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E o prêmio de melhor editora de mangás vai para…?

Já dizia o famoso bordão entre aqueles que frequentam a roda de pagode nipônica, “japonês é um povo estranho”; porém o brasileiro também tem as suas peculiaridades. Uma das coisas que mais me impressiona é que gostamos de fazer “TOPs de final de ano“. O que é bem comum, afinal vemos o fim do ano como o término de um ciclo em que tentamos avaliar o que houve de bom e ruim ao decorrer do tempo, e isso é ainda mais forte dentro de uma comunidade tão exigente quanto a “otakada brasileira”, que gosta de avaliar papel, de escolher um lado para dizer “nós somos os melhores”, entre outros clichés da competitividade e do maniqueísmo que está em nossa volta no dia a dia.

Mas então o que falar das nossas amadas editoras, que tanto se esforçam para agradar um público tão meticuloso e cheio de manias, mas que possui uma grande paixão por ler coisas que são escritas da direita para esquerda? sem política por favor

NewPOPnewpoplogoNewPOP, a editora de Junior Fonseca, há algum tempo sofre de algo que poderia ser chamado de “complexo de Narciso” (do mito grego): é uma editora que tem um grande zelo pela estética de suas publicações, mas que peca muito nos detalhes, principalmente nas revisões dos textos de suas publicações e isso nunca é deixado barato pelos leitores. Este ano a editora trouxe um grande leque de obras do Osamu Tezuka, que nunca será mal visto pelo público (afinal Tezuka tem mais clássicos que a Marvel, segundo pesquisas de opinião) e eles publicam várias obras do renomado autor já há algum tempo, e é importante dar valor a isso, visto que ele é simplesmente o Deus dos Mangás.

Além disso, eles tem apostado no mercado de light novels que é bastante ignorado pelas outras editoras, e que também deveria ser valorizado, e as tais light novels (com análise feita por aqui), como Log Horizon, Fate/Zero e continuações de No Game No Life foram bastante elogiadas no decorrer do ano, com publicações recorrentes. A NewPOP trouxe um dos mangás mais polêmicos do ano publicados por aqui, que foi “Helter Skelter“, com resenha já publicada na área do Pagode da Torre.

Podemos dizer que a NewPOP investiu na diversidade. Publicando novels, graphics novels, gêneros de mangás menos consumidos como yaoi, mais Tezukão (torço que para que tragam Black Jack) e conseguiu manter uma regularidade bem modesta de duas publicações mensalmente. Merece seu destaque, tentando superar um momento tão difícil do país.

JBC (ou como chamo, Jei Bi Ci)jbcA editora que tem no seus expoentes as estrelas do bacanudo editor Cassius Medauar e o maníaco por “Os Cavaleiros do Zodíaco” (leia com a voz do narrador da chamada do desenho) Marcelo Del Greco teve um ano digno de tudo que foi 2016. A JBC não teve medo de dar a cara a tapa: ela arriscou novos formatos esse ano, materiais novos, com preço mais altos e pouco comuns ao público que estava acostumado a gastar valores menores para ler e que sempre ficará reclamando dos preços (que se são justos ou não, não cabe a mim julgar). Entre estes novos formatos está o adotado para a publicação de Blame! (com análise feita pelo Pagode), Ghost in the Shell e o Kanzenban de Os Cavaleiros do Zodíaco em capa dura, além do artbook deThe Lost Canvas. A editora também trouxe títulos diferenciados e tem um contato com o público de muito mais fácil acesso (quando não ignora as perguntas nas redes sociais)  do que as concorrentes. Contudo, a editora também leva algumas críticas, principalmente quanto a questão de transparência do papel em publicações, como em “Orange“, e a tal “cor especial” das capas de Fullmetal Alchemist, que deu alguma dor de cabeça aos leitores quando começou a descascar.

O Formato “BIG” que a JBC propôs trouxe obras que há muito haviam caído no limbo por outras editoras. Foi um formato que dividiu opiniões, mas que merece o seu destaque (principalmente se você tiver paciência de esperar as promoções em sites) e que conseguiu trazer obras que agradam gregos e troianos, principalmente do gênero “sci-fi“. Mas o maior destaque ao meu ver é conseguir tornar um hábito trazer mangakás, como por exemplo a vinda de Tsutomu Nihei à CCXP, que com certeza não é uma tarefa fácil, mas que a editora tem conseguido cumprir esse plus com primor nos últimos anos.

Paniniplanet mangáA multinacional italiana, que tem no Brasil o selo Planet Mangás e que possui em suas figuras editoriais a persona da simpática Beth Kodama e do discreto Bruno Zago, teve um ano em que conseguiu trazer muitos clássicos de volta às bancas e conseguiu realmente fazer uma avalanche de publicações ao longo do ano.

Os formatos que a editora adotou, principalmente para as obras Vagabond, One-Punch Man e Ajin, vem sendo aproveitado nos demais lançamentos, especialmente agora no final do ano com os clássicos Slam Dunk e Lobo Solitário, mesmo que estes últimos tenham tido alguns problemas de gráfica que deixaram muita gente com um pé atrás. É fato que a Panini conseguiu juntar qualidade com um preço bem competitivo e de fácil acesso em comparação às outras editoras que trabalham por aqui, mas ainda tem as suas falhas, principalmente com alguns erros de lote, de volumes de mangás que descolam na primeira folheada, entre outros. Apesar disso, também é fato que editora tem tentado resolver tais problemas de produção, ouvindo por exemplo as críticas a “Naruto Gold” que também sofreu dos mesmos problemas.

Talvez por ser uma multinacional com teoricamente muito mais recursos que as suas concorrentes, deveria ser menos difícil tentar trazer mangakás para eventos, tais como a CCXP ou Anime Friends, mas isso é algo que ainda não tem ocorrido por parte da editora, que visa o lançamento de blockbusters. Pode ser por burocracia ou talvez falta de vontade mesmo, já que a editora também tem a sua divisão de comics, e a Panini em grande parte terceiriza a sua mão de obra por aqui, e isso cria uma ponte burocrática mais complicada para buscar essas visitas. Enfim, é uma observação que pode tirar pontos da editora, que com certeza conseguiu o seu destaque este ano, principalmente por ter publicado muito material novo e possibilitado a volta de grandes clássicos.

Mas e a resposta para a pergunta do título?

Creio que a resposta seja NÓS, consumidores, leitores que ganham o maior prêmio com isso, visto que muitos que consomem estes produtos (como no meu caso) vem de uma época em que tudo era incerto, cancelamentos eram feitos sem explicação e em que era necessário encarar um meio-tanko que mais parecia ter sido feito de papel pra secar mão de rodoviária, entre outras complicações do mercado de alguns anos atrás.

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“Mas eu queria ver treta!” Vai ficar querendo…

Está perfeito? Lógico que não está, mas é fato que melhorou bastante. Como dito pelos visitantes japoneses à CCXP, “o mercado brasileiro de mangás está em expansão e já se assemelha ao mercado francês (muito maior) de algum tempo no passado.

E o que esperar do futuro? Bom, sabemos que também em 2017 a DarkSide Books irá entrar nessa briga, tendo anunciado mangás do insano Junji Ito, com um formato que deve ser diferente de tudo que já vimos por aqui. A JBC ainda tem uma carta na manga chamada Akira, e a Panini tem também os seus trunfos, como o mangá do descolado Sakamoto, o retorno de Dr. Slump, entre outros. Já a NewPOP no seu ritmo também vai levando os seus trabalhos e ganhando uma certa assiduidade quanto as publicações, e já anunciou relançamento de alguns itens de seu catálogo, como o clássico Speed Racer. Vale também lembrar que durante o ano a Astral Comics marcou presença nas bancas quase mensalmente, publicando diversos hentais e até mesmo alguns mangás franceses. Ah, eu ia esquecendo a Arrow Ray e a Nova Sampa, mas o que falar dessas duas?



Enfim, que venha 2017 e com isso vários bons mangás, e por mais um ano toda a otakada brasileira sonhará com a vinda de Jojo ou Hokuto no Ken. Até a próxima e um feliz ano novo a todos!

Agradecimentos à galera do “AMA“, “Mangás Brasil“, “O mercado de mangás que deu certo” e do ”Os Consumidores do Mercado de Mangás que Deu Certo“, pela ajuda com a ideia e pelas críticas apontadas.

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Resenha | Ajin #1

O terror, o medo do desconhecido e como isso é refletido numa aparente sociedade bem pacata, mas cheia de preconceitos, sempre foi um tema interessante nos mangás. Se bem trabalhado, pode conseguir um sucesso instantâneo facilmente e, quando esse acontece, vemos o surgimento de um fenômeno em tal seguimento.

Ajin é a mais nova aposta da editora Panini, num gênero que é ainda pouco explorado em terras brasileiras, e esperamos que mais obras do gênero ganhe o destaque que merecem.

A obra com roteiro de Tsuina Miura e com a arte de Gamon Sakurai, é uma obra do gênero seinen, onde o mistério é a palavra chave para o que o ele quer nos apresentar, mas que tem muito potencial e um plus: o anime foi parar no catálogo da Netflix e, apesar do conceito estranho de uma animação 3D, conseguiu angariar o seu público.

SINOPSE

Ajin são seres de aparência humana, mas que possuem uma habilidade bem peculiar: eles não morrem. Dezessete anos atrás, eles apareceram pela primeira vez em um campo de batalha na África. Desde então, mais de sua espécie são descobertos no seio da sociedade humana. Sua raridade na aparência significa que, para fins experimentais, o governo vai recompensar generosamente quem capturar um. Nos dias atuais, para que um aplicado estudante chamado Kei Nagai do ensino médio que espera ter um feriado típico de verão pra um aluno aplicado e um tanto antissocial, a sua vida está prestes a virar algo inesperado…

Nagai
Eis o nosso antissocial protagonista.

A HISTÓRIA

Ajin no seu primeiro volume consegue ser um mangá que sabe alternar muito bem entre o mistério, lançando mais questionamentos do que propriamente respostas no seu inicio, seguindo meio que uma fórmula do gênero, e consegue apresentar muitos elementos de ação, típicas de histórias de fuga, pois é esse o foco inicial como já disse acima; a sociedade ver tudo que não entende com muitos preconceitos, ou como algo negativo, e os Ajins nesse universo ao ponto de serem raros e de certa forma ainda incompreendidos pelos humanos, se tornam alvos de caçadas e da ganância, pois os mesmos não são tratados como serem humanos.

cobaia
Perfeitamente compreensível a fuga…

Os personagens principais da obra são o que o que chamaria de personagens de tons de cinza, que possuem alguns clichês, como o mal encarado diretor de uma agência governamental e sua seguidora, o velho misterioso que sabe o que está acontecendo, o psicótico caçador… Mas tem alguns que despertam nossa simpatia, principalmente Kai, o renegado amigo do Nagai Kei (a criatividade dos nomes… enfim), o único que fica ao seu lado, apesar de não ter motivos apresentados para isso.

Inicialmente não nos é mostrado quem é bom ou quem é mau, evitando muito o maniqueísmo e causando ainda mais mistérios, mas que consegue nos mostrar certa crueldade, quando focam nos personagens secundários e sua ganância, principalmente na caça ao recém descoberto Ajin.

vamos fugir
Vamos fugir!

Outra coisa que chama muita atenção é o traço, utilizando perspectivas de visão que não muito convencionais e que conseguem definir com clareza a situação vivida pelas personagens, e isso é algo muito positivo e poucos mangás conseguem oferecer este impacto. Como estamos falando de uma obra de mistério em que a premissa é não morrer, não poderiam faltar as mortes, com uma violência gráfica explicita, mas que não chega a ser gore, e que enriquece muito com os detalhes.

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O seu amigo da vizinhança, SQN!

A Panini fez um ótimo trabalho com Ajin. A edição é semelhante às de One-Punch Man e Vagabond (com resenha feita por esse que vos fala), com orelhas e papel off-set. O título do mangá e a imagem estão em hot stamp, dando um efeito muito bacana, contrastando com o fundo escuro da capa. Além do glossário que dá um norte para algumas expressões citadas.

Ajin, além de tudo é, uma história sobre auto-conhecimento e isso fica bem evidente na jornada de Nagai. Ele não sabe em quem confiar, e tem que se virar da maneira que pode, apesar da ajuda do amigo Kai, mesmo que isso seja algo que não o leve por um melhor caminho mas, enfim, é um caminho necessário para o seu desenvolvimento como personagem e para que possa ter uma solução para os seus problemas, mesmo que sejam soluções que possam ser dolorosas.

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Até a próxima!

FICHA TÉCNICA

Nome: Ajin (Vol. 1 de 8)
Publicado em: Julho de 2016
Editora: Panini
Gênero: Seinen
Autor(a): Tsuina Miura (roteiro)/Gamon Sakurai (arte)
Status: Série em andamento/ Bimestral
Número de páginas: 232 paginas (papel off-set) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B com páginas coloridas / Lombada quadrada com orelhas
Preço de capa: R$ 17,90

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Resenha | Noragami #1

Deuses, espíritos, maus agouros e entre outras coisas, o xintoísmo é cheio de mitologias, e nos mangás podemos dizer que há obras e obras que utilizam e muito dessa mitologia, como por exemplo: Yuyu Hakusho, Soul Eater, Nura, Kekkaishi, entre tantos outros.  Dentro desse subgênero do shounen, a Panini nos fez o favor de trazer uma obra bem singular, dentro de um gênero que já tiveram vários tipos de abordagens, chamada “Noragami“.

A obra de Adachitoka, ficou conhecida principalmente pela adaptação animada feita pelo estúdio Bones, e com o sucesso do anime nas redes sociais aqui no Brasil, a editora multinacional acabou lançando o primeiro volume do mangá no Anime Friends, cuja cobertura foi feita por nós (clique aqui), ainda em andamento em terras nipônicas.

SINOPSE

Yato é um Deus menor, bem peculiar, com uma vestimenta esportiva, cujo sonho é ter um monte de seguidores a adorá-lo. Infelizmente, o seu sonho está longe de se tornar realidade desde que ele não tem sequer um único santuário dedicado a ele. Para piorar as coisas, o único parceiro que o ajudava a resolver os problemas das pessoas, acabou pedindo demissão. Sua existência divina e sua sorte parecem mudar, quando ele se depara com Hiyori Iki, uma garota que acaba por salvar a sua vida. Com isso, ela acaba ficando ‘presa’ à Yato, até que os ‘novos problemas’ da jovem sejam resolvidos. Junto com Hiyori, e seu novo parceiro/arma Yukine, Yato fará de tudo para ganhar fama, reconhecimento, e talvez, quem sabe, um templo em seu nome, também.

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Um exemplo de divindade, SQN.

A HISTÓRIA

Noragami, como já citei no inicio, não é uma obra original na sua temática, pois esse gênero do sobrenatural no shonen é bastante comum, mas a autora consegue ser bem singular, primeiramente, pelo foco da obra: não focar no personagem inicialmente humano, como em Yuyu Hakusho por exemplo, e o agente espiritual; a divindade; ou o que seja ficar num papel de mentor para o humano, que serve de “orelha” pra apresentar o que é aquele limiar. O que ocorre é um foco no dilema de Yato, a divindade menor, mostrando sua personalidade forte, um tanto egocêntrica, mas que no fundo tem um bom coração.

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O trono do reino do Yato!

Como um Deus menor, Yato presta serviços para humanos, que por serem seduzidos por energias negativas, ou simplesmente por serem crianças (que são mais sujeitas a terem visões do mundo espiritual na mitologia da obra), podem contratá-lo, pela exorbitante quantia de 5 Ienes (algo como 15 centavos), e ele tenta resolver esses problemas, no cumprimento do seu dever divino, mesmo que as vezes as soluções sejam um tanto radicais.

O primeiro volume da obra serve mais como uma apresentação desse universo, mostrando o dilema que é ser um Deus sem seguidores, que tipo de serviços o Yato pode fazer, e também nos apresenta mais dois personagens que terão grande importância na obra. Um desses personagem é a humana Hiyori Iki, que por um acaso, durante o seu percurso comum para a escola, consegue ver Yato, e consequentemente o salva, mas acaba sendo atropelada em seu lugar, assim tornando-se uma pessoa que está ligada ao mundo humano e ao limiar espiritual, mesmo que isso lhe cause certas complicações na sua vida humana. E pra resolver esse problema, ela contrata… o próprio Yato.

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Um encontro de dois mundos.

O outro personagem que terá uma grande importância, é um Shinki: uma espécie de arma espiritual que tem um contrato com os Deuses, se tornando ferramentas que exorcizam os maus espíritos. O Shinki em questão se chama Yukine, que digamos, também tem uma personalidade bem parecida com a do Yato. E é lógico que isso causa momentos cômicos na obra.

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A arma mal encarada!

Noragami tem uma arte com alguns trejeitos de shoujo, apesar ser de um shounen. Creio que seja por ser feito por uma mulher, o que torna perceptível a presença de uma certa delicadeza no traço, mas que quando precisa ter um traço mais ativo, principalmente nos combates, não fica devendo.

Como uma obra sobrenatural, o primeiro volume nos apresenta muitas informações, e o glossário feito pela Panini ajuda muito nesse quesito.

Noragami é uma obra que conquista principalmente pelos personagens: Yato, apesar de ser um Deus muito despojado, é muito carismático; Hiyori também não fica atrás, não fazendo jus a típica menina a ser protegida, mas sim alguém que vai a luta, mesmo sendo uma mera humana nesse limiar dos espíritos, e como uma grande fã de boxe, ela se constrói como nada clichê dentro desse gênero.

Podemos dizer que foi um excelente lançamento, e que vale a pena dar uma conferida na jornada de Yato, rumo a conquista de seu próprio templo.

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Até a próxima!

 

FICHA TÉCNICA

Nome: Noragami. (Vol. 1 de 17)
Publicado em: Julho de 2016
Editora: Panini
Gênero: Shonen
Autor(a): Adachitoka
Status: Série em andamento/ Bimestral
Número de páginas: 200 paginas (papel jornal) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B / Lombada quadrada/ Marcador incluso
Preço de capa: R$ 13,90

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Primeiras Impressões | New Game!

Ok, calma lá. Vamos começar devagar. Que tal começar um novo jogo? Prometo que nesse save eu não falo que japonês é um povo estranho. Ah, droga!

Por mais relacionado a jogos que esse post possa passar a impressão de ser, estamos ainda no ramo de análises prematuras de animes. E no Primeiras Impressões de hoje, vamos dar uma olhada nesse grupo de garotinhas que com certeza estão vivendo no Easy Mode. E como sabemos, easy-mode é para criancinhas.

Com o início da serialização em 2013, o mangá é de Tokunou Shoutarou (Não muito famoso, mas que em seu pequeno nicho de fãs é conhecido por suas “ilustrações divinas”), que apesar de não ser um estouro de vendas, tem alguns números bons para o gênero, além de ter desbancado outros títulos de peso, como ReLife, Gundam e GATE. Ainda não é publicado no Brasil, mas seria uma ótima adição ao catálogo nacional. Não que eu esteja insinuando algo, mas o cantinho de sugestões da NewPOP é ali do lado…

<Alerta de Garotas bonitinhas fazendo coisas bonitinhas>

Você sabe que está assistindo uma obra de ficção, quando a pessoa diz que conseguiu o emprego dos sonhos logo após se formar no ensino médio. E quando uma pessoa se dispõe a trabalhar numa empresa sexista de jogos sem nem saber modelar em 3D. E quando uma empresa sexista de jogos aceita contratar uma garota recém-formada que nem tem as qualificações para o emprego.

De qualquer maneira, se você for assistir já sabendo que é uma ficção, você vai se deparar com um típico humor de quatro painéis. Pela obra original ser um 4-koma, as piadas são quase que cronometradas. O que pode não ser um agrado muito grande pra quem prefere algo mais elaborado, mas pode ser ótimo pra pessoas que se cansam rápido de coisas que se prolongam demais, e querem algo mais dinâmico, mais veloz ou pra quem tem problema de atenção tipo eu.
É um tipo de humor bem característico do gênero. Não tem uma piada sendo contada, ou uma situação (muito) absurda acontecendo. É só… A existência das personagens. Elas existem, e isso é cômico. O dia-a-dia delas que deveria te fazer rir. Não é algo pra todo mundo.

Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente...
Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente…

Já a belíssima animação fica por conta do Estúdio Dogakobo, que além de já ter uma boa experiência com o gênero (Outras adaptações de 4-komas muito aclamadas incluem Gekkan Shoujo Nozaki-kun e Mikakunin de Shinkoukei), trazem todos os lucros gerados pelo inferno demônio capiroto tinhoso sucesso de Himouto! Umaru-chan. A primeira sequência do show é de deixar qualquer um pasmo, de tão detalhada e bonita. Não há um corte que não seja bem executado nos dois primeiros episódios… Embora 90% do tempo essa qualidade toda seja usada em garotinhas tomando chá. Também existem alguns frames onde você percebe a clara influência da origem em mangás da obra: Cenas que quebram totalmente o fluxo de animação, sendo imagens estáticas de poses características, mas que ainda assim conseguem passar a ideia de movimento, quando sobrepostas umas as outras.

Falando nas garotinhas, vamos a elas: Na realidade, são todas maiores de idade, apesar do design de personagens dizer o contrário (e isso é, infelizmente, uma prática bem comum em animes…). Excelente trabalho por parte do veterano Kikuchi Ai, que conseguiu fazer com que sempre haja uma nova expressão no rosto da Aoba (nossa querida protagonista), qualquer que seja a situação.
As personagens tem suas características e personalidades muito claras desde o princípio, sendo fácil de identificar quem deveria ser o quê ali. Mais uma vez, uma herança de seu gênese como 4-koma, que não possui muitos quadros para estabelecer caráter. Mas elas são todas bonitinhas, então não tem problema elas serem superficiais, né?

Minha cara quando falam que aquela loli 'tem 900 anos então não tem problema'...
Minha cara quando falam que aquela loli ‘tem 900 anos então não tem problema’…

Um ponto interessante a se ressaltar, é o elenco de dubladores (ou dubladorAs, no caso, já que não tem nenhum personagem masculino no elenco que não seja um porco-espinho): Não há meios-termos, todas as garotas são dubladas ou por profissionais super experientes (Como  Hikasa Yoko, famosa por seus papeis em diversos haréns escolares mágicos genéricos), ou por meninas que acabaram de entrar no ramo (por exemplo, Takeo Ayumi, que está, literalmente, estreando nesse anime, e vem fazendo um excelente trabalho). Acho que de forma semelhante ao que acontece na história do show com a protagonista, essas novas dubladoras aprenderão muito com as veteranas.

E… Isso é tudo? A série, apesar de ser um ótimo show de se assistir, por ter uma pegada divertida e que faz o tempo passar rápido, não deixa muito de uma impressão. Já assisti os episódios há três dias, mas só consegui terminar de escrever um texto razoável o bastante pra ser postado, hoje. É difícil ter “Primeiras impressões” quando não há muitas “impressões”.
Tenho certeza que será um anime que eu adorarei assistir enquanto durar, mas que não ocupará espaço na minha memória poucas semanas depois de ser finalizado. Vai virar aquele “Nossa, isso existe né? Era engraçado! Eu acho… Não lembro.” em pouco tempo.

Depois do sucesso de Pokémon GO, conheça agora Counter-Strike GO.

Mas o passado já era, e o futuro está longe, a vida a gente faz agora, e no agora, eu estou acompanhando e adorando New Game! Esse começo ficará no meu comedômetro com um 7/10, e recomendo a qualquer um que esteja precisando relaxar, ou que goste de utopias empresariais.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com episódios todas as terças-feiras mas boatos por ai dizem que certos becos escuros arranjam os episódios na segunda.

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Resenha | Knights of Sidonia #1

Escrever sobre ficção científica sempre é algo bastante complicado, pois exige pesquisa profunda sobre o tema ao buscar comparações com histórias bem sucedidas do gênero, seja quanto as referências à construção desse universo ou as reflexões sobre a mensagem que a obra deseja passar. Dentre os vários subgêneros que a ficção científica contém, um dos mais famosos entre os japoneses é o “Mecha” (abreviatura do termo mecânico), sendo mais conhecido popularmente pelos robôs gigantes, geralmente controlados por pilotos e que têm como maiores sucessos: Gundam, Neon Genesis Evangelion, Macross, Gurren Lagann, entre outros.

Recentemente a JBC publicou no Brasil, uma obra que ganhou uma animação feita pela Netflix, chamada de “Knights of Sidonia“, que segue o gênero mecha e teve uma receptividade muito positiva do público do famoso canal de streaming.

SINOPSE

Há muito tempo, o planeta Terra foi destruído por seres alienígenas, chamados Gaunas. Felizmente, os humanos conseguiram sobreviver lançando-se ao espaço em enormes naves espaciais. Porém os Gaunas continuam atrás dos seres humanos e as naves são obrigadas a fugir deles. Mil anos se passaram desde a destruição da Terra, e a história segue o jovem Nagate Tanikaze, um novato que viveu sua vida toda no subsolo de Sidonia, uma das imensas naves que saíram da terra. De cara ele é colocado como piloto de guardião “mecha” e agora Nagate buscará proteger Sidonia da ameaça dos Gaunas.

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Esse é nosso garoto, com todos os clichês que possa ter.

 

Falando sobre o mangá especificamente, uma coisa que percebo ao ler é a transmissão de uma aura muito silenciosa. Diversos quadros brancos, poucas onomatopeias e traços muito simples em vários momentos. Nas partes em que há os confrontos entre gaunas e mechas da Sidonia, existe confusão na arte, como se ainda estivesse a procura de um estilo, diferenciando-se de um gênero que apresenta tantas referências.

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Os guerreiros de Sidonia.

Quanto ao enredo, toda ficção científica exige que haja um universo estabelecido para que seja crível e compremos a ideia do universo onde se passam os eventos, e Sidonia consegue desenvolver bem este conceito, bem como estabelecer hierarquias e criar diferenças sociais entre seus tripulantes. Além disso, na sua população, existem conceitos biológicos modificados para que houvesse o desenvolvimento dessa nova raça humana, que faz fotossíntese (a mesma das plantas), possui reprodução assexuada, podem modificar seus corpos a seu bel-prazer, entre outros tantos conceitos, para que possam permitir a sobrevivência à deriva no espaço.

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Os temidos gaunas.

Novamente falando do enredo, começa a parte clichê da coisa. Tanikaze, por algum motivo ainda inexplicável, é uma espécie de escolhido, e mesmo sem nunca ter pertencido a elite de Sidonia e nunca ter pilotado uma nave, ele é recrutado para missões e, mostrando-se habilidoso, desperta a ira do seu rival.

Entretanto, Sidonia detém qualidades. O autor sabe variar a maneira de contar uma história ao não apegar-se somente a jornada do herói e sim, expor o desenvolvimento daquela sociedade. Evidencia coisas do cotidiano das pessoas, trabalha bem o conceito de expansão dentro de Sidonia e também trabalha com flashbacks para dar uma profundidade maior ao que se passa.

Sidonia não exibiu o seu total potencial, o que é normal. A história ainda no seu primeiro volume tem um dinamismo interessante, possui um clímax que desperta a curiosidade e nos apresenta um universo com enorme potencial. Algo que pode incomodar alguns é a questão do papel. Nunca fui, em minhas análises, de tocar a crítica ao material da editora, porém, como Sidonia tem uma arte limpa demais, com muitos quadros brancos, dá pra perceber um pouco de dificuldade para ler a obra. No geral, Sindonia merece atenção, por tentar inovar em certos conceitos da ficção científica e é uma experiência intrigante para quem gosta do gênero.

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Até a próxima.

FICHA TÉCNICA

Knights of Sidonia – Vol. 01 de 15
Publicado em: Abril de 2016
Editora: JBC
Gênero: Seinen-Ficção Científica- Mecha
Autor: Tsutomu Nihei (Blame!)
Status: Série concluída / Mensal
Número de páginas: 20o paginas (papel offset) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B com páginas coloridas / Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 17,50

 

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Resenha | One-Punch Man #1

Sabemos que na cultura pop japonesa, principalmente quando adentramos nos mangás e animes, nos deparamos com gêneros e estilos diferentes. Dentre esses gêneros um dos mais famosos é o “shounen”, que consiste em um protagonista masculino fisicamente fraco (tem suas exceções) e com poucas habilidades, mas sempre otimista e com objetivo de ser o melhor. Com o passar do tempo, ele se torna mais forte, sempre representando uma mensagem “gamba-re-o” (significa algo como “esforce-se”) o que é muito legal, mas de extrema repetitividade dentro desse tipo de entretenimento.

A obra de que vos falo é a antítese dessa mensagem, chamada “One-Punch Man“. Concebida inicialmente como uma web-comic, tinha uma qualidade gráfica bem baixa, mas com um roteiro pra lá de inovador. Escrito por “One” e depois revisitada com a arte sublime de Yusuke Murata, que a tornou comercialmente viável no mercado, transformando assim, uma das obras de maior hype internacional dos últimos tempos. Vinda de terras nipônicas, chegando a concorrer ao prêmio Eisner, e até  ganhou uma excelente adaptação animada feita pela Mad House. A Planet Mangás, selo da Panini Brasil, comprou a ideia do hype  e trouxe para o Brasil esse incrível material nos moldes similares a “Vagabond” e “Planetes.

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Web x versão de editora.

A SINOPSE

One-Punch Man  é o que o título que descreve: um homem com apenas um soco, ou seja, ele não precisa dar mais de um soco pra derrotar qualquer inimigo. Este homem é Saitama, um jovem recém-desempregado, que após salvar um garoto de ser morto por um homem caranguejo, resolve se tornar herói. Em sua jornada, Saitama fica tão forte, que derrota os monstros com apenas um soco e isso o deixa muito entediado, e sempre encontra alguém que diz ser mais forte, mas no final é sempre a mesma história, como disse antes, um soco só basta.

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Que queixo desse garoto!

A cidade onde Saitama reside, a Z, é sempre alvo de ataques, assim como as cidades vizinhas, restando para ele ser um herói por hobby, defender todos ao seu redor ou pelo menos, não deixar que destruam seu apartamento. Então sua vida muda  de certa forma com a chegada do ciborgue  Genos, no qual acreditava ser forte o suficiente, mas vê em Saitama o seu mestre ideal, os dois acabam se tornando amigos e enfrentando inúmeros desafios.

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Forte, SQN!

Entretanto, o que faz a história ser tão boa, visto que, poderia deixar qualquer um entediado com a sinopse, é a questão da desconstrução de uma linha narrativa muito presente e comum, como se fosse a quebra de uma fórmula, pois Saitama não precisa se tornar forte, ele já é tão forte, não precisando ter um objetivo máximo. Ele só é ele mesmo, uma pessoa comum que vive como se fosse alguém comum, que lava a louça, que vai ao supermercado, que assiste tv, lê mangás, há uma abordagem muito humana da coisa de ser herói. Isso fica longe de ser algo monótono, você se diverte, e muito, com a falta de noção que o Saitama tem em vários aspectos, isso o torna um personagem muito carismático.

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As expressões do Saitama, são as melhores!

One-Punch Man  é um mangá que diverte. O enredo tem como ponto alto Saitama sendo engraçado e debochado, deixando para Genos o lado mais racional da coisa.  Enfim vamos ver a jornada de Saitama, em busca de um oponente que realmente tenha valor ou que pelo menos o faça suar.

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Até a próxima!

FICHA TÉCNICA

One Punch Man – Vol. 01 de 10
Publicado em: Março de 2016
Editora: Panini
Gênero: Shounen
Autor: One/Yusuke Murata (Eyeshield 21)
Status: Série em andamento / Bimestral
Número de páginas: 208 paginas (papel offset) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B / Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 16,90

Fonte: Panini Mangás