Empolgados para a estreia da série Sandman? Essa semana foi revelado que neste sábado, 25 de setembro, ao vivo às 12:50 no canal do youtube da Netflix Brasil, será divulgado o primeiro teaser da série no evento Tudum: Um evento mundial para fãs da Netlix, que já está em contagem regressiva e recheada de novidades. E para aguardar esse teaser e aumentar ainda mais as expectativas para essa tão aguardada série, que tal conhecer um pouco mais desse universo fantástico de Neil Gaiman? Saiba aqui por onde começar sua leitura e quem são os Perpétuos!
A série ainda nem foi lançada e já é sucesso de críticas e elogios, e está dividindo os fãs já na escolha dos elenco, que diga- se passagem, teve uma escolha excepcional e me gerou grandes e positivas expectativas.
Vamos começar do início, nos primórdios haviam entidades que chegaram antes mesmo dos seres humanos e esses seres eram denominados Perpétuos, que ao todo eram 7 e eles eram irmãos. Todos eles representam algo que compõe nossa humanidade e vida na Terra. Todos os perpétuos possuem seu próprio reino e símbolo, que são artefatos usados para invocar uns aos outros quando necessário.
Morpheus, senhor do Sonhar. Todos que estão vivos sonham e em algum momento irão passear pelos seus reinos. Os sonhos movem a humanidade e sem sonhos nossas vidas não seriam as mesmas e essa analogia é descrita de forma muito singular quando por um período de 70 anos a humanidade perde a capacidade de sonhar após o aprisionamento do senhor do reino dos sonhos no arco Prelúdios e Noturnos. Morpheus, dentro de toda sua sabedoria e seriedade, já foi também imaturo e indiferente a vida da humanidade, mas seu período no aprisionamento o fez ter uma grande compressão e empatia sobre a vida dos mortais.
Morte, a mais velha entre os irmãos depois de Destino, a única que esteve presente na nossa chegada e a única que estará presente para fechar as portas quando nós nos formos finalmente no fim dos tempos. Morte é a Perpétua que demonstra mais humanidade e simpatia, mas nem sempre foi assim, esse dom foi aperfeiçoado após tomar a decisão de passar um dia na Terra como uma mortal a cada cem anos para conhecer e entender esse seres que ao mesmo tempo são tão frágeis e tão complexos.
Destino, o irmão mais velho. Quando a humanidade surgiu seus destinos foram traçados, assim nasceu o Destino. Descrito como um homem cego, trajado de um manto e sempre com um livro nas mãos, o livro do destino está acorrentado à ele por toda a eternidade, nele contém todos os segredos do passado, presente e futuro. Destino é o irmão mais sério e dedicado aos seus deveres.
Desejo, em alguns momentos representado com aparência de uma mulher, outras com a aparência de um homem andrógeno, pois o desejo não tem gênero, todos desejam alguém ou alguma coisa, ele representa o desejo e a ambição do ser humano. Desejo é egocêntrico, e foi o grande responsável por manipular ações que levaram ao aprisionamento de Morpheus em Prelúdios e Noturnos, sua arrogância e seus joguinhos foram responsáveis por muita dor e sofrimento, apenas para o seu desejo de satisfazer as peças que pregava contra o irmão Morpheus.
Desespero, uma mulher de aparência horripilante, baixinha e nua, seu símbolo é um anel em formato de gancho que usa para fazer cortes na própria pele. Desespero vê refletido em sua galeria de espelhos o pior do homem, assassinos, pedófilos, abusadores e a insanidade, refletidos em suas faces frias e tristes. Desespero é retratada como gêmea de Desejo, ainda que não possuam nenhuma similaridade física, dado ao fato de que Desejo é uma criatura de beleza indescritível, mas o desejo também é capaz de levar ao sofrimento e desespero.
Destruição, é o perpétuo que quis abandonar suas obrigações e não mais viver em função do que era esperado para ele, ele compreendeu que o nosso mundo é assim e nós, seres humanos, sempre vamos dar um jeito de destruir e nos autodestruir até o final dos tempos, independente das ações do perpétuo que era responsável por causar a destruição para que novos ciclos se iniciassem. Destruição um dia simplesmente foi embora para ter uma vida comum com seu companheiro fiel, o cachorro falante Barnabas. Todos os seus irmãos aceitaram ou foram indiferentes à sua escolha, exceto Delírio, a irmã mais nova e confusa, o que deu origem a uma incrível saga no arco Vidas breves, onde Delírio convence Morpheus a acompanhá – la em busca do irmão.
“Eu gosto de estrelas. Creio que é a ilusão de permanência. Sei que vivem explodindo, esmorecendo e se apagando. Mas daqui posso fazer de conta… Posso fazer de conta que as coisas duram. Que vidas são além de momentos. Deuses vêm e vão. Mortais lampejam, brilham e desvanecem. Mundos não duram; estrelas e galáxias são transitórias, coisas passageiras que cintilam como vagalumes e se desfazem em frio e pó. Mas posso fazer de conta.” Destruição, em Vidas breves.
Delírio, que um dia foi Deleite, é a irmã mais nova. Delírio vive em constante variação, nem mesmo sua sombra se assemelha com a aparência que ela apresenta no momento. Seu estilo é uma tremenda mistura desconexa, cabelos coloridos que hora são compridos e bonitos, hora curtos e desgrenhados, olhos de cores díspares, um verde como esmeralda e outro azul, representando a confusão de sua mente “Quem pode saber o que Delírio vê através de seus olhos desiguais?”. Dentro de suas confusões Delírio tem vários momentos de lucidez e consegue se mostrar mais forte e sábia, ainda que por poucos minutos, nesses momentos seus olhos se tornam iguais como se pudessem vislumbrar a estabilidade por alguns instantes. A jovem é a representação da dor da mudança, em não aceitar a transformação e o crescer. Além de ser uma forte alusão aos transtornos da mente, Delírio se perde em seus devaneios constantemente, esquece o que ia dizer, troca e inventa palavras, demonstra confusão de pensamentos e desconexão com a realidade. Seus balões de fala são sempre coloridos e sua fonte bagunçada. Mas, como Sandman é uma história da evolução dos Perpétuos e os resultados de suas ações no mundo, Delírio também nem sempre foi assim. Vemos claramente no arco Noites sem Fim, que é dedicado a contar individualmente a história de todos os irmãos, nele é possível ver fatos que levaram eles a serem o que são ou motivo de terem buscado mudança, nele na história de Morpheus em uma convenção com os astros no início do universo, vemos pela primeira vez Delírio como uma criança normal, assim como qualquer outra, feliz, curiosa, argumentativa, dois olhos iguais e sem balões diferentes, era puramente uma criança inocente que ainda não tinha assumido a responsabilidade de ser uma das 7 Perpétuas. “Alguns dizem que a grande frustração de Delírio é saber que, apesar de ser mais velha que as estrelas e mais antiga que os deuses, ela continua sendo, eternamente, a mais jovem da família, pois os Perpétuos não medem tempo como nós nem vêem mundos através de olhos mortais.”
Delírio é minha Perpétua preferida, como não compreender a dificuldade em aceitar a perda da nossa inocência e sanidade tão bruscamente para sermos jogados em um mundo tão cruel?
O universo dos quadrinhos de Sandman é extenso e rico. Seu primeiro arco foi publicado entre Janeiro e Agosto de 1989 e a continuação dos demais arcos foi lançada até 1996. Os personagens são muito bem construídos e não apenas em seu núcleo principal, a trama gira em torno de causa e efeito, seus arcos se complementam como uma dança sincronizada e todas as ações resultam em consequências futuras, nada passa despercebido. Isso fica claro logo nas primeiras histórias, Morpheus nem sempre foi sábio, era imaturo, arrogante, e apenas após seus anos aprisionado pela seita da Ordem dos Antigos Mistérios sua visão do mundo mudou. Como Delírio diz em Entes queridos, nossa existência deforma o universo. Isso é responsabilidade.” Essa é uma das muitas formas de retratar passagens de amadurecimento e nos mostrar que mesmo sendo tão poderosos e evoluídos, quase como Deuses, os Perpétuos também tem que arcar com suas responsabilidades aqui na Terra e que suas pegadas também deixarão marcas.
Uma particularidade dessa saga é a forma que aborda situações reais, fazendo duras críticas sociais e ao nosso modo de vida. Neil Gaiman sempre busca retratar em suas histórias mulheres fortes, de grande personalidade, sejam elas humanas ou não (Fadas, Musas e Bruxas da Mitologia), transxesuais, relacionamentos entre personagens lgbt, preconceito, sem contar as inúmeras referências que você pode brincar de listar em todos os arcos como se tivesse dentro de o Jogador N1 ( Livro de Ficção de Ernest Cline ). Em suas histórias Gaiman trás desde personagens históricos à personagens da mitologia, e ainda outras personalidades do Universo DC como Batman, Caçador de Marte e Constantine.
Muitas edições já foram publicadas ao longo dos anos, ao todo são 13 arcos que compõe 75 histórias
- Sandman: Prelúdios e Noturnos (01 a 08)
- Sandman: A Casa de Bonecas (09 a 16)
- Sandman: Terra dos Sonhos (17 a 20)
- Sandman: Estação das Brumas (21 a 28)
- Sandman: Espelhos Distantes (29 a 31 e 50)
- Sandman: Um Jogo de Você (32 a 37)
- Sandman: Convergência (38 a 40)
- Sandman: Vidas Breves (41 a 49)
- Sandman: Fim dos Mundos (51 a 56)
- Sandman: Entes Queridos (57 a 69)
- Sandman: Despertar (70 a 73)
- Sandman: Exílio (74)
- Sandman: A Tempestade (75)
Dê uma olhada em algumas das publicações que sairam aqui no Brasil:
Coleção lançada pela Editora Conrad, 2005
Edição Definitiva, Paninini 2006
Edição Comemorativa 30 anos Panini 2019-2021
Essas são as publicações que eu acho mais bonitas lançadas até agora, mas além delas também foram publicadas no Brasil pela Editora Globo os 13 arcos entre anos 80 e 90 e a Editora Pixel fez sua participação publicando Prelúdios e Noturnos em 2008.
E então? Despertou a curiosidade de conhecer um pouco mais desse universo e maratonar a série de quadrinhos antes de assistir a série de TV da Netflix? Conta pra gente!
Nos vemos no sonhar! Bons sonhos 😉