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Torre Recomenda | Animês de 2022

Postagens de “melhores do ano” já estão tão manjadas que, a essa altura, eu realmente não preciso mais fazer uma introdução. Nós dois sabemos do que se trata, sabemos o motivo de estarmos aqui e o que queremos ver. Dito isso, vamos pular as formalidades.

2022 foi um ano absurdo para a animação japonesa. Cada temporada que passava, as pessoas diziam “essa é a melhor temporada em anos!”, apenas para a temporada seguinte vir e ser ainda melhor que a anterior. A quantidade de shows icônicos e que vão se manter na memória coletiva por muito tempo fez com que fechar uma lista de apenas dez títulos fosse um pouco difícil, mas consegui chegar num resultado que me agradou bastante.

Também ajuda o fato de eu não ter assistido a grande maioria das coisas que você provavelmente já se cansou de ver em outros rankings. Já adianto: Sem Chainsaw Man aqui.


10. Princess Connect! Re: Dive – Segunda Temporada

Onde Assistir: Crunchyroll

Como o objetivo de listas é sempre causar confusão, vamos começar logo com os dois pés no peito.

O animê de “Priconne” é uma coisa que requer uma análise um pouco maior, pois ele apresenta duas experiências bastante distintas, dependendo do tipo de pessoa que você é: Aqueles que conhecem o jogo, e aqueles que estão vivenciando a história exclusivamente pela animação.

Para quem já conhece a história pelo jogo (que é publicado globalmente pela Crunchyroll Games, e que eu tenho jogado viciadamente desde o lançamento), essa segunda temporada foi uma adaptação que fez tudo que você poderia querer, e mais. Não é um copia-cola do que vemos no jogo (por motivos que você saberia, se conhecesse o jogo!), mas trás os elementos que fazem o jogo ser tão divertido e emocionante.

Agora, para quem não conhece a história do jogo… É um pouco mais complicado. Os últimos quatro episódios foram fundo na narrativa complexa e intrínseca que, honestamente, não se espera de um mobage. Com alguns (muitos) detalhes em aberto, o animê acaba passando batido para aqueles que estão experienciando-o pela primeira vez, fazendo com que o final emocionante seja totalmente sem pé nem cabeça.

Mas não me levem a mal: A segunda temporada de Priconne ainda é um animê genial, onde seus primeiros oito episódios mantém a fórmula cômica da primeira temporada, fazendo qualquer pessoa, independente do grupo que ela pertence, rolar de rir. Claro, o problema da história é uma ressalva que tira muitos pontos do show, mas mesmo assim, ainda é bom o suficiente para ficar em décimo lugar.


9. Date a Live IV

Onde Assistir: Crunchyroll

Quem me conhece, sabe: Eu sou o – autoproclamado – maior fã de Date a Live do interior de São Paulo. É uma série de light novels que eu amo, e que me acompanhou por anos muito importantes da minha vida. Mesmo eu tendo noção de que não é lá essas coisas, dum ponto de vista técnico, é uma obra que eu tenho um enorme apego sentimental.

Infelizmente, as adaptações em animê de Date a Live não são boas.

A primeira e segunda temporadas só se tornam medíocres após mais de trinta minutos extras serem adicionados em cada em seus respectivos “Director’s cut“, enquanto a terceira não pode ser descrita como nada menos que um crime de guerra. Com um histórico desses, minha expectativa para a quarta temporada estava baixa.

Felizmente, conseguiram superar e muito minhas expectativas, com o que é facilmente o melhor material animado de Date a Live que existe (até o momento).

Essa quarta temporada é, usando termos mais familiares para o leitor médio da Torre, “O início do Ultimato“. É nesse ponto que a franquia foca mais em desenvolver e encerrar a sua história, deixando um pouco mais de lado as suas origens como paródia de dating sims e narrativas harém no geral, mas sem abandoná-las. São revelados segredos que circundam a série desde o seu início, e tudo se encaixa da forma mais besta possível, exatamente como tudo sempre foi.

Os primeiros episódios tiveram algumas decisões de adaptação questionáveis, mas a segunda metade da temporada foi uma adaptação perfeita das light novels, que mostrou exatamente o motivo de eu gostar tanto da obra. O trabalho de dublagem de Asami Sanada, que dá voz para a Kurumi, foi algo que merece um prêmio, e conseguiu transmitir tudo que as cenas focadas na anti-heroína favorita da garotada precisava transmitir.

Fora que né, a lista é minha, e mesmo sabendo que Date a Live é horrível, eu ainda gosto muito e colocarei em nono lugar. Tirei Spy x Family do top 10 para isso e você não pode me impedir.


8. Shikimori’s Not Just a Cutie

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

Leia mais: Shikimori não é “apenas” um Slice of Life

Ok, chega de polêmicas. Acho que podemos colocar coisas que realmente merecem estar num Top 10 no Top 10 a partir de agora.

Eu sei que Slice of Life não é o gênero favorito de todo mundo. Inclusive, diria que é um dos gêneros mais desgostados pelo público geral, com comentários comuns dizendo que “nada acontece, feijoada”. E bem, de fato, só agrada um público em específico de pessoas.

Mas, se você é uma dessas pessoas, “Shikimori” certamente vai ser um prato cheio de feijoada para você. É um animê que consegue a façanha de gerar uma história com “alta tensão mas baixo risco” e faz muito bem. Além disso, tem um elenco de apoio sensacional e uma parte técnica que é um espetáculo visual.

Eu entro em maiores detalhes na postagem acima, então se esse tipo de coisa lhe parece interessante, dê uma chance.


7. Ya Boy Kongming!

Onde Assistir: Hidive (indisponível no Brasil, requer VPN)

Eu gosto bastante de mistérios urbanos. Obras que se passam num centro metropolitano, onde existem grupos, conexões, rixas e rivalidades de rua, onde pessoas frequentam um certo lugar e se tornam conhecidas naquela área, etc. Uma história onde a cidade é a protagonista.

Mas, na maioria das vezes (ao menos nas coisas que eu assisto), isso é usado com coisas tipo gangues, organizações criminosas, máfias, e afins. Assistir “Ya Boy Kongming!” me fez perceber que você pode ter uma atmosfera muito semelhante, sem precisar de conflitos com base na violência. Deu realmente pra sentir que Shibuya era um lugar que existe e é orgânico, que respira e muda, junto com seus frequentadores. E esse é um tema que será retomado mais abaixo na postagem.

De certo que esse show foi um dos mais icônicos do ano, com uma abertura que ficou muito famosa por ser dançante e visualmente impactante; e uma batalha de rap que vai ficar para sempre na história como uma das melhores já feitas no Japão (e, talvez, no mundo).

“Ya Boy Kongming!” não é apenas uma ótima comédia, mas também um bom animê musical e um exemplo de criação de personagens. Não fosse pela dificuldade de assistir legalmente no Brasil, estaria mais alto na lista.


6. The Case Study of Vanitas – parte 2

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

A segunda parte do animê dos vampirão sexy saiu em janeiro, e manteve o nível de qualidade da parte um (até ganhou uma posição no ranking, comparado com o sétimo lugar do ano passado).

Conforme a história avança, mais mistérios são decifrados, enquanto outros assumem o seu lugar. O maior mérito de “Vanitas”, pra mim, é o respeito que ele tem para com o público. O animê tem sempre um mistério para você resolver, mas ele faz isso de uma forma onde, se você juntar as peças que lhe foram dadas, chegará na resposta. Investigar a verdade é satisfatório, de um jeito que muitos “animes de detetive” por aí falham em fazer.

Focando em novas personagens e também em algumas já existentes que não tiveram tempo de brilhar na primeira parte, o mundo de “Vanitas” se expande num bom ritmo, nem muito rápido, nem muito devagar.

Tecnicamente, o show mantém a beleza que um show sobre vampiros numa hipotética París mágica do século XIX deve ter (mesmo que tenhamos passado metade da temporada no meio da neve); as músicas e dublagem trouxeram todo o carisma para as personagens e cenas; e as lutas foram maneiríssimas, do seu jeito.

O único defeito de “Vanitas” é que ele não acabou. É o drama de sempre, quando adaptamos mangás em andamento. Da última vez que conferi (que confesso, foi lá pra março), o animê tinha adaptado quase todo o material disponível… Vai demorar para chegarmos num ponto onde podemos ter uma nova temporada.


5. Kaguya-sama: Love is War – Ultra Romantic –

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

Leia mais: “Kaguya-sama” e seus mistérios ultra-românticos

Na minha postagem acima, eu fiz a ousada afirmação de que “Kaguya-sama” se tornaria um clássico. Meio ano depois, muita água já passou por baixo da ponte, e isso mudou muitas perspectivas. Mesmo assim, acredito que a afirmação ainda se mantém: o animê se firmou como um clássico.

Com uma terceira temporada que juntou os melhores pontos das duas primeiras, “Kaguya-sama” construiu algo que raramente acontece em comédias-românticas, e justamente por isso, se destacou: O show chegou a uma conclusão, feita de forma satisfatória e que culminou de todo o desenvolvimento que passou 37 episódios trabalhando.

Tá certo que teremos uma continuação, mas eu acredito piamente que não precisávamos, e comento o motivo em maiores detalhes na postagem.

Aliás, também tivemos uma batalha de rap aqui. Grande ano para batalhas de rap.


4. Lycoris Recoil

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

Leia mais: A amarga doçura de “Lycoris Recoil”

Esse ano também contou com uma quantidade interessante de animês originais. Acompanhá-los semanalmente é sempre uma aventura, pois ninguém sabe o que esperar. E esse mistério foi muito bem utilizado por “Lycoris Recoil”.

Agradando até mesmo Hideo Kojima, o animê conseguiu uma dupla-narrativa incrível ao ser extremamente superficial e absurdamente profundo ao mesmo tempo, e tendo resultados positivos para ambas as leituras. Seja como um filme de ação ou como uma crítica ao capitalismo-tardio, o animê entrega.

Eu falo mais sobre isso na postagem, mas já consegui convencer alguém a assistir LycoReco com isso, então vou repetir aqui: O show é o mais próximo que chegaremos de uma versão em animê de “Duro de Matar”. Sério.


3. Call of the Night

Onde Assistir: Hidive (indisponível no Brasil, requer VPN)

“Call of The Night” tem um apelo extremamente específico para a minha pessoa em particular, a ponto de eu não conseguir nem imaginar o que outra pessoa poderia pensar disso, de tão intrinsecamente pessoal que é.

Eu sou uma pessoa noturna, e tenho um certo apreço “romântico” pelo conceito da noite. O silêncio, a escuridão que intensifica a luz nostálgica que existe, a mudança de perspectiva de lugares e situações, o frio melancólico que agride a pele de forma agradável… Eu realmente não sei dizer se é “normal” sentir essas coisas, mas quando eu tenho noção de que estou seguro, a madrugada me dá um alívio mental que até hoje não consegui encontrar em outros lugares ou situações. Voltar da faculdade de ônibus, encarando a rua pela janela, no alto da meia-noite, é uma das memórias mais banais que eu tenho dos últimos anos, mas certamente é uma que eu não vou esquecer tão cedo.

Isso tudo pra dizer que “Call of the Night” é a primeira vez que eu me sinto representado sobre esse assunto. É uma demonstração quase que perfeita da “Noite poética” que eu tenho na minha mente: Ela é misteriosa, neon, e traz um senso de liberdade e melancolia. Chego a ter inveja da qualidade com que o animê conseguiu fazer o que eu sempre quis mas nunca consegui.

Deixando a poesia de lado, o que eu posso dizer sobre o show é que ele é algo bem próximo de um “Nu artístico”: Claro que não tem ninguém pelado na história, mas o jeito como a sexualidade inerente do tema é usada de forma “elegante” é incrível e um dos pontos positivos da obra.

Literalmente todo episódio é uma viagem. Que tipo de viagem? Você não sabe até assistir. Nesse episódio, você vai para um agradável passeio pelo parque ou para um túnel de terror visceral que despertará o seu terceiro olho? Nesse episódio, seremos uma comédia absurda ou um anime de lutinha? Um terror psicológico ou um slice of life? Um romance ou um drama? A capacidade que “Call of the Night” tem de se adaptar e trazer todas essas possibilidades, sem parecer “deslocado”, é outro de seus pontos fortes.

As músicas de abertura e encerramento foram uma das melhores do ano, também.


2. The Eminence in Shadow

Onde Assistir: Hidive (indisponível no Brasil, requer VPN)

Um animê que tem a coragem – ou talvez a audácia – de perguntar: “E se o seu protagonista fosse totalmente biruta? Doidinho da cabeça? 100% biruleibe das ideia?”.

“The Eminence in Shadow” está adaptando uma light novel que é, atualmente, a minha série predileta. Eu amo comédias, e consumo uma quantidade elevada delas, em diversas mídias diferentes, ao longo do ano. Por isso, quando digo que essa é a história mais engraçada que eu já li, eu estou falando sério. Eu levo comédias muito a sério.

Com uma adaptação que, até agora, tem sido excepcional, trazendo e realçando todos os charmes do original, a versão em animê conseguiu a façanha de me fazer assistir todos os episódios de um show em andamento duas vezes. Eu nunca re-assisti coisas enquanto elas ainda estavam lançando, mas “The Eminence in Shadow” é tão divertido, com tanta coisa para absorver, que toda semana eu acabo revendo o novo episódio.

O que torna o Cid em um protagonista tão engraçado é a sua insanidade: Ele está tão afundado no próprio teatro e na ilusão de que tudo é apenas uma ferramenta para viver suas falsas fantasias, que é totalmente incapaz de ver o que está na sua própria frente. Histórias com “protagonistas invencíveis” costumam ficar chatas pela falta de conflito que tenha algum impacto. Mas quando o seu protagonista invencível é tão maluco que nem sequer passa pela cabeça dele a possibilidade de que isso seja uma luta de verdade… As coisas ficam diferentes. Certamente mais engraçadas.

Mesmo ainda não tendo terminado (no momento que escrevo, apenas 12 dos 20 episódios foram ao ar), a produção, adaptação, direção e marketing do animê tem sido tão consistentes, que eu não tenho receio algum de colocá-lo tão no alto assim. Quando terminar, eu acredito fortemente que exista uma possibilidade de subir para a primeira posição desse ranking.


1. BOCCHI THE ROCK!

Onde Assistir: Crunchyroll

Leia mais: “BOCCHI THE ROCK!”: Amor, amizade e tecnicidades

Tudo que eu tinha para dizer, eu disse na postagem acima, que saiu só quatro dias atrás. Sendo assim, só o que tenho a dizer aqui é:

Assistam BOCCHI THE ROCK!


Menções Honrosas:

Não necessariamente animês que ficariam em 11º lugar dessa lista, mas que eu gostei o bastante para escrever sobre aqui na Torre. Se me fez ter algo a dizer, já vale algo.

E também me dá uma desculpa para fazer mais propaganda:

In The Land of Leadale” e os desafios da inocência.

As indiscrições juvenis de “My Stepmom’s Daughter is My Ex.


E é isso. 2022 passou, mas 2023 já está logo aí, e promete trazer ainda mais animações japonesas para que possamos discutir no final do ano que vem. Não sei se conseguirá bater um ano tão forte quanto esse, mas vamos torcer por coisas boas.

Feliz ano novo, e até ano que vem!

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Relacionamentos e seus problemas com “Rent-a-Girlfriend” e “Oregairu”

Nessa altura do ano, acho que nem preciso mais comentar sobre o estado absurdo de insanidade que o planeta Terra está, não é? Para todos os lados que você olha, é um absurdo atrás do outro. E um dos principais problemas que muitos de nós estamos precisando lidar é a falta de contato humano. Seja em maior ou menor escala, todo mundo precisa se relacionar com outras pessoas.

Relacionamentos são coisas complexas, com tantas nuances quanto você desejar pensar, e isso que faz com que sejam algo tão fascinante, e o esqueleto de nossa sociedade. Não à toa, temos o relacionamento humano como sendo o mote de praticamente toda obra de ficção que existe. Algumas se debruçam mais no tema do que outras, mas é inegável que seja um fator onipresente em seja lá o que você esteja consumindo.

E é claro que os animês não são exceção. Não importa o quão frio e calculista Peaky Blinder você pense que é por ficar dentro de casa o dia inteiro só assistindo seus shows japoneses, você ainda está lidando com relacionamentos humanos. E na temporada atual, existem dois animês em especial, onde toda a história é centrada em relacionamentos, e seus impactos na vida daqueles que estão envolvidos neles: “Rent-a-Girlfriend” e “My Teen Romantic Comedy SNAFU” (Apenas “Oregairu”, para encurtar). São shows absurdamente diferentes, voltados para públicos diferentes e com origens diferentes, mas com um ponto em comum: ambos se baseiam em relacionamentos problemáticos e nos problemas que eles causam.

Baseado em um mangá de Reiji Miyajima, Rent-a-Girlfriend é mais um dos típicos haréns absurdos que já conhecemos e vivemos numa relação problemática de amor e ódio. Premissas e questionamentos à parte, o ponto que precisa ser levantado é o aspecto predatório e abusivo do protagonista, Kazuya.

Relacionamentos abusivos não são brincadeira, e podem causar sequelas permanentes nas pessoas envolvidas. Uma das práticas mais comuns nesse tipo de relacionamento é o abuso psicológico e a chantagem emocional, que são usadas como ferramenta de vitimização para buscar estender a duração de algo que já deveria ter acabado. Mesmo que acidentalmente ou sem perceber, Kazuya usa de ambas as táticas para manter sua namorada de aluguel, vizinha e colega de universidade em cheque.

Felizmente, eu nunca passei por um relacionamento abusivo, mas apenas de assistir as interações de Kazuya com a Chizuru, já fiquei meio deprê. Fui buscar, nos cantos mais remotos da Torre, por algum redator que tenha passado por esse problema no passado, e encontrei dois. Sem qualquer consideração por seus traumas, os forcei a assistir os primeiros episódios do show, e a resposta foi imediata: reconhecimento instantâneo de que aquilo é, de fato, um abuso absurdo, e que eles nunca mais vão assistir qualquer coisa sob recomendação minha.

Nem precisa esperar muito não. No PRIMEIRO EPISÓDIO ele já tá se vitimizando.

E a questão não para por aí. Queria eu que parasse! Não só o protagonista se vitimiza e força suas vontades na garota, como todos os relacionamentos do show são quebrados por dentro. Fica claro que a intenção do autor é justamente expor esse tipo de comportamento, e buscar dar visibilidade para um problema que muitas vezes não é levantado com tanta frequência quanto deveria. Ao menos, isso é o que eu gosto de imaginar.

O show em si é uma montanha-russa de emoções, te deixando irritado, ansioso, triste e alegre em questão de minutos. Além disso, é um raro caso de comédia romântica que não se passa num ambiente escolar. E com personagens adultos (bem, na faixa dos 20 anos), a história tem muito mais liberdade em abordar temas e acontecimentos que jamais seriam vistos num show colegial. Vale uma conferida, nem que seja para passar nervoso comigo.

Por outro lado, temos “Oregairu”, uma light novel de Watari Wataru, que está recebendo sua terceira e última temporada agora no meio do ano. A busca de um relacionamento “genuíno” é a força-motriz da terceira iteração de Hikigaya Hachiman, e olha rapaz, quantos problemas isso não vai causar.

O grande conceito que Oregairu aborda é a importância dos relacionamentos, e como a moderação é a chave para um relacionamento saudável. Começamos com nosso protagonista, Hikigaya, no extremo negativo da balança: ele é o clássico “isoladão”, que odeia as pessoas populares e não entende o motivo de precisar de outras pessoas em sua vida. Temos todo o show como uma grande jornada de aprendizado e autorrealização, mostrando para o nosso Batman do clube de voluntários a relevância que um relacionamento pode ter em sua vida.

Acontece que essa jornada é efetiva até demais. O clímax da história (que dá até nome para a temporada final) mostra o extremo positivo da balança: quando um relacionamento passa a ser tão vital para sua existência, que acaba se tornando prejudicial para ambas as partes. A chamada “codependência” é uma relação perigosa que é tratada pela psicologia como um risco que pode instigar novos comportamentos negativos e reforçar os já existentes.

Quando um relacionamento passa do plano da confiança e começa a se tornar perigoso, é aí que os problemas começam.

Sendo um dos mais populares animês dos últimos anos, “Oregairu” merece toda a glória que recebe, por ser engraçado, irônico, ríspido e absurdamente ciente de si mesmo, sem perder o seu senso de realidade. É um drama adolescente que chega a assustar de tão pé no chão que é, fazendo qualquer adulto olhar para a situação e simplesmente rir com um “aiai, como adolescente é bobo né”.

Em ambos os shows, temos pessoas sofrendo, causando e participando de uma gama de diferentes tipos de relacionamentos problemáticos, e se esforçando (ou não) para sair da (ou se afundar ainda mais na) situação em que estão. Enquanto não conseguimos vivenciar e superar nossos próprios relacionamentos na vida real, e enquanto as novelas forem reprises de coisas que já assistimos antes, Rent-a-Girlfriend e Oregairu suprem nossa cota de problemáticas, semanalmente.

Caso tenha se interessado por alguns desses shows, e queira conferir por conta própria, “Rent-a-Girlfriend” está disponível na Crunchyroll, com novos episódios toda sexta-feira. Já “Oregairu” possui suas três temporadas disponíveis no Hidive (Primeira temporada | Segunda temporada | Terceira temporada), e também está disponível na Crunchyroll. Novos episódios são disponibilizados nas duas plataformas toda quinta-feira.