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Papo de Saloon | Tex Willer, a nova revista de Tex

Sei muito bem o que você está pensando: OUTRA revista Tex? Não basta as histórias inéditas sendo publicadas nas bancas, vêm aí mais republicações de clássicos? Pois saiba que a nova Tex Willer não é nada do que você espera: aqui os leitores terão um vislumbre expandido da juventude do maior herói de faroeste dos quadrinhos. Sim, estamos voltando à fase “Procurado: Vivo ou Morto”!

A vida de Tex é cheia de redenções. Um dos mais famosos foras-da-lei em sua juventude, a primeira história do ranger abre com Tex e seu cavalo – ainda sem nome na época, e depois apelidado Dinamite -, um outlaw com gorda recompensa por sua cabeça. Histórias futuras viriam a mostrar como Tex tornou-se procurado pela justiça. Se vingando dos assassinos de seu pai e posteriormente dos assassinos de seu irmão Sam, a cabeça de Tex foi posta a prêmio e assim permaneceu por algum tempo.

O herói sempre teve um grande senso de justiça e honra. Apesar de procurado, Tex manteve grandes amizades com alguns homens brancos e índios, que tinham noção de sua boa índole. Entretanto, boa parte deste período da vida de Tex permanece inexplorada nos quadrinhos. Recentemente a Tex Graphic Novel (série semestral feita em formato maior e colorida) voltou ao passado do herói, pelas mãos do roteirista e editor Mauro Boselli, e foi comentada na Torre de Vigilância há algumas semanas.

Mas e os momentos que permanecem inéditos? Como já foi dito, a vida de Tex não é completamente conhecida. E a partir deste ponto surgiu a ideia de Davide Bonelli (atual chefia da Sergio Bonelli Editore) e Boselli, de criarem uma nova revista que explora o passado do ranger, e resgata também uma característica vital do início de sua publicação nos anos 40: um senso de continuidade e aventuras seriadas, que são contadas ao longo de várias revistas, em capítulos.

O lançamento da revista Tex Willer fez parte da comemoração de 70 anos de Tex. E curiosamente, a Mythos Editora está trazendo esta publicação ao Brasil pouquíssimo tempo após seu início na Itália. Com um acabamento similar às revistas italianas (abandonando o famoso formatinho brasileiro), em altura e com papel offwhite que remete diretamente ao original, Tex Willer recebeu o subtítulo “As aventuras de Tex quando jovem“, perfeitamente apropriado para a publicação.

E a história contada aqui, ligando os leitores à aventura do Totem Misterioso, é conduzida por Mauro Boselli com arte do veterano Roberto De Angelis (de Nathan Never). Boselli, em seu prefácio, promete que os fãs conhecerão todos os detalhes de coisas como o relacionamento de Tex e diversos xerifes, do jovem Kit Carson, de suas boas relações com índios (tal qual o já conhecido Cochise) e diversas outras figurinhas carimbadas da mitologia texiana.

Roberto De Angelis traz um visual clássico porém com características claramente modernizadas ao traço da aventura, trabalhando muito bem os tons de preto. Tex já é Tex desde sempre: justo, inventivo, um herói como poucos. E aqui nada difere em relação aos seus problemas comumente enfrentados, exceto o fato da justiça o perseguir. Porém, bandidos seguem sendo castigados por suas mãos.

A característica de “novidade” está presente nesta série, já que o objetivo é audaciosamente ir onde nenhum roteirista jamais esteve. Ou seja, é um ótimo ponto de partida para novos leitores! Apesar do ar imaturo de Tex, seus feitos chamam a atenção de leitores veteranos e também podem vir a encantar os recém-chegados, que buscam uma boa nova revista seriada para acompanhar nas bancas.

E o fator “série” não é um ponto negativo, pelo menos do meu ponto de vista. Certas aventuras funcionam melhor se contadas aos poucos, e sendo aqui a meta “remeter ao clássico”, nada mais justo do que fisgar o leitor com revistas baratas (Tex Willer chega custando R$ 14,90) e de rápida leitura. Mas a quantidade de desdobramentos e reviravoltas não deixa a desejar em comparação às grandes histórias: Boselli sabe criar um elenco de personagens convincentes, capazes de pôr em xeque a astúcia do ranger mais querido da nona arte.

Com duas edições publicadas até o momento (nos meses de janeiro e fevereiro de 2019), Tex Willer segue sua publicação mensalmente, com previsão de lançamento de um novo volume no vigésimo dia de cada mês. Cada edição é padronizada com um preview da próxima história na quarta capa da revista, e no interior, suas 64 páginas contam com o prefácio e a história propriamente dita.

Até onde irá a publicação desta série, não se sabe. Porém, é interessante notar como a editora italiana, casa de Tex, é capaz de criar novos materiais para o personagem sem prejudicar o cânone estabelecido. Somente as maiores figuras da história dos quadrinhos possuem esta maleabilidade cronológica, e definitivamente, o ranger é um dos grandes destaques mundiais neste sentido.

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Papo de Saloon | Tex Graphic Novel: Justiça em Corpus Christi

No finalzinho do ano que ficou pra trás, a Mythos Editora brindou as bancas e livrarias do Brasil com a nova edição da série Tex Graphic Novel. Uma das linhas autorais que mais admiro nos quadrinhos do ranger Tex Willer, esta série de graphic novels já foi tema de um artigo da Torre de Vigilância, onde o conceito da coleção foi apresentado. E o mais recente lançamento, Justiça em Corpus Christi, é a primeira história com senso cronológico dentro deste selo de aventuras lindamente ilustradas!

Serpieri, Mario Alberti, Angelo Stano, Gianfranco Manfredi, Giulio De Vita, Stefano Andreucci, Corrado Mastantuono e Mauro Boselli. Estes são os grandiosos nomes por trás dos seis volumes de Tex Graphic Novel lançados no Brasil até o momento. E Boselli é o nome que se repete mais vezes: os roteiros de quatro, das seis aventuras, são deste que é um dos maiores nomes responsáveis por Tex Willer de todos os tempos, não somente como roteirista mas também como editor.

As aventuras contadas neste selo autoral não possuem amarras cronológicas. Os autores podem ir e vir nas vidas de todos os personagens de Tex como bem entenderem, e esta liberdade permite que as histórias contadas se situem em momentos bem específicos da jornada do herói. No volume cinco, O Vingador, Boselli levou os leitores à trama de vingança de Tex, indo atrás dos assassinos de seu pai, culminando na tramoia que o tornou injustamente um fora da lei. Esta história se passa antes das origens inicias contadas há muitos anos na revista mensal de Tex. Justiça em Corpus Christi se situa logo após os acontecimentos desta história, sendo o primeiro caso de continuidade deste selo moderno!

O irmão de Tex, Sam, ainda vive. Após Tex completar sua vingança (que até então havia sido parcial, pois os facínoras que foram mortos por ele há algum tempo eram apenas uma parcela de um grupo maior), e com a parceria do ranger Jim Callahan, o mandante Bronson finalmente teve o que merecia. E com as manipulações feitas para incriminar injustamente Tex por roubo de gado, o herói parte em busca de uma forma para limpar seu nome.

Willer age como um justiceiro, indo atrás de uma enorme quadrilha de pistoleiros que é protegida pelo xerife de Corpus Christi. As ações de Tex e Callahan, feitas no volume anterior com relação aos mexicanos, reverbera na aventura narrada aqui. E o herói conta, quase literalmente, apenas com o apoio do ranger Callahan. A amizade dos dois torna-se aos poucos algo muito especial, e a jornada do grupo montado em busca de justiça é, pra dizer o mínimo, muito empolgante.

No decorrer, os heróis agem com astúcia para encurralar aos poucos cada um dos salafrários que regem Corpus Christi. Sam, irmão de Tex, possui um envolvimento direto com Harris, a dona de um pequeno rancho atacado pelos pistoleiros chefiados por Zeb Mason com apoio do xerife Donahue. E todas estas serpentes do Satanás, ótimos vilões, tentam piamente tirar vantagem de cada movimento e possível deslize de Tex, Callahan, Dan Bannion (outro ranger) e Sam Willer. Como toda boa história da Sergio Bonelli Editore, eles chegam bem perto de conseguir algum sucesso. Mas rapidamente nossos heróis os levam a sete palmos debaixo da terra.

Como todas as histórias mostradas nesta série de GN, Justiça em Corpus Christi foge um pouco do politicamente correto das aventuras mensais (ou especiais) do ranger. Isso acaba por se tornar uma faca de dois gumes, pois pode desagradar os fãs mais puritanos, mas também atrai novos leitores. Entretanto, O Vingador e Corpus Christi são exatamente situados em momentos da vida de Tex onde o “incorreto” reinava. E Boselli trabalha com maestria o lado justiceiro do personagem.

Corrado Mastantuono, o artista desta edição, é famoso por seu trabalho em Nick Raider Magico Vento, além dos trabalhos feitos para a Disney. Como os cinco volumes anteriores, um chamariz incrível desta edição é a belíssima arte, valorizada pelo formato magazine da revista e também pelas cores de Matteo Vattani. Mastantuono segue um pouco a linha de Stefano Andreucci (do volume anterior), porém não emula completamente o desenho deste artista, tornando a continuação algo também original.

O jovem Tex de Mastantuono é um dos mais esguios apresentados até então, e a ambientação da cidade e dos arredores (com longas passagens pelo deserto) é também digna de nota. E as 48 páginas deste volume correm muito bem graças a narrativa fluida do ilustrador. Esta não é sua primeira história do Tex, então é perceptível que já há reconhecimento por parte do mesmo. Em Tex 583 e 584, por exemplo (Missouri! e I due guerriglieri), Corrado trabalhou com Boselli num arco. Esta era sua segunda história de Tex, primeira para a série normal.

E os méritos de roteiro e arte também são expansíveis para a edição nacional. A Mythos segue publicando os volumes desta coleção em formato magazine (28 x 20,2 cm), com capa cartão e preço de capa acessível – R$ 32,90. A tradução, como sempre, é do veterano Júlio Schneider, e fica o pedido dos leitores para que a editora lance o próximo volume, Cinnamon Wells, com roteiro de Chuck Dixon (já entrevistado pela Torre, clique aqui para conferir) e arte de Mario Alberti.

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Papo de Saloon | Tex: O Sinal de Yama

No último Papo de Saloon tive a oportunidade de dar um panorama geral sobre o maior vilão de Tex, o famoso Mefisto. Em Tex: A Volta de Mefisto, o icônico mago ilusionista retornou em toda sua glória numa história escrita e desenhada por dois gigantes da Sergio Bonelli Editore. Mas se você é fã de Tex Willer também deve conhecer o filho de Mefisto, Yama, um bruxo poderoso como seu pai. E onde ele esteve durante tanto tempo, após ter sido derrotado a última vez por Tex e seus pards? Em Tex: O Sinal de Yama vemos justamente isso.

Steve Dickart, o Mefisto, teve um filho com a cartomante Myriam. Este filho, Blacky, herda o legado do pai nos momentos finais de sua vida, adotando o nome de Yama e buscando vingança contra Tex e seus pards. Apesar de agir em nome do pai e recorrendo à ajuda de descendentes maias e astecas, ou por mestres do voodoo, Yama nunca obteve êxito em seus objetivos e, repudiado por seu progenitor, retornou à vida de saltimbanco com sua mãe.

O parágrafo acima resume muito bem tudo o que você precisa saber acerca deste vilão icônico do ranger mais querido dos quadrinhos. Yama sempre foi considerado inferior em poder ao seu pai por magos poderosos e até mesmo por Willer e Carson. Entretanto, em O Sinal de Yama, o vilão está determinado a, de uma vez por todas, dar um fim à vida dos heróis texianos.

Escrita por Mauro Boselli e ilustrada por Fabio Civitelli, Tex: O Sinal de Yama é uma história recente da cronologia do personagem. Este arco teve início na Itália na revista Tex 673 de novembro 2016, sendo publicado até a edição 675. No Brasil, em julho de 2017, a história chegou pela primeira vez às bancas em Tex 573. E por se tratar de uma obra artisticamente impecável desde sua primeira página, em maio de 2018 ela foi compilada no encadernado de luxo com capa dura que é o tema deste Papo de Saloon!

Boselli, um dos gigantes da Sergio Bonelli Editore, também edita o personagem, além de escrever história fantásticas e clássicos instantâneos praticamente 100% das vezes. Nesta história, Boselli bota na mesa todo seu conhecimento da cronologia texiana quando, ao trazer Yama de volta de sua rotina sórdida acompanhando sua mãe, busca toda a mitologia mística das páginas de Tex para criar uma aventura assombrosa com a nata do ocultismo.

Apesar de estarmos acostumados a ler histórias escritas por Mauro Boselli com mais “pé no chão“, como a maravilhosa Patagônia, quando o autor escreve histórias mágicas o nível se mantém da mesma forma. O roteirista trata todos os personagens, obviamente, de forma muito respeitosa, mas ao mesmo tempo cria momentos fantásticos envolvendo monstros das profundezas e fenômenos da natureza que são de arrepiar.

O autor é sagaz em, de forma inusitada, turbinar os poderes de Yama para que ele represente uma ameaça muito maior ao grupo de Tex, tanto quanto seu pai jamais representou. E apesar do tempo de publicação tão espaçado, esta aventura serve até mesmo como uma continuação para a história comentada no último Papo de Saloon, A Volta de Mefisto. O pai de Yama é uma figura essencial para a história do jovem bruxo, e não é deixado de lado neste épico mágico.

Além dos louros dedicados ao texto de Boselli, a outra parte que brilha aos olhos do início ao fim é a arte de Fabio Civitelli, o motivo desta edição existir. Um gigante no domínio de luz e sombras, Civitelli trabalha com tons de preto como poucos artistas da Bonelli. E a decisão editorial da Mythos em publicar esta história em formato gigante, valorizando o desenho do artista, foi acertadíssima. A ideia do encadernado maior que o formato italiano veio desta proeza do desenhista em chamar a atenção do leitor para cada detalhe obscuro.

O artista desenha criaturas Lovecraftianas, espíritos e demônios com a mesma maestria com a qual inunda as páginas com tempestades, furacões, inundações ou somente pessoas conversando. Cada quadro de Civitelli se assemelha a uma pintura, sempre se baseando no contraste do preto com o branco. E desta forma, as 330 páginas de horror e tiroteio fluem tão perfeitamente, de forma quase cinematográfica, que o combinado de roteiro e arte demonstra com perfeição o que ocorre quando se juntam dois autores fantásticos.

Tex: O Sinal de Yama deixa ganchos para uma continuação. Como todas as séries da Bonelli, Tex possui um potencial infinito de como seu universo pode ser explorado, e ter em mãos alguns usos em potencial para figuras tão emblemáticas é importante caso outros autores – ou os mesmos, e isso seria incrível – venham a se aventurar no ocultismo dos Dickart.

O preço sugerido desta edição é R$ 74,90, e seu formato é 27,2 x 20,2 cm. Caso tenha se interessado, clique aqui para garantir o seu com 26% de desconto!

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Papo de Saloon | Tex: A Volta de Mefisto

Mefisto, criado por Gian Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini, sempre foi o principal antagonista do ranger Tex Willer. Um mago ilusionista poderosíssimo, Steve Dickart (nome real do vilão) enfrentou Tex e seus pards algumas vezes ao longo das décadas, e suas aparições nos quadrinhos da editora italiana Bonelli sempre foram eventos grandiosos.

O personagem rapidamente se caracterizou como a antítese do herói, e a cada retorno suas ações se tornaram mais e mais diabólicas. Em 1983, entretanto, a última desventura do vilão foi contada pelas mãos de seus criadores, que deram um fim à sua vida, e ali estava marcado (pelo menos por enquanto) o encerramento da história desta vil criatura. No mesmo ano, Gian Luigi parece ter esboçado uma história que marcaria o retorno de Mefisto, e esta só foi publicada quase vinte anos depois. Hoje, no Papo de Saloon, falaremos sobre Tex: A Volta de Mefisto.

A Volta de Mefisto foi publicada na Itália em 2002. Os autores escolhidos em 1996 para continuarem os esboços inicias de G. L. foram dois nomes característicos de Tex, peritos no personagem que vinham trabalhando no mesmo há alguns anos: Claudio Nizzi e Claudio Villa. Ainda em 1996, a história começa a ser escrita e desenhada, porém longos atrasos fizeram com que ela fosse publicada somente após a virada do século. E com grande expectativa, esta história atingiu as bancas italianas, chegou ao Brasil em 2004 e retornou recentemente em uma edição de luxo da editora Mythos, totalmente colorida!

Esta aventura de cerca de 360 páginas, apesar de trazer de volta um personagem clássico, pode ser lida por novatos no mundo de Tex. Tem início com a irmã de Mefisto, Lily Dickart, tendo ideias de ressuscitar o irmão através do uso dos poderes de um mago indiano. Visando fixar a alma do vilão de volta em um corpo físico, Lily e seu marido milionário seguem suas jornadas enquanto Tex, na aldeia navajo, recebe uma mensagem de mau agouro vinda do vidente e ancião da aldeia, Nuvem Vermelha. Descrente, Tex passa a encarar uma série de acontecimentos bizarros ao mesmo tempo que realiza uma missão da Agência Pinkerton, e o embate com Mefisto aparenta estar cada vez mais próximo.

Claudio Nizzi, o roteirista, segue uma fórmula característica de boa parte de suas histórias: divide os pards em dois núcleos, sendo um composto por Tex e Carson, e outro por Jack e Kit. Eventualmente, os caminhos dos quatro heróis se cruzam, e a reta final tem início. Nizzi, herdando aqui as principais ideias dos esboços de G. L. Bonelli, produz uma história bem amarrada com muito ocultismo, assassinatos e magia negra, e abusa (no melhor sentido possível) dos clichês das histórias “mágicas” do Tex, mas sem deixar de lado a característica investigativa de crimes aparentemente mais simples e palpáveis, quando algumas diligências passam a ser misteriosamente atacadas.

Nizzi também consegue dar vozes específicas para cada um dos personagens desta história. Seu Mefisto, por exemplo, é de extrema fidelidade ao clássico, em seus discursos e atitudes. Os personagens criados para o retorno do vilão, como o Major e o marido de Lily, também desempenham seus papéis de forma interessante e condizente com suas personalidades apresentadas desde o início da história. E outro mérito gigantesco é a arte de Claudio Villa.

Villa, então capista de Tex, também estava envolvido com diferentes projetos e demorou anos para entregar suas páginas finalizadas. Considerado sucessor espiritual de Galep por tentar reproduzir seu estilo (e não dever em nada à memória do grande autor), muitos fãs consideram seu Mefisto tão bom quanto o original, e os elogios não são exagerados. A narrativa de Villa é ágil, e sua arte é limpa e muito cinematográfica, fazendo com que seus personagens possuam feições muito realísticas. E apesar das cores da Sergio Bonelli Editore não possuírem muito apreço de parte dos fãs, elas complementam bem os desenhos deste arco, dando um tom ainda mais real para cada quadro.

O desenrolar da trama, que se dá ao longo de suas mais de 300 páginas, possui um ritmo bem cadenciado e não cansa o leitor em momento algum. Como o retorno do vilão é muito bem estruturado desde o início, firmadas as bases da história, resta ao leitor a curiosidade de saber onde tudo isso vai dar. Os momentos finais, de extrema tensão mental, tiram o fôlego enquanto tudo parece estar perdido. E de forma criativa e inusitada, Nizzi e Villa finalizam o retorno de Mefisto em grande estilo, com um gostinho de quero mais.

A edição de luxo da Mythos, em capa dura e formato italiano (21 x 16 cm), possui acabamento primoroso e textos editoriais interessantes que situam o leitor ao longo de toda a cronologia que levou a publicação d’A Volta de Mefisto, além de mostrar claramente a importância desta história para a Sergio Bonelli Editore. O papel utilizado é o offset, que não deixa as cores brilhantes (tornando-as mais opacas), dando um ar de aventura clássica para cada página.

Resta saber se a editora pretende dar continuidade a este formato, lançando uma nova coleção do ranger mais querido dos quadrinhos, com mais aventuras importantes para a cronologia do personagem e, quem sabe, republicando alguns clássicos em cores. Caso venha a acontecer, o Papo de Saloon definitivamente será um espaço da internet para comentar tais lançamentos!

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Papo de Saloon | Tex Edição Histórica 103

Tex Willer, personagem criado em 1948 por Gian Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini, é publicado no Brasil de forma ininterrupta desde os anos 70. Passando por várias editoras ao longo dos anos e contando mensalmente com diversas revistas publicadas em banca, tornou-se sem delongas o herói da editora italiana Bonelli de maior influência no Brasil. Um fenômeno que se estendeu para o mundo todo e um dos personagens de westerns mais longevos da história dos quadrinhos, agora, Tex também será o tema central da coluna Papo de Saloon, dedicada inteiramente às análises esporádicas de quadrinhos do ranger!

Para dar início e marcar a estreia desta coluna com pé direito, foi selecionada uma história clássica e impressionante, desenvolvida pelos autores originais do personagem citados acima, G. L. Bonelli e Galep. Publicada originalmente na Itália em Tex 207/209 (jan/mar de 1978) e chegando ao Brasil pela primeira vez em Tex Coleção 259/261 (ago/out 2008), a história A Águia e o Relâmpago, republicada em Tex Edição Histórica 103 da Mythos Editora, serve como ótima porta de entrada para novos leitores, ao mesmo tempo que traz de volta elementos que agradam os fãs de longa data, inclusive se utilizando de piadas costumeiras das aventuras para criar situações diferentes e inusitadas.

Tex Willer e Kit Carson aceitam a missão de investigar uma série de assaltos a uma linha de diligências que transporta ouro extraído da mina Golden Well, de propriedade de John Walcott. Esta linha, que faz o caminho entre as cidades de Silverton e Durango, está sendo alvo preciso e constante de um grupo de bandidos que não deixa vítimas, porém um dia, assassina um dos passageiros da diligência e rouba seu anel entalhado com uma águia e um relâmpago. O passageiro morto era sobrinho de um velho conhecido de Tex e Kit, e isto motiva os rangers a darem cabo dos malfeitores para resolver a situação.

A investigação de Tex e Kit os leva ao rico e diabólico banqueiro da cidade de Durango, Paul Brady, que parece ter alguma motivação específica para armar golpes direcionados à mina Golden Well. Brady e o chefe do bando de assalto, Tom Horan, possuem uma relação de negócios que podem ser lucrativos para ambos, e os heróis devem também descobrir até onde as garras de Brady e Horan chegam nas duas cidades e dentro da mina de John Walcott.

Conforme os pards descobrem detalhes das ações criminosas e quem são os envolvidos, detalhes estes que não serão citados aqui para preservar as surpresas da aventura, um plano mirabolante começa a tomar forma, e seu sucesso dependerá de todas as partes benignas agindo corretamente.

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Tex Edição Histórica 103: A Águia e o Relâmpago apresenta uma estrutura clássica de algumas histórias do Tex. Infiltrados em uma cidade dos possíveis bandidos, se utilizando de nomes falsos e bolando planos para encurralar os diabos, Tex e Kit contam com o apoio (na outra cidade, e revezando) de Kit Willer e Jack Tigre, tornando esta uma aventura completa com os quatro pards agindo juntos. E ao longo de toda a história, o texto de G. L. Bonelli é desenvolvido com maestria típica do autor, que gosta de aprofundar os mínimos detalhes que farão sentido no decorrer das revelações e tiroteios.

É criado para esta história um elenco de apoio extremamente carismático, com destaque especial para o velho Pop, dono da estrebaria de Silverton, e também para o xerife de Durango. Todos, heróis e vilões com características visuais únicas, cortesia da arte extremamente competente de Galep, possuem seu ‘tempo de tela’ e desenvolvimento, fazendo com que a investigação dos assaltos às diligências não seja algo superficial. E os quatro pards, agindo como rebeldes durões para manter seus disfarces, soltam pérolas impagáveis em quase todo momento da aventura, especialmente quando resolvem socar gratuitamente alguns canalhas e salafrários.

Como quase toda história de Tex e seus amigos, o enredo parece simples, porém seu desenvolvimento é rico de uma forma que prende a atenção do leitor do começo ao fim. Para fãs mais antigos, por exemplo, há brincadeiras como o fato de Kit Carson ganhar uma aposta feita com Tex, algo que nunca ocorre nas histórias, onde Kit simplesmente afirma algo como “só apostaria se fosse um louco com vontade de perder!”

E a reta final da história, repleta de ação e conclusões, alcança momentos de tirar o fôlego (quase que literalmente) dignos de bons filmes de ação, culminando no desfecho inesperado para a história de alguns dos protagonistas (do lado bom ou mau?) desta aventura.

Tex Edição Histórica 103 foi publicada no formato típico da maioria dos quadrinhos Tex no Brasil (13,5 x 17,6 cm) e compila a aventura completa que foi lançada originalmente dividida em três partes. Totalizando 268 páginas repletas de tiroteios, brigas, muitas viagens à cavalo e larápios covardes, esta edição custa R$ 26,90 e está disponível para compra na Loja da Mythos Editora, que pode ser acessada clicando aqui.