A cada ano os filmes de Natal se tornam mais populares e os streamings apostam cada vez mais nesse gênero, além de passarem a chamar mais a atenção e interesse dos espectadores. Dentre eles, existem diversas vertentes que os filmes que abordam ou se passam nesse feriado apresentam, como comédias românticas, fantasia, aventura e animação. Neste ano, o longa Um Menino Chamado Natal foi um dos vários lançamentos que chegaram no mês de dezembro no catálogo da Netflix. No enredo, acompanhamos o jovem menino Nikolas partir em uma aventura para encontrar a Vila dos Duendes, a fim de levar esperança a todos e encontrar seu pai. Durante essa jornada ele faz amigos e tenta ensinar a todos o real significado de generosidade.
A produção é dirigida por Gil Kenan (A Casa Monstro, Poltergeist – O Fenômeno 2015) e possui um elenco rico em sua variedade, trazendo muitos rostos conhecidos, como Maggie Smith (saga Harry Potter, Downton Abbey), Kristen Wiig (Mulher–Maravilha 1984), Michiel Huisman (Game of Thrones), Jim Broadbent (saga Harry Potter) e Sally Hawkins (A Forma da Água). Diga-se de passagem que a escolha da atriz Maggie Smith como também narradora do longa foi uma ótima escolha.
O filme funciona como uma história dentro de outra, o que o faz parecer literalmente como um livro infantil, no qual a tia das crianças conta a elas e ao espectador. E a direção nesse quesito se mostra um dos maiores pontos positivos, pois é feita de forma dinâmica, seja com jogos de sombras ou outros. O modo como o cenário do tempo atual se une ao da história que está sendo contada é feito de forma maestral e bastante criativa, destacando-se em um âmbito que muitos longas não conseguem: a narração de histórias. Assim, acompanhamos a jornada de Nikolas, que se mostra cheia de surpresas, risadas e ensinamentos, como todo bom filme de Natal. Além disso, a trama do presente conversa, de forma sutil, com a do passado, que é o luto que as crianças lidam ao perder a mãe. Fica claro que todos os elementos do Natal se fazem evidentes ali, sobretudo os sentimentos mais complexos como esperança, luto, a ternura que as crianças podem passar aos adultos e também o medo. Cada particularidade tratada de forma sensível e apta para todas as idades.
A fotografia e os cenários são o ponto mais alto e de destaque do longa-metragem, com locações de tirar o fôlego e frames que parecem sair de lugares mágicos. A propósito, foram tantas cenas com fotografias lindas que quis colocar aqui, mas que só possuem o mesmo efeito se assistidas no filme. Mesmo assim, florestas cobertas de neve, auroras boreais e céus estrelados são um pouco do que a obra apresenta em sua riquíssima fotografia e iluminação.
As caracterizações dos personagens condizem bem com a época no que tange à história de Nikolas, que parece se passar na Era Medieval, e o trabalho de maquiagem da produção também se torna um destaque, tal como o figurino. Isso se vê igualmente nas vestimentas dos Duendes, que não se prendem ao clássico vermelho e verde, mas apostam em roupas coloridas e alegres, demonstrando suas próprias tradições e costumes, fato também visto na maravilhosa animação Klaus, disponível e original Netflix.
No entanto, a falta de carisma e expressões faciais do protagonista se mostra um ponto negativo, ainda que não afete o enredo no geral. Apesar do ator mirim interpretar todo o altruísmo do espírito do Natal, ele não parece se encaixar bem no papel, e sua atuação muitas vezes parece apática. Outro tópico negativo do longa é a sua ousadia no CGI, que em seu primeiro ato se mostra bem feito, mas que decai paulatinamente e se arrisca demais em efeitos especiais desnecessários. Exemplo disso é a pequena fada que Nikolas conhece na Vila dos Duendes, ela mais parece o rosto de uma mulher adulta em um corpo de criança graças a desproporcionalidade do CGI, e em qualquer movimento que a personagem fazia era uma experiência estranha de assistir, que mais faz você se perguntar o que foi feito ali todas as vezes que ela está em cena.
Um Menino Chamado Natal é um filme doce, repleto de sentimentos de alegria e esperança do Natal. Assistir a aventura do jovem Nikolas nos diverte e retoma a alegria das festas de fim de ano e a magia do Natal que assistimos em outros longas na infância. Pode não ser uma obra que irá se tornar clássica do gênero, mas com certeza merece estar na lista de maratona para entrar no clima natalino.
Nota: 4/5 – Ouro