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O Santo Sangue | Misticismo, fé e confrontos na nova HQ da Jupati Books

A Jupati Books, selo de quadrinhos da Marsupial Editora, está lançando O Santo Sangue. HQ nacional que mistura o agreste com o realismo fantástico. Com roteiro de Laudo Ferreira (Olimpo Tropical), a produção mistura misticismo, fé e confrontos de dualidades dos personagens.

Na trama de O Santo Sangue, um velho matador, conhecido como Vernio, é contratado por um fazendeiro para eliminar uma figura misteriosa que, segundo ele, causara uma a maldição em sua jovem filha Lucem: o poder curativo por meio de seus fluídos menstruais. Por causa desse dom, a jovem acaba sendo considerada uma santa pela pobre população local. O matador, então, parte para cumprir o seu trabalho, mas, ao invés de simplesmente ter mais uma morte em sua carreira, deverá confrontar a si mesmo.

Além do roteiro de Laudo, O Santo Sangue tem artes de Marcel Bartholo (Carniça). Esse é o primeiro trabalho dos dois juntos.

O Santo Sangue tem formato 20,5 x 27,5 cm, 80 páginas, e o preço de R$ 52,00. No site da editora já começou a pré-venda com desconto, clique AQUI para saber mais.

 

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Volume inédito da Barbarella chega ao Brasil pela Jupati Books

O segundo volume da Barbarella de Jean-Claude Forest está chegando às livrarias em lançamento da Marsupial Editora através do selo Jupati Books. Intitulada As Cóleras do Come-Minutos, esta edição é inédita no Brasil. Confira detalhes abaixo.

Criada em 1962, Barbarella transformou o mundo dos quadrinhos adultos. Na época da revolução sexual, o traço sensual da heroína não deixava nenhum leitor indiferente. Barbarella ajudou a mudar o papel da mulher nas histórias em quadrinhos, até então confinado a figurantes assexuadas. Este é o segundo álbum da personagem, que está sendo publicado pela primeira vez no Brasil.

No Brasil, com a estreia do filme de 1968 (estrelado por Jane Fonda), o primeiro álbum da personagem foi publicado no ano seguinte pela Linográfica Editora. Com tradução de Jô Soares, o livro continha em sua capa o cartaz do filme e por muitos anos foi disputado a unhas e dentes pelos colecionadores.

A personagem foi esquecida pelas editoras nacionais até a Marsupial/Jupati Books resgatá-la em 2015, dando continuidade em 2017 com histórias totalmente inéditas, publicando na íntegra todo o material encadernado lançado na França pela Les Humanoïdes Associés.

Para conhecer mais sobre a personagem e sua importância para os quadrinhos mundiais, leia um artigo completo clicando aqui.

Barbarella: As Cóleras do Come-Minutos possui 78 páginas encadernadas em capa cartão e formato 27,2 x 20 cm, e o preço sugerido é R$ 42,00. Clique aqui para reservar sua edição na pré-venda.

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Marsupial Editora lançará seis graphic novels brasileiras na CCXP 2017

Foi divulgado o pacotão da Jupati Books, selo de quadrinhos da Marsupial Editora, de seis graphic novels que serão lançadas na CCXP 2017, que acontecerá no próximo mês de dezembro. Os títulos já se encontram em pré-venda na Amazon.

As graphic novels foram aprovadas em 2016 no ProAc -Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, um concurso de apoio a projetos de criação e publicação de histórias em quadrinhos no estado de São Paulo.

São as publicações:

Uma Estrela na Escuridão

A HQ de André Bernadino adapta o livro homônimo de Gabriel Davi Pierin, que conta a história real do Judeu Brasileiro Andor, que durante a Segunda Guerra Mundial foi parar no campo de concentração Nazista de Auschwitz.  A edição tem formato 17 x 26 cm e 112 páginas.


In The Flowers

A obra de Christo Silveira fala sobre um rapaz que vive preso em uma rotina com hábitos autodestrutivos, até que ele acha que a solução dos seus conflitos possa estar em um novo relacionamento. Porém quando a garota que ele considera ideal começa a se transformar em algo assustador a sua expectativa vai por água abaixo. Formato 27,5 x 20,5 cm e 64 páginas.


Desastres Ambulantes

Lucio Diaz cresceu ouvindo as incríveis histórias do seu pai, que foi um piloto da Força Aérea morto durante a Segunda Guerra Mundial. Um certo dia ele recebe uma carta que diz que o seu pai ainda está vivo e quer conhece-lo. Lucio então parte para uma vertiginosa jornada sobre a verdade onde envolve discos voadores e outros mistérios. A HQ de Guilherme Smee e Romi Ferreira tem formato em 17 x 26 cm e 48 páginas.


O Sinal

O autor Orlandeli conta a história de um homem preso em uma vida sem qualquer expectativa, onde espera por um sinal para que tudo possa mudar. Um dia, o tal sinal finalmente aparece, mas ele jamais poderia imaginar o que isso ia realmente significar. O Sinal tem formato 17 x 24 cm e 96 páginas.


Monstruário – Volume 1

Em um mundo onde medos e monstros são parte indissociável da identidade da população, Lúcia Drummond, é a pessoa responsável para digitalizar as antigas fichas dos Registros Civis de Monstros para o bando de dados do governo. Entre colegas inconvenientes e uma rotina tediosa e burocrática, ela descobre uma velha ficha de uma pessoa sem monstro. Ou seja, ela não tem medo. Monstruário – Volume 1 é de autoria de Lucas Oda e Mario Cau e tem formato 20,5 x 27,5 cm e 112 páginas.


De Volta a Solemnia

A HQ de Artur Fujita apresenta o jovem príncipe Alex, que para poder ajudar a sua mãe, a rainha Stella, parte juntamente com seu fiel cavaleiro Sir Grimmo e seu cavalo Acéfalo, em busca de um lendário amuleto e acaba se deparando com várias versões de si mesmo que tem o mesmo objetivo: o trono de Solemnia. O único que pode resolver essa confusão é um poderoso dragão que Alex tem que encontrar. A graphic novel tem formato 15,2 x 21,6 cm e 140 páginas.

 

Como já dito antes aqui, todas as obras será lançadas oficialmente na CCXP 2017, e estarão no estande da Marsupial Editora e nas mesas dos artistas que vão participar do Artist’s Alley. Você que for para o evento, passe por lá e prestigie o quadrinho nacional.

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Marsupial Editora republica a graphic novel La Dansarina

A graphic novel La Dansarina, de Lillo ParraJefferson Costa, será republicada pela Marsupial Editora, através de seu selo para quadrinhos Jupati Books. Confira os detalhes abaixo!

Em 1918, durante o surto de Gripe Espanhola em São Paulo que matou milhões em todo o mundo, Petro, um jovem filho de imigrantes, contrai a doença e fica acamado durante semanas. Quando acorda descobre que sua mãe foi mais uma vítima fatal daquela terrível doença. Esquecida pelo serviço funerário, seu corpo está insepulto há três dias no pátio do cortiço onde moram. Petro decide então lhe dar um funeral digno. Mas para isso terá que carregar o corpo de sua mãe por uma cidade devastada. Através do realismo fantástico, Lillo e Jefferson criaram uma fábula impressionante sobre um dos piores episódios da história da Humanidade.

O álbum, originalmente lançado de forma independente, ganhou o Troféu HQ Mix de 2016 em duas categorias: Edição Especial Nacional e Roteirista (para Lillo Parra).

O jornalista e editor da Mauricio de Sousa Produções, Sidney Gusman, foi o responsável pelo texto da quarta capa, que serve como uma sinopse e recomendação.

La Dansarina possui 136 páginas encadernadas no formato 27,5 x 20,5 cm, com preço de capa R$ 58,00. O quadrinho encontra-se em pré-venda na Amazon com previsão de lançamento para o dia 1 de junho.

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A Barbarella de Jean-Claude Forest

Icônica personagem criada em 1962 pelo ilustrador Jean-Claude Forest, Barbarella marcou o início de uma nova era para os quadrinhos com relação a imagem da mulher. A aventureira espacial do século XL possui uma interessante história de criação e término, que tornou a heroína um verdadeiro cult das HQs, traduzida para mais de doze idiomas ao redor do mundo e vítima de censura em diversos momentos.

A década de 50 foi um período marcado pelo extremo conservadorismo dos quadrinhos, não somente no mercado americano como no mundo todo. A imagem da mulher nesta mídia até então era tida como um único plano de personagens rasas e com pouca utilidade além de servirem como coadjuvantes para os grandes personagens masculinos, enquanto assuntos como sexualidade e independência eram inconcebíveis em uma época de censura, syndicates e outros tipos de aventuras em vigor, uma crescente de tendências que vinham desde os anos 30. Mesmo as mais famosas séries europeias de quadrinhos, como o Tintim de Hergé, possuíam poucas mulheres em seu rol de personagens. E a “revolução” teve início na França em 1962, quando a chocante Barbarella surgiu nas páginas da V-Magazine.

Capa de uma edição da V-Magazine, revista onde Barbarella surgiu em 1962.

Publicada no formato de tiras, Barbarella era uma somatória de elementos de sucesso: James Bond, Buck RogersFlash Gordon, Mandrake e Jungle Jim são possivelmente as maiores inspirações, sendo as diferenças óbvias o sexo da protagonista e como sua liberdade é abordada no ano 40.000 DC. Desenhada com o lápis anatomicamente correto de Forest, a primeira aventura da personagem causa impacto por logo em suas primeiras páginas exibir não somente mulheres com belas curvas bem definidas, como também seios a mostra e posições no mínimo pornográficas para o período em vigor. Como diz o jornalista Gonçalo Jr., Barbarella foi “aclamada como ‘vamp moderna’ e ‘ninfomaníaca espacial’ pelos críticos mais conservadores“. Suas explorações vão desde descobertas de novos mundos até encontros com bizarras criaturas, sempre apostando no extremo escapismo que não se leva a sério.

Com este espírito trash porém extremamente criativo no quesito visual, as histórias da sensual heroína loira dos lábios carnudos são absurdas até para a época, criando um charme incontestável. Utilizando seu corpo da maneira que bem entende para obter o que deseja, Barbarella estava sempre no comando quando metida em alguma enrascada, algo verdadeiramente raro nas publicações deste momento que motivou os artistas a expandirem seus horizontes e criarem trabalhos voltados para os adultos, e não somente aos jovens e adolescentes que consumiam os comics. As tiras da aventureira, que possuíam um senso de cronologia, agradavam os leitores mais maduros de diferentes formas, com o motivo central sendo a semelhança com a atriz Brigitte Bardot (1934 – ), sex symbol dos anos 50 e 60. E por “motivo central” você imagina o que bem entender…

Barbarella e Brigitte Bardot.
Barbarella e Brigitte Bardot.

Voltando um pouco no tempo, falemos sobre Jean-Claude Forest, o “pai” de Barbarella. Forest nasceu em 1930, em Paris, e se formou em 1950 pela Escola de Desenho de Paris, trabalhando como ilustrador em veículos variados tais quais revistas e jornais como o France Soir. Barbarella nasceu após o editor George Gallet, da coleção de ficção-científica Le Rayon Fantastique, requisitar que Forest criasse uma espécie de Tarzan ou Tarzella. A ideia não lhe agradou e ele utilizou o conceito para criar sua heroína que alcançou a fama mundial e tornou-se um bestseller após o editor Eric Losfeld, especialista em fantasia e literatura erótica, proporcionar a chance de compilar as histórias em um livro, lançado em 1964. Este primeiro álbum vendeu mais de 200 mil cópias, mesmo com a censura da época impedindo que ele fosse divulgado com publicidade.

Sua arte característica foi o estopim para uma verdadeira revolução sexual, dando origem a personagens como Valentina de Guido Crepax e Vampirella de Forrest J. Ackerman, ambas publicadas no Brasil. Jean-Claude faleceu em 1998, tendo sofrido de uma asma severa por muitos anos.

Os belos quadros de Forest somados a sua criatividade criaram um clássico dos quadrinhos.
A bela arte de Forest somada a sua criatividade deram origem a um clássico revolucionário dos quadrinhos.

Mas a revolução de Barbarella não está limitada aos seus influentes quadrinhos, onde ela busca novas experiências como boa viajante que é. Mesmo tendo sido censurada na França em 1966, a exploradora já descobrira outros países do nosso mundo real, tendo encantado diversos cantos do globo. Em 1968 o produtor Dino De Laurentiis foi um dos atingidos pelo charme da personagem (graças a uma de suas agentes que gostava do álbum), tendo produzido um live-action dirigido por Roger Vadim, tendo Forest como consultor criativo e a estonteante Jane Foda no papel principal. Dizem, inclusive, que ao entrar em contato com o primeiro álbum da Barbarella Fonda o jogou no lixo dizendo que “aquilo não era pra ela.”

O filme, marcado pela clássica sequência de strip tease em gravidade zero, tornou Barbarella um verdadeiro hit mundial que vai além de sua mídia original. Apesar de algumas diferenças, o teor e o lado conceitual do longa são fiéis à série de quadrinhos (até mesmo no aspecto trash), contendo passagens e personagens retirados diretamente de suas tiras e fielmente transpostos, como o anjo Pygar e a doença lepra escavadora. Como curiosidade, o vilão do longa, Durand Durand, inspirou o nome da banda new wave criada nos anos 80, Duran Duran.

Jane Fonda dá vida à personagem em um filme fiel em diversos aspectos.
Jane Fonda dá vida à personagem em um longa fiel em diversos aspectos.

No Brasil, já com a estreia do filme, o primeiro (e até pouco tempo, único) álbum da personagem foi publicado em 1969 pela Linográfica Editora. Com tradução de Jô Soares, o livro continha em sua capa o cartaz do filme e por muitos anos foi disputado a unhas e dentes pelos colecionadores. O álbum nacional possuía tons de amarelo, laranja e até mesmo verde. A republicação da série em terras tupiniquins se deu em 2015, quando a Jupati Books, selo da Marsupial Editora, republicou o primeiro de dois volumes lançados na França pela Les Humanoïdes Associés contendo a obra integral com a colorização azul no preto e branco. A nova edição, traduzida por Pedro Bouça, contém um belo texto de introdução escrito pelo já citado expert Gonçalo Jr.

Motivado pelo sucesso da primeira publicação de Barbarella, Forest criou uma série de sequências, focando inclusive no lado da ficção-científica acima da sexualização característica de suas primeiras histórias. A reputação do artista ficou manchada por algum tempo e a recepção dos álbuns subsequentes não foi das melhores. Nos anos seguintes o autor criou novas séries e personagens, como Hypocrite. A última aventura de sua obra-prima, Le Miroir aux tempêtes, foi publicada em 1982 contendo a arte de Daniel Billon, visto que Forest nesta época achava que “desenhar as histórias era muito mais chato que escrevê-las.

Quadro do álbum "Barbarella - Volume 1" publicado no Brasil pela Jupati Books.
Quadro do álbum “Barbarella – Volume 1” publicado no Brasil pela Jupati Books.

Há um associação entre o fim das histórias da personagem com a epidemia de AIDS nos anos 80, onde a preocupação das pessoas com relação ao sexo aumentou exacerbadamente. Com a data de publicação de seu último volume (1982) coincidindo com este período, Barbarella suspendeu suas viagens espaciais até a série ser cancelada oficialmente com a morte de seu autor em 1998, deixando pra trás um legado que permanece vivo na cultura pop até os dias de hoje.

Ficou interessado em conhecer a personagem? Como já foi dito acima, o primeiro volume (de dois) retornou às livrarias brasileiras pela Jupati Books com o nome Barbarella – Volume 1, contendo 72 páginas encadernadas em capa cartão, formato 27 x 20 cm e preço sugerido R$ 42,00. O segundo volume deve ser lançado ainda em 2017, fechando uma coleção dessa heroína imortalizada no inconsciente popular.

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Trolls de Troy: Histórias Trolladas

Spin-off do grande sucesso dos quadrinhos franco-belgas Lanfeust de Troy, Trolls de Troy chegou ao Brasil em 2016 pela Jupati Books, selo de quadrinhos da Marsupial Editora, dando continuidade às publicações deste universo tão rico e fantástico. Situado num período anterior ao da série principal e utilizando novos personagens, as boas características típicas desta franquia são mantidas e muito humor é adicionado, criando uma história verdadeiramente divertida e, no mínimo, inusitada.


Troy é um mundo fascinante, onde a magia faz parte do cotidiano de todos. Neste universo, todas as pessoas possuem um tipo de poder, de grande ou baixa utilidade. Os poderes variam muito, desde transformar água em gelo até o poder de gerar coceiras, e todos são mantidos localmente através das vilas graças ao poder dos magos anciãos, Sábios de Eckmul, que possibilitam que as pessoas utilizem seus dons mágicos através da canalização das energias.

Contudo, esta não é a história de Lanfeust, o herói da série Lanfeust de Troy. E na realidade, todo o parágrafo acima nem faz tanta diferença quando o assunto é Trolls de Troy, a aventura focada em Tetram, um troll da vila de Phalompa, e sua filha humana adotiva, Waha. Vivendo “pacificamente” na floresta, esta vila de trolls criava muitos problemas para a cidade de Klostope, habitada por humanos. Graças às reclamaçaões, são mandados Caçadores de Trolls ao vilarejo de Tetram, em nome do grande sábio humano Rysta Fucatu, responsável pela Grande Guerra de Extermínio dos Trolls. Lá, diversos trolls são assassinados e metade deles são levados como prisioneiros, enfeitiçados, para serem vendidos como escravos. Tetram e sua filha sobrevivem, e motivados a quebrarem o encantamento que prende seus semelhantes, vão atrás de ingredientes que serão usados para desenfeitiçá-los: uma mecha do cabelo de Rysta Fucatu, e o fogo de um vulcão. Coisa simples.

Trolls de Troy adiciona muito ao já rico universo “de Troy“. Enquanto a aventura da série principal se assemelha a uma partida de RPG de fantasia medieval, esta série envereda para o lado do humor, focando nestas criaturas tão estranhas (e temidas) da franquia, porém sem perder o charme da já citada Lanfeust de Troy. O destaque desta nova aventura são os protagonistas. Enquanto em “Lanfeust” o único troll a aparecer é o companheiro enfeitiçado do grupo, aqui a variedade de trolls é muito maior, e todos possuem características diferentes, físicas ou intelectuais. Ao situar a história no ponto de vista destes “monstros”, a percepção dos leitores com relação a eles acaba mudando. Especialmente quando a impressão é de que os humanos são os vilões.

O roteiro também fica a cargo de Christophe Arleston, criador da série, então todos os elementos centrais da mitologia são respeitados, explorados e expandidos da primeira à última página. Enquanto na história principal existe um sentido de coesão, aqui o escritor se dá ao luxo de surtar muito mais, brincando das mais variadas formas com todo tipo de situação nonsense imaginável, criando resoluções mais loucas possíveis para todo tipo de problema. Ao lidar com o choque cultural de uma humana ter sido criada no meio dos trolls, surgem as diversas piadas estilo peixe fora d’água, e somado a isso, outros personagens como o meio-troll Prophi e outra garota humana surgem no decorrer das páginas, encorpando a aventura.

A arte de Jean-Louis Mourier é bela, bem detalhada, porém simples e não muito expressiva, algo que se opõe ao estilo de Didier Tarquin, o co-criador da primeira série desta franquia, artista de Lanfeust. As cores de Claude Guth deixam os quadros com um aspecto de pintura, combinando com o tipo de história contada e também com o estilo de desenho de Mourier, e há todo um cuidado em demonstrar que esta aventura realmente se passa dois séculos antes do que os leitores presenciaram na outra série. As cidades possuem detalhes diferentes, parecendo menores e com aspecto de expansão, e até mesmo a fauna e flora parecem um pouco diferentes. Mas é claro que os grandes puntauros ainda existem.

Além do convívio em sociedade e dos maneirismos dos trolls, este trio de autores responsável por estas aventuras também explora (mesmo que de uma forma galhofa) o pensamento dos trolls, como sonhos (ou pesadelos), ideais de vida e tratamentos de respeito, afeição ou ódio. Tetram ter adotado uma humana (que age como uma troll o tempo todo) demonstra um lado completamente inesperado deste terríveis monstros. Mesmo que a motivação para a adoção seja bem peculiar

A forma como a editora Marsupial vem tratando a franquia mantém-se neste álbum, compilando duas aventuras originais de cerca de 45 páginas cada em um único volume, tornando a leitura muito mais proveitosa. Esta série é bem mais extensa que todas as outras, já que atualmente são 22 volumes publicados no exterior. Seguindo o formato brasileiro, em 11 volumes alcançaremos os franceses. Não é tão difícil…

Para todos que gostaram de Lanfeust, ou para quem busca uma aventura verdadeiramente divertida situada num universo rico e bem explorado por seus criadores, Trolls de Troy é uma ótima pedida. Um dos quadrinhos-destaque de 2016, toda a franquia merece o ótimo tratamento que vem recebendo no Brasil através do selo Jupati Books, sem cometer deslizes editorais, e com um ótimo acabamento gráfico. E segue viva a expectativa de que a editora publique outros materiais relacionados.

Trolls de Troy – Volume 1: Histórias Trolladas possui 96 páginas encadernadas em capa cartão e valor de capa sugerido de R$ 42,00Compre ou um troll malvado irá devorar você e toda sua família.

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Lanfeust de Troy: O Marfim de Magohamoth

Um dos grandes sucessos dos quadrinhos franco-belgas, Lanfeust de Troy chegou ao Brasil em definitivo no ano de 2015 graças a Jupati Books, selo de quadrinhos da Marsupial Editora. Unindo elementos de grandes obras de fantasia medieval, com muita magia e criaturas estranhas, a obra entrega altas doses de diversão, com uma história criativa de excelentíssima qualidade narrada através de uma arte belíssima.


Troy é um mundo fascinante, onde a magia faz parte do cotidiano de todos. Neste universo, todas as pessoas possuem um tipo de poder, de grande ou baixa utilidade. Os poderes variam muito, desde transformar água em gelo até o poder de gerar coceiras, e todos são mantidos localmente através das vilas graças ao poder dos magos anciãos, Sábios de Eckmul, que possibilitam que as pessoas utilizem seus dons mágicos através da canalização das energias.

O protagonista da série, Lanfeust, possui o dom mágico de fundir metais com sua visão, e graças a este dom ele trabalha como ferreiro. Um dia, um guerreiro chamado Cavaleiro Ourazul chega à Aldeia Glinin, onde Lanfeust habita, para reparar sua espada danificada na batalha contra um troll. Ao entrar em contato com a empunhadura da espada, feita de marfim, Lanfeust misteriosamente consegue utilizar todas as magias existentes. A partir deste ponto começa a jornada dos heróis desta aventura para desvendarem o mistério do chamado “Marfim de Magohamoth“, criatura misteriosa e desaparecida cuja força psíquica criou o campo de magia sob Troy, da qual os Sábios funcionam como condutores.

A premissa desta aventura soa como uma junção de aspectos conhecidos por fãs de fantasia medieval e RPG. Toda a aventura é desenrolada através de um núcleo de personagens composto por Lanfeust, pelo mago de Glinin, Nicoledes, e suas duas filhas: Cixi e C’ian. Juntos eles partem para a cidade de Eckmul, onde os três grandes sábios residem, com o objetivo de esclarecer as dúvidas acerca deste poder misterioso. No caminho, outros personagens retornam, e até mesmo um troll (criatura horrenda e devoradora de seres vivos) chamado Hebus, une-se ao grupo. Através de um encanto psíquico, obviamente. Não fosse o caso, ele devoraria a todos.

O roteirista Christophe Arleston trabalha muito bem a relação entre os personagens e explora as características e maneirismos de cada um deles, fazendo com que o leitor crie uma empatia com todos por motivos diversos. Cixi, que possui o poder de transformar água em gelo ou vapor, é uma jovem atirada que “só pensa naquilo“, enquanto C’ian, que pode curar pessoas a noite, é uma típica garota recatada e prometida de Lanfeust. Hebus, com seu jeito animalesco porém educado (quando controlado) é o alívio cômico violento, e Nicoledes funciona como o mentor desta equipe. Com muitos encontros com animais estranhos, ação, ótimas sacadas de texto e reviravoltas constantes, esta viagem torna-se algo extremamento prazeroso de se acompanhar.

A arte fica a cargo de Didier Tarquin, dono de um traço detalhista e muito expressivo, que ao mesmo tempo é bastante caricato. Tarquin capricha em todos os quadros, preenchendo cada milímetro do cenário com pequenos itens que acrescentam bastante principalmente à flora e fauna deste universo, algo que desperta a curiosidade do leitor devido aos designs completamente estranhos aos nossos olhos. As cores de Matteo Livi são vibrantes e alguns efeitos, aplicados por outros dois coloristas, tornam a belíssima arte do artista principal ainda mais bonita.

Ao longo da jornada também são apresentados elementos-chave da história, como o antagonista e pirata Thanos, que possui um poder similar ao do herói, e outras formas de magia, algumas delas tidas como superstições. Um exemplo é a capacidade de ler o futuro através das entranhas de animais recém eviscerados. Não bastassem as novidades, os autores também fazem questão de mostrar as diferentes maneiras de se utilizar as magias, de forma criativa e inusitada para cada uma delas. Nas mãos de uma pessoa com melhor visão das circunstâncias, até mesmo o poder mais banal pode ser utilizado de forma útil.

A editora Marsupial teve a boa iniciativa de compilar dois álbuns originais (de cerca de 45 páginas cada) em uma única edição, tornando a leitura mais proveitosa. A série possui oito álbuns publicados no exterior, porém o sucesso foi tão estrondoso que surgiram diversos spin-offs situados neste universo, alguns deles com outros personagens ou situados em outros momentos cronológicos. Um destes spin-offs, Trolls de Troy, foi trazido ao Brasil em 2016 pela editora.

Uma ótima pedida para fãs do gênero, com momentos memoráveis, muitas criaturas bizarras (dragões inclusos) e piadas sexuais e escatológicas, Lanfeust de Troy faz jus a sua fama. Em 2017 os leitores brasileiros devem poder conferir outros dois álbuns que serão publicados na edição seguinte, chamada Castelo Ourazul. E fica a esperança de que o selo Jupati Books (que aliás, merece os parabéns por não cometer nenhum deslize editorial nesta publicação) continue a publicar a série até o fim, saciando a vontade dos fãs que anseiam por boas histórias em quadrinhos fantásticas. E quem sabe no futuro outras obras relacionadas a série sejam lançadas por aqui. Ouvi dizer que existe até mesmo uma Enciclopédia do Mundo de Troy

Lanfeust de Troy – Volume 1: O Marfim de Magohamoth possui 96 páginas encadernadas em capa cartão e valor de capa sugerido de R$ 42,00. Meu poder mágico é o de convencer as pessoas a comprarem.