Magos, cavaleiros, feudos e poderes malignos desconhecidos. Esse é o tipo de coisa que você encontra em qualquer tipo de mídia, não importa a sua origem. Então hoje provamos que não só os japoneses, mas como todo o mundo é um povo estranho.
Tudo começou quando um jogador de D&D fez amizade com um fã de Sonic. Após diversas carícias e noites de amor, eles deram à luz um menino chamado Grancrest Senki. Vivendo uma adolescência conturbada, o garoto foge de casa, mas leva consigo o lema de sua mãe. Um dia, ele é parado na rua por executivos extremamente suspeitos de um estúdio de animação (e fast-food) chamado A-1 Pictures. Vendo ali uma chance de garantir seu sustento, o garoto Grancrest aceita a proposta que lhe é oferecida.
O nome desse executivo? Ninguém menos que Albert Einstein.
Brincadeiras e surrealismo a parte, algo em torno de dez porcento do parágrafo anterior é, de fato, realidade. Você talvez conheça Lodoss-tou Senki (ou “Record of the Lodoss War“, em inglês), um OVA que foi produzido no início dos anos 90, e que foi o estopim para a explosão do sub-gênero de fantasia nas obras japonesas. Lodoss-tou Senki é o transcrito de uma campanha de RPG de mesa mestrada por Ryou Mizuno, o homem que viria a ser o criador do sistema 2d6, uma adaptação do clássico D&D para dados mais modestos.
Mas o que isso tudo tem com o anime que vamos falar hoje? Bem, Grancrest Senki é, de certa forma, o sucessor de Lodoss-tou Senki. Escrito pelo mesmo autor e com as circunstâncias semelhantes, uma Light Novel se cria e após ser adaptada em mangá, vira também um anime. Anime este que vamos falar hoje. Entendeu a volta que demos?
Com uma temática superficialmente genérica (assim como todas as obras de fantasia medieval), percebemos que o mundo que estamos por explorar é rico e amplamente detalhado por várias e várias horas de atenção dada por seu criador. Não que isso seja aproveitado, mas comentarei mais sobre, depois. Primeiro a gente fala de como é genérico, já que chamar as coisas de ‘genéricas’ dá ibope.
Eu normalmente não dou sinopses em minhas análises e resenhas pois é algo trivial, que pode ser facilmente encontrado internet afora, e que não acrescenta nada, além de tamanho, para meu post. Mas vejam só como a sinopse – levemente alterada – do show em questão pode ser encaixada em diversos outros:
“Num mundo fantástico e de temática medieval, um grande mal de origem desconhecida paira pelos quatro cantos do continente. Um grupo de pessoas, agraciadas com um poder especial, são os únicos capazes de combater os misteriosos inimigos que espalham o caos. Com o passar das décadas, os homens começam a brigar entre si, buscando obter esse poder. Não para combater o mal, mas para seus próprios objetivos egoístas. Protagonista A é um(a) talentoso(a) que busca um(a) companheiro(a) de aventuras que tenha uma missão nobre para que juntos, possam mudar o mundo que, além de devastado pelo mal, sofre com a ganância dos homens. Protagonista A encontra Protagonista B e juntos, vivem incríveis aventuras.”
Agora que falamos da parte genérica, podemos tentar falar sobre o ricamente trabalhado universo da séri-
Já o próximo tópico é sobre os personag-
Falemos também sobre a política que envolv-
Essa é a experiência de assistir Grancast Senki. Lembra do lema da mãe do garoto, que era fã de Sonic? Isso mesmo, o lema é “Gotta go Fast“. Tudo acontece num ritmo tão frenético que mal temos tempo de parar para respirar. Eu honestamente, sem meme, acredito que todo o conteúdo mostrado nesses três primeiros episódios poderiam preencher uma temporada inteira, e ainda estaríamos correndo um pouco. É sério, o negócio corre.
Há tantos acontecimentos, personagens, explicações de mundo e implicações políticas rolando, e tão pouco tempo para eles, que é muito fácil de se perder. Acabamos por ter diversas coisas na mesa, mas todas com pouco ou nenhum aprofundamento. Tudo é raso, tudo é superficial. O negócio chega ao absurdo de termos uma personagem que simplesmente surge, do nada, no episódio três, e está lá, junto com os protagonistas, fazendo coisas e tomando parte na ação. E que eu não faço a menor ideia de quem seja, nem mesmo o seu nome eu sei! Fica subentendido que todo o seu arco aconteceu por debaixo dos panos, e que devemos simplesmente aceitar aquilo como realidade.
A animação também não é lá essas coisas, falando em bom português. Cortesia da A-1 Pictures (Sword Art Online, Ao no Exorcist, Magi), que nunca foi conhecida por seus trabalhos de qualidade gráfica elevada. A maioria absoluta dos cortes são feios. Sério, feios mesmo. Temos eventuais bons cortes, mas que de nada ajudam com o resto, e pouco agregam a experiência como um todo. É de uma mediocridade sem igual.
O incrível, porém, é que mesmo rushado e visualmente feio, o anime ainda consegue ser prazeroso de se ver. Os seus personagens são interessantes (com um design único e que retrata bem suas personalidades) e todos são LEGAIS PRA CARAMBA, o tempo inteiro. Até mesmo o protagonista, que está mais para uma porta do que um lorde, tem seus momentos e consegue estampar um sorriso no teu rosto de vez em quando. Você não entende absolutamente nada do cenário mais amplo da trama, e quais consequências aquelas ações terão, mas as ações em si são divertidas, mesmo fora de contexto, por causa de seus atores.
No final do dia, a gente xinga, maltrata e esperneia, mas se diverte e dá gostosas risadas com a companhia de Grancrest Senki. É uma merda, mas é bem legal, eu gosto até. Pra esse conturbado início, creio que 6/10 é uma nota interessante. O show não é ruim. O show não é bom. A experiência de assisti-lo é simplesmente… Intrigante. Vale a pena arriscar, eu diria.
O anime pode ser assistido legalmente no site de streaming Crunchyroll.