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TORRE ENTREVISTA: MAX ANDRADE

Muitas pessoas acreditam que os anjos existem e que se comunicam com as pessoas no plano terrestre. Uma dessas formas de comunicação é por números. O Anjo 32, que é quando a pessoa ver por “coincidência” esse número mais que o normal, dizem que significa que devemos estar mais presente conosco mesmo. Isso sugere que devemos desligar o modo piloto automático e comecemos realmente a prestar atenção ao que está acontecendo ao nosso redor.

Também precisamos nos projetar da maneira que queremos ser vistos para atrair a energia que desejamos, ouvindo as pessoas que estão perto de nós. Na simbologia, o número 32 é atribuído para pessoas que precisam se manter firme em suas crenças e decisões.

Porque estamos falando sobre “simbologia” Ricardo? Pois bem, seja coincidência ou não, a Graphic MSP #32 fala exatamente sobre Anjos. E como ele precisa desligar o piloto automático e prestar mais atenção ao seu redor.

Anjinho – Além é escrita e desenhada pelo Max Andrade e leva o icônico personagem de Maurício de Sousa em uma jornada de conhecimento após questionar o Criador e ele perde a auréola e as asas e é enviado à Terra, para realizar uma missão. Contudo, não vai ser nada fácil concluí-la. No caminho ele encontra outros personagens como Rolo, Humberto, Denise…

 

Batemos um papo com Max Andrade, que tem na sua bagagem prêmios como Internacional Silent Manga Audition (premiado no Japão), o elogiado Tools Challenge e o incrível Juquinha – O Solitário Acidente da Matéria, sobre Anjinho – Além, a sua jornada e como o personagem “conversou” com o autor.

1. De onde veio as principais influências para conceber Anjinho – Além? Me lembro, principalmente durante o ano passado, você postando que diversas vezes estava escutando uns rocks cristãos e tal…

Na verdade eu gosto de fazer piada o tempo todo. Eu não conheci nenhuma banda nova nesse sentido, tudo que eu escutei eram músicas que eu já escutei pela vida toda. Mas falando de influências, não teve nada relacionado a isso pelo que posso me lembrar. O nome da obra inicialmente veio do título “Higher” do P.O.D, que seria “Mais Alto”, literalmente, mas como quem acompanha o selo sabe, quase todos os nomes de Graphics MSP tem apenas uma palavra, aí mudei pra Além e o Sidão (Sidney Gusman, editor do selo Graphic MSP) curtiu.

De resto, acho que as influências de toda minha vida. São muitas, mas por alto, as primeiras que vieram na minha cabeça: YuYu Hakusho, Yonlu, Hideki Arai, Spy x Family, Emicida, enfim…

2. Você acha que por ser um personagem que envolve fé, algo que é tão debatido hoje em dia, ao criar a história você tomou cuidado, ou teve alguma recomendação da MSP, para não soar iconoclasta? Ou o enredo que foi tramado já cuidava para não ficar assim?

Eu não pensei nisso enquanto fazia a história, sinceramente. No geral, meus trabalhos já são family friendly, e isso não é exatamente uma barreira pra mim. Só contei a história que queria contar, e felizmente o editor topou de primeira. Mesmo assim, já saíram alguns comentários reacionários por aí, só com a sinopse, a capa e os previews. Não tem jeito, de certa forma é um trabalho sensível.

 

3. Já ouvi gente falar que ficou tão envolvida em um trabalho que os personagens “conversavam” com a pessoa. Acredito que você por muito tempo viveu e respirou o Anjinho. Vamos viajar bem longe… de alguma forma, trabalhar o Anjinho lhe fez pensar a sua fé, seja no que você acredita ou não?

Pior que sim (risos). Eu não esperava isso, mas foi 1 ano e alguns dias do convite até a entrega do trabalho pronto. Desse período, 6 meses foram focados trabalhando nela. Pensei muito, mas não concluí nada, como de costume. Mas me sinto muito grato, ao que quer que seja, por estar conseguindo realizar este sonho. É algo que eu queria fazer há mais de 10 anos. As pessoas só vão entender isso (parcialmente) quando lerem a HQ.

4. Pelo o que parece nas prévias e até mesmo no texto do Duca Tambasco (baixista da banda Oficina G3), presente na HQ, o pavio aceso de Anjinho será uma mistura de questionamento com a sua Autoridade Máxima e um tanto de soberba do personagem. Ao ser jogado do céu, ele parte para uma viagem para se reencontrar ou encontrar no que acreditar ou mesmo achar o “propósito”. Se for por esse meu “chute”, é possível que muitos leitores, sejam cristãos ou não, se vejam no Anjinho?

Eu fiz uma história que acredito ser universal. Eu nunca estou tentando ENSINAR nada quando faço uma HQ, eu vejo mais como um comentário que eu faço sobre um tópico, uma coisa que eu passei, vivi, e cheguei em alguma conclusão. Aí, pode fazer sentido pra quem precisar. Foi assim com o Tools Challenge e o Juquinha, e aqui eu segui o mesmo princípio.

Então, acho que o que falo na HQ pode servir pra quem acredita na vida após a morte, pra quem tem qualquer outra crença alternativa, ou mesmo nenhuma crença.

5. Na onda da pergunta anterior… você tirou o Anjinho do seu lugar seguro, e vemos muitas histórias, principalmente que envolvem figuras divinas, que tirar esse topo do personagem do lugar comum é um recurso bem usado. Muitas vezes bem e outras não. Como você fez para Anjinho não cair no lugar comum como essas outras histórias?

Não pensei muito nisso também. É uma história muito pessoal, muito minha, então não tem como nenhuma outra ser igual a ela. E quando eu faço uma HQ, o pensamento é esse: fazer algo real, verdadeiro, em que eu acredito. De resto é torcer pra dar certo (risos).

6. Acho que todo mundo, em algum momento, já pensou em realizar de uma MSP. Antes do convite do Anjinho, tinha algum personagem específico que você gostaria de fazer?

Acredito que pelo menos 90% dos quadrinistas brasileiros gostariam de fazer uma, por tudo que isso envolve. No meu caso, eu queria fazer exatamente a Graphic MSP do Anjinho, desde sempre. Não é como se eu não fosse aceitar fazer outra, mas meu desejo sempre foi esse, embora eu não tenha compartilhado ele praticamente nunca com ninguém até receber o convite.

7. O que o SEU Anjinho tem do Max?

Primeiramente, não acho que é o MEU Anjinho (risos). Inclusive, trabalhar com a Turma da Mônica é começar com meio caminho andado. Meu respeito pelo Mauricio é enorme, e o personagem é dele. Agora, na história que escrevi, o personagem reflete o que eu penso sobre a vida aqui na terra, no geral.

8. Quais os próximos projetos depois do lançamento de Anjinho?

Muitos, mas todos são SE-GRE-DO! (risos).

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Torre Entrevista: Larissa Palmieri

Lá pelos idos de 2017, a jovem Larissa Palmieri realizou um dos seus sonhos: publicou sua primeira história em quadrinhos, ela saiu na coletânea Space Opera em Quadrinhos, pela Editora Draco. Ela já andava pelos caminhos dos quadrinhos realizando resenhas no seu blog pessoal e na batalha de uma série de cursos de roteiros.

De lá para cá, foram publicações em editoras e dezenas de histórias importantes, como por exemplo, “Meu corpo, minhas regras” da coletânea Na Quebrada da Editora Draco, a recente adaptação em quadrinhos para Frankenstein de Mary Shelley, recentemente veio a grande notícia em que o quadrinho O Fantasma da Ópera em São Paulo, que tem desenhos de Al Stefano e edição de Daniel Esteves foi aprovado no ProAc Expresso 20/2021 e uma adaptação literária de um famoso livro infanto-juvenil, em parceria com a Fabi Marques e Mario Cau também aponta no horizonte. Ou seja, a musa dos quadrinhos nacionais está com tudo e não está prosa.

Aqui conversamos sobre processo de trabalho nos roteiros, “pitacos” em parcerias e como usar, ou tentar, as redes sociais para promover o próprio trabalho de maneira sadia dentro e/ou fora da nossa bolha. Sem mais delongas, Larissa Palmieri:

1 – O que você está lendo atualmente?

No momento em quadrinhos estou lendo “Terra da Garoa” do Rafael Calça e do Tainan Rocha, além de ter pego umas edições antigas da Revista Animal pra ler também. De livro, estou alternando entre Hellraiser do Clive Baker com o Onze Reis do meu querido amigo Tiago P. Zanetic. Mas preciso urgente terminar o Retrato de Dorian Gray do Oscar Wilde.

2 – Esse ano você lançou a adaptação de Frankenstein da Mary Shelley. Essa obra é muito mais do que uma história de monstros, como muitos consideram e pensam. Como foi trabalhar em cima de um texto tão cheio de camadas, e ainda tentar colocar as suas características nela?

Foi uma responsabilidade enorme. E coincidiu de começarmos esse trabalho junto com a pandemia, então foi um momento muito tenso da vida de todo mundo e o ritmo ficou bem bagunçado. Mas tive a oportunidade de dar um mergulho e eu acabei lendo o livro várias vezes, estudando a vida da Mary Shelley pra entender melhor os subtextos que estavam ali. Mas, de todos os desafios, acho que o maior foi tentar contar essa história de uma forma que fosse acessível para mais idades e que pudesse combinar com o traço do Pedro também. Tive que segurar um pouco meus ímpetos mais violentos de narrativa como costumo fazer sempre essas histórias e foi uma experiência interessante.

3 – Um passarinho contou que você, juntamente com o Mario Cau e a Fabi Marques estão no forno para lançar um novo trabalho. O que podemos esperar? Será que pode adiantar alguma coisa sobre?

Ah, eu acho que dá pra imaginar que é um dos trabalhos mais lindos que fiz até agora. Também posso dizer que essa adaptação literária de um famoso livro infanto-juvenil, com adaptações para série televisiva, é uma saga muito conhecida na língua inglesa, em especial no Canadá. Como autora, foi algo muito diferente de tudo o que já fiz até agora e amei demais navegar por esses estilos.

Lindo spoiler do projeto que terá cores da Fabi Marques e roteiro de Mario Cau.

 

4 – Já se foram um ano e tanto de pandemia. Isolamento, ficar longe de eventos e pessoas queridas. Isso mexeu com sua forma de escrever ou com as ideias de roteiros que tinha antes do isolamento iniciar?

Estou totalmente “trilili” das ideias como autora. Não consegui fazer nada autoral, do zero, desde julho do ano passado. Acho que além de um contínuo esforço para sobreviver e pagar as contas, a falta de eventos, vida social e passar muito tempo em casa meio que fez os meus estalos criativos fugissem de mim. Sou uma observadora do cotidiano e as pessoas no meu entorno sempre me inspiram demais, ao contrário das minhas paredes.

5 – O caminho para se tornar o roteirista muitas pessoas passam por etapas. Existem cursos, o network é importante e sempre estar escrevendo é essencial. Nem que seja uma ponta de ideia. Qual o melhor caminho para chegar nesse nível de competência sendo uma roteirista inteligente, talentosa, poderosa e cheirosa como você?

(RISOS) Obrigada pelo cheirosa. Bom, eu acho que a coisa mais importante de tudo isso que você citou na pergunta é sentar a bunda na cadeira e escrever e realizar – coisa que não ando fazendo por causa desses tempos tenebrosos, mas geralmente é meu modo padrão. Ainda tenho muito pra construir, é verdade, mas publiquei quase 20 histórias desde 2017 porque meti as caras mesmo. Infelizmente o medo segura o nosso ímpeto de subir os degraus e acho que na maior parte do tempo eu não tive esse sentimento apesar de ser uma pessoa muito surtada e sofrer muito com a síndrome do impostor.

Ainda tenho muitos desafios pra superar, como escrever uma história longa completamente autoral, mas sei que vou chegar lá se tiver os gatilhos certos. E acho que isso vale pra todo mundo, não parar muito pra pensar nos poréns, mas começar a escrever e ir atrás. A sua primeira história será ruim, as próximas serão piores do que as futuras. Mas tem uma frase que eu amo: antes feito que perfeito, e é assim que eu sigo com a minha vida, com o tempo vou lapidando a técnica com a prática. E tem que ter tesão por contar histórias, né?

O Fantasma da Ópera em São Paulo, que tem desenhos de Al Stefano e edição de Daniel Esteves foi aprovado no ProAc Expresso 20/2021.

6 – Você é uma roteirista que caminha entre os dois pontos: ser publicada por uma editora e também pelo fato de ser independente. Hoje temos algumas mídias que sempre serviram para divulgar e atingir o público. Mas com a mudança do Instagram, o algoritmo do Facebook caindo cada vez mais, o Youtube é caixa de surpresa e eu sempre acho que o Twitter é mais para a nossa bolha de alcance, como elevar o trabalho para mais pessoas? Um dos caminhos seria apostar nos blogs pessoais?

Eu sinceramente acho que estou ficando velha. Pois não consigo me adaptar a esse momento louco em que o vídeo para redes sociais está em primeiro lugar, é um pesadelo pensar em ficar gravando coisas pras redes sociais. Dá um trabalho enorme e irá morrer nos próximos cinco minutos. Por isso ainda amo o Twitter, as pessoas pelo menos estão lendo alguma coisa, ainda que vire uma bola de neve de caos e tretas às vezes.

Eu acho que nosso problema com formação de leitores é muito mais profundo e grave, pois competir com as redes sociais é quase uma guerra perdida, além de estarmos neste esgoto do governo atual que vai deixar uma marca profunda de desinformação e abandono. Quem conseguir se adaptar a esses tempos novos se dará muito bem, mas é um desafio e tanto para os quadrinhos, que ainda sofrem um pouco para encontrar um formato que realmente seja um sucesso em telas. Por isso, até cogito trabalhar com audiovisual de alguma forma com séries ou cinema, sem abandonar os quadrinhos, claro. O que importa é contar histórias, sempre.

7 – Como funciona o processo de criação de uma história com você? Tipo você é daquelas pessoas que chega para o desenhista e dá aquele “pitaco”? E também rola o “pitaco” vindo do outro lado?

Eu sou uma pessoa de referências meio inusitadas, como meus próprios sonhos, experiências bizarras de vida, jornalismo policial… Leio menos quadrinhos do que devia, na verdade. Estou sempre mergulhada em outras coisas, como buscas insanas sobre um assunto qualquer na internet. No começo me via mais presa a certas etiquetas de gênero, hoje tenho vontade de contar apenas as minhas histórias de acordo com meu fluxo. E sim, quando se trata da criação do conceito da história, eu adoro fazer isso em parceria com o desenhista. Amo “pitacos” e sou “pitaqueira” também, quando estou em uma parceria boa funciona superbem. Sou uma ótima parceira, faço guia de roteiro, pesquiso fotos pra referências, ajudo a tirar dúvidas e tudo mais, modéstia a parte.

8 – Muitas vezes o trabalho do roteirista é um tanto solitário, é você com sua história e seus personagens. Às vezes é necessário passar para uma outra pessoa ler antes de ir para o editor ou nem todo texto é assim?

Eu sempre preciso de outras opiniões no meu texto. Além da insegurança natural de alguém que não domina todas as ferramentas, tem coisas que você tá tão viciado na sua forma de enxergar a história que escapam à percepção, então tem que ter leituras críticas sim. Felizmente tenho grupos de amigos autores que sempre me ajudam nesse sentido e eu também sempre leio as coisas deles.

9 – Uma das histórias que eu mais gosto sua é “Meu corpo, minhas regras” da coletânea Na Quebrada da Editora Draco. Ela mistura religião, abuso de poder, cyberpunk e um forte discurso feminino. Você uma vez falou da sua experiência com a religião, digamos, mais doutrinadora. Você às vezes se vê com essa “missão”, ou por poder falar com um alcance maior, não somente sobre esses temas, de colocar assuntos tão importantes nos seus roteiros?

Nem é uma coisa que eu racionalizo muito, são só as minhas questões pessoais que eu sinto um impulso inevitável de colocar nas histórias. São muitas das minhas experiências de vida somadas as minhas idealizações, mas não penso muito sobre atingir as pessoas com uma lição de moral ou expondo algo que deve ser denunciado e sim em fazê-las sentirem a jornada com o que conto no roteiro. Algo em mim crê que a transformação acontece mais pelo impacto ao ler uma história do que quando é mais panfletário – não sei se essa é a palavra certa, mas é por aí. É muito o caso de “Meu corpo, minhas regras”, que você citou.


10 – Qual seria o desenhista, ou equipe criativa, que você gostaria muito de trabalhar?

Essa pergunta é TÃO difícil de responder, eu não idealizo demais isso porque a vida sempre me surpreende com possiblidades que eu não imaginei que teria e, sabe como é, um roteirista não pode se dar muito ao luxo de escolher. Eu amo quase todo mundo com quem eu trabalhei até aqui, na real, repetiria várias parcerias.

11 – Qual seria o assunto, ou história, que você gostaria de escrever e não tem nada a ver com você, qual seria?

Eu gostaria muito de fazer um quadrinho histórico sobre o período colonial do Brasil. E talvez um dia me arriscar na comédia, pois é algo completamente fora da minha zona de conforto e ainda não me desafiei nesse sentido.

12 – Quais os projetos da Larissa para a reta final de 2021?

Bom, vem aí uma adaptação literária que ainda não foi anunciada, como disse acima, e também estou trabalhando em uma história mais curta com o querido André Oide, acho que conseguimos lançar a campanha no Catarse na CCPX deste ano.

13 – E se você pudesse voltar no tempo e encontrar a Larissa Palmieri dez anos atrás, o que você diria para ela e o que ela diria para você?

Eu diria para ela: guarde dinheiro e invista em coisas mais sólidas. Cuide da sua saúde. Estude muito. Larga o que não te faz bem e vai atrás dos seus sonhos. Ela diria para mim: Sou sua fã. Você é incrível e corajosa.

 

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Torre Entrevista: Thiago Ferreira (Comix Zone)

Era uma vez um alagoano. Ele morava no Canadá e tem uma paixão por quadrinhos. Então ele criou, em 2015, um canal no Youtube. E mesclando boas indicações de quadrinhos, resenhas e bebendo nas lágrimas dos haters, surgiu o sonho de se tornar um editor de quadrinhos e tocar a sua própria editora. Eis que surge Reginaldo Ferreira da Silva, o Ferréz, já conceituado romancista, e assim nasceu uma parceria que ninguém esperava, Thiago Ferreira, o popular Arromboss,ambos lançam a Editora Comix Zone em 2019. 

Com a meta de publicar HQs que fujam do lugar comum, lançar artistas inéditos, histórias boas e com mensagens edificantes, a primeira publicação da Comix Zone foi a Canção de Rolland (2019) do canadense Michel Rabagliati, até então inédito no Brasil. De lá para cá a editora lançou importantes publicações, se tornou a casa da lenda Lourenço Mutarelli, sucesso de críticas, tanto nas histórias quanto na qualidade gráfica e arrebatou o Troféu HQMIX. 

Mas, Thiago sempre fala que um dos pilares mais sólidos na editora é a atuação do canal homônimo no YouTube. Com quase 60 mil inscritos, ele é o elo entre público e editora, que ajuda a impulsionar no sucesso crescente a cada publicação. 

Aqui batemos um papo com o Thiago Ferreira, via áudios de Whatsapp, onde ele falou sobre início da editora, união com o Ferréz, a “missão” da editora, como se tornou a casa do Mutarelli e o seu sonho de princesa. 

1 – O que você está lendo atualmente? 

Em Ondas (Editora Nemo) e Imbatível (Editora Saber Ler). 

2 – Eu me lembro de um vídeo seu, um pouco antes de começar a editora, falando sobre fazer o que gosta. Se não me engano você falou que saiu do trampo que estava e ia iniciar em algo que sempre amou fazer, então veio a editora. Passados, acho que três anos, nem vou perguntar se está satisfeito com a decisão porque é óbvio a resposta, mas você achou que em algum momento tinha queimado a largada e antecipado o processo, ou pensa que poderia ter feito antes? 

O tempo foi perfeito. Não saí nem cedo demais e nem tarde demais. o empurrãozinho foi dado pelo meu antigo chefe da agência de marketing, onde trabalhei por seis anos. Sempre tive meus projetos paralelos, sendo o primeiro deles o canal. Quando comecei a “trampar” na editora, eu ainda estava como designer. Só que aos poucos meu chefe começou a reparar que eu estava rendendo cada vez menos no meu trabalho de verdade, porque minhas energias estavam na editora. Então no final de 2019, ele me chamou na sala dele e disse que estava feliz pelos meus projetos pessoais, até porque nunca escondi o que eu fazia, mas eu precisava escolher o que eu queria fazer da vida.

Porque fazer as duas coisas não dava, ele me disse que eu precisava decidir se ia focar no trabalho ou nos projetos pessoais. Essa conversa foi numa sexta-feira, na segunda-feira seguinte eu pedi demissão. Ele entendeu de boa, porque ele sabe o valor e o peso de ter projetos pessoais. Foi no tempo certo, nem cedo demais, nem tarde demais.

3 – Já vão completar três anos que a editora Comix Zone está na ativa, e meio que ela ditou algumas melhorias no mercado, juntamente com a Pipoca & Nanquim, Figura… o que foi bom, porque merecemos sempre melhores histórias e com produtos de grande qualidade. Você acha que tanto o leitor e o mercado estavam preparados para essa “subida de sarrafo”? 

Eu gosto de pensar sim que somos responsáveis por uma melhoria nos quadrinhos publicados no Brasil. Graças a nossa curadoria, eu acho que ajudamos a sofisticar mais o leitor que está pensando menos em quadrinho de super-herói descartável e está dando uma chance para quadrinhos de outros gêneros, de outros países…, mas isso não se deve somente ao trabalho da editora. Se deve muito ao canal do Youtube, que veio muito antes da editora. A editora é de 2019 e o canal existe desde 2015, e essa confiança que construímos ao longo desses anos, fez com que os leitores confiassem nos quadrinhos que nos publicamos. A editora não vive sem o canal, é uma ligação direta. O sucesso vem muito desse vinculo. 

Ferréz

4 – Como foi essa união com o Ferréz? De onde surgiu essa parceria? 

O Ferréz eu só conhecia de nome. Nunca tinha lido nenhum livro dele, mas sabia quem ele era por causa do Instagram. Eu já tinha feito alguns vídeos falando sobre a minha vontade de ser editor de quadrinhos, dos cursos que tinha feito, mas eu sabia que nunca ia conseguir montar uma editora morando no Canadá. E o Ferréz acompanhava o canal, e eu não sabia disso, então um belo dia ele me enviou uma mensagem, isso foi em abril de 2019, depois de assistir um desses vídeos. Ele me perguntou se eu não queria entrar em algum projeto com ele, até então não tinha o papo de editora ainda. Era um projeto ou algo parecido. Então sugeri montar uma editora e ele topou na hora! Parecia até mágica, saca? Sabe aquele lance de duas pessoas que parecem que se conhecem ao mesmo tempo? Foi isso. Tudo comigo e com o Ferréz acontece de forma bem rápida, direta. Não tem isso de reunião, demora e tal… a gente conversa, acerta e faz. E até hoje funciona assim. 

5 – Como rola a escolha das obras para serem adquiridas e publicadas? Rola uma leitura de ambos, ou tem aquilo de “cara, vamos fazer isso aqui que essa parada é boa”. 

A curadoria é feita 100% por mim. Como moro no exterior tenho acesso ao que está sendo publicado aqui fora. Como novidades e backlist das editoras, o material um pouco mais antigo e monto uma lista das coisas mais interessantes. Eu faço um pitch para o Ferréz. Aquele pitch de elevador de um ou dois minutos com premissa do quadrinho e porque ele seria pertinente. Se ele comprar a ideia, a gente corre atrás, adquire os direitos e publica. Ele não lê os quadrinhos antes, até porque os quadrinhos na esmagadora das vezes são importados e ele não fala nem francês e nem inglês. É uma relação de confiança. Ele confia no meu gosto e que tem se provado as escolhas editorais são bem acertadas. Eu costumo falar que o Ferréz é o meu primeiro cliente, eu faço o pitch e se ele achar interessante corremos atrás para publicar. 

A Canção de Roland foi a primeira publicação da Comix Zone em 2019.

6 – Qual a publicação que te deu mais prazer de fazer? Aquela que te dá um puta orgulho. E aquela que você pensou que fosse estourar demais, tanto na parte financeira quanto na parte de reação da galera e não foi tão bem assim? 

Todos os quadrinhos dão um certo prazer, principalmente quando nós o terminamos (risos). Mas de orgulho… tem uns que gosto mais… gosto de todos (pensativo), Paracuellos e a Grande Farsa são dois que eu gosto muito, recentemente teve O Guarani e Contos Ordinários de uma Sociedade Resignada, porque são dois autores que nunca foram publicados no Brasil antes. E a editora vai, publica, as pessoas falam a respeito deles e eles são sucesso. Isso é o que me dá mais prazer. Ser capaz de colocar no mercado um quadrinho que as pessoas nunca tinham ouvido falar antes. Graças ao trabalho que fazemos no canal, as pessoas confiam, compram e elas adoram. E falam a respeito e passam para frente. Esses são apenas alguns que mais gosto, mas gosto de todos. 

7 – A Comix Zone será destinada para quadrinhos ou teremos também livros publicados? 

Existem sim conversas sobre publicar livros, acho que pode acontecer no futuro, mas não posso confirmar nada. 

8 – Vamos falar de O Golpe da Barata – Tem Fantasmas em Casa. Eu li umas resenhas sobre ela e todas foram bem taxativas: é uma história pesada, mas necessária de ser contada. Como foi o processo de negociação e edição de uma história tão importante? 

O Golpe da Barata é um quadrinho muito importante. É uma aposta da editora. Um quadrinho que vai impactar muita gente, fala de um tema super relevante. O primeiro quadrinho escrito por uma mulher na editora e isso alivia um pouco a gente. Porque, infelizmente, o nosso catalogo era muito masculino, mas sabemos que estamos longe ainda do ideal, mas estamos trabalhando para mudar isso e trazer mais mulheres para o nosso catalogo. Foi um quadrinho super tranquilo de contratar, até porque a Gata Fernandez é autora nova, desconhecida no país, ou seja, não tem muita gente se “estapeando” (risos). Agora eu acho que vai ter mais gente olhando para as obras dela. Essa é a vantagem de olhar para onde ninguém está olhando, encontramos boas histórias de grande relevância sem grandes concorrências. 

9 – No lance de publicar Che, que é um clássico do quadrinho sul americano, pareceu ser um sonho bem antigo de vocês. Essa ainda tem um texto do Guilherme Boulos. Como surgiu a ideia do Boulos criando um texto? 

Eu não digo que publicar o Che era um sonho. Não sei se era para o Ferréz. Mas era uma coisa que ia acontecer, ainda mais depois de publicarmos cinco obras do Breccia no Brasil. Depois de publicar somente material inédito, e chegou a hora de fazer essa reedição. E por se tratar de uma reedição, já que ele tinha sido publicado pela Conrad em 2008, a gente queria fazer algo diferente. A minha ideia logo de cara foi chamar realmente o Boulos. O Ferréz que é muito bem relacionado é amigo do Boulos, ele então fez o convite que foi aceito prontamente. 

Che, de Oesterheld, Alberto Breccia e Enrique Breccia, tem um texto do Guilherme Boulos.

10 – Se lembra de quando falei de “elevar o sarrafo”? Hoje em dia temos diversas editoras trazendo grandes obras e com qualidade ímpar. Além de vocês, tem a Figura, Pipoca, Skript… e umas outras que já tinham um tempo no mercado também apresentando obras que dificilmente veríamos por aqui. A concorrência é grande e boa, como consumidor eu acho muito bom isso. Como manter esse movimento sempre engrenado e que fique acessível financeiramente tanto para editoras e para os leitores? 

É… hoje em dia a gente tem muita editora brigando por um dinheiro de público que é bem reduzido. A gente sabe que o quadrinho no Brasil é algo muito de nicho, mas temos o nosso trunfo que é o canal que rola desde 2015, repito, a editora não seria nem de perto tão bem sucedida se não fosse esse relacionamento estreito com o público. No canal do Comix Zone são quase 60 mil consumidores em potencial. E acho que uma editora para ser bem sucedida hoje, precisa do público e ter um material diferenciado. Mas também não adianta ter um material diferenciado se não saber trabalhar aquilo, não souber atingir as pessoas para quem o produto é destinado. Como eu disse, a editora e o canal andam juntos, mas sim o mercado fica cada vez mais concorrido a medida em que mais editoras surgem e o poder de compra do brasileiro fica cada vez menor. 

Thiago além de analises de quadrinhos e anúncios da Comix Zone, também lida com o amor dos haters em seu canal do Youtube.

11 – Qual seria o “sonho de princesa” que você gostaria de publicar pela Comix Zone? 

Meu Sonho de Princesa…. já realizamos alguns, temos tantos outros que gostaríamos de realizar e que vamos realizar. Mas não posso falar porque tem editora por aí querendo “furar os nossos olhos” (risos). O que posso passar é que tem um quadrinho escrito por Mark Russell ilustrado por um brasileiro e que vamos publicar e estou muito animado. Tem outro quadrinho, na verdade é uma série contratada, escrita e desenhada por Marc-Antoine Mathieu, o autor de Deus em Pessoa, que eu sou apaixonado desde que li pela primeira vez, e que vocês mal perdem por esperar. É algo impressionante e que será publicado ainda esse ano. 

12 – O Ferréz falou lá no Flow Podcast, e em algumas outras ocasiões, que o grande barato ou “missão” da Comix Zone é poder publicar coisas que passariam batidas por aqui, ou momentos da história que são esquecidas de propósito. Por exemplo, O Guarani, em todo meu ano letivo, apenas dois professores contaram esse episódio. Agora tem esse, digamos, resgate com Che de Oesterheld e Breccia. Você acha que essa é a principal “missão” da editora ou não tem nada disso, o lance é publicar boas histórias. 

O Ferréz está certo! Uma das grandes missões que temos na editora é aumentar a bibliodiversidade. Não só no nosso catalogo, mas nos quadrinhos do Brasil como um todo. O maior tesão que eu tenho é mostrar para o público um quadrinhista, em um lugar totalmente estranho que ele nunca tinha ouvido falar e tornar aquele nome conhecido e desejado. O que eu mais gosto é quando alguém chega e me fala: “nossa, eu não conhecia isso e preciso desse quadrinho”. O que eu mais gosto é publicar gente nova. 


13 – Vocês se tornaram a casa do Lourenço Mutarelli. E aposto que muitos leitores mais novos, nem conheciam a obra dele tanto assim. A importância de apresentar Mutarelli para essa galera mais nova é imensa. Foi algo pensado trazer o Muta desde o começo da editora e que foto é aquela lá que você postou essa semana marcando o Mutarelli? Pode adiantar algo? 

Publicar a obra do Mutarelli não era necessariamente algo que passava na nossa cabeça quando a gente abriu a editora. Mas quando foi, mais ou menos, na altura do nosso segundo lançamento, alguém do nosso grupo no facebook, em um post sobre catalogo, falou: “Pô, o Ferréz é amigo do Lourenço. Porque vocês não falam com ele para republicar os quadrinhos dele?” Na hora meus olhos brilharam! Eu falei com o Ferréz, como eu disse antes, não somos de conversinha. A gente fala e faz. Falei com ele, eram oito da manhã, duas horas depois, Ferréz me retorna e fala que tinha conversado com o Lourenço e estava tudo certo (risos). Por que o Ferréz é assim. E ele é muito amigo do Lourenço. Tem muitos trabalhos, como o Capa Preta, que o Lourenço não tinha menor vontade de republicar. E ele só permitiu porque ele é amigo do Ferréz. E assim nos tornamos a casa do Lourenço Mutarelli. E em setembro teremos mais uma republicação dele que será o Astronauta ou Livre Associação de um Homem no Espaço, que tem a peculiaridade de ser um quadrinho escrito pelo Lourenço, mas que não foi desenhado por ele. O quadrinho teve um processo bem interessante que envolveu mais três pessoas além do próprio Lourenço. Foi publicado pela primeira vez pela Zarabatana e será republicado em uma edição de aniversário com muito extra bacana e um projeto gráfico que vai deixar a galera babando. 

14 – E na vibe de quadrinhos nacionais, existem possibilidades de mais autores nacionais serem publicados pela Comix Zone? 

Estamos com um quadrinho original sendo produzido por uma pessoa absolutamente brilhante, mas que não posso entrar muito em detalhes e outro projeto que estou louco para mostrar para vocês. E a gente pensa sim na produção de quadrinhos nacionais e vai rolar. Até porque a Comix Zone é uma editora multinacional, com o Ferréz no Brasil e eu aqui no Canadá, e quero muito licenciar quadrinhos para publicar aqui no exterior. Sobretudo na Europa, principalmente na França, Canadá e EUA. 

 15 – Para encerrar, meu chapa, qual os projetos do Thiago e da Comix Zone para esse resto de 2021? 

Veja, eu sou um homem simples. Tudo que eu quero é continuar publicando quadrinho legal, continuar apresentando quadrinhistas incríveis para o público brasileiro, continuar vendendo gibi e fazer essa máquina girar, quem sabe em breve expandir a equipe, contratar um designer talentoso para dividir a produção comigo. Por que tá foda (risos). Mas não tenho o que reclamar, 2021 tem sido um ano incrível e espero que siga assim até o final. 

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Torre Entrevista: Jimmy London

Jimmy London fez a fama cantando sobre bebedeiras, brigas e roubos de caminhões em durante quase mais de vinte anos em frente ao Matanza. O seu jeito único de cantar e sua presença de palco criou uma legião de fãs a cantar as histórias do bebum acabado. Com shows históricos e performances destruidoras a banda foi uma das mais importantes nas últimas décadas. Por isso que muitos lamentaram o fim da banda.

Mas nunca é o fim para Jimmy London.

Foto: Felipe Diniz

O vocalista se uniu a banda carioca Rats, que ele já tinha produzido o primeiro disco, e formou a interessante Jimmy & Rats, onde mistura Irish, Folk, um tanto de Country com o bom e velho punk rock. A banda recentemente lançou o excelente álbum Só Há Um Caminho a Seguir.

Em meio a tudo isso ele ainda se uniu com dream team do metal brasileiro como Felipe Andreoli (Angra) no baixo, Antonio Araújo (Korzus) na guitarra e Amilcar Christófaro (Torture Squad) na bateria e assim foi formado o Matanza Ritual, onde pretende reencontrar com o público da antiga banda e no horizonte tem um disco de inéditas.

E ainda Jimmy ainda é ator e apresentador! Participou de produções como a minissérie Dois Irmãos e na novela Deus Salve o Rei, ambas na TV Globo, participou do filme A Viagem de Pedro (2018) e da série Cidade Invisível da Netflix. A próxima produção será O Anjo de Hamburgo do diretor Jayme Monjardim na Globoplay. Na TV ele ainda apresentou o Pimp My Rider Brasil, na antiga MTV e atualmente está de frente ao Rock Estúdio no Canal Bis.

Aqui batemos um papo sobre tudo isso e mais um pouco. Segura aí!

1 – Uma vez você postou no seu Instagram que estava lendo Watchmen. Você curte quadrinhos e está lendo o que atualmente?

Eu me amarro muito em quadrinhos. Quando era moleque, deixava de comer no recreio pra poder comprar duas revistinhas na hora de voltar pra casa. Quando as revistas mudaram de formato, o preço ficou salgado e eu me afastei, mas continuo achando esse tipo de literatura um tesão. Algum dia eu volto a ler com frequência, com certeza. Hoje em dia a vida tá corrida pacas e os livros tem preferencia, mas também entendo que as duas artes dialogam demais. Quem já leu um livro do jack London, com certeza sabe do que tô falando…

2 – Recentemente o Jimmy & Rats lançou o seu primeiro álbum de estúdio. A banda já tinha feito alguns shows, gravados algumas músicas, mas esse é o primeiro trabalho… digamos… completo. Esse tempo todo que passou até culminar no disco, rolou um bom caminho. Esse caminho foi necessário para muitos aspectos? Como por exemplo “afinar” mais a banda em um só ideal?

Bom, eu já tenho uma historia longa com o Rats. Ajudei o Fernando com algumas composições, produzi o primeiro disco deles, então sempre me senti muito confortável com a banda. Mas realmente, na hora em que começamos a trabalhar juntos foi necessário um ajuste de expectativas e no modo de fazer as coisas.

Eu tenho um jeito muito “guerrilha” de fazer as coisas, que se adaptava muito bem a realidade do Matanza, mas no J&R os ritmos são outros e os seres humanos são ímpares. Foi preciso ter um freio de arrumação pra gente conseguir andar em passos sincronizados, mas foi ótimo pra mim também. Sempre bom lembrar que o mundo não funciona de um jeito só e que sempre há uma opção, em qualquer cenário que seja.

Jimmy & Rats

3- É muito visível quanto o Jimmy & Rats de completa e te satisfaz. Vi umas entrevistas suas que você está bem satisfeito e orgulhoso do trampo. Ele foi uma evolução musical para a sua carreira?

Sem duvida alguma. São novas vozes, novos instrumentos e um fim a uma “cela auto-imposta” do Matanza. A verdade é que deixávamos nos fazer reféns do estilo Matanza e a inovação tava ficando de lado. Além disso, meu som mesmo começa com Country, Irish, Folk, Bluegrass, e é exatamente isso que fazemos no J&R.

4 – O Jimmy & Rats tem uma influência de Flogging Molly muito forte. E se olharmos para a música nacional, não temos muitos trabalhos assim, apesar de termos um bom público para esse estilo. Pode-se dizer que esse caminho do Jimmy & Rats é algo novo por aqui?

Não. Aqui no Brasil nós temos o Terra Celta, Confraria e mais uma porrada de banda fazendo essa mistura de Irish e Celta aqui, nos curtimos muito isso mesmo. Talvez nos sejamos a banda que mais mistura isso com o punk rock, mas também não estamos inventando nada. Mas estamos definitivamente colocando nosso tempero nessa mistura, e fico feliz que isso seja percebido como algo único.

Capa do novo álbum

5 – Fiquei sabendo que o Matanza Ritual está com novas músicas engatilhadas e que um álbum de inéditas será possível no futuro. O quanto é importante para a nova banda ter um disco com músicas inéditas nesse “universo” do Matanza? É uma nova identidade ou uma repaginada do que já foi feito?

Na verdade, ainda não sabemos exatamente qual será o futuro do Ritual. O disco tá nascendo porque ele nos obrigou a ser escrito (risos).. As músicas são uma mistura completamente insana das influencias dos quatro integrantes, então acho seguro dizer que vai surpreender a maioria das pessoas.

Obvio que tem sangue de Matanza, mas também vem cheio de korzus, Angra, Torture e mais uma porrrraaaada de coisa. Melhor esperarem pra tirar suas próprias conclusões.

6 – E como foi essa montagem do Matanza Ritual? Foi algo que aconteceu naturalmente ou você chegou a escolher do tipo: “Quero esse aqui no baixo. Esse aqui eu quero na guitarra…”?

Os parâmetros eram simples: tem que tocar pra caralho e ser um puta profissional e gente finíssima. Era uma escolha pra fazer com que fosse, antes de mais nada, um enorme prazer pra se excursionar. Então não houve dúvidas, pq os três caras a bordo são dentre os melhores músicos do Brasil e do mundo, e de uma elegância ímpar.

7 – Eu acredito que a pessoa passe por uma evolução seja na vida pessoal e/ou na vida profissional. O Jimmy de hoje não é o mesmo dos tempos do Matanza. E não será o mesmo de dez anos para frente. Como essa evolução tem ajudado tanto no Rats e para voltar com algo como o Matanza Ritual?

Bom, que bom que eu evolui, né? comecei o Matanza com 20 anos, agora tô prestes a fazer 45 (essa entrevista foi realizada no dia 15/07, um dia antes do aniversário do Jimmy). Se nada tivesse mudado eu teria sérios problemas… eu acho que, hoje em dia, tenho mais clareza sobre o que quero alcançar e mais capacidade de trabalho. Acho que meu discurso também ta mais limpo, com menos interferência externa e isso me ajuda muito na comunicação com o público.

E como também tô fazendo várias coisas ao mesmo tempo, isso ajuda muito a não patinar, quando algo para de andar eu simplesmente mudo o que tô fazendo e volto depois. Costuma dar certo.

O Matanza Ritual, da esquerda para a direita: Felipe Andreoli, Amilcar Christófaro, Jimmy e Antonio Araújo. A banda fará shows em 2022!

8 – Você uma vez falou que sente falta do público do Matanza, (como público do Matanza, também digo que sentimos falta), e como você acha que vai encontrar esse público? Você acha que ele chegou a se renovar?

Não sei se chegou a se renovar ainda, nao tem nem três anos do fim da banda, mas acho que essa galera vai ficar feliz quando sentir a energia que tá guardada dentro de mim pra fazer esses shows do Ritual. Como também tivemos essa sinistra pandemia, eu tô acumulando quase dois anos em casa sem tocar. Imagina quando eu puder colocar pra fora? sai de baixo, mermão…

9 – E a carreira de ator, bicho? Quem viu o Jimmy lá no início do Matanza, nunca imaginaria ver você como ator em novelas. Como está sendo esse rolê? O próximo trabalho será O Anjo de Hamburgo do Jayme Monjardim, que tem uma forte história e uma certa ligação sua por causa de uma parente próxima.

Atuar é tão divertido quando fazer shows, e isso é uma afirmação bem radical. Tô apaixonado por essa nova atividade onde os mais mínimos detalhes ficam enormes a tela e meus instintos precisam ser utilizados ao máximo. Vou ate me conter, ou acabaria falando demais sobre isso. Só digo que tá foda, uma diversão gigantesca e uma honra poder estar fazendo projetos tão importantes.

Sobre a segunda guerra, acho que é um dos capítulos mais terríveis da nossa humanidade. Eu sou judeu e minha família passou em primeira mão vários desses horrores. É essencial falar sempre sobre isso pra que não caia no esquecimento e pra que as pessoas não comecem a usar estapafurdiamente o holocausto como certos políticos tem usado. A humanidade tem capítulos drásticos: os massacres, escravidões, guerras, extermínios…

Não sei como ainda existimos, sendo um ser tao defeituoso e capaz de tanta maldade.

Jessica Córes e Jimmy em cena na série Cidade Invisível.

10 – E qual seria o sonho de atuação? Uma produção que se pudesse gravar seria a cereja no topo do bolo?

Quero muito fazer cinema, algo grandioso. Meu sonho é um puta papel num filmão estilo Senhor dos Anéis. Em breve num cinema perto de você!

11 – O lançamento do disco do Jimmy & Rats agora e as preparações do Matanza Ritual, que terá shows (se tudo der certo com a vacinação) ano que vem, enquanto isso quais os planos do Jimmy para o restante de 2021?

Tudo andando ao mesmo tempo agora! Lives pro J&R, disco pro Ritual, atuando cada vez mais, Rock Estúdio no Canal Bis voltando em breve, e mais uma porrada de surpresa vindo ai!

Seguuura, e puuutaquipariu!!!

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Torre Entrevista: Cadu Simões

Hoje, dia 30/01, é Dia do Quadrinho Nacional, grande parte da produção dos quadrinhos no Brasil é realizada por pessoas que se desdobram em mil com empregos, família etc… para poder dar a sua contribuição a essa arte. E nesse longo caminho dos quadrinhos brazucas, surgiram muitas pessoas que são pilares e cravaram seus nomes, seja com suas contribuições, ou seus discursos e lutas para melhorias para cada um poder publicar sua arte. E uma dessas pessoas é Cadu Simões.

Cadu Simões é autor de gibis lendários como Homem-Grilo e Acelera SP, e sempre de alguma forma esteve presente na cena dos quadrinhos, produzindo, em conversas, eventos ou em bate-papos no icônico Bar do Simões, local capitaneado pelo seu querido pai, que fica em Osasco. E enfrentando uma luta contra o reumatismo que muitas vezes o impede de produzir.

Nessa conversa falamos um pouco sobre como promover a produção de quadrinhos desvinculando noção de mercadoria, a cena de agora com de antigamente, o momento político/econômico do país e como afeta a nona arte e uma dúvida de todo fã: “Seria o Cadu Simões o Homem-Grilo?”

1. O que você está lendo atualmente?

Atualmente estou lendo apenas livros teóricos para faculdade de Letras, que voltei a cursar, depois de ter trancado ela em 2013 por causa do meu reumatismo. Mas assim que eu entrar de férias, pretendo retomar a leitura da minha pilha de quadrinhos que só cresce.

2. Você tem uma interessante ideia de promover a produção de quadrinhos que desvincule a noção do produto como mercadoria a ser vendida num mercado visando a acumulação de capital. Pode dar mais detalhes dessa ideia?

A história em quadrinhos surge, como toda arte, como a poesia, a música, a pintura, não como um produto a ser vendido e comercializado, mas como uma obra a ser apreciada e desfrutada. Mas no século XX, com a criação do formato de revistas em quadrinhos, principalmente dentro do modo de produção e distribuição industrial das grandes editoras, a maioria das pessoas passaram a encarar os quadrinhos apenas como produto e mercadoria e que vai culminar no colecionismo, muitas vezes feito por pessoas nem mesmo leem essas HQs, e apenas ficam exibindo-as na estante.

É como se a obra quadrinhos não existisse mais sem a mercadoria quadrinhos. Mas assim como a música existe sem o produto disco ou CD, os quadrinhos podem existir sem o produto revista ou livro, seja físico ou digital. Então nos meus quadrinhos eu estou tentando um modo de produção e distribuição anticapitalista que vai na contramão do que vem sendo feito tradicionalmente, mesmo nos quadrinhos independentes, desvinculando ao máximo os quadrinhos como mercadoria.

E isso é feito principalmente publicando-os sob uma licença livre Creative Commons, que permite que qualquer um possa copiar, compartilhar e redistribuir minhas obras em qualquer suporte ou formato, assim como transformar, remixar e criar outras obras a partir das minhas, mesmo que para uso comercial, desde que seja dado o crédito apropriado aos autores, que seja indicado a fonte das obras, e que qualquer obra derivada seja distribuída sob a mesma licença, dessa forma promovendo um ciclo virtuoso de cultura livre.

A produção das minhas HQs são financiadas por financiamento coletivo recorrente e são publicadas online, nos sites de cada respectiva série em quadrinhos, de forma gratuita para a leitura de todo mundo, e não apenas para os apoiadores. Afinal, apesar de não existir almoço grátis, uma vez que o almoço foi pago e produzido, porque não compartilhar com os outros? Ainda mais quando esse almoço pode ser copiado e reproduzido infinitamente sem a perda ou o esgotamento de cada cópia.

O objetivo é que seja priorizado pelos leitores o valor de uso dos quadrinhos como objeto artístico e cultural, e não seu valor de troca como mera mercadoria. Assim, todos podem se sentir vontade para ler, compartilhar, imprimir, distribuir e criar obras derivadas a partir das minhas HQs.

O Homem-Grilo

3. Muitos consideram você, digamos, uma “velha guarda” dos quadrinhos nacionais. Ao seu ver, tirando a tecnologia, o que mudou de melhor para que produz quadrinhos no Brasil?

Acho que as duas principais mudança para melhor nos últimos 20 anos, desde que comecei a fazer quadrinhos, foi, primeiro, o aumento na quantidade de eventos de quadrinhos com espaço para quadrinistas. Hoje em dia alguém que está começando e acabou de fazer seu primeiro quadrinho, pode ter uma mesa para vendê-lo em grandes eventos como o FIQ em Belo Horizonte, a Bienal de Quadrinhos em Curitiba, ou a CCXP em São Paulo. Quando comecei isso para mim era impossível.

E segundo, o surgimento das plataformas de financiamento coletivo, como o Catarse, que permitiu o financiamento de várias obras em quadrinhos de forma independente, em que talvez não veriam a luz do dia nem em editoras.

4. E invertendo a pergunta: o que piorou?

O que piorou foi certamente o encerramento de diversos programas e políticas públicas federais que ajudaram a fomentar não só os quadrinhos, mas o mercado editorial como um todo entre 2003 até mais ou menos 2015. Hoje não existe mais nada disso. O governo Temer começou a cortar vários desses programas, e o governo Bolsonaro terminou de acabar com tudo (e acabou com o próprio Ministério da Cultura). Espero algum dia podermos ter novamente um governo federal que fomente não só o mercado editorial, mas a cultura como um todo.

5. No meio de um país que estamos enfrentando uma corja/onda fascista, e que chega em todas as mídias, inclusive as HQs, eu acho que devemos sair da nossa bolha de conhecimento, e apresentar para outros públicos os ideais. Na sua visão qual é a melhor forma de sair dessa bolha? Com uma obra direta (tipo pé na porta) ou com mais sutileza?

Acho que não tem um modo correto. Eu mesmo tenho quadrinhos no qual a mensagem política antifascista é mais sutil, como o Homem-Grilo, e outros em que a mensagem é mais direta e escancarada, como Acelera SP. O importante é o quadrinista se posicionar contra o fascismo, pois não dá pra ficar neutro diante dele.

6. Uma bebida para a hora da leitura?

Chá é sempre uma boa opção.

7. Tirando o Homem-Grilo & Sideralman, que são os xodós, qual obra você tem aquele lugar mas quentinho no coração e porquê?

Acho que é Acelera SP. É a minha obra mais difícil de ser escrita, a que mais me exige pesquisa, mas é a que mais me dá retorno de leitores nos últimos tempos. Muito disso acontece, creio, pela atual fase política que vivemos.

8. Como a vida pessoal do Cadu Simões conversa e se mistura com as suas próprias obras? Você seria o Homem-Grilo?

Não, não sou o Homem-Grilo. Mas ele tem muitas características de alguns amigos de infância meu. É nesse aspecto que minha vida pessoal conversa e se mistura com minhas obras. Sempre acabo incluindo elementos da minha vida nas minhas obras, ainda que muitas vezes de forma sútil e nem sempre direta.

9. Quais os próximos trabalhos?

Eu tenho escrito três novas histórias, mas que não sei exatamente quando começarei a publicá-las, pois nenhuma delas tem ainda desenhista. Então por hora não tenho como falar mais sobre elas. Mas pretendo continuar publicando novas HQs dentro das minhas séries já existentes, como o Homem-Grilo, Nova Hélade, Cosmogonias e Acelera SP. E como sempre, tudo gratuito na internet sob Creative Commons.

Para poder ler os quadrinhos do Cadu Simões e acompanhar todo o seu trabalho, clique AQUI.

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Torre Entrevista: Bruno Brunelli

No início do ano começou a campanha de financiamento coletivo para , HQ com roteiro de Alessio Esteves (DestiNation, Zikas) e desenhos de Bruno Brunelli (Veludo dos 9 infernos, Pontos Ilustrados). Aqui nos conhecemos parte da vida do Zé Pelintra, uma das entidades mais famosas da mística brasileira, Protetor da Boemia, dos bares e dos jogos. A entidade é conhecida pelo o visual de malandro supremo.

A obra busca juntar as mais diversas lendas sobre a sua origem e juntar em uma história única, abordando desde a sua infância difícil na Bahia até o início de sua vida adulta, no Recife, quando é iniciado na Jurema.

Agora, quase um mês depois do início da campanha, batemos um papo com o desenhista Bruno Brunelli. Onde procuramos saber mais sobre , a sua importância em meio a uma sociedade que recrimina culturas e religiões e os seus planos para 2021.

1. Como surgiu a ideia para a HQ do Zé?

Faz muuuuuito tempo. Quando comecei o Pontos Ilustrados eu já tinha essa história na mente. Como o Zé Pelintra tem muitas histórias e lendas, sempre tive vontade de ler algo completo, sabe? E na época eu estava lendo bastante romances baseados em reconstruções históricas ao estilo Bernard Cornwell e Conn Iggulden, então resolvi fazer o mesmo com o Zé. Fui atrás das histórias em livros, sites, boca a boca, misturei tudo numa narrativa pra ver o que saía. E eu curti! Só que não dava pra fazer uma HQ com aquilo, e foi aí que pedi socorro pro Alessio.

2. Tanto você quanto o Alessio Esteves entendem do assunto na questão religiosa e histórica. Zé tem o intuito de levar o conceito de “popularizar” a história da Entidade?

Exatamente. Na verdade ele já é muito popular em várias mídias, e agora em HQ também. Quanto mais Zé melhor!

Capa de Zé

3. Como foi esse processo de criação? Por vocês dois serem muito familiarizados com o assunto, serem praticantes da religião, existiu muito pitaco de ambos os lados?

De minha parte foi bem tranquilo. Claro que tivemos nossos altos e baixos, né, principalmente por ser 2020. A história em si estava bem encaminhada, mas o Alessio fez MÁGICA transformando a narrativa em HQ, e com acréscimos muito importantes. Foi literalmente um trabalho em 4 mãos. “Põe isso, tira aquilo, poxa isso não achei legal, e se fizer desse jeito…” e assim foi. Aliás, aconselho perguntar pra ele.

4. Qual a importância de mídias falarem mais abertamente sobre a Umbanda em geral, mas que falem de um modo não preconceituoso e nem daquela forma que “tradicional” que costumamos ver?

De suma importância. Pô, mais fácil a galera saber sobre nórdicos do que nossa própria cultura, que é RIQUÍSSIMA. Só de ter cada vez mais artistas brasileiros por aí já é massa demais, ainda mais colocando as brasilidades à tona me deixa muito feliz. Seja no cunho espiritual, seja nos mitos populares, na cultura e no estilo de viver, precisamos cada vez mais mostrar com orgulho tudo isso.

5. Existe a possibilidade de outras Entidades receberem projetos como Zé?

TEM! É tudo que posso dizer no momento.

Veludo dos 9 Infernos, trabalho autoral de Bruno Brunelli

6. Existiu uma pesquisa de sua parte, para o visual do personagem quando mais jovem, ou para os cenários? Ou alguma inspiração em especial?

Ah sim, com certeza. Uma narrativa precisa ser coesa. Tenho rascunhos e mais rascunhos fazendo os personagens, velhos e novos, vestuário, como eram as cidades e sua vivência. A história não tem uma data oficial definida, mas se passa mais pro final de 1800 e no final do Império.

7. O que vocês estão fazendo com Zé é bem importante e pode ser um marco. Pois eu vejo como apresentar uma religião rica, que tem uma cultura muito rica também. E geralmente quando vemos religião retratadas em quadrinhos, é para apresentar uma falha de dogmas, ou caráter de quem frequenta. Existiu um cuidado de balancear essa parte de cultura e de apresentar a religiosidade sem parecer um clichê?

Na HQ a gente trata ele mais como uma possível figura histórica do que uma figura religiosa, sabe? Na verdade, a questão é mais de espiritualidade do que religiosidade propriamente dita. A exemplo de seu Zé, como dizem as lendas, ele permeia por várias “religiões” que se conversam entre si, não negando mas também não se atendo a nenhuma, como a gente mesmo faz hoje em dia. Veja se não somos um povo “católico” que se benze com arruda e ainda tem um Buda cheio de moedas na estante da sala! (RISOS). Então no final a religião serve mais para rotular algo que já nos é inato. Ele pode ser adorado na Jurema, na Umbanda, e no Carnaval (que é uma religião SIM).

8. Quais os planos de quadrinhos do Bruno para 2021?

Oficialmente, até o momento, é o Zé e sua continuação, retomar a Parte 3 de Veludo dos 9 Infernos, o Pontos Ilustrados que é um projeto eterno, e uma coletânea de um novo coletivo FODA que tá pra nascer em breve!

Para conhecer mais o trabalho do Bruno, pode acessar AQUI. E para conhecer mais detalhes, recompensas e claro para apoiar a campanha de clique AQUI.

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Torre Entrevista: Conversamos com Bruno Sorc sobre a Graphic Novel Mojica Móveis

Já está no ar a campanha de financiamento coletivo para o quadrinho Mojica Móveis. A história acompanha o protagonista Amácio, um quarentão que acaba de sair da casa da mãe e procura uma loja de usados para mobiliar o novo lar. Porém, ao entrar na Mojica Móveis e conhecer o seu proprietário que vende os segredos mórbidos de seus produtos, Amácio ouve histórias escrotas e extremamente reais, entendendo um pouco sobre o perigo da influência.

O roteiro é de Bruno Sorc, um escritor de longa data com diversos livros publicados, fazendo sua estreia nos quadrinhos, o autor reuniu um time peso pesado de desenhistas, como Bruno Lima, The Immigrant, Alex Genaro, Letícia Pusti, Oscar Suyama, Rapha Pinheiro, Rick Troula e Laudo Ferreira. A capa é de Dudu Torres, cores de Cássia Alves e o prefácio de Alexandre Callari (editor do Pipoca & Nanquim).

Trocamos uma ideia com o Bruno sobre Mojica Móveis, a campanha no Catarse, seu trabalho, como a música influenciou a sua escrita, como foi reunir esse time para desenhar a HQ e futuro.

1 – Quem é o Bruno Sorc? De onde ele vem, o que ele lê, o que ele leu, quais são as suas maiores inspirações…

Bruno Sorc: Eu sempre gosto de falar que “sou um escroto, mas não sou um saco” – bela forma de começar, não é mesmo? – Sorc aqui é um cara legal, mesmo sendo esse escroto assumido, têm lá o seu carisma magnético. As pessoas costumam me amar ou me odiar muito rápido, o que me leva a crer que eu seja intenso. Romântico, um cara apaixonado, e são essas paixões que me inflam de coragem, de ambições. Tenho um coração enorme, quem conhece sabe.

Sou paulistano, de família humilde e batalhadora. Não sou o tipo de cara que teve a faculdade paga pelos pais – nada contra, é só um relato – e nunca tive carro. Mas sou rato de metro e estou satisfeito com isso. Já trabalhei em fábrica de cigarros, segurança de festa, em transportadora e fui livreiro, mas graças a Deus me formei em marketing e trabalho alguns anos com o que amo. Escrita.
Eu leio, assisto e ouço de tudo. Acho que gosto de aprender o tempo todo, e tudo tem algo a nos ensinar, saca? Acho super válido ter outras óticas, perspectivas de outras culturas e pensamentos. Leio daquela Turma da Mônica de formatinho a Friedrich Nietzsche. Ouço do rapper Gerardo ao Mayhem.

Porém a pergunta me força a responder quem são os meus queridinhos, não é? Mas não vou ficar na nona arte, porque minhas inspirações vêm de todo lado, suave? Acredito que minha patotinha fica assim: Dona Magda, minha mãe e a minha noiva Steh abrem a lista com os dois pés na porta. Aí temos Chuck Palahniuk, Seth Rogen, Garth Ennis, Rob Zombie, Lars Von Trier, Charles Bukowski, Quentin Tarantino – não tem como ignorar esse cara – Irvine Welsh, Alan Moore e Steel Panther – sim, você não leu errado, eu coloquei o gênio dos roteiros ao lado de uma banda glam satírica. Não me leve a mal.


2 – Onde surgiu o estalo, a ideia para o Mojica Móveis?

Bruno: Confesso que esta é uma pergunta que gosto tanto que cheguei a colocar nos extras da HQ. Eu botei na cabeça que era hora de realizar um sonho de criança e roteirizar um quadrinho, mas não tinha nada rabiscado para isso (risos). Então veio exatamente esse estalo quando minha mãe pela décima vez, começou a contar para minha noiva a vez que se mudou com o meu pai, ainda muito novos e mobiliaram a casa com móveis usados. Até aí ok, mas ela sempre relata a porra de uma geladeira azul no qual não gelava. E por que não gelava? Ela e meu pai descobriram que tinha um TIRO em seu interior.

Aí ela sempre se pergunta ”o que será que aconteceu ali”, eu acabei rabisquei a minha versão e até brincando um pouco com a fina e interessante linha entre justiça e vingança. Assim que terminei pensei “os móveis presenciam tudo, sempre estão por perto… uou”. E comecei rabiscar outros dois roteiros, sempre batendo em algo, sempre com uma crítica social pesada. E quando vi que poderia falar da temática que mais têm me amedrontado nos últimos anos, que é o “perigo da influência”, não deu outra, falei ”vou amarrar tudo isso aqui”. Beijos mãe, essa porra é da senhora também!

3 – O Mojica Móveis é praticamente uma coletânea dentro de um contexto. Temos um direcionamento, um norte, mas as histórias são dos mais variados estilos. Por que fazer essa “salada visual”?

Bruno: Então cara, acho que isso casou bem por três motivos:

1º – Que até ter o plot sobre o ”perigo da influência”, eu de fato não comecei a escrever os outros contos e muito menos amarrar tudo, porém, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi ”eu poderia colocar vários traços nesse quadrinho”. Então foi um desejo que surgiu.

2º – Quando eu estava orçando preço de página e entrando em contato com os profissionais, vi que a parada é cara. E diferente de muita coletânea no qual você é convidado a participar, mas não recebe por isso, eu fiz questão de pagar cada um dos artistas. Demorou pra cacete, mas fui pagando aos poucos e me orgulho muito disso. A questão nesse segundo ponto é, eu não sou famoso, e queria fazer barulho na primeira obra. Então arrumei um jeito de pôr uma porrada de nomes famosos na capa.

3º – Uma vez ouvi dizer que as cores são a “trilha sonora dos quadrinhos” e como já queria muito fazer paletas – no plural – diferentes, também casou. Esse formato então não só permitiu isso, como municiou eu e minha colorista para tentar algo ainda mais profundo, a dubiedade das histórias.

E isso é um tesão. Ficou foda!

4 – Você é “criado e forjado” no underground musical. Você vivenciou in loco nas cena do hardcore brasileiro. O hardcore vai de músicas de protesto passando por músicas de relacionamento e tal. Como essa fonte ajuda na sua escrita?

Bruno: Isso mesmo, vivenciei bem a cena. Principalmente ao lado dos caras do Dance of Days. Comecei com zines e graças a uma professora de português que me instigou bastante a participar de saraus, escrevi poemas. E pra você ter ideia, meu segundo livro eu compilei poemas e o intitulei de “Doce Desespero”, porque na real é isso. A cena me moldou. Porra sou straight edge até hoje. Carrego esse eco em meus gostos e atitudes. Sou essa mescla mesmo, protesto e paixão, e o leitor pode sempre esperar isso das minhas obras. Roteiros escritos com muito amor e que vão dar porrada em muita coisa que entendo como errada.

5 – Como rolou a escolha dos artistas que participam da obra Mojica Móveis? Já estava pré-determinado ou tu foi conhecendo e escolhendo?

Bruno: Ah, na real eu fiz uma lista com uns 30 caras, até porque não sabia ainda preços, aí tem que bater o roteiro com os caras para ver se rola interesse e se encaixa em suas agendas. Nada é fácil, ainda mais se ninguém nunca ouviu falar sobre você. Eu conhecia o trabalho dos 30, era amigo de uns 10 e 10 era aquele lance de admiração mesmo, por tudo que já se envolveram.

Mas engraçado essa pergunta, porque assim, no Mojica Móveis somos em 12, tirando eu, esses 11 que entraram pro projeto, só 10 vem da lista de 30. Porque um irmão meu, o Caio César, havia acabado de começar um projeto autoral e falou que não rolaria participar, mas me indicou o professor dele, o Rick Troula que topou na hora quando leu o roteiro. Eu e o Rick se tornamos MUITO brothers, o cara é sensacional. Talentoso e super profissional.

6 – É a sua estreia nos quadrinhos, acredito que role um friozinho na barriga, apesar de você já ser um escritor de longa data. Eu li o Mojica Móveis e achei muito bom. Aconteceu uma reciclagem no seu estilo? Tipo, “agora preciso aprender a escrever quadrinhos” Você usou coisas, técnicas inéditas para você ainda?

Bruno: Primeiramente, muito obrigado por topar ler e agradeço também o elogio. Acredito que realmente gostou, se nem tivesse curtido, eu não teria nem sido convidado para estar aqui (risos). Mas retomando a pergunta, eu acho que tento me reciclar o tempo todo. Eu lancei minha primeira obra – em formato de livro – em 2011, de lá pra cá foram 10 livros, 275 poemas, sei lá quantos roteiros para audiovisual e muitos, mas muitos artigos e entrevistas. Eu não paro de escrever graças a Deus! Então eu acho que a reciclagem é parte dessa evolução. Pretendo me reciclar muito ainda, tecnicamente e narrativamente. Testar coisas novas, mas sem deixar de ter a minha assinatura escrota e visceral (risos). Nunca perder a mensagem!

7 – Um pouco sobre você. Sobre desafios. Qual o assunto ou tema que você ainda não escreveu, tem alguma ideia que ainda irá para o papel?

Bruno: Cara, vamos tentar recordar aqui um pouco do que já escrevi: zines com mensagens de protesto e poesia, na literatura comecei com dark fantasy, fui para thrillers policiais, drama e terror. No terror já fiz sobre possessão, gore e tenho até mesmo o meu próprio slasher. Na publicidade e no marketing já escrevi jingles, slogans, e-mails marketing, copys de inbound, artigos com SEO on-page, spots de rádio, materiais ricos como e-books, infográficos e os mais variados roteiros, comerciais, manifestos, curtas e longas. Fora entrevistas no cenário fílmico nacional, artigos e pautas, principalmente para podcasts.

Acho que está faltando roteiro de média metragem, piloto de série, teatro… (risos)! Mas na real, falta escrever muita coisa. Não tenho um full romance ou uma comédia – por mais que sempre trago pitadas ácidas para minhas obras – por exemplo. Mas quem sabe um texto infantil?! Seria um puta desafio gostoso!

8 – Na mesma vibe da pergunta anterior, o que você já escreveu e que até hoje você pensa: “caçarolas, isso poderia ter ficado assim ou assado, poderia ter ficado melhor”?

Bruno: TUDO! Mas eu acredito que um bom escritor deve respeitar o seu tempo. E quando digo tempo, é referente ao o que você sentia na época e a técnica que você usava. Deve ter um respeito por quem você já foi. E tempo também no sentido que você não pode e nem deve ficar masturbando uma obra sem fim. Uma hora ela tem que ir pro mundo. Se você ficar lapidando, lapidando e lapidando, a parada nunca nasce e se esfarela. Somos seres que procuram a perfeição sempre, só que a perfeição basicamente não existe, porque ela é extremamente subjetiva. Então ver algo e querer mudar é normal, só não acho que deve de fato mudar, porque depois de um tempo que você voltar a ler, vai querer mudar de novo. E de novo e por aí vai. Deixa o que já foi escrito, escrito.

9 – O Mojica Móveis tem uma série de nomes talentosos e famosos. Qual foi aquele artista que você não acreditou quando aceitou?

Bruno: Laudo Ferreira. Fácil. Próxima (risos)! Eu lembro que fiz uma lista com esses 30 artistas, no topo da lista vinha o Laudo. Quando entrei em contato com ele, não senti muita firmeza em nossa primeira troca de e-mails, e para minha expectativa estava tudo bem. Eu fui na cara e na coragem, mas com aquela sensação de ”é uma tentativa”, era muito provável de não rolar. Depois que ele leu a obra e elogiou meu roteiro – o que na real me deixou animado pra caralho – fechamos valores e agenda. Mas até de fato ele me mandar a primeira página eu não estava acreditando muito. Porra, é o Laudo!

Ficamos amigos. Trocamos muitos áudios via WhatsApp e aprendo muito com ele até hoje. O cara é um gigante, e falo isso pra ele. Aliás, o chamo de Mestre, né, porque o cara não só tem um conhecimento, uma experiência cavalar e um talento ímpar, como ele compartilha! Isso é para poucos, ter essa maturidade e confiança é para poucos, cara!

Mas se me permite colocar mais um nome dentro dessa resposta, seria o Alexandre Callari. Esse cara me apoiou a dar o pontapé inicial nos meus sonhos de ser escritor, lá em 2011. Um cara que me adicionou no finado Orkut e me ajudou no processo da minha primeira obra em 2012. Tudo isso após nos conhecer em um Zombie Walk. Hoje ele é titânico e não é à toa. Muito disso se deve ao homem que ele é e o coração que possui. Incrível. E porra, quando mandei a obra para ele ler e fiz o convite, ver que ele não só topou, como também elogiou o roteiro, foi uma verdadeira conquista. Então sempre vou chamar o Laudo de “Mestre” e o Alê de “Padrinho”. Tô bem na fita.

10 – Muitas histórias são baseadas em algum acontecimento real. Qual a história que você fez que te fez pensar: “Essa é a minha preferida”.

Bruno: Ah, não saberia responder… não sou de ficar em cima do muro, mas que pergunta filha da puta, cara… eu acho que preferida de quem já leu, está bem dividido, viu? Repercutiu bastante o peso dos contos do colchão, xícara e fogão. O do aquário é o que mais destoa do quadrinho, porque é um sonho meu fazer cenas de ação, e o pessoal também curtiu. E bom, até por isso trouxe o conto da cama de um dos meus antigos livros, porque amo ele e queria ver a parada mais visual.
Tem o final da história principal que puta que me pariu de lado, sem humildade nenhuma, é sensacional. Mas eu acho que tenho um carinho enorme pelo conto da guitarra que é bem autobiográfico e claro, da geladeira que citei anteriormente, uma vez que ele foi o pontapé inicial para o quadrinho nascer.

11 – Existe alguma ideia ainda sendo fermentada para uma expansão do Mojica Móveis? Tipo, por exemplo, um Mojica Autos (sim sério! imagina quantas histórias os carros podem contar)?

Bruno: (RISOS) olha, estou rindo, mas achei foda!! Então, na verdade essa pergunta levanta 2 pontos:

O primeiro é que a loja de móveis usados não é só uma desculpa, faz parte da narrativa. Não deixamos de ser seres ”móveis” e ”usados”, saca? Fora que dentro dessas lojas normalmente é uma bagunça – como relatado na belíssima capa do Dudu – assim como dentro das nossas cabeça. E temos o ”vendedor”, o cara que nos ”influência”. Então é muito mais casado com o plot do que em um primeiro momento.

Segundo que sinceramente quero ter o Mojica Móveis como obra única. Como cartão de apresentação. Daqui quero projetar outras paradas. Porém, formato do Mojica Móveis é tão bem arquitetado – que até foi elogiado pelo Callari – que posso voltar a visitar a loja, com outros clientes, outros móveis, uma vez que são peças únicas e consequentemente terem outras histórias. Posso até mesmo fazer cada conto com outros artistas. Quem sabe um dia eu não volte para dar uma passadinha por lá. Mas uma coisa eu digo, só volto para um segundo volume se de fato, eu tiver uma boa história pra contar como dessa vez.

12 – Eu sempre penso que todo tipo de mídia, seja cinema, música, literatura e óbvio os quadrinhos, têm uma missão de dar algo para acrescentar. Algo para somar, inspirar etc e tal. O que você acha que o Mojica Móveis vai agregar para o leitor?

Bruno: Eu consegui abordar tudo que queria, mesmo se tratando de um quadrinho de gênero.  Acredito que quem ler vai rir, se emocionar, mas principalmente se chocar. Mas não é choque pelo choque, a cada cena de desconforto visceral, tem o seu contexto. Criei o quadrinho para abordar o “perigo da influência”. Espero de coração que as pessoas parem de cair em fake news, comer qualquer merda que os políticos falam, comprar tudo que os influencers usam, pararem de papagaiar o que lê na internet e comecem a pesquisar mais, estudar as coisas, não só para falarem com mais propriedade e segurança, mas de fato forjar um pensamento, uma opinião. Ter o seus próprios raciocínios, gostos e atitudes.

13 – Agora vem a correria da campanha no Catarse; Mas você é um cara do futuro. Seu pensamento está sempre lá na frente. Mas já existe algum plano para o futuro? Uma nova história?

Bruno: Penso. Se Deus quiser – e ele há de querer, porque nós dois somos fechadão – eu vou lançar um quadrinho por ano. NÃO com essa loucura de administrar e liderar um time, mas escolher 1 ou 2 artistas e ir pra cima. Tenho dois argumentos prontos, tô esperando encerrar a campanha no Catarse e mandar o Mojica Móveis para gráfica, que aí sim, vou me sentir a vontade de sentar o rabo, escolher um dos dois e começar o roteiro. Já tenho interessados em rabiscar esse novo quadrinho. E dessa vez será um só de uma capa a outra. Só posso dizer que vai ser mais um trabalho nosso, uma vez que essa pessoa já participa do Mojica Móveis. Vamos ver no que dá. Não sei se vou levar mais para o suspense, mas com certeza será um drama. Aguardem.

Para saber mais sobre a campanha de Mojica Móveis, valores e claro como apoiar, clique AQUI.

 

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Assassin’s Creed Valhalla terá o maior mapa da franquia

Em uma entrevista com o YouTuber Julien Chièze, Julien Laferrière produtor de Assassin’s Creed Valhalla, fala um pouco sobre o novo jogo  e seu mapa. “Eu diria que em termos de alcance (Assassin’s Creed Valhalla) é provavelmente um pouco maior que o Assassins Creed Odyssey“. Assassin’s Creed Odyssey (2018), possui até então o título de jogo com maior mapa, produzido pela Ubisoft. Com aproximadamente 144 quilômetros quadradas de área jogável.

Além disso Julien Laferriére, ainda comenta que não sabe ao certo quantas missões há no jogo, e que a equipe criou não apenas a Inglaterra digitalmente, como também uma boa parte da Noruega. E deixou escapar que dentro do jogo haverão ainda mais lugares “secretos”. “Não é um jogo pequeno” afirmou Laferrière, e disse que os jogadores terão muitas horas de jogo.

Sabemos que Assassin’s Creed Valhalla permitirá a exploração de cidades como Londres e York em sua totalidades, mas depois dessa entrevista podemos afirmar que Valhalla está acima de qualquer expectativa.

Animado para a próxima aventura de Assassin’s Creed dentro da mitologia que cerca os vikings? Fique ligados para mais notícias a respeito do game, aqui na Torre de Vigilância.

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Muito além de pro-players, o coach e analísta no Rainbow Six

Com todo o sucesso dos esportes eletrônicos nos últimos anos, o maior contato do público com essa nova modalidade vem gerando mais interesse em conhecer e entender um pouco mais a respeito deste mercado. O que antes era resumido em apenas jogadores profissionais, hoje é composto por vários ofícios. Podemos citar algumas delas como, narradores, managers, social medias, produtores e editores de vídeos, psicólogo, e até mesmo o jornalista especializado na área.

Entretanto a figura que acompanha os atletas, os pro-players, de forma mais imediata é o coach/técnico, e o analista. Estas funções ganharam notoriedade nos esportes eletrônicos. Assim como são figuras presentes nos esportes coletivos tradicionais, como futebol, vôlei e basquete, não poderiam estar de lado nos esports, sendo o técnico o responsável por gerir as estratégias e o desempenho dos atletas, e o analista, o responsável por dissecar a partida, buscando entender pontos importantes no desempenho dos atletas e repassar essa informação, para que os erros sejam corrigidos, durante os treinamentos e que não ocorram durante as partidas.

Fonte: https://dotesports.com/rainbow-6/news/tsm-coach-gotcha-replaces-jarvis-in-r6-starting-lineup

Para entender um pouco mais do mundo dos técnicos e analistas, conversamos com Igor dos Santos, conhecido como Igoorctg. Igor trabalhou como stasman de Rainbow Six, como analista na paiN Gaming, e também técnico da YeaH! Gaming, participante do Invitational 2018. Depois integrou a comissão técnica da Red Devils até o final do primeiro turno da Pro League S09. Em seguida, teve um breve participação na classificação da antiga Immortals (hoje mibr), para o Major, e ajudou a Guidance Gaming, a se classificar para o Brasileirão de Rainbow Six o BR6. Após este longo percurso, hoje faz parte da INTZ, fazendo papel de analista.

Durante os treinos, e campeonatos, tanto o técnico quanto o analistas, precisam ser o ponto de união da equipe. Para isso, Igoorctg acredita que o primeiro passo é o time confiar em você. Os jogadores precisam acreditam em seu trabalho, que suas informação e táticas são úteis. Além disso, trabalhar bastante, gostar do jogo, buscar sempre assistir a partidas de outras equipes, analisando-as, e ter o seu psicológico, bem estruturado são algumas virtudes para ser um técnico e analista bem qualificado.

Fonte: Gui Caielli.

Nos esportes eletrônicos, elaborar estratégias de jogo e criar soluções para conflitos, que possam vir a acontecer durante a partida nunca é fácil. ” Cada equipe funciona de uma forma […]”, afirma Igoorctg. Cada profissional tem seus métodos de análise e observação, mas o importante é que este processo aponte erros do adversários, e consequentemente, a criação de estratégias para utiliza-los a favor da equipe, assim conquistando a vitória.  “Após isso (a análise), (devemos) conversar com o time, passar as infos e ouvir a opinião do time. Dependendo do adversário, da situação no campeonato e do tempo, muda a forma de jogar. Seja counterando, jogando no nosso conforto, fazendo algo inesperado, esse tipo de situação.”, declara Igoorctg.

No Rainbow Six, antes mesmo do jogo começar o trabalho do técnico e da analista já está sendo feito, e não estamos falando apenas dos treinos. Na hora do banimento de mapas,  é preciso levar em consideração todo o trabalho realizado, em busca de anular as prioridades da equipe adversária, assim como no banimento de operadores. ”Você precisa ver primeiro o calendário, se vai ser uma MD1 ou MD3, porque aí muda totalmente a forma de banimento, o que influencia na estratégia, e então decidimos quais mapas estamos aptos a jogar. Depois disso, decidimos qual mapa é o melhor para pickarmos.”, explica. “Os picks (operadores) são parte da tática e conforto dos jogadores, já os bans entram na preparação do jogo, normalmente é algo que atrapalha o adversário e as vezes operadores que são “quebrados” e nós conseguimos jogar bem sem ele, então se não vamos usar, eles também não.” declara.

Fonte: Gui Caielli.

Além de analisar e criar estratégias, o trabalho também envolve gestão de pessoas e de datas. Os treinos precisam ser otimizados dentro dos espaços de tempo disponíveis entre partidas e competições. Assim, o técnico precisa aplicar os fundamentos táticos, e variações. Para Igoorctg, a maior dificuldade é são os calendários de competições, segundo o mesmo ” […] muitas vezes não dá tempo pra se preparar adequadamente para um jogo.” Como exemplo, apontou a última partida pela qualificação para a OGA Pit, que será realizada na Croácia, e onde o campeão terá vaga no Invitational 2020.  Ele nos contou que a equipe (INTZ), só teve oportunidade de treinar três dias antes do jogo, além de dois destes dias serem durante o final de semana, que normalmente os membros da equipe utilizam para folga.

A duas ocupações, tanto técnico quanto analista, ganharam importância dentro do cenário de Rainbow Six, e em outros esportes eletrônicos, nos últimos anos. Cada vez mais, equipes vem investindo na comissão técnica, para melhorar o desempenhos do jogadores e consequentemente trazer mais visibilidade para a equipe.

Dessa forma, as duas funções, vem para agregar ainda mais o leque de oportunidades de trabalho dentro dos esportes eletrônicos. Podendo revelar mais nomes para o cenário, e instimular seu crescimento.

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Sobrevoando a Carniça | Batemos um papo com Marcel Bartholo e Rodrigo Ramos

Lá pelos idos de 2017, surgia no quadrinho nacional Carniça. A HQ nasceu na parceria do roteirista Rodrigo Ramos e o desenhista Marcel Bartholo, tornando-se um sucesso e criando o embrião do selo independente Carniça Quadrinhos. Onde, em 2018, foi publicado Lama, confira nossa resenha AQUI. A terceira publicação desse “casamento” será agora no final do ano  com Canil. Na nova HQ vai levar o leitor ao presídio de Guarás. Um verdadeiro lugar de terror e morte onde a sociedade descarta aqueles que ela já esqueceu.

Para adquirir as publicações da Carniça Quadrinhos, clique AQUI.

Rodrigo Ramos é autor, roteirista, jornalista especializado em quadrinhos de terror, crítico e autor de Medo de Palhaço. Enquanto Marcel Bartholo é ilustrador, quadrinista, artista plástico, sócio fundador do Estúdio Ideaboa e vocalista da banda Efeito Imoral. Batemos um papo com a dupla e falamos sobre Canil, o selo Carniça Quadrinhos, Antologia VHS, projetos futuros, política nos quadrinhos e de uma possível “Cachaça Carniça”.

1 – Canil está chegando em dezembro, o que podemos esperar dessa  história e qual foi a maior inspiração para ela?

Rodrigo: Com a boa recepção que tivemos de Carniça e Lama, a ideia de lançar um título por ano foi devidamente sedimentada com a criação do selo Carniça Quadrinhos. Canil traz uma mistura de origens e referências. Primeiro, é a ideia de contar uma história sobre um dos meus monstros preferidos – que vai ficar em segredo pra não dar spoiler –  e dar o fechamento pra uma trilogia meio conceitual que acabou tomando forma conforme trabalhávamos em cada HQ. Cada um destes nossos três primeiros trabalhos traz um aspecto diferente do homem e lida com a desumanização a partir destes aspectos. Isso ficará bem claro quando virem as três capas em conjunto. Carniça falava da alma, Lama da mente e Canil tratará do corpo. Portanto espere algo bem gráfico e violento.

Marcel: O embrião de Canil surgiu juntamente com os primeiros esboços conceituais de Lama. Na época preferimos deixar o projeto para 2019 mesmo, uma ideia mais simples, raiva e confinamento.

2 – Podemos esperar o já tradicional terror com aquela ponta de crítica social, presente em Carniça e Lama, em Canil também?

Rodrigo: Sempre! Mas enquanto em Lama isso era muito mais presente, pois falava do Brasil assustador que surgiu no período das Eleições passadas, Canil será uma história mais direta. Tem uma mensagem ali, mas ela não conduz a história, ela só contextualiza e dá camadas de interpretações caso o leitor queira mergulhar no nosso universo. Caso contrário, será só uma boa e violenta história de terror como deve ser.

Marcel: O que mais me atrai em nossa empreitada carniceira é contar boas histórias de terror brasileiras. Histórias que possam de alguma maneira dialogar universalmente, mas mostrando nossa cultura. Não tem como falar de Brasil, sem uma visão crítica, e o gênero do terror é sempre crítico, seja por metáforas alegóricas, ou sátiras divertidas. Temos uma gama enorme de possibilidades para o futuro.

3 – Os quadrinhos sempre serviram para passar mensagens. Seja o estilo que ele for. Nas publicações da Carniça Quadrinhos, temos visto isso acontecer. É algo pensado, do tipo: “precisamos nos expressar” ou é algo que com o desenvolver da história acaba acontecendo naturalmente?

Rodrigo: Como fã e pesquisador do horror no cinema e nos quadrinhos, esse tipo de história sempre me atraiu mais que as outras. George Romero, John Carpenter e Wes Craven sempre fizeram um terror que tinha algo mais a dizer além de contar uma história assustadora. Os zumbis de Romero e Eles Vivem! do Carpenter são talvez as obras mais emblemáticas neste sentido. Eu não acredito em uma obra apolítica. Toda forma de expressão é politizada e isso não quer dizer que você está apoiando este ou aquele partido, mas sim que toda obra traz um pouco do seu contexto e um traço do seu tempo. É impossível se expressar sem colocar um pouco do que você pensa para fora. É deste tipo de política que estou falando. Em Carniça o contexto social estava ali apenas para desencadear a história que eu queria contar, mas em Lama, aí sim eu realmente queria falar algo além da história. Canil está mais próximo de Carniça neste sentido.

Marcel: Eu acho que a mensagem, o discurso por trás de uma história não pode ser desequilibrado com o ato de contar a história em si. Todo artista se expressa com a sua carga cultural e sua visão crítica do mundo. Acho que estamos com uma boa sintonia, na arte das Hqs eu busco trazer soluções diferentes a cada história, novas influências ,inspirações e técnicas que na minha visão combinem com o roteiro.

4 – Todas as publicações da Carniça Quadrinhos foram de vocês dois.  Existe algum planejamento de lançar algo de outros artistas (claro desde que fique no âmbito do selo)?

Rodrigo: Inicialmente estamos trabalhando como uma dupla, mas nada impede que isso possa se expandir no futuro, talvez com obras individuais ou outras mídias, mas ainda é cedo para falarmos nisso.

Marcel: Pois é, sinceramente ainda não falamos sobre isso. Estamos no começo, acho que o trabalho como dupla ainda pode ganhar uma consistência cada vez maior. Virtualmente nada impede que possamos agregar novas ideias no futuro. Um passo de cada vez.

5 – Como funciona o processo de criação da dupla? Vocês se encontram, um chega a dar pitaco no trabalho do outro e tal?

Rodrigo: Nosso processo de criação é mais simples do que eu gostaria. Eu tenho uma ideia, discutimos em conjunto, o Marcel dá suas sugestões e, se ambos concordarmos, passamos para o roteiro. Quando a arte começa, ele vai me mandando os esboços e vamos reconfigurando e ajustando o que for necessário. Às vezes nos falamos online, mas o processo todo demanda cada vez menos ajustes. São as vantagens de uma parceria de três anos.

Marcel: O processo é simples, chegamos no conceito e ideia juntos… Rodrigo escreve o resumo do roteiro e eu vou pesquisando as minhas referências e técnicas que acredito ilustrar melhor a ideia. Com o roteiro escrito, durante a fase de esboços vamos diagramando melhor página a página. Temos uma dinâmica tranquila.

6 – Com o Brasil do jeito que está, com lideranças duvidosas, casos e ameaças de censura, é um prato cheio para uma HQ de terror. Mas também acredito que devemos alertar e tentar falar abertamente sobre isso.  Caberia isso em alguma publicação da Carniça Quadrinhos?

Rodrigo: Este é um problema com o debate político atual no Brasil. Ser oposição ao governo não é ser a favor deste ou daquele governante. O povo tem sempre que fazer oposição ao governo. De maneira coerente e racional. Questionar e fazer valer o seu voto não é “torcer contra”, mas garantir que as coisas caminhem como o país precisa. As pessoas hoje estão muito passionais quando se trata deste tema e isso acaba podando alguns artistas que ficam com receio de se posicionar. Mas desde que a história não seja panfletária e não deixe o discurso falar mais alto, não vejo problema. O discurso pode te fazer perder este ou aquele leitor, mas uma boa história vai manter todo mundo atento ao seu trabalho. Este é o segredo. A partir daí, qualquer tema cabe em nossos quadrinhos.

Marcel: O Brasil é uma fonte inesgotável de decepções, um abismo que nunca chega, como diria o querido Fausto Fawcett. Eu particularmente sempre me posicionei criticamente a TODOS os governos que tivemos, e sigo assim. Política não é torcida de futebol. Com o mar de ignorância e cegueira ideológica avançando, o diálogo vai se embrutecendo. Eu sou um otimista relutante…vivo no meu mundinho, fazendo o que posso e está ao meu alcance.
Tudo pode e deve ser refletido na produção artística…sigamos em frente.

7 – Indo para outros trampos agora… Recentemente foi lançada a  campanha no Catarse da antologia VHS. O Rodrigo é um dos cabeças, junto com o Fernando Barone, e ainda escreve a  história “A Nova Ordem”.  Fale um pouco sobre o projeto e sobre a história Rodrigo.

Rodrigo:  A ideia surgiu há algum tempo atrás quando falávamos sobre criar um coletivo de horror em quadrinhos pra publicar histórias inéditas anualmente. Durante a CCXP no ano passado muitos dos autores de horror acabaram ficando bem próximos no que acabamos chamando entre nós de “beco do horror” e a ideia foi tomando forma aí. O Barone tem experiência como editor e topou embarcar nessa pra tirar esse projeto do papel. Abrimos uma espécie de “processo seletivo” e recebemos muitas histórias boas de muita gente com quem sempre quis trabalhar o que acabou resultando em uma coletânea de mais de 280 páginas! O resultado está muito bom e espero realmente que a campanha dê certo, pois a VHS merece ser lida!

A Nova Ordem, minha HQ que faz parte da coletânea é ilustrada pelo incrível Leopoldo Anjo, que trouxe exatamente a pegada oitentista que eu queria pra história. Aqui vemos um casal de heróis, Marreta e Ceifador, em direção a uma base alienígena de onde uma série de ordens mentais são enviadas para dominar a humanidade. É uma mistura de Eles Vivem!, Fuga de Nova Iorque e Thundercats. Coloquei de tudo um pouco das minhas referências adquiridas durante milhares de horas em frente à TV nos anos 80, além de, é claro, trazer a aventura pro nosso contexto atual. Se eu falar mais, vai estragar as surpresas, afinal é uma história curta.

8 – O Marcel também está em VHS, você fez a arte de “Controle de  Pragas Abençoado” que tem roteiro do estreante Hedjan Costa. Poderia falar um pouco sobre a história?

Marcel: Conheci o trabalho do Hedjan na antologia de contos de Terror “Narrativas do Medo vol 2”, onde fiz todas as ilustrações . Achei muito bacana ele se aventurar a também escrever quadrinhos. “Controle de Pragas Abençoado” é uma história que me divertiu muito trabalhar. Ela aborda o tema do machismo com toda uma estética “TRASH”. Acompanharemos  a dedetizadora Ângela em mais um dia normal de trabalho…rarararara. Não posso contar muita coisa, mas posso dizer quais foram algumas das minhas influências nessa Hq… Evil Dead, Ratos de Porão,Caça-Fantasmas,Tartarugas Ninja…rararara . VHS está MUITO bacana mesmo!

Arte de Canil

9 – Em termos de influências para escrever e desenhar, quais foram as maiores para vocês?

Rodrigo: Talvez minha principal influência seja meu já falecido tio-avô que me apresentou ao mundo das lendas e mitos do nosso folclore. Passei muitas horas em claro depois de ouvir suas histórias da época em que minha família morava na zona rural no interior. Também tenho muita influencia do j-horror e de Junji Ito, do body horror do David Cronenberg e do cinema crítico do John Carpenter. Os quadrinhos da EC Comics, os contos Edgar Allan Poe e Nelson Rodrigues e as músicas de Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Maynard James Keenan (Tool) também acabam no meu balaio de referências e inspirações.

Marcel: É importante o artista beber em diversas fontes para ir sedimentando sua identidade. Apesar de trabalhar com Hqs há pouco tempo, tenho uma carga de experiência com pintura, ilustração, caricaturas e tudo acaba refletindo no meu trabalho de alguma forma. Vou tentar citar algumas das influências para meu trabalho. Na pintura, Cândido Portinari, Van Gogh, Goya e Bosch. Nas Hqs, Richard Corben, Flávio Colin, Júlio Shimamoto, Mutarelli, Walter Simonson. Na literatura, H.G Wells, Ray Bradbury, Monteiro Lobato, Dostoievski. 

10 – A Carniça Quadrinhos é bem querida por todos. Pela qualidade nas publicações e em suas histórias. Teremos alguns produtos relacionados às publicações? Como camisas, adesivos ou quem sabe até mesmo uma bebida alcoólica? Uma pimenta ia combinar legal…

Rodrigo: Já chegamos a conversar sobre isso. Estamos pensando em criar produtos que possam reforçar a marca e também recompensar nossos leitores que sempre nos acompanham. A ideia da camiseta e do boné já passou pela nossa cabeça, com o perdão do trocadilho, mas a ideia da bebida seria uma boa. Quem sabe um “Marafo Carniça” como a clássica cachaça que trazia o querido Zé do Caixão no rótulo? Alô fabricantes de pinga!

Marcel: Pois é, estamos ainda devendo nessa questão…mas são ideias que já conversamos e precisamos botar em prática. Em breve…quem sabe…

11 – Além de VHS e Canil, quais os próximos projetos de vocês?

Rodrigo: Para este ano, além destas duas HQs, também terei uma história minha publicada em Astrum Argentum de Aleister Crowley, da Draco, ao lado do grande artista e amigo Samuel Sajo. Para o ano que vem, além de mais um título do Carniça Quadrinhos, tenho planos de expandir o universo de Marreta e Ceifador com um álbum solo da dupla, novamente ao lado do Leopoldo Anjo, mas o projeto ainda está em fase de discussão sem data para lançamento.  E, se tudo der certo, quem sabe um segundo volume de VHS não pinta no Catarse ano que vem?

Marcel: Em 2019 já lancei a Hq “A Necromante” no primeiro semestre, agora em dezembro será lançada “Orixás” do roteirista Alex Mir, onde sou um dos desenhistas participantes, além das já citadas VHS e Canil. Para 2020 embarcarei na produção do álbum “João Verdura e o Diabo” do roteirista Lillo Parra (La Dansarina) , e faremos mais uma publicação pelo Carniça Quadrinhos que já está sendo definida conceitualmente. Tentarei participar de mais um volume da VHS, ou outras publicações de histórias curtas. Para 2021 quem sabe consigo lançar minha primeira HQ ,fazendo roteiro e arte. Muito café e trabalho por aqui….