Para o Bizarro, ruim significa bom. Pior significa melhor. Bonito quer dizer feio. E apesar de todos os sentidos invertidos, a única coisa certa é que a diversão de se acompanhar a road trip do monstrengo e seu pior amigo Jimmy Olsen é garantida desde o começo.
Bizarro é um lançamento recente da editora Panini para as bancas de todo o Brasil. Nos EUA, esta série foi publicada em seis edições e compilada posteriormente, sendo um dos destaques da iniciativa DC & Você (DC You, no original), recebendo muita atenção do público brasileiro graças ao artista envolvido no projeto: Gustavo Duarte.
Criado por Otto Binder e George Papp, Bizarro já passou por diversas remodelagens através dos longos anos de existência da DC Comics, indo de clonagem ou alienígena de um planeta quadrado até criação de Lex Luthor, passando nas mãos de diferentes equipes criativas. Já a reformulação do personagem feita em 2015 e presente no encadernado da Panini foca em um aspecto importantíssimo: a diversão.
A premissa é simples: Bizarro estava tentando agir “bem”, mas a população de Metrópolis está cansada desses “bons gestos”. Jimmy Olsen então convida o Superman às Avessas para uma viagem até os “Estados Unidos Bizarro”, também conhecido como Canadá. Mas quais as verdadeiras intenções do fotógrafo do Planeta Diário? E como será o dia-a-dia dos dois, acompanhados de (pasmem) seu Chupacabra de estimação?
O roteiro desta minissérie foi escrito por Heath Corson (Batman: Assalto em Arkham, Liga da Justiça: Guerra), e apesar de possuir algumas piadas bem inocentes o roteirista acerta ao brincar com o universo DC, utilizando personagens como a Zatanna e o Desafiador. Além disso, quando o autor apela para o nonsense, a história e as piadas funcionam de forma ainda mais positiva.
Porém, um dos pontos fracos de todas as edições é a linguagem confusa. Pudera, é o Bizarro! Em diversos momentos, a forma como o personagem fala torna a leitura pouco fluida e até mesmo confusa, com textos que dão voltas e voltas e não levam a lugar algum. Alguns destes diálogos são engraçados, porém outros são somente bobos. E aí entra a bela arte de Gustavo Duarte adicionando uma camada extra de qualidade na confusão.
Não, a arte não é boba! Ela é cartunesca, e por isso mesmo se encaixa tão bem nessa premissa. Quem já leu outros trabalhos do autor, como Có & Birds, Chico Bento: Pavor Espaciar, Monstros! ou até mesmo sua série na Marvel, os Guardiões da Galáxia, já está acostumado com o tipo de humor e narrativa utilizados. E assim como em todas as obras citadas, no Bizarro é possível sentir as brincadeiras feitas através dos desenhos.
Gustavo faz brincadeiras com expressões corporais, capricha nas piadinhas espalhadas pelo cenário e é complementado em todas as edições com a arte em uma única página feita por convidados como Kelley Jones, Francis Manapul, Bill Sienkiewicz e outros, sempre em momentos especiais da história. Sobra até para o Batman!
No fim das contas, Bizarro é um quadrinho simples, e a simplicidade é bela. Para um personagem tão diferente, focar no humor é um caminho muito certo, e tudo apresentado torna a história amigável para qualquer geração de leitores, especialmente mais jovens (não ignorando, é claro, aquele fã mais velho da DC).
A série completa foi publicada em um único encadernado Capa Cartão que possui 148 páginas ao preço de R$ 21,90, com distribuição nacional. Mais informações aqui.