E chegou ao final a trajetória de Jane Foster, empunhando o Mjolnir e se aventurando como a Poderosa Thor. O gran finale foi publicado em Mighty Thor #706, lançado recentemente nos Estados Unidos, e com a HQ, se encerra uma das fases mais queridas por diversos leitores ao redor do mundo. Para você que quer saber como tudo começou clique AQUI.
Jane Foster sempre teve uma vida corrida e sofrida. A sua mãe morreu quando ela era ainda muito jovem. O seu pai trabalhou a vida inteira para lhe garantir um grande futuro, onde ela veio se tornar enfermeira e logo depois médica. Depois das idas e vindas ao relacionamento com Thor, ela se casou com o médico Dr. Keith Kincaid, com quem teve um filho chamado James. Mas depois de um desentendimento com Kincaid, ela pediu o divórcio e perdeu a custódia do filho.
Foi na época em que Thor enfrentava Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que Jane tomou outro golpe pesado da vida: ela descobre que estava com um câncer de mama em um estágio bem avançado. O então, Deus do Trovão, queria levá-la para Asgard e tratar a doença com magia, mas Jane Foster recusou. Alegando que toda magia tem seu preço, e sendo uma mulher da ciência, ela preferia tratar em Midgard. Logo após ela assumiu o papel de parlamentar no Congresso dos Mundos, onde representava a Terra.
O roteirista Jason Aaron trouxe uma humanidade incomum que não se encontra normalmente em alguns personagens em quadrinhos. Que despertou a simpatia dos leitores pela saga da Poderosa Thor. É complicado e difícil você simplesmente trocar um personagem como Odinson e implantar outro no lugar. Ao longo dos anos diversos quadrinhos fizeram isso, e ainda fazem. Muitos dos pretextos das editoras são “para conservar o personagem”, mas muitas vezes é somente para alavancar o título com uma nova visão. Seja lá o que for, Aaron acertou em cheio, utilizando de clichês como identidade secreta. Algo que não é muito usado, salvo por alguns personagens, na Marvel Comics.
Uma das coisas mais legais das histórias, foi utilizar “argumentos” de alguns leitores logo no começo da carreira da jovem médica na vida de heroína. Na quinta edição, em uma briga contra o Homem-Absorvente, o vilão fala que não deveria chama-la de Thor. Pelo fato do original ser um “homem”. Falando até que se ela quiser ser uma super-heroína que arrume o próprio nome. E não pegue de ninguém. Além de fazer uma alusão ao feminismo. Bem, o resultado é um soco bem dado da Thor no “poderoso” vilão.
Quando se troca um personagem do quilate do Thor, sempre há de existir a reclamação. Agora, imagina se troca por uma mulher? A enxurrada de criticas no início foram fortes. Mas Jason Aaron segurou a marimba, juntamente com a Marvel, e prosseguiu. E sem beber muito da água de diferença de gêneros, feminismo ou coisas do tipo.
E acabou que Jane Foster se tornou uma das mais queridas. A trajetória dela como Thor é fantástica e pode-se levar para nossas vidas pessoais como exemplo de perseverança. Jane sofria de um câncer em um estado avançado. Por várias vezes vemos (e sentimos) o sofrimento da quimioterapia faz nas pessoas. O procedimento é doloroso, pois a química implantada nele busca destruir as células cancerígenas. Mas, em contra partida, arrasam a saúde do enfermo. Quando porta o martelo, Jane Foster, elimina todo esse veneno do seu corpo, mas a magia do martelo não é capaz de eliminar o câncer.
O ato de se transformar para Jane Foster é uma lufada de bons ventos em meio à tempestade da doença. É quando ela se sente útil. Forte. Determinada. Fazendo uma comparação “pobre”, é como aquela pessoa que está enfermo (seja lá com qual doença for) e recebe uma visita querida, ou então consegue dar um passeio para um lugar diferente de sua rotina no hospital ou que simplesmente recebe uma nova perspectiva de vida para o que enfrenta.
A Jane Foster que foi apresentada por Jason Aaron, nada mais é do que uma pessoa comum. Ela tinha o problema da doença, nas suas transformações era como levantar do leito e correr em verdes pastos, mas sabendo que voltaria a enfrentar o seu destino. Ela sabia da dádiva que tinha, e que não era para todas as pessoas que sofrem da mesma forma. Sabendo disso, ela procurava fazer o melhor para essas pessoas também. Existe uma passagem muito bonita na edição #8, quando ela narra a sua rotina e fala de uma amiga, que ela a leva para pescar, e no dia seguinte se assegura para que não chovesse no seu funeral.
Esses fatos é uma retomada na humanidade do mito Thor. Odinson, só veio se apegar aos humanos, após ser forçado a viver entre eles. Com Jane Foster foi diferente. Ela já tem esse lado humano mais aflorado. Por ser natural da Terra, ser médica, ela conhece as mazelas da vida. E muitas vezes se revoltam contra os Deuses que insistem em suas causas pequenas e muitas vezes mesquinhas, enquanto milhares de humanos simplesmente se ajoelham e depositam sua fé em orações que são ignoradas.
Seria totalmente injusto colocar todos os créditos do sucesso de Poderosa Thor somente em Jason Aaron. O desenhista Russel Dauterman fez um belíssimo trabalho. Com seus traços, detalhes nas páginas e diagramações. Juntamente com Matthew Wilson, o colorista, com belas paletas deram outro astral e vida as publicações. Repare os quadros em que Jane está na Quimioterapia, as cores são quase opacas, sem vidas. E quando está como Thor, principalmente logo após da transformação, as cores ficam mais alegres, um tanto quanto que vivas.
Depois dos fatos de Mighty Thor #706, a Jane Foster vai ter uma nova jornada, não sabemos se um dia ela voltará a empunhar o Martelo. Apesar de Jason Aaron continuar escrevendo para a série, nada é certo.
Jane Foster sempre foi uma figura recorrente na Marvel Comics, apesar de muitas vezes, ficar no segundo escalão das personagens que compõe o relacionamento com o herói principal. Ela por exemplo, nunca teve (até então) um destaque ou a popularidade de uma Mary Jane. Os filmes do Thor, com Natalie Portman no papel, ajudaram a levantar uma popularidade e torná-la mais conhecida para o grande público.
A caminhada da Jane Foster como a Poderosa Thor, foi mais do que uma fase. Foi um alento ler e acompanhar todas as batalhas da personagem como heroína e como mulher. Fica a esperança de que as pessoas tenham absorvido tudo de bom e positivo dela. E em meio de tantos atos humanitários. Com a poesia da transição da humana para deusa. Com o sacrifício peculiar, o fardo pesado e a sua história sofrida e forte desde que foi criada. Não tem como não amar Jane Foster.