Há 2 anos atrás, Ariana Grande chegava ao topo da indústria musical. A jovem de 27 anos vinha em uma crescente de hits, vendas, popularidade desde sua estreia no cenário pop em 2013. Entretanto, foi só com o lançamento de “thank u, next”, seu quinto disco, que a ex-estrela do Nickelodeon entrou pro seleto hall de artistas indiscutivelmente gigantes.
De lá para cá, Ariana não parou. Ainda dentro da sonoridade de seu quinto registro, ela fez curadoria da trilha sonora de “As Panteras” no ano passado e ainda lançou a parceria “boyfriend” com o duo Social House. Diversificando seu catálogo, a intérprete de “7 Rings” colaborou na midtempo pop “Stuck With You” com Justin Bieber e na dançante “Rain On Me” com Lady Gaga. Ambas as canções estrearam em 1º lugar na Billboard Hot 100, principal parada americana, o que evidencia tamanha popularidade da cantora.
Depois de todos esses acontecimentos, havia uma grande expectativa em saber qual seria o seu próximo passo. E agora nós sabemos.
Anunciado de maneira repentina há apenas duas semanas atrás, “Positions”, está entre nós. No seu sexto álbum de estúdio, Ariana decide ir pelo caminho mais fácil e provavelmente mais perigoso: repetir a fórmula que deu certo no passado.
Definitivamente, um dos principais fatores que fizeram com que o seu 5º e mais pessoal álbum fosse o de maior sucesso da carreira até então, foi a fusão entre o seu tradicional pop/R&B com o trap, um dos sub gêneros mais ouvidos no mundo atual.
Com certos resquícios do seu antecessor e explorando o R&B mais do que nunca, o novo registro não soa nem como uma evolução de “thank u, next”, mas sim, como um irmão mais velho, um adulto talvez. Maduro, sexual, porém chato.
É válido falar que, apesar de parecer um irmão tedioso, de maneira alguma, o compilado de novidades de Ariana possuiu qualidade duvidosa. Inclusive, músicas como “motivate” com participação de Doja Cat que mistura dance music com R&B e “love language” que lembra um R&B no início dos anos 2000 no melhor estilo Janet Jackson são os pontos altos do disco.
“Positions” possuiu as letras mais sexuais do repertório de Grande, algumas como “34+35” e “just like magic” são divertidas de cantar, assim como é divertido cantar alguns funks ditos “proibidões” em uma roda de amigos. Ainda no campo lírico, o maior destaque fica em “off the table”,segunda parceria com The Weeknd.
Saindo um pouco do conteúdo sexual, a letra da colaboração narra o reencontro de um ex casal, chegando a lembrar bastante a balada “exile” de Taylor Swift e Bon Iver. E novamente, Abel e Ariana mostram uma química invejável em suas interações vocais como no hit “Love Me Harder” de 2014.
Infelizmente, não são só um bocado de 5 ou 6 faixas que fazem um álbum ser incrível. Geralmente quando artistas se arriscam em lançar um álbum menos comercial, eles entregam obras que se destacam positivamente em sua discografia. E isso não aconteceu com Ariana.
Deixar de lado refrãos mais melódicos e chicletes, (mas não totalmente, vide que a faixa título, e primeiro single é a mais comercial do projeto e lembra até seu álbum “Dangerous Woman”) pode ser uma tendência muito válida para a trajetória de Grande. Mas desta vez, não rolou.
“Positions”, enquanto conjunto da obra, é pior do que ser bom ou ruim. Ele é esquecível demais dentro do majestoso catálogo de Ariana. E na maioria das vezes, bem arrastado. O que é uma pena.
Lógico que esses fatores não irão impedir o álbum de ser um dos maiores sucessos comerciais do ano e nem irá impactar a persona artista de Ariana, a descredibilizando. Provavelmente, em longo prazo, ele será lido como o “Sweetener” de 2018, um álbum com o propósito de dividir águas. Só que dessa vez, sem o fator de novidade e originalidade.