Somos criaturas de hábitos e temos a tendência de criar determinados rituais para várias atividades do nosso dia-a-dia. O exemplo claro disso é quando vamos assistir a algum filme. Tudo começa pela escolha do título através do gênero favorito e depois partimos para saber as diversas opiniões sobre o mesmo. Falam bem, vamos assistir. Falam mal, fica a dúvida de arriscar. Porém, tudo acaba em filme. O ritual vai sendo criado até o seu desfecho. Sendo satisfatório ou não.
O outro passo envolve o sentimento. Somos criaturas sensitivas e tentamos criar conexão sempre que possível com algo. O cinema é isso. Uma mistura de sensações. Vale muito a pena permitir esse gradiente de emoções que uma trama nos proporciona. Parasita ficou responsável por trazer essa bagagem. E foi além…
A sinopse completamente solta pode direcionar o público por um caminho apático com a trama, mas esse não foi o intuito do diretor Bong Joon-Ho. Ele traz choque, repulsa e reflexão sobre as atitudes que a nossa sociedade moderna cometem através da família de Kim Ki-taek. Foram justamente esses elementos que fizeram Parasita não só conquistar a quem assistia, assim como também o mundo.
O reconhecimento que o longa sul-coreano vem recebendo começou no ano passado com o recebimento da Palma de Ouro pelo Festival de Cinema de Cannes e mais alguns festivais como Buil Film Awards e Sydney Film Festival, onde venceu as categorias principais. Dando, desta forma, a partida numa corrida inacreditável que culminou na estatueta inédita de Melhor Filme para um Filme Estrangeiro na edição recente do Oscar exibido neste domingo (9). Essa foi a prova legítima que todos estávamos arrebatados com o jeito de Bong em contar a sua história. E que história, não é mesmo?
Este simpático e fofo cineasta conseguiu o importante feito de quebrar esta roda que os membros da Academia insistiam incessantemente em mantê-la funcionando, trazendo o tão esperado sentimento de renovo que estávamos precisando receber de Hollywood. Finalmente veio e a partir de agora, significará muito para os vindouros projetos internacionais. Dá um ânimo para mostrar a sua capacidade, receber o merecido lugar no sol e descansar perante um universo grato. Mudado. Disposto a acreditar e aceitar essas mudanças. O futuro está cada vez mais promissor e isso será excelente para todos.
Os vencedores do Oscar e a crítica de Parasita podem ser lidas, respectivamente, aqui e aqui.