativa são muito singelos, e a forma como ele apresenta todos os personagens quase como rascunhos, em traços finos e limpos, colabora para a inocência da história. Ponto positivo para a edição da Nemo, que poderia muito bem se tornar a casa editorial do autor no Brasil. Seria ótimo.


Shangri-La

Um quadrinho polêmico que vem dividindo a opinião de muitos leitores, Shangri-La de Mathieu Bablet me encantou do início ao fim. Para muitos, a história de ficção-científica narrada neste quadrinho foi cheia de problemas: pretensiosa, cansativa, rasa, com desenhos insatisfatórios… Entretanto, todos estes pontos “negativos” para mim são os grandes destaques do quadrinho.

Shangri-La mostra a vida em uma estação espacial após a Terra ter se tornado um planeta inabitável. A estação é dominada pela grande corporação Tianzhu, que controla a vida dos habitantes quase como de forma hipnótica, através do consumo exacerbado de novas tecnologias e controle de créditos. Entretanto, a história da vida “perfeita” na nave rapidamente torna-se questionadora quando a empresa, que possui um plano de criar vida a partir do zero em Titã, uma das luas de Saturno, é posta em cheque por um leque de personagens da estação espacial. E a partir daí inicia-se a investigação e o caos generalizado da vida humana no local.

Esta história é ficção-científica pura, sem tirar nem por: o contexto fantástico e futurista serve para que o autor fale sobre a realidade no momento atual da raça humana. E os questionamentos que ele levanta são realmente pertinentes, além de chocantes em muitos aspectos. Mas o quadrinho não dá respostas: ele apenas questiona. E acho isso um charme especial, pois o leitor deve preencher as lacunas em sua cabeça e mostrar o que absorveu daquilo que leu. A arte de Bablet é linda (apesar de realmente possuir um problema, que é a representação do rosto humano), e a edição da SESI-SP ficou primorosa. Pra mim, uma surpresa positiva.


Um Pedaço de Madeira e Aço

O francês Christophe Chabouté foi um dos destaques de 2017, pra mim, com a publicação de Moby Dick pela editora Pipoca & Nanquim. Agora, este mestre francês da arte em preto & branco retorna por sua casa editorial brasileira com um de seus quadrinhos mais aclamados, Um Pedaço de Madeira e Aço.

Nesta história com mais de 300 páginas, Chabouté mostra a vida e a passagem do tempo com foco em um… Banco de praça. E a história deste banco de praça, frequentado por diversas pessoas (e animais) da cidade onde ele se localiza, inusitadamente é uma das leituras mais emocionantes do ano. Um mestre da perspectiva e narrativa gráfica, o autor consegue, através do banco, mostrar um pouco da vida de cada um que passa por lá, criando um envolvimento único com o leitor. O banco é, assim como “personagem principal”, o único cenário da história, e a passagem de tempo (demonstrada sem textos, pois este é um quadrinho mudo) torna a finalização da leitura uma verdadeira jornada de sentimentos, que vão do riso às lágrimas em algumas viradas de páginas.

Mais Chabouté deverá chegar ao Brasil em 2019, e se a qualidade se mantiver como Moby Dick e Um Pedaço de Madeira e Aço, este autor rapidamente se consagrará como leitura obrigatória por aqui.


Black Hammer

Jeff Lemire segue consolidando seu nome como um dos maiores autores do mercado norte-americano. A cada história é uma surpresa, e a qualidade não cai. Black Hammer, na minha opinião, é o grande destaque das histórias de super-heróis publicadas no Brasil em 2018.

Lemire homenageia todo o legado dos heróis da Marvel e DC através de uma história sombria, cheia de mistérios e constantemente chocante. O plot simples (heróis presos em uma realidade/tempo específica sem saber como voltar para a vida normal), nas mãos do roteirista, cresce de maneira surpreendente e entrega uma leitura que, ao terminar, você sente necessidade de mais. E todos os personagens são memoráveis e carismáticos, representados muito bem através da linda arte de Dean Ormston. O sucesso desta publicação da Editora Intrínseca é merecido, e os leitores brasileiros precisam de mais.


Boa Noite Punpun

Assim como Ayako (já citado pelo Marcus no início desta lista), Boa Noite Punpun é o destaque dos mangás lançados no Brasil em 2018. Inio Asano é, na minha opinião, o melhor mangaká contemporâneo do Japão. No Brasil já tivemos a publicação de algumas obras suas: Solanin, A Cidade da Luz e Nijigahara Holograph. Entretanto, Punpun é sua obra-prima.

Como todos os mangás de Asano, Punpun gira em torno do fator humano. A história, que segue a vida de um garoto chamado Onodera Punpun (representado como uma espécie de passarinho) enquanto ele cresce e convive com amigos e familiares, possui tudo que o autor mais sabe fazer: algo sincero, depressivo, metafórico, imperfeito, delicado… Todas as características que se enquadram nas obras de Inio Asano, em Punpun são trabalhadas com maestria.

O crescimento e as descobertas de Punpun, o convívio com sua família quebrada e seus amigos, sua rotina escolar, seus primeiros sentimentos (como amor e depressão, alegria e tristeza), suas incertezas a respeito do que está acontecendo, seu contato com Deus… Tudo é primoroso. E a edição da JBC, em Formato Big (com mais de 400 páginas), é perfeita. Boa Noite Punpun é uma história aclamadíssima no Japão, e a oportunidade de ler esta obra no Brasil é fantástica.


Gideon Falls

Jeff Lemire surge mais uma vez, agora com uma história bem diferente do que ele conta em Black Hammer, apesar do clima de tensão de ambas as obras. Aqui, temos uma história de terror publicada nos EUA pela Image Comics. E é uma história de terror de primeira categoria.

Ao lado de seu parceiro de outros trabalhos, Andrea Sorrentino, Lemire narra a história de um padre em uma pequena cidade do interior e um rapaz transtornado na cidade, enquanto um misterioso celeiro negro está linkado às suas vidas de forma similar. E a tensão evocada pelas aparições do celeiro e todo o mistério que gira em torno de sua existência são surpreendentemente curiosas. Você quer saber o que está acontecendo a qualquer custo.

A edição da Mino, em capa dura com bom acabamento gráfico, também merece elogios. Um quadrinho que, assim como B.H., os leitores brasileiros precisam de mais!


Réquiem: Cavaleiro Vampiro

O fantástico roteirista Pat Mills (de Guerreiros ABC, Sláine, Juiz Dredd e Marshall Law) mergulha no mercado francês, ao lado do fantástico desenhista Olivier Ledroit, para contar uma das histórias mais criativas presentes nesta lista.

Um nazista morto na guerra, ressuscita como um vampiro em um mundo que é o oposto da Terra (também geograficamente falando), onde o tempo corre ao contrário, cima é baixo, esquerda é direita, água é sangue. Este mundo, chamado Ressurreição, torna-se o lar de Heinrich, que ao renascer assume o posto de Cavaleiro Vampiro, soldado que deve manter a ordem caótica deste universo estranho cheio de lobisomens, zumbis e outros monstros.

Réquiem é a cara de Pat Mills: um quadrinho ácido, violento, e visualmente fantástico graças a maravilhosa arte de Olivier Ledroit. Assim como Blue Note, Réquiem foi publicado pela Mythos Editora através do selo Gold Edition, e foi uma das mais gratas surpresas do ano. Mais volumes virão, se Drácula ajudar.

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A Terra dos Filhos | Obra do italiano Gipi é lançada no Brasil

Está sendo lançado no Brasil a graphic novel A Terra dos Filhos do italiano Gipi. A publicação será pela Editora Veneta. A trama gira em torno de um pai que tenta educar seus dois filhos à sua maneira, tendo como cenário um mundo pós-apocalíptico.

Em A Terra dos Filhos, um pai autoritário e agressivo, aplica uma pedagogia dura, sem nenhum vestígio de ternura e que reduz tudo ao essencial: aprender a sobreviver. Um mundo hostil e perigoso, que exige meninos insensíveis, brutais e ferozes.

Confira a capa nacional:

Enquanto lutam para se manterem vivos, os dois garotos cultivam uma mesma obsessão: descobrir o que o pai registra no seu diário. Eles não sabem ler e nem escrever, mas acreditam que o misteriosos caderno pode trazer respostas sobre a realidade árida e dura que vivem. Quando a tragédia os lança ao mundo, eles saem em busca de alguém que possa desvendar os segredos do diário.

A Terra dos Filhos tem formato 28 x 21 cm, 288 páginas e o preço de R$ 99,90. E já se encontra em pré-venda na Amazon Brasil.

 

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Quadrinhos

Asa Quebrada | Editora Veneta lança obra de Antonio Altarriba

E mais uma obra do escritor espanhol Antonio Altarriba será publicada no Brasil pela Editora Veneta. Em 2012, a editora já tinha lançado Arte de Voar (2009), Onde acompanhava a vida do pai do autor, que tinha o mesmo nome, desde a sua infância, passando pelo engajamento contra o fascismo da Guerra Civil Espanhola, a Resistência na França contra o nazismo, os anos pós-guerra e a depressão no fim da vida em um asilo.

Agora o que está sendo lançado é Asa Quebrada. Publicada pela primeira vez em 2006 e com artes de Kim, a graphic novel é o “outro lado” de Arte de Voar. Onde os autores revisam o ponto de vista dos espanhóis que foram forçados a ficarem em silencio durante a ditadura de Franco. E com a sua mãe, Petra, como protagonista.

Petra é uma mulher religiosa, modesta, discreta, que sempre buscava evitar ser o centro das atenções. E quando foi descobrindo mais sobre a história da personagem tão quieta e reservada, Altarriba descobriu outra história de seu país. Onde as pessoas para sobreviver e proteger aqueles que amavam, eram obrigadas a se manterem em silêncio.

A história de Petra é repleta  de tragédias e lutas. A sua mãe morreu quando dava a luz à ela, então com a desgraça o próprio pai a tentou matar quando ainda era uma recém-nascida. O ato deixou Petra com um braço imóvel permanentemente. Anos depois, teve que cuidar do pai que ficou paralisado após uma briga. Chegando até salvar a sua vida durante a Guerra Civil Espanhola. Com 30 anos, Petra conhece Antonio, pai do autor, que retornava do exílio francês.

Asa Quebrada tem formato 24 x 17 cm,  272 páginas e o valor de R$ 64,90. E assim como Arte de Voar é uma leitura altamente recomendada!

 

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Cinema

Tungstênio | Filme baseado em HQ de Marcello Quintanilha ganha trailer

O filme Tungstênio ganhou o seu primeiro trailer. A produção é uma adaptação da graphic novel de Marcello Quintanilha, publicada em 2014 pela editora Veneta. A obra foi lançada em outros países e foi premiada no Troféu HQ Mix, no Rudolph Dirks Award e no Festival Internacional de Angoulême.

Na trama, um sargento do exército aposentado, um policial e sua esposa e um traficante aparentemente não têm nada em comum, mas eles terão que se unir para um bem maior. Quando pessoas começam a utilizar explosivos para pescar na orla de Salvador, na Bahia, o grupo vai tentar acabar com esse crime ambiental. Mas enfrentaram conflitos pessoais e morais para poderem chegar ao objetivo.

Tungstênio tem no elenco Fabrício Boliveira, Samira Carvalho Bento, José Dumont, Wesley Guimarães, Pedro Wagner, Sergio Laurentino, Heraldo de Deus entre outros. A direção é de Heitor Dhalia.

Com distribuição da Paranoid e da Globo Filmes, Tungstênio chega aos cinemas em 10 de maio.