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Senhor Milagre: “Humanos são complicados. Deuses, ainda mais.”

Por alguma razão, existe uma certa tendência nos quadrinhos em reinventar personagens desconhecidos através de roteiristas renomados. O primeiro exemplo vindo a mente, é o run de Grant Morrison pelo Homem-Animal. O roteirista não apenas humanizou Buddy Baker em um nível extraordinário, mas também quebrou muitos padrões ao longo de 26 edições, se consagrando como uma das fases mais amadas de todas. Não seria errado constatar que o Senhor Milagre passou por uma situação semelhante recentemente.

Apesar de Jack Kirby ser o rei e o Quarto Mundo ser considerado uma grande obra, a nova minissérie por Tom King e Mitch Gerads parece ter levado o Novo Deus a outro patamar em termos de popularidade, passando por inúmeras reimpressões durante sua publicação. Os elogios são corriqueiros, tais quais postagens com a icônica frase Darkseid is. Todos esses fatores provavelmente explicam o porquê de Senhor Milagre ter sido vencedor do Eisner 2019, mas o que realmente faz do gibi, esse clássico moderno?

 

SPOILERS! MUITOS SPOILERS A SEGUIR!

Um gibi triste, mas muito além disso.

Há alguns meses, em entrevista ao Comicbook, Tom King declarou que escreve personagens tristes. Mas isso não significa levar o leitor a tristeza absoluta. King odeia como algumas obras exploram trauma constantemente, a cada página. De acordo com o escritor, o trauma é inconstante, em alguns momentos, é possível lidá-lo, em outros, não. É algo sempre presente no subconsciente, nunca no consciente.

Através dessa filosofia, ele constrói e desconstrói Scott Free do início ao fim, inconstante. Humanos são complicados. Deuses, ainda mais. O que o roteiro faz é questionar como o conhecimento exclusivo do ódio, da violência e da dor na infância, afetaria um homem em sua fase adulta? A trama de Senhor Milagre tem início com a tentativa de suicídio do próprio, mas no decorrer das edições, o leitor tem suas emoções testadas como uma montanha-russa, caminhando entre momentos de felicidade e tristeza profunda.

Boa piada. Rufam os tambores.

Dito isso, a quarta edição talvez seja o melhor exemplo desse artifício. Quando Órion vai à casa de Scott para julgá-lo e talvez condená-lo à morte, o cenário casual, a chegada de uma encomenda, elementos mundanos, contrastam com a tensão do julgamento, o qual oferece uma das melhores sequências de todos os tempos. O jogo de palavras de King é genial, eficiente e provocativo, limitando o protagonista a dizer verdadeiro ou falso enquanto os questionamentos transitam do político para o existencial. Isso ajuda não apenas a avançar com a narrativa, mas entender o misto de sensações ruins em Scott nesta cena.

Ao dizer: “Meu nome não é Scott, eu não sei qual é o nome. Meu pai nem mesmo se importou em me dar um nome.”, o coração do leitor, ao lado do personagem, pesa. O sentimento de tristeza é mútuo e ao atingir o brilhante fim do capítulo caracterizado por um surto total, o leitor está lá, assim como Barda, para confortá-lo. Sem explicações sobre backstory, apenas através de um julgamento, a HQ diz mais sobre ódio e raiva do que mil palavras jamais poderiam.

Eu choro toda vez que eu leio isso.

Não apenas através de brilhantes diálogos, Senhor Milagre foi reescrito diversas vezes visando uma conexão perfeita com arte de Mitch Gerads. Definitivamente, funcionou. Gerads é tão autor quanto King aqui, a forma como os rostos realistas, a sujeira, convivem lado a lado com elementos psicodélicos e as cores vibrantes da obra original de Kirby, é simplesmente brilhante.

Além de trazer um pouco de absurdo a realidade e vice-versa, ele utiliza um excelente recurso narrativo através de interferências de sinal de uma TV, expondo o estado desconcertante dos personagens e brincando com a sensação de realidade e ilusão, muito bem explorada na obra. Os traços também se destacam quando o artista emula cenas de ação em planos-sequência, trazendo uma enorme fluidez para a leitura.

 

 

 

Longa Vida ao Rei

Senhor Milagre não apenas mantém os visuais clássicos, mas também presta diversas homenagens a Jack Kirby. Seja através dos textos introdutórios das primeiras edições de Mister Miracle (1971), que estão presentes em cada edição da minissérie, adquirindo novos contextos, ou referências visuais, como o nome do autor na Calçada da Fama, abaixo das mãos do protagonista.

King também resgata diversos conceitos criados por Kirby e alguns deles, servem a um propósito real da narrativa. Aliás, o roteirista relembra a profecia de que Órion é o único capaz de vencer Darkseid, mas a utiliza de maneira inconvencional e extremamente criativa, tornando o meio para chegar ao fim, não apenas surpreendente, mas coerente com o que é estabelecido tanto no passado quanto no presente.

Criação encontra criador.

Mas a maior homenagem provavelmente reside no fato de que o filho do casal Scott e Barda é nomeado de Jacó. Apesar do roteiro justificar a nomeação através de uma história de vida simbolizando o desconhecido e a esperança, fica clara e explícita a homenagem. Principalmente, quando o chamam de Jack: O Rei. Entretanto, como dito anteriormente, há uma explicação dada durante a narrativa e sinceramente, traduz perfeitamente as intenções de King ao declarar que não é uma história exclusivamente com momentos tristes. Como dito anteriormente, há uma inconstância.

Pois bem, o ódio, a dor e a tristeza já foram abordadas acima, pois o melhor é sempre deixado para o final. O amor, o carinho e a felicidade em Senhor Milagre estão concentrados em Jacó, pois ele não é apenas o fruto do amor entre Scott e Barda, ele é a chance de ser o que Scott não conseguiu: Feliz. Ele pode crescer fora de tudo isso, os acordos de paz, a guerra, a Anti-Vida, ele é a esperança de melhora.

Nós também o amamos, Scott

Antes de nomeá-lo, na sétima edição, Barda fala sobre o quão bem faz pensar, durante a gravidez, sobre coisas confortantes e a personagem fala sobre a Escada de Jacó. Ela jamais conseguiria ver o topo da escada, mas sabia que lá, estava o desconhecido, o inimaginável, algo além da miséria, da crueldade, de Darkseid. Mas nada é tão fácil. O roteiro cria uma analogia com o Pacto feito entre Pai Celestial e Darkseid e esse é o momento em que Scott pode escapar, através do amor pelo seu filho, pela sua esposa, esquecer as tramas enormes as quais o cercam. Ele pode finalmente ver o rosto de Deus.

“Este é o Rosto de Deus”

Enquanto redijo este artigo, acabo de finalizar a minha quarta leitura da obra e a experiência foi, certamente, interessante. Porque novas interpretações, novos pensamentos, os quais precisava imediatamente registrá-los, sobre o Rosto de Deus, mencionado constantemente durante a história, vieram. Durante as minhas três primeiras leituras, concluí que era uma homenagem a Jack Kirby, mas não era apenas isso. Há algumas semanas, tinha escrito um parágrafo inteiro sobre isso, mas o modifiquei, pois cheguei a uma nova conclusão.

Durante a quinta edição, Free reflete sobre a famosa frase de Rene Descartes: “Penso, logo, existo.” e sobre o fato de que Deus é melhor que todas as coisas. Se é melhor ser bom, Deus é bom, se é melhor existir, Deus existe, assim como nós existimos. Em Genêsis (1: 27), é dito: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Logo, concluí-se que o enigmático rosto, nada mais é, do que nós mesmos. O que faz sentido, pois o Mestre Escapista é um deus e existe naquele mundo. Quando ele encontra o que há de melhor em sua vida, olha para si, de maneira metafórica, ele tem a chance de retornar para a cronologia sem sentido do Universo DC, ou permanecer morto, nesse mundo perfeito, nem mesmo o céu ou o inferno, apenas este Quarto Mundo.

Poetic Comic

 

Outra pergunta sempre intrigante para mim era: “O que aconteceu aos outros três mundos?” Sabe-se que os Deuses antigos tem sua essência retornada para a Fonte, mas King traz uma certa poesia para responder isso: O primeiro, é de onde nossos pais vieram, o segundo, quando nascemos, o terceiro, quando crescemos e o quarto, é a nossa imaginação, o anseio de escapar do que não podemos: A realidade.

Senhor Milagre por Tom King e Mitch Gerads é uma obra inesquecível. A dupla consegue homenagear o trabalho de Jack Kirby com bastante sutileza, ao mesmo tempo em que traz ainda mais profundidade ao Novo Deus mais icônico. Ora, cruel, ora, bem humorado, mas intrigante, criativo, emocionante e extremamente humano do início ao fim. Por todos esses e inúmeros outros fatores, é o novíssimo clássico moderno da DC Comics.

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Filme dos Novos Deuses pode ter Senhor Milagre e Grande Barda como protagonistas

Informações do site  We Got This Covered, apontam que a trama do filme Novos Deuses pode girar em torno do casal Senhor Milagre e Grande Barda, dois personagens da DC Comics mais comentados dos últimos tempos.

Com a direção de Ava DuVernay,  a trama seria centrada em Milagre e Barda tentando escapar de Apokolips, planeta governado por Darkseid, ao mesmo tempo que enfrentam um conflito militar e politico de  Nova Gênese. Personagens como Pai Celestial Orion terão seus próprios dramas dentro do filme.

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Herói capaz de fugir de qualquer armadilha, Sr. Milagre foi criado por Jack Kirby e teve sua primeira aparição nos quadrinhos em Mister Miracle #1 de Abril de 1971. Recentemente, ele e sua esposa ganharam uma repaginada nas HQ’s através do quadrinista Tom King, que mostrou o lado mais depressivo e humano da vida do casal.

Para futuras informações de Novos Deuses, fique ligado aqui, na Torre de Vigilância.

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DC Comics anuncia minissérie das Fúrias Femininas

Criadas por Jack Kirby, as Fúrias Femininas são um grupo de guerreiras de elite lideradas pela terrível Vovó Bondade. Finalmente, as mulheres de Apokolips receberão destaque em sua primeira minissérie. A HQ contará com os roteiros de Cecil Castelluci (Shade) e os desenhos da brasileira Adriana Melo (Aves de Rapina). Confira a capa da primeira edição:

Fúrias Femininas #1 por Mitch Gerads

“Por toda sua vida, as Fúrias Femininas foram criadas para ser a força de combate mais cruel, mácula e astuta de Apokolips. Então, por que as garotas da Vovó Bondade são deixadas para trás toda vez que os homens vão para a guerra? Com o poder de Novo Gênesis pairando sobre o planeta, e o Povo da Eternidade fazendo picadinho do exército de Darkseid, ela pensa que é hora de mudar. E foi assim que Grande Barda, Aurelie, Mad Harriet, Lashina, Bernadeth e Stompa partiram para derrotar os meninos em seu próprio jogo. Mal eles sabem, o jogo é manipulado e um erro pode significar um desastre para nossas heroínas!”

Em entrevista ao Polygon, Castelluci comentou a respeito sobre os temas explorados na obra: “A verdade é que elas vivem sob as circunstâncias de Apokolips e de quem está no poder. Como essas mulheres despertam e em última análise, reconhecem a si mesmas, com sua sorte? Como elas encontram seu verdadeiro poder e se tornam um time para mudar para o melhor ou para o pior? O que significa ter alguém de volta, depois de anos esfaqueando pessoas pelas costas?”

Por Adriana Melo

Depois do sucesso de Senhor Milagre por Tom King e Mitch Gerads, o qual foi concluído esta semana, a DC Comics parece estar interessada em trazer de volta o Quarto Mundo de Jack Kirby aos holofotes. A minissérie das Fúrias será composta por 6 edições. A publicação começa em fevereiro de 2019. Para saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, fique ligado na Torre de Vigilância.

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Senhor Milagre | Confira uma pequena prévia do quadrinho

Conforme anunciado mês passado, o Senhor Milagre, personagem criado por Jack Kirby, ganhará uma reformulação pelo roteirista Tom King. Em seu Twitter, King compartilhou uma pequena prévia da HQ mostrando a arte interna de Mitch Gerads. O quadrinho do personagem será lançado em agosto e promete ser um dos grandes lançamentos do ano. Confira:

“Da equipe por trás de O Xerife da Babilônia e do escritor indicado ao Hugo Award por Visão , chega um novo olhar sobre um dos Novos Deuses mais queridos. Scott Free é o melhor mestre de fuga que já viveu. É ótimo ele ter fugido do orfanato da Vovó Bondade e dos perigos de Apokolips para viajar pela galáxia e viver uma vida tranquila na Terra com sua esposa, uma das fúrias conhecida como Grande Barda. Usando seu alter ego, Senhor Milagre, ele tem feito sua carreira mostrando suas habilidades acrobáticas de fuga. Ele até chamou a atenção da Liga da Justiça. Você pode dizer que Scott Free tem tudo, então por que isso não é o suficiente? O Senhor Milagre já escapou de diversas armadilhas exceto uma: a morte. Será possível? O nosso herói terá que se matar para descobrir.”

A atual fase da DC, Renascimento, já está em publicação no Brasil pela editora Panini. Para mais informações, mantenha-se ligado na Torre de Vigilância.

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Sereias de Gotham| Oito personagens que poderiam aparecer no filme

Há algum tempo, saiu a novidade que a Arlequina seria a personagem central de um spin-off com personagens femininas. Com isso, muitos já especulam quem poderia aparecer e quem sabe, oficializar as Aves de Rapina.

ATUALIZADO: De fato, o vindouro projeto com a Harley Quinn se chamará Sereias de Gotham e contará com David Ayer na direção e, também na produção. O último trabalho de Ayer no DC Films foi em Esquadrão Suicida (2016). Para relembrar, leia aqui.

Olhando para o material de origem, existem heroínas e vilãs que merecem um debut nessa nova produção da Warner Bros. Confira a lista abaixo:

Hera Venenosa.
Hera Venenosa.

Última vez que vimos a personagem em ação foi em Batman e Robin, então seria bastante interessante vê-la novamente nesse projeto da Warner. Além do mais, ela e Harley Quinn engataram um relacionamento amoroso e também, a personagem foi membro das Sereias de Gotham e Aves de Rapina. Hera poderia também ser aproveitada no filme solo do Cruzado Encapuzado.

Caçadora.
Caçadora.

Existem muitas versões da personagem, uma das quais é a filha de Bruce Wayne com a Selina Kyle de outra Terra. Só que seria mais provável a aparição de Helena Bertinelli no longa. Uma jovem nascida em uma das famílias da máfia em Gotham, que se tornou bastante violenta para destruir aqueles que mataram a sua família. Também já fez parte das Aves de Rapina.

Justiceira.
Justiceira.

Kate Spencer já fez uma breve aparição em Arrow, mas nunca apareceu como sua alter-ego. Semelhante ao Demolidor de muitas maneiras, ela é uma advogada e ex-procuradora que assumiu essa identidade a fim de corrigir os erros que ela acreditava que o sistema judicial poderia ou não realizar. No entanto, em termos de como lida com criminosos, Kate se assemelha bastante com o Justiceiro. Ou seja, introduzi-la no filme seria uma dinâmica com as personagens mais heróicas e vilanescas. Apesar da personalidade obscura, também já integrou as Aves de Rapina.

Grande Barda.
Grande Barda.

Com Steppenwolf levando o exército de Parademônios para a Terra, podemos ter total certeza que Apokolips será explorado em Liga da Justiça. Se for o caso, a introdução da personagem seria algo necessário, pois já serviu como líder da guarda pessoal de Darkseid, as Fúrias Femininas. Sua participação daria uma boa dinâmica para a equipe e como as personagens anteriores, também fez parte das Aves de Rapina.

Batgirl.
Batgirl.

Muitos fãs ficaram frustrados ao descobrirem que a personagem de Jena Malone na versão estendida de Batman vs Superman não era a Barbara Gordon/Batgirl. O spin-off poderia colocá-la como líder da equipe, seja como Oráculo ou não. Com a introdução dela, ainda expandiria o universo do Batman em seu solo.

Katana.
Katana.

Com uma recepção positiva sobre Tatsu Yamashiro em Esquadrão Suicida, a personagem poderia ganhar uma fácil participação no filme. Apesar de ser guarda-costas de Rick Flagg e aparentemente estar ao lado certo da lei, Katana poderia também ser enviada para ficar de olho nessa equipe feminina. Nos quadrinhos, integrou as Aves de Rapina e através de sua espada, é capaz de se comunicar com as almas de suas vítimas.

Canário Negro.
Canário Negro.

Rumores anteriores diziam que a personagem de Katie Cassidy em Arrow tinha morrido para que possa ganhar seu debut no UEDC e um relatório informava que a ancestral da Canário Negro estaria presente na cena de flashback com as Caixas Maternas em Liga da Justiça. Sua passagem pelas Aves de Rapina é algo bastante importante e seria uma excelente jogada da Warner Bros. colocá-la na Liga para ver como será a recepção do público, e depois seguir com sua história no spin-off.

Mulher-gato.
Mulher-gato.

Mesmo que seja apenas um cameo, Selina Kyle batendo de frente com Harley Quinn e Batgirl seria bastante atraente, além dela ser um bom atrativo para os espectadores que possam não estar familiarizados com outros membros desta equipe.

Via: Comic Book Movie.

Sereias de Gotham possui filmagens previstas para este ano, mas ainda não possui data oficial de lançamento.