A DC Comics divulgou uma nova prévia de Strange Adventures. Escrita por Tom King, ilustrada por Mitch Gerads e Doc Shaner, a minissérie examinará o personagem Adam Strange.
Criado em 1958 por Julius Schwartz e Murphy Anderson, o personagem é, para King, como Tarzan e Flash Gordon: “Homens estólidos queixudos prosperadores em terras estrangeiras. É uma metáfora para o sonho colonialista europeu do século XIX. Entretanto, obviamente, colonialismo não era como esse sonho e o meu interesse é o contraste: A grande disparidade entre mito e realidade.”
“Eu queria contar duas histórias simultaneamente: As contadas por nós mesmos e as contadas pelos outros. A fim de representar tais aspectos, nós utilizamos os dois maiores artistas de quadrinhos, depois, unimos as duas narrativas. É uma forma de fazer algo novo, diferente, legal e convincente, eu espero.”
“É uma história estranha, lindamente ambiciosa e chocante conforme o desenrolar do nosso mistério espacial.” – disse Gerads
“Acho que estamos fazendo algo especial…mesmo com a parte do Mitch sendo ok.” – acrescentou Shaner
Strange Adventures será composta por 12 edições e a primeira edição será publicada em março de 2020. A fim de saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, mantenha-se ligado na Torre de Vigilância.
Por alguma razão, existe uma certa tendência nos quadrinhos em reinventar personagens desconhecidos através de roteiristas renomados. O primeiro exemplo vindo a mente, é o run de Grant Morrison pelo Homem-Animal. O roteirista não apenas humanizou Buddy Baker em um nível extraordinário, mas também quebrou muitos padrões ao longo de 26 edições, se consagrando como uma das fases mais amadas de todas. Não seria errado constatar que o Senhor Milagre passou por uma situação semelhante recentemente.
Apesar de Jack Kirby ser o rei e o Quarto Mundo ser considerado uma grande obra, a nova minissérie por Tom King e Mitch Gerads parece ter levado o Novo Deus a outro patamar em termos de popularidade, passando por inúmeras reimpressões durante sua publicação. Os elogios são corriqueiros, tais quais postagens com a icônica frase Darkseid is. Todos esses fatores provavelmente explicam o porquê de Senhor Milagre ter sido vencedor do Eisner 2019, mas o que realmente faz do gibi, esse clássico moderno?
SPOILERS! MUITOS SPOILERS A SEGUIR!
Um gibi triste, mas muito além disso.
Há alguns meses, em entrevista ao Comicbook, Tom King declarou que escreve personagens tristes. Mas isso não significa levar o leitor a tristeza absoluta. King odeia como algumas obras exploram trauma constantemente, a cada página. De acordo com o escritor, o trauma é inconstante, em alguns momentos, é possível lidá-lo, em outros, não. É algo sempre presente no subconsciente, nunca no consciente.
Através dessa filosofia, ele constrói e desconstrói Scott Free do início ao fim, inconstante. Humanos são complicados. Deuses, ainda mais. O que o roteiro faz é questionar como o conhecimento exclusivo do ódio, da violência e da dor na infância, afetaria um homem em sua fase adulta? A trama de Senhor Milagre tem início com a tentativa de suicídio do próprio, mas no decorrer das edições, o leitor tem suas emoções testadas como uma montanha-russa, caminhando entre momentos de felicidade e tristeza profunda.
Dito isso, a quarta edição talvez seja o melhor exemplo desse artifício. Quando Órion vai à casa de Scott para julgá-lo e talvez condená-lo à morte, o cenário casual, a chegada de uma encomenda, elementos mundanos, contrastam com a tensão do julgamento, o qual oferece uma das melhores sequências de todos os tempos. O jogo de palavras de King é genial, eficiente e provocativo, limitando o protagonista a dizer verdadeiro ou falso enquanto os questionamentos transitam do político para o existencial. Isso ajuda não apenas a avançar com a narrativa, mas entender o misto de sensações ruins em Scott nesta cena.
Ao dizer: “Meu nome não é Scott, eu não sei qual é o nome. Meu pai nem mesmo se importou em me dar um nome.”, o coração do leitor, ao lado do personagem, pesa. O sentimento de tristeza é mútuo e ao atingir o brilhante fim do capítulo caracterizado por um surto total, o leitor está lá, assim como Barda, para confortá-lo. Sem explicações sobre backstory, apenas através de um julgamento, a HQ diz mais sobre ódio e raiva do que mil palavras jamais poderiam.
Não apenas através de brilhantes diálogos, Senhor Milagre foi reescrito diversas vezes visando uma conexão perfeita com arte de Mitch Gerads. Definitivamente, funcionou. Gerads é tão autor quanto King aqui, a forma como os rostos realistas, a sujeira, convivem lado a lado com elementos psicodélicos e as cores vibrantes da obra original de Kirby, é simplesmente brilhante.
Além de trazer um pouco de absurdo a realidade e vice-versa, ele utiliza um excelente recurso narrativo através de interferências de sinal de uma TV, expondo o estado desconcertante dos personagens e brincando com a sensação de realidade e ilusão, muito bem explorada na obra. Os traços também se destacam quando o artista emula cenas de ação em planos-sequência, trazendo uma enorme fluidez para a leitura.
Longa Vida ao Rei
Senhor Milagre não apenas mantém os visuais clássicos, mas também presta diversas homenagens a Jack Kirby. Seja através dos textos introdutórios das primeiras edições de Mister Miracle (1971), que estão presentes em cada edição da minissérie, adquirindo novos contextos, ou referências visuais, como o nome do autor na Calçada da Fama, abaixo das mãos do protagonista.
King também resgata diversos conceitos criados por Kirby e alguns deles, servem a um propósito real da narrativa. Aliás, o roteirista relembra a profecia de que Órion é o único capaz de vencer Darkseid, mas a utiliza de maneira inconvencional e extremamente criativa, tornando o meio para chegar ao fim, não apenas surpreendente, mas coerente com o que é estabelecido tanto no passado quanto no presente.
Mas a maior homenagem provavelmente reside no fato de que o filho do casal Scott e Barda é nomeado de Jacó. Apesar do roteiro justificar a nomeação através de uma história de vida simbolizando o desconhecido e a esperança, fica clara e explícita a homenagem. Principalmente, quando o chamam de Jack: O Rei. Entretanto, como dito anteriormente, há uma explicação dada durante a narrativa e sinceramente, traduz perfeitamente as intenções de King ao declarar que não é uma história exclusivamente com momentos tristes. Como dito anteriormente, há uma inconstância.
Pois bem, o ódio, a dor e a tristeza já foram abordadas acima, pois o melhor é sempre deixado para o final. O amor, o carinho e a felicidade em Senhor Milagre estão concentrados em Jacó, pois ele não é apenas o fruto do amor entre Scott e Barda, ele é a chance de ser o que Scott não conseguiu: Feliz. Ele pode crescer fora de tudo isso, os acordos de paz, a guerra, a Anti-Vida, ele é a esperança de melhora.
Antes de nomeá-lo, na sétima edição, Barda fala sobre o quão bem faz pensar, durante a gravidez, sobre coisas confortantes e a personagem fala sobre a Escada de Jacó. Ela jamais conseguiria ver o topo da escada, mas sabia que lá, estava o desconhecido, o inimaginável, algo além da miséria, da crueldade, de Darkseid. Mas nada é tão fácil. O roteiro cria uma analogia com o Pacto feito entre Pai Celestial e Darkseid e esse é o momento em que Scott pode escapar, através do amor pelo seu filho, pela sua esposa, esquecer as tramas enormes as quais o cercam. Ele pode finalmente ver o rosto de Deus.
“Este é o Rosto de Deus”
Enquanto redijo este artigo, acabo de finalizar a minha quarta leitura da obra e a experiência foi, certamente, interessante. Porque novas interpretações, novos pensamentos, os quais precisava imediatamente registrá-los, sobre o Rosto de Deus, mencionado constantemente durante a história, vieram. Durante as minhas três primeiras leituras, concluí que era uma homenagem a Jack Kirby, mas não era apenas isso. Há algumas semanas, tinha escrito um parágrafo inteiro sobre isso, mas o modifiquei, pois cheguei a uma nova conclusão.
Durante a quinta edição, Free reflete sobre a famosa frase de Rene Descartes: “Penso, logo, existo.”e sobre o fato de que Deus é melhor que todas as coisas. Se é melhor ser bom, Deus é bom, se é melhor existir, Deus existe, assim como nós existimos. Em Genêsis (1: 27), é dito: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”Logo, concluí-se que o enigmático rosto, nada mais é, do que nós mesmos. O que faz sentido, pois o Mestre Escapista é um deus e existe naquele mundo. Quando ele encontra o que há de melhor em sua vida, olha para si, de maneira metafórica, ele tem a chance de retornar para a cronologia sem sentido do Universo DC, ou permanecer morto, nesse mundo perfeito, nem mesmo o céu ou o inferno, apenas este Quarto Mundo.
Outra pergunta sempre intrigante para mim era: “O que aconteceu aos outros três mundos?” Sabe-se que os Deuses antigos tem sua essência retornada para a Fonte, mas King traz uma certa poesia para responder isso: O primeiro, é de onde nossos pais vieram, o segundo, quando nascemos, o terceiro, quando crescemos e o quarto, é a nossa imaginação, o anseio de escapar do que não podemos: A realidade.
Senhor Milagre por Tom King e Mitch Gerads é uma obra inesquecível. A dupla consegue homenagear o trabalho de Jack Kirby com bastante sutileza, ao mesmo tempo em que traz ainda mais profundidade ao Novo Deus mais icônico. Ora, cruel, ora, bem humorado, mas intrigante, criativo, emocionante e extremamente humano do início ao fim. Por todos esses e inúmeros outros fatores, é o novíssimo clássico moderno da DC Comics.
Ao fim da primeira edição de SenhorMilagre, descobrimos que o PaiCelestial está morto e que Scott e Barda estão a caminho da batalha que decidirá o destino de NovaGenesis. Hoje foi divulgada pela DCComics a prévia da segunda edição da minissérie. Confira:
“Da equipe por trás de O Xerife da Babilônia e do escritor indicado ao Hugo Award por Visão , chega um novo olhar sobre um dos Novos Deuses mais queridos. Scott Free é o melhor mestre de fuga que já viveu. É ótimo ele ter fugido do orfanato da Vovó Bondade e dos perigos de Apokolips para viajar pela galáxia e viver uma vida tranquila na Terra com sua esposa, uma das fúrias conhecida como Grande Barda. Usando seu alter ego, Senhor Milagre, ele tem feito sua carreira mostrando suas habilidades acrobáticas de fuga. Ele até chamou a atenção da Liga da Justiça. Você pode dizer que Scott Free tem tudo, então por que isso não é o suficiente? O Senhor Milagre já escapou de diversas armadilhas exceto uma: a morte. Será possível? O nosso herói terá que se matar para descobrir.”
A atual fase da DC, Renascimento, já está em publicação no Brasil pela editora Panini. Para mais informações, mantenha-se ligado na Torre de Vigilância.
Conforme anunciado mês passado, o Senhor Milagre, personagem criado por Jack Kirby, ganhará uma reformulação pelo roteirista Tom King. Em seu Twitter, King compartilhou uma pequena prévia da HQ mostrando a arte interna de Mitch Gerads. O quadrinho do personagem será lançado em agosto e promete ser um dos grandes lançamentos do ano. Confira:
“Da equipe por trás de O Xerife da Babilônia e do escritor indicado ao Hugo Award por Visão , chega um novo olhar sobre um dos Novos Deuses mais queridos. Scott Free é o melhor mestre de fuga que já viveu. É ótimo ele ter fugido do orfanato da Vovó Bondade e dos perigos de Apokolips para viajar pela galáxia e viver uma vida tranquila na Terra com sua esposa, uma das fúrias conhecida como Grande Barda. Usando seu alter ego, Senhor Milagre, ele tem feito sua carreira mostrando suas habilidades acrobáticas de fuga. Ele até chamou a atenção da Liga da Justiça. Você pode dizer que Scott Free tem tudo, então por que isso não é o suficiente? O Senhor Milagre já escapou de diversas armadilhas exceto uma: a morte. Será possível? O nosso herói terá que se matar para descobrir.”
A atual fase da DC, Renascimento, já está em publicação no Brasil pela editora Panini. Para mais informações, mantenha-se ligado na Torre de Vigilância.
A Panini Comics publicará a aclamada série de Tom King e Mitch Gerads: O Xerife da Babilônia. O quadrinho é inspirado pelas experiências vividas por King na CIA. Confira a prévia da publicação:
“Bagdá, 2003. O reinado de Saddam Hussein acabou.
Os americanos estão no comando agora. E ninguém está no controle.
O ex-policial e agora prestador de serviço contratado pelos militares Christopher Henry sabe disso melhor do que ninguém. Ele está no país para treinar a nova força policial iraquiana, e um de seus recrutas foi assassinado. Com a autoridade civil em frangalhos e corpos entulhando as ruas, Chris é a única pessoa realmente interessada em descobrir o culpado pelo crime – e a motivação por trás do ato.
A investigação o leva primeiro a Sofia, iraquiana criada nos Estados Unidos que agora ocupa uma cadeira no conselho de governo, e então a Nassir, um grisalho veterano da força policial de Saddam – e, muito provavelmente, o último investigador de verdade que resta em Bagdá.
Unidos pela morte, mas divididos por lealdades conflitantes, os três precisam ajudar um ao outro no traiçoeiro cenário pós-invasão do Iraque para encontrar quem cometeu o crime. Mas o que os motiva é justiça ou algum outro interesse oculto? Série indicada para os órfãos de ESCALPO!
Inspirado pelas experiências reais que teve como agente da CIA alocado no Iraque, TOM KING (Batman) junta-se a MITH GERARDS (Justiceiro) para produzir este thriller único.”
O quadrinho será distribuído em bancas e comic-shops. A publicação compila as edições 1 à 6 em 164 páginas. Capa cartão, lombada quadrada, papel LWC, formato 17×26, ao preço de R$24,90.