Categorias
Serial-Nerd Séries

Origin | Uma grata surpresa no Youtube Premium

Lançada em 14 de Novembro na plataforma de streaming do Youtube, o Youtube Premium, Origin foi uma grata surpresa neste fim de ano. Indicada por um amigo no grupo da Torre, a série me chamou a atenção por sua temática horror/ sci-fi, 2 gêneros que adoro, e que juntos fazem um belo estrago nos feriados.

https://www.youtube.com/watch?v=HjRjcgByAhk

“Os passageiros acordam a bordo do Origin, abandonados no espaço, procurando outros sobreviventes, mas encontram outra coisa completamente diferente.” diz a sinopse da série.

Os 11 passageiros da nave Origin acordam de forma abrupta alguns dias antes do seu destino em Thea. Um novo planeta que suporta as condições da vida, e que está sendo usado como base para uma nova colônia terrestre, sob a chefia do Thea Program. Aos poucos, eles descobrem que a nave foi atingida por meteoritos e que algo estranho entrou na nave. A maioria da tripulação está morta e alguns passageiros conseguiram escapar. Os que foram deixados para trás, devem lidar com a constante desconfiança e aprenderem a confiar em estranhos.

A série bebe de várias fontes de sucesso, como Alien: O Oitavo Passageiro (1979), O Enigma de Outro Mundo (1982), Invasores de Corpos (1978), entre outros. Se você já é íntimo desses filmes, vai adorar.

Alien: O Oitavo Passageiro, de 1979

Tom Felton (Logan Maine), Natalia Tena (Lana Pierce) e Sen Mituji (Shun Kenzaki) são os destaques da trama, tanto por seu carisma em frente a tela quanto por suas interpretações e histórias de fundo. Mais conhecido como o Draco Malfoy da franquia Harry Potter, Felton no início se mostra um pé no saco como personagem, mas evolui ao longo dos episódios, nos conquistando a cada minuto.

O background de todos eles é outro ponto positivo. Ele é construído aos poucos, contado em formato de flashbacks de uma maneira orgânica e nada tediosa, dando uma carga dramática maior ao fator humano. Mérito dos diretores, que souberam dosar o rítmo de maneira dinâmica, sem nos fazer perder o interesse pela trama principal.

O alienígena precisa de hospedeiros humanos para sobreviver, e o tom de desconfiança entre os passageiros da nave é crescente. Ainda sobre o alienígena, é bom dar destaque a alguns detalhes sobre ele. Ao contrário do que estamos acostumados no entretenimento, há uma fina camada em sua composição dramática. O ser desconhecido, consegue demonstrar uma certa inocência e um desejo primitivo e desesperador em sobreviver, nos fazendo compadecer de sua ‘jornada’ em alguns momentos. É tudo subjetivo, mas muito bem explicado.

Alguns jump-scares são desnecessários e perdem o efeito depois de um tempo. Para quem já está acostumado com este artifício pode se sentir incomodado em algumas partes, mas nada que tire o brilho da experiência.

Origin é uma série dramática, com elementos de horror e sci-fi, mas não espere cenas de ação hollywoodianas, nem explosões destruidoras de Michael Bay. O mérito dela está em seu fator humano.  Os 10 episódios passam voando e nos dá um gancho para uma segunda temporada ainda mais promissora.

Os 2 primeiros episódios estão disponíveis de graça no Youtube Premium.

https://www.youtube.com/watch?v=9fUU6y5-rTc

Conta com seu elenco super competente Natalia Tena, Tom Felton, Sen Mitsuji, Nora Arnezeder, Fraser James, Philipp Christopher,  Madalyn Horcher e Siobhán Cullen. 

Categorias
Detective Comics Quadrinhos

Entrespaço | A arte de repensar a nossa vida

“Mas, sinceramente, valeu a pena? Grande merda, passar por anos de estudos, testes, simulações, se você mal tem a chance de apreciar as estrelas. Caras, vocês foderam com tudo espetacularmente.”

Todos nós temos um sonho. Muitos perseguem para realiza-los. Alguns deixam pelo caminho. E quando você finalmente realiza, mas as pessoas o fazem parecer banal, simples como se não fosse nada de mais? Essa é a principal bandeira de Entrespaço de Daniel de Sousa. Transvestida na trama de um Astronauta, a HQ faz você pensar na vida. No que você realizou no que pode realizar, se valeu a pena todo o esforço e se deixamos as influencias de fora diminuir o que você realizou.

Desenhada e escrita por Daniel de Sousa a partir de um conto que o autor fez em 2011, a trama de Entrespaço, tem a Lua como cenário, um Astronauta precisa recuperar um aparelho perdido no velho satélite. O personagem então começa a pensar e refletir sobre como lutou para chegar até ali, sobre a sociedade como um todo, como somos marionetes para algumas pessoas e de como depois de realizarmos nossos sonhos somos simplificados pelas pessoas.

Um dos pontos fortes de Entrespaço é a arte. Quando o Astronauta se vê sozinho refletindo sobre a vida, Daniel usa bem o fator imensidão espacial para demonstrar como nesses momentos estamos sós. Vou dar um exemplo básico: quando você está na sua cama, antes de dormir e pensa na sua vida, naquela oportunidade que perdeu, no que deixou de fazer, ou aquela vitória que teve. É um momento solitário. É um momento em que você está em intimidade com seus pensamentos. Sozinho. Como se estivesse no espaço.

Eu conheci Entrespaço pelo Twitter (podem seguir o autor no @bomdiavermes )quando ainda estava sendo concebida pelo Daniel. O autor vira e mexe postava artes da HQ e era uma coisa mais linda do que a outra. Logo em seguida veio à campanha vitoriosa no Catarse e, finalmente, o grande lançamento durante o FIQ deste ano. Apoiei a campanha mas não tive como ir ao festival, e daqui de casa, lia os relatos de quem já tinha “consumido” Entrespaço. O que só aumentou minha expectativa. E depois que ela chegou, sim, eu me vi como o Astronauta.

A sua saga para chegar ao seu sonho de criança, com intensivos estudos, treinamentos regados a vômitos e giros em maquinas, até chegar no auge de finalmente ir para o espaço realizar uma missão de apenas 30 minutos. Pode se assemelhar ao que nos temos como sonho também. Quantas e quantas vezes você quer realizar algo, planeja, corre atrás, sofre, vence, pensa em desistir, levanta a cabeça, consegue e vence. Mas as pessoas ao seu redor simplesmente lançam um “não fez mais do que sua obrigação”. “Isso é besteira”. “Você deveria arrumar um trabalho de verdade”. “Olha, isso que você faz não é nada demais”. Banalizam o teu sonho. As suas conquistas.

O sonho do Astronauta era estar nas estrelas. Para isso ele dedicou uma vida de estudos e treinamentos. Para chegar finalmente e ir buscar uma peça que ficou perdida na Lua. O modo em que seus superiores tratam a missão que é o auge da vida do Astronauta é o que incomoda. Você chega no seu auge, e as pessoas vão sucateando sua vitória. Por isso a identificação com o personagem fica tão latente.

Mas, Entrespaço, também fala do ligar o f*da-se. Cara, você chegou no seu auge. Realizou o que mais queria. Chegou no resultado depois de tanto tempo de batalha. E aí? Vai deixar por isso mesmo? Vai deixar influências de fora diminuírem ou simplificarem o que foi conquistado? Tem que viver e valorizar o que alcançou. Tem que se orgulhar. Não ser arrogante, mas ser exemplo de quem lutou e conseguiu. O Astronauta não é uma pessoa cheia de si, daquela do tipo “só eu basta”. É um pensador contemporâneo. Que somente resolveu viver o que batalhou para a sua vida.

E você? Vai realizar o que quer para a sua vida? Vai deixar vozes de fora diminuírem o que você faz/fez?

Pense nisso.

Entrespaço tem formato 17 x 26 cm, 36 páginas em P&B com detalhes coloridos e ainda conta com (lindos) extras dos artistas Mario Cau, Eduardo Medeiros, João Pedro Chagas e Fabiano Lima. A HQ é a primeira publicação do Cavernna Comics, e você pode, e deve adquirir seu exemplar na loja online clicando AQUI.