Como um grande fã de Predador, eu confesso que estava ansisoso por esse lançamento e ao mesmo tempo receoso. Depois do desastroso O Predador (2018), é natural que o estúdio também estivesse com um pé atrás com a franquia. Arriscar algo grandioso nos cinemas poderia ser um grande tiro no pé. A alternativa da 20th Century Studios para Prey então foi o streaming.
O filme se passa por volta dos anos 1719 em uma tribo Comanche, onde conhecemos Naru, interpretada pela destemida Amber Midthunder. Naru anseia começar seu ritual de iniciação, onde busca se tornar digna e se provar como guerreira, onde os homens dominam a arte da caça e da guerra. As comparações sobre as suas habilidades se contrastastam quando seu irmão Taabe (Dakota Beavers) se torna o guerreiro mais habilidoso, e logo é promovido a lider do grupo. Mas as coisas começam a ficar estranhas com um novo caçador deixando uma trilha de sangue pela floresta.
É curioso notar, que o roteiro de Patrick Aison segue basicamente a mesma estrutura do clássico filme de 1987, onde até o seu terceiro ato, não sabemos como é o Predador. E por falar nele, o alien da raça Yautja possui um dos visuais mais legais da franquia, com uma tecnologia avançada, porém ainda com um ar rudimentar. Fica claro que ele também é um caçador jovem, falho e que participa de algum ritual de iniciação. Podemos até traçar um paralelo com a protagonista, onde ambos estão imersos em uma jornada de amadurecimento.
Não espere uma trama complexa, nem um aprofundamento na mitologia dos Predadores: o filme é curto, direto e reto, com direito a membros decepados e mortes criativas. Tudo o que nos foi apresentado nos outros filmes, vemos aqui. Os caçadores Yautjas possuem um código de honra e não matam presas que eles consideram fracas demais ou indignas. Isso acaba sendo até uma frustração pra nossa protagonista, que em muitos momentos se sente ofendida por não ser considerada uma ameaça a ser temida. Mas, assim como o filme, ela conhece suas limitações, e tem que usar a inteligência e a estratégia para conseguir superar seu algoz.
O longa é também é limitado nos efeitos visuais, mas nada que tire o brilho do trabalho, feito com muito esmero. As tomadas em campo aberto são de tirar o fôlego, ponto para a fotografia de Jeff Cutter. É notável também, o carinho que tiveram em respeitar e inserir elementos já estabelecidos no cinema e nos quadrinhos da Dark Horse. O filme funciona isoladamente, mas, recomendo uma revisitada em Predador (1987) e Predador 2 (1990) para uma experiência completa.
Com um orçamento tímido, não é um filme pretensioso, muito pelo contrário, é um produto bem pé no chão e faz com maestria tudo aquilo que se propõe. Não é de admirar, o diretor Dan Trachtenberg, de Rua Cloverfield, sabe trabalhar com pouco, juntanto elementos de tensão, horror e ação. Terminei o filme satisfeito, e já querendo revê-lo.
“Uma habilidosa guerreira Comanche tenta proteger seu povo de um predador alienígena altamente evoluído que caça humanos por esporte. Ela luta contra a natureza, colonizadores perigosos e essa criatura misteriosa para manter sua tribo segura.”
O Predador: A Caçada é um prato cheio para os fãs da franquia, e entrega um ar de renovo com uma pitada de saudosismo. Sem dúvidas estará no hall de troféus dos Yautja. O filme está disponível no Star+.