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Primeiras Impressões | IRODUKU: The World in Colors

Shows originais – isto é, que não são adaptações de algo, e sim escritos originalmente para o animê – são uma faca de dois gumes para o redator que vos digita. Por um lado, me economiza um parágrafo inteiro sobre o que diacho é o negócio original. Por outro, faz com que meu trabalho de criar um texto onde eu consiga dizer que “Japonês é um povo estranho” seja muito maior. Dessa vez, o que temos é um desses: Um Show Original, e que me dá muita dificuldade em reclamar sobre os japoneses… De qualquer maneira, vamos à introdução de fato:

O termo “magia” vem sendo usado pela humanidade há muito tempo. Ele mudou de significado com o passar das eras, mas sempre desperta a curiosidade de qualquer que seja o indivíduo envolvido. O nosso ser clama pelo sobrenatural, ele busca qualquer coisa que seja diferente o bastante para abalar nossas rotinas, para mexer com os alicerces de nossa existência. Afinal, o mundo como o conhecemos é… chato, sem cor… Buscamos na fantasia algo que possa nos trazer divertimento numa vida pacata.

Só que, o que acontece quando essa mágica se torna parte do dia-a-dia? Quando ela perde aquilo que a tornava tão especial? Assim que ela se mescla com o que consideramos “normal”, qualquer coisa passa a ser vista com os mesmos olhos entediados de sempre. E é justamente nesse mundo onde esse show quer se aventurar.

E quando falamos de magia, visões espetaculares sempre surgem em nossas mentes. Pode escolher sua ficção predileta, que você vai lembrar de grandes planícies repletas de árvores balançando ao vento; Fortalezas de pedra cercadas por monumentais muros que se estendem por até onde os olhos conseguem ver; Caldeirões fumegantes que exalam uma leve bruma de cor suspeita, com bolhas estourando e gerando pequenos fogos de artifício a cada instante… Bem, vocês me entenderam, né?

O ponto é que uma história desse tipo precisa de um visual deslumbrante para acompanhar. E nesse quesito, estamos muito bem servidos. O estúdio responsável pelo show, a PA Works, é famosa por sua belíssima animação e cenários de tirar o fôlego. Vou falar mais na parte técnica, mas a beleza é um dos fatores que faz com que o show funcione como deveria. Muito mais do que é mostrado no mundo, o próprio mundo te mostra que a mágica é real.

Acontece que, para as personagens que estão lá dentro, esse mundo fantástico e fantasioso não passa de algo comum. Então quando paramos para ver como elas vivem… Não há nada inimaginável. Elas vivem normalmente, têm suas atividades corriqueiras e continuam tocando a vida como nós fazemos. Assim, mesmo com o fator sobrenatural que está arraigado ao cerne da trama, estamos lidando com um Slice of Life comum.

Nisso, acabamos caindo numa contradição: queremos algo que nos cative por ser diferente, mas recebemos algo que é o mais pão com ovo das refeições. Pra fazer o comum ser cativante, é preciso algo que chame a atenção, mesmo sendo normal. E o que IroDuku entrega nesse quesito são suas personagens.

Se até eu que sou a pessoa mais apática do mundo, consigo perceber as emoções por trás das personagens, você também consegue.

De novo, as personagens são pessoas normais fazendo coisas normais. O charme delas está em suas peculiaridades. Não só a sua aparência (que também é bem trabalhada), mas suas personalidades são postas a prova logo de cara. Elas não são portas falantes, ou pedaços de papelão em tamanho real, muito menos estereótipos ambulantes. Você percebe que elas foram muito bem pensadas, e nota a grande humanidade por trás de cada ação que elas tomam. Humanidade que faz com que você possa se identificar instantaneamente com cada uma delas, positiva ou negativamente.

Outro detalhe que preciso dedicar um parágrafo pra falar é sobre as cores. O uso delas no show é muito mais do que como uma ferramenta artística para dar vida ao mundo mágico, como comentei até demais anteriormente. Ela é uma ferramenta de roteiro.

A protagonista, Hitomi, tem claros problemas psicológicos. A garota é introvertida, tem dificuldades em socializar, sofre por conta de preconceitos e pra melhorar a situação, tem sérios problemas de TER QUE LIDAR COM A TECNOLOGIA DE CINQUENTA ANOS ATRÁS. E apesar de não termos tido uma confirmação da série, fica claro que sua Acromatopsia (joguei no Google mesmo. É o nome da doença que faz com que você não enxergue cores e veja tudo em tons de cinza) é uma metáfora para sua visão de mundo.

Lembra quando eu comentei, no primeiro parágrafo, que um mundo chato é um mundo sem cor? É exatamente isso que a protagonista passa, e que o diretor quer passar. Em diversas cenas – cenas onde a garota está claramente de saco cheio da vida, com aquela famosa vontadezinha de morrer – o show faz questão de eliminar todas as suas belas cores para nos mostrar a visão dela. Fica clara a mensagem que quer ser passada.

Você, largando a fase emo e começando a ouvir Restart.

Com tantas personagens boas e que são feitas para nós nos apegarmos rapidamente, e uma direção honestamente excelente que consegue trazer todos os efeitos desejados, nós nem paramos pra notar o quão arroz com feijão o show em si é. Sério, se você parar por trinta segundos e juntar todos os pontos, vai ver que não tem nada de especial no animê. Como já dito, é um Slice of Life pão com ovo. Mesmo com suas peculiaridades, tudo é muito simples e acaba trazendo um enorme senso de tranquilidade para o clima da obra. Mas essa simplicidade acaba sendo um charme a mais que se soma a todas as qualidades já mencionadas.

Como prometi, um pouco sobre a parte técnica: vou dar destaque para os astros, e nomear Toshiya Shinohara pelo seu trabalho na direção, que já cansei de elogiar ao longo do texto; e Naomi Nakano, por fazer o “Design de Cores” do show (que, certamente, é um dos papéis mais importantes para ESSE SHOW EM ESPECÍFICO). Ambos trabalham com uma equipe ligada ao estúdio P.A. Works, que tem seu repertório cheio de shows de qualidade (e alguns nem tanto). Ainda, a música (por Yoshiaki Dewa) e a dublagem (com diversos nomes conhecidos) são de alto nível e só agregam à produção.

Um show que surpreende por ser bonito de se olhar e gostoso de se assistir, IroDuku fica como uma estréia 8/10 e me deixa muito ansioso por mais. Você pode assistir pelo serviço de streaming da Amazon, o Prime Video, com novos episódios todas as segundas-feiras.

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Primeiras Impressões | Rascal Does Not Dream of Bunny Girl Senpai

Sei que vai ser difícil de acreditar, mas é verdade, então leia tudo até o fim. Faça isso, por favor! Apesar de estarmos falando de um animê, com um nome pouco chamativo e que provavelmente já te passou uma péssima primeira impressão, fazendo você achar que Japonês é um povo estranho… Dessa vez, tem algo a mais nisso. Algo que você precisa ver com seus próprios olhos. Dessa vez, até que animê não foi uma ideia tão ruim assim.

Fica bem fácil de saber que esse animê é baseado numa Light Novel, não fica? Digo, os sinais são óbvios: um nome longo e que descreve (ao menos) metade da sinopse; Nome, aliás, que soa ridículo para qualquer pessoa que já não esteja acostumada com esse tipo de coisa; Uma garota bonita na capa em alguma situação inusitada; Estrutura em arcos que fica óbvio onde cada volume acaba e onde o próximo começa… Poderia ficar aqui por horas, mas meu papel nessa postagem é outro, né?

Sabe o que é importante sobre uma Light Novel? Seu Autor. E o da Novel que deu origem a este animê é um já bem conhecido pelos fãs de melodrama adolescente: Hajime Kamoshida. Esse japonesinho com cara de simpático já passou pelas Primeiras Impressões quando o Luís comentou sobre Just Because!, quase um ano atrás. Se você assistiu a última obra adaptada do homem, sabe exatamente o que esperar disso aqui.

O estilo de escrita dele continua o mesmo, só mudando o enfoque: enquanto Just Because! se destacou por ser extremamente realista e pé no chão, Bunny Girl (que, desculpem, vou abreviar) parece ser uma primeira tentativa de trazer o sobrenatural para seu repertório.

E rapaz… Não é que ele está acertando em cheio?

Para explicar como que o nosso autor predileto consegue manter sua escrita “humanizada” enquanto parte para histórias além da compreensão humana, precisamos analisar justamente os humanos que estão inseridos nessa história: suas personagens.

Basta olhar para trás, que você verá o histórico do cara com seus protagonistas: tanto o Sorata de Sakurasou no Pet na Kanojo, como o Eita de Just Because! são farinha do mesmo saco. Apesar de terem suas próprias peculiaridades que conseguem distingui-los bem, eles têm um ‘esqueleto’ em comum: sua boa vontade e bom coração, sempre buscando ajudar os outros, mas cercado por diversas camadas de ironia e sarcasmo, que vão sendo derrubadas (e, às vezes, reconstruídas) com o passar da trama.

Em Bunny Girl, ele repete a fórmula, e consegue fazê-la bem, mais uma vez. E o motivo é simples: esse é o perfil mais genérico para um adolescente dos dias de hoje. É difícil errar quando você sabe exatamente onde quer acertar.

Esse garoto está saindo com coelhinhas bonitas graças a esse truque estranho. >>CLICA AQUI<<

Já a garota, tem suas peculiaridades (até por conta de suas circunstâncias), mas também é convincente. Também é uma pessoa que você consegue imaginar sendo real, existindo e tendo problemas semelhantes aos que você vê na tela. E o jeito como ela reage, tanto ao mundo ao seu redor (já falo disso) como aos esforços do garoto, duas coisas que beiram o sobrenatural… É deveras realista. Você se surpreende com a racionalidade dela.

A ambientação do mundo é a grande novidade da obra. Pela primeira vez, ele tenta fazer algo além de sua zona de conforto, e traz o místico pro palco principal. Fica claro que ele não tem muita experiência com o assunto, mas que está se esforçando para dar o seu melhor.

Ele explica a visão geral das coisas e deixa com que você preencha as lacunas com seus próprios pensamentos e ideais sobre o oculto… Mas cinco minutos depois, traz a personagem que é o bode expiatório da sua própria culpa, e tenta desmentir tudo.

Você reclamando de política na sua timeline depois de já ter excluído todo mundo.

Exatamente, essa analogia é perfeita: o autor queria escrever uma obra sobrenatural, mas sua racionalidade é muito arraigada ao seu jeito de redigir… Daí, para desencargo de consciência própria, ele fez questão de tentar racionalizar, equacionar e desmistificar qualquer aspecto que não seja cientificamente comprovável.

Talvez esse defeito acabe sendo uma de suas maiores façanhas, no final das contas. O clima que temos acerca desta tal “Síndrome da Adolescência” é justamente de mistério. É uma “doença” que não faz sentido algum para a “ciência tradicional”, mas que, quando analisada psicologicamente por moleques de quinze anos, faz todo o sentido.

É a tal da “puberdade” sendo explicada em formato mais entretível. Ambas as personagens estão mergulhadas no oculto, em coisas sem explicação… Mas você consegue trazer todos os problemas que elas possuem para o âmbito de carne e osso. O real “inimigo” da série não é o fenômeno sobrenatural que é chamado de “Síndrome da Adolescência”, mas sim o fenômeno real de se viver numa sociedade e de ver e experienciar as consequências disso.

Agora, vem cá… O QUE ESSES JAPONESES TEM COM O SCHRÖDINGER E SEU MALDITO GATO? Desculpem a exaltação, mas francamente… Toda hora, o tempo todo, esse maldito experimento sendo citado e redesenhado e remodelado por animês e afins. E o pior de tudo? METADE DAS VEZES, ELES TÃO ERRADOS! O Gato de Schrödinger é um experimento criado pelo cientista de mesmo nome para mostrar justamente… o quão ABSURDO é o conceito por trás da Mecânica Quântica. Mas parece que gostam de citá-lo como uma fonte de razão e de racionalidade sempre que possível… E não é isso… Não assim… Não desse jeito…

Desculpem o desabafo.

Eu nem vou me dar ao trabalho de mostrar os erros científicos do show, então fiquem com esse meme de baixa qualidade ao invés disso…

Voltando a programação normal, podemos falar da parte técnica, que vejam só, não está decepcionando nem um pouco! A animação é do estúdio CloverWorks (que fez relativo sucesso recentemente com Darling in the FranXX); tem direção de Souichi Masui (que já tem um bom tempo na indústria); Um destaque também vai para Satomi Tamura, que fez os excelentes Designs de Personagens, e participou da animação dos primeiros episódios.

O visual é lindo, as personagens são muito bem desenhadas e se envolvem perfeitamente com o mundo (também belamente desenhado) em que estão. Até os figurantes e personagens de fundo, que muitas vezes são ignorados (ou renderizados em 3D) acabaram ficando bons. E a trilha sonora não deixa a desejar, sendo perfeita para todas as ocasiões, quase todas as vezes.

No mais, fica claro que Bunny Girl é muito mais do que aparenta ser, e que traz muito mais do que seu título poderia te fazer imaginar. É, literalmente, um livro que não se pode julgar pela capa, e parte disso se reflete até na própria trama do show. Sinceramente, não gostaria de me exaltar aqui, mas creio que, no mínimo, 8/10 para essa estreia é o que ela merece.

A série está sendo transmitida pela Crunchyroll, com novos episódios todas as quartas-feiras.

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Primeiras Impressões | Holmes of Kyoto

Quem não gosta de um conto de detetive? Faz sucesso há anos, tem que ser bom! E claro que, como tudo que faz sucesso (e as vezes até coisas que não fazem), tem que vir algum japonês transformar o negócio em alguma coisa estranha. É o caso de Holmes of Kyoto.

Pois bem… Elementar, meu Caro Watson… Só que dessa vez o Watson é uma garota de 16 anos ressentida com a vida e que não ajuda em nada nos casos. E o próprio Holmes também é um jovem adulto ressentido com a vida. Sério, tá todo mundo depressivo nesse show, bicho?

O animê vem baseado em uma obra já antiga: o material original é uma Novel com início de publicação em 2015 por Mai Mochizuki. Se considerarmos que Sherlock Holmes é de 1887, dá pra chamar de velho né? De qualquer maneira, a novel de Mochizuki também foi adaptada em versão mangá em 2016, com um design muito mais próximo do que vemos na animação. Não que isso importe muito para o caso em questão.

Assim como uma obra de investigação faz, Holmes of Kyoto mostra algo para te enganar no começo, te dar pistas falsas e te convencer de que sabe o que está acontecendo. Quando na verdade, você está sambando na mão do assassino o tempo inteiro.

Mas o que exatamente é pura lábia no animê? Elementar, pois: o primeiro episódio te faz acreditar que teremos uma temporada inteira de Trato Feito Quioto, dentro da loja de antiguidades que nos é apresentada. E sinceramente? Acho que isso seria muito bom. Quem não gosta de Trato Feito? É um dos melhores programas da TV fechada atual.

Infelizmente não é isso que acontece. A partir do segundo episódio, temos uma série de “casos” que precisam ser resolvidos pelo protagonista (que aliás nem se chama Holmes de verdade, mas achei uma boa sacada o motivo do apelido), e todos surgem tão repentinamente quanto acabam. Em momento algum nós somos apresentados aos motivos que fazem esses casos serem levados especificamente para o Yashigara (que é o nome real do Holmes, aliás). E nunca nos é explicado como que essas pessoas conseguem se sustentar, tendo em vista que todos os casos até então foram resolvidos na base da “troca de favores” e eles aparentemente ignoram a existência da loja por longos períodos de tempo.

Quem fez melhor?

Mesmo com uma trama aparentemente episódica que serve mais para mostrar a vasta gama de trívias de rodapé de livro que o protagonista leu, as personagens conseguem ser interessantes. Digo, as duas personagens que apareceram por mais de cinco minutos na tela. Temos o mocinho, que abertamente admite ser uma pessoa ruim; e temos a mocinha, que é totalmente uma adolescente gótica da cidade grande que se mudou pro interior. São pequenos traços de personalidade, sim, mas que são bem explorados e conseguem te definir como são as pessoas que estamos lidando.

Acontece que mesmo com um elenco legal, as investigações não são tão divertidas como deveriam ser. Passamos quinze minutos gastando tempo com alguma coisa que parece ser relevante, para no final o caso ser resolvido com alguma coisa nunca antes mencionada, literalmente tirada da cartola do protagonista. Não existe nenhuma forma de você chegar na mesma conclusão que o caso toma. O mistério deixa de ser divertido e se torna frustrante. Você passa a pensar: “Que coisa minúscula e idiota vai ser a chave para resolver esse caso?“. Você precisa ignorar todas as pistas reais que são dadas (e que ocupam 80% do episódio sendo mostradas) e apontar para a coisa mais não-relacionada que aconteceu.

Na parte técnica, temos uma animação razoável. Não é ruim, e tem até algumas cenas bonitas, mas peca em algumas outras. Cortesia do estúdio Seven com direção de animação de Yosuke Ito. Sobre músicas… Eu sinceramente nem percebi se tinha algo tocando no fundo ou não. Acredito que é um sinal negativo para a OST. Mas ao menos a dublagem é bem bacaninha, com Kaito Ishikawa no papel do mocinho e Miyu Tomita no papel da assistente-peso-de-papel.

Eu assistindo aos casos sendo desvendados magicamente.

No final das contas, não é mistério nenhum que eu não fui muito com a cara do show. Mas é claro que você pode acabar gostando. Afinal, nem todo mundo gosta das mesmas coisas, e não precisa ser um xeroque rolmes pra saber disso. Pra mim, ao menos, a nota inicial para o animê é de 4/10. Pode melhorar, com certeza, se decidir ser mais racional, mas por enquanto…

Você pode conferir por si mesmo assistindo ao show, que está disponível na Crunchyroll com novos episódios lançados todas as segundas-feiras.

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Primeiras Impressões | Chio’s School Road

A gente tenta postar no horário, mas no caminho do painel de controle acontecem coisas bizarras, e nós acabamos quase sempre nos atrasando. Parece que sempre que vou escrever sobre japonês, surgem umas coisas estranhas… O que era de se esperar. E hoje, temos o animê mais idiota e mais vergonhoso que eu vi nos últimos tempos. E justamente por isso, ele é sensacional.

Se fosse para definir Chio’s School Road em uma só frase, seria “eu mesmo”. Apesar de todos os absurdos e da enorme falta de seriedade em qualquer coisa (que já falo sobre), a maior qualidade da série é ser extremamente relatável e te conquistar por proximidade e intimidade.

Mas calma, vamos primeiro conhecer o que estamos lidando. A obra vem de um mangá, com autoria de um cara que é conhecido por… Desenhar Hentais: Tadataka Kawasaki (eu sei que vocês iam perguntar). A única obra que não precisa de faixas de censura dele é justamente essa, e isso já diz muito mais do que precisávamos saber sobre o assunto…

Voltando ao que importa, que é o animê em questão… O show promete ser algo extremamente simples: uma garota indo pra escola. O que poderia dar errado? Simplesmente por conhecermos a mídia em que estamos, a única resposta possível é “tudo”.
As coisas sempre dão errado, o tempo todo. Mas a melhor parte é que são pequenas coisas, acontecimentos do dia-a-dia que você, eu e todos nós passamos também. A diferença é que a Chio faz tudo que nós sempre sonhamos e nunca pudemos (ou melhor, nunca tivemos a coragem de) fazer. Isso torna esses pequenos imprevistos em cenas de repercussão astronômica, que por beirar a insanidade, acabam cruzando a linha do cômico.

Não só os acontecimentos como as personagens têm o seu humor próprio. Começamos de garotas terríveis cientes de sua própria maldade, passamos por lésbicas psicopatas, e chegamos até ex-membros de gangue em recuperação. O elenco é tão diverso que é impossível não gerar uma situação cômica pelo simples encontro dessas figuras.

Claro, não é um show para qualquer um. É preciso gostar de absurdo e ser aquele tipo de pessoa que morre de rir com uma foto de um atum. Também existem algumas barreiras culturais, com piadas que fazem mais sentido em japonês e/ou para a cultura oriental (você sabe como é o corte ideal de um Atum inteiro? Pois eu também não sabia). Mesmo assim, ainda há algum aproveitamento para todos, basta desligar seu cérebro e se divertir por alguns minutos. Ou só assistir, se você for como eu que já está com o cérebro desligado há alguns anos.

De verdade, a obra me conquistou desde o primeiro episódio, mas pode demorar um pouco mais para cair no gosto de pessoas menos imbecis que eu. Se o começo não te prender, dê uma chance para o segundo.

Pessoas que batem bem da cabeça tentando entender o que diabos está acontecendo.

Na parte técnica, o estúdio Diomedea está cuidando da animação, que está ótima e propositalmente simples, para realçar todos os efeitos necessários; a música é essencial, com uma OST adequada para a obra (simples, mas absurda), abertura e encerramento de excelente nível, e efeitos sonoros dignos de vídeo-cassetadas do Faustão (e isso é um elogio!); uma dublagem perfeita, com a protagonista Chio (CV: Naomi Oozora) tendo a voz ideal para as ações que ela toma…
Resumindo, é uma baita duma produção, dentro de seus méritos.

O comedômetro quebrou e foi substituído por outro, mas as notas continuam: 8/10 é mais do que merecido e Chio’s School Road tem um futuro brilhante pela frente. Completamente nonsense, mas brilhante.

O anime está disponível na Crunchyroll, com legendas em Português (ou inglês, se preferir) e novos episódios são lançados todas as sextas-feiras.

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Primeiras Impressões | Magical Girl Ore

Tá, admito que esse parágrafo inicial normalmente é usado apenas para tirar um sarro e dizer que Japonês é um povo estranho, mas dessa vez, eu acho que eles têm razão. Presta atenção nisso: duas garotas que são idols, que se encontram com um membro da Yakuza que transforma elas em garotas mágicas, cuja verdadeira forma são homens sarados. Daí elas decidem virar idols ENQUANTO TRANSFORMADAS EM HOMENS SARADOS MÁGICOS.

Sério, como você pode não gostar de algo assim? É sensacional!

Ok, tudo bem. Sabemos que nem todos gostam de tudo, e que cada um tem o seu tipo predileto de mídia. Não somos todos iguais (graças a Deus!) e as diferenças são nossa força motriz. Mas mesmo assim, como que você pode ler uma descrição dessas e simplesmente não pensar “irado!“? Esse é o ápice da Japanimação e nem a vergonha alheia enorme de usar a palavra “Japanimação” não-ironicamente poderia superar a epicidade que estamos encarando aqui hoje.

Assim como One-Punch Man foi uma sátira que conseguiu rir de si próprio e se manter como um Battle Shounen enquanto tirava sarro de Battle Shounens, Magical Girl Ore faz exatamente a mesma coisa com o gênero Mahou Shoujo: é claramente um deboche de todas as obras semelhantes, mas continua sendo uma delas.

A cena de transformação; as roupinhas exageradamente coloridas; o mascote; a premissa confusa; os ‘vilões’ semanais e episódicos que não agregam em nada; armas duvidosas e questionáveis; o poder do amor movendo as personagens; aquela personagem chata que só existe para atrapalhar a vida das protagonistas…
Tudo está lá, todos os elementos de um Mahou Shoujo estão lá. É inegável que o show se trata, de fato, de um Mahou Shoujo. E o grande charme do show é justamente ser aquilo que eles mesmos parodiam.

Você já fez coraçãozinho com um membro da Yakuza hoje?

Se a simples meta-linguagem não for suficiente para te comprar, talvez o excessivo humor seja. Eu sou um cara que gosta de comédias (é o meu gênero predileto), e me agrado com tudo um pouco. Não tem tempo ruim comigo, desde que o negócio me faça dar risada, propositalmente ou não. Inclusive algumas das melhores obras que tem são aquelas acidentalmente engraçadas.

Com Magical Girl Ore, eu me vi não apenas dando risada, mas tendo crises de riso, em diversos momentos dos episódios. Além do humor parodial – que, confesso, você precisa ter ao menos uma base de conhecimento sobre clichês de garotas mágicas para entender – de excelente qualidade, o show ainda apresenta uma premissa tão absurda, e acontecimentos tão insanos, que simplesmente por existirem, certas situações já são engraçadas. É uma mistura maravilhosa de humor de nicho com humor nonsense, que trouxe o melhor dos dois mundos e conseguiu mascarar as falhas de ambos.

No elenco, temos personagens que são claramente esteriótipos ambulantes. Quando falamos de sátiras, fica difícil de fugir disso. Mas eles conseguem sair pela tangente ao colocar os esteriótipos em “carcaças” diferentes do comum. Essa diferença abismal entre cara-crachá que algumas personagens apresentam só acrescenta ao senso de humor que é o forte do anime (assim como era na antiga Zorra Total).

Mudando de assunto pra falar da parte técnica, Magical Girl Ore trabalha com bons visuais. Não é uma animação cinemática (às vezes, muito pelo contrário), mas faz um excelente uso de “carinhas”. Uma vez eu estava conversando com um amigo meu sobre o motivo dele não gostar de animes. A resposta dele foi que “personagem de anime faz muita ‘carinha’ e isso me irrita“. Desde então, passei a chamar qualquer expressão caricata usada por personagens de “carinha”. Esse show tem excelentes carinhas.

Meu amigo odiaria isso. Acho que nem por causa das carinhas, mas…

E não tem mais o que falar, sem se tornar repetitivo. Apesar dos três princípios da comédia (Não se lembra? O primeiro princípio da comédia é a repetição, e o segundo princípio da comédia é a repetição), e apesar de eu ser um palhaço, e apesar do anime de hoje ser uma excelente comédia… Chega de falar mais do mesmo.

Para finalizar, então: Magical Girl Ore apresenta exatamente o que promete em uma paródia ciente de si mesma e que tem um senso de humor hilário para 3% da população, mas que ainda pode oferecer algumas boas risadas para os outros 97%. Não sei você, mas ainda estou estupefato pelas garotas mágicas serem homens bombados contratados pela Yakuza.

Não conseguiria dormir a noite se desse uma nota inicial menor que 9/10 para Magical Girl Ore, que é a definição da frase “Deus abençoe essa bagunça“. O show está disponível na Crunchyroll, com novos episódios toda segunda-feira.

E não esquecer que pegar a pessoa desprevenida é o terceiro princípio da comédia.

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Primeiras Impressões | 3D Kanojo: Real Girl

Se você arruma uma namorada, por aqui você não precisa deixar claro de quantas dimensões ela é. Já no Japão, essa diferenciação não só é necessária como é obrigatória. Se isso não for ser um povo estranho, eu não sei mais o que é. Veja a prova no próprio anime que vamos comentar sobre, hoje. Não basta dizer que a namorada é 3D, tem que dizer também que ela é real. Incrível.

Mas tiração de sarro de lado, e indo praquilo que vocês realmente vieram aqui para, vou direto ao ponto com vocês, pois não há forma melhor de descrever esse show do que assim: O que diabos está acontecendo aqui?

Baseado num mangá relativamente antigo (início em 2011, com término em seu décimo segundo volume no ano de 2016), 3D Kanojo: Real Girl é da autora Mao Nanami, uma mulher que, por trabalhar num meio dominado por homens, tenta se destacar ao fugir dos padrões e mostrar facetas que não estamos acostumados a lidar nesse tipo de mídia. Já vou falar disso.
Mas antes tenho que expressar minha frustração.

A premissa do anime não é difícil de se entender, na real. É o clássico onde um garoto otaku nerd gótico diferente e raro, feito pra ser o self-insert do maior número de japoneses possíveis, DO NADA, consegue uma vida maravilhosa e que ele não merece de jeito nenhum. Se você parar pra buscar outras séries com mote semelhante, vai achar aos montes. Sério, não é difícil de encontrar, escapismo faz sucesso.

O que veio para – tentar – diferenciar o dito cujo dos seus milhares de concorrentes, ao que parece, não foi o seu roteiro, sua trilha sonora, nem sua animação. Suas personagens (ou melhor, suas personalidades e atitudes) aparentam ser o divisor de águas. Ao menos foi o que os três primeiros episódios tentaram passar.

Senta que lá vem a história…

Normalmente temos um elenco ideal: personagens boas, talvez injustiçadas, beirando a perfeição. Problemas nunca são culpa do protagonista, mas sim desse mundo cruel onde uma boa alma não consegue perambular em paz, sem ser julgada e abusada.

Não aqui. Não nesse show. O garoto é recluso, pouco confiante, covarde, desdenhoso e suas ações são mais movidas a orgulho do que benevolência. A garota é rebelde, promíscua, impulsiva, mentirosa e não possui um só pingo de juízo.

As nossas personagens principais são pessoas repletas de problemas, com personalidades questionáveis e defeitos até faltar adjetivos (tive certa dificuldade pra completar o último parágrafo, inclusive). Falando em bom português, ambos garoto e garota são péssimas pessoas. Não é um nível de problemática onde você pode usar o discurso de que as personagens são “realistas por terem defeitos”. São defeitos demais, pontos negativos demais, pra poucos elogios.

O mais intrigante, porém, é que a velha regra da matemática se aplica também ao show business: menos com menos dá mais. Eu passei nervoso vendo os dois protagonistas sozinhos, mas quando estão juntos… Parece que funciona? A interação entre os dois é sensacional, e consegue usar os seus respectivos defeitos de uma forma que complementam as falhas do outro.
Mas quando eles estão separados, continuam detestáveis.

Só que as coisas entendíveis acabam por aí. O ritmo do anime é frenético, e as coisas acontecem uma atrás da outra, sem te dar tempo para respirar ou tentar entender o que diabos rolou. Não é que o show seja rushado, é mais que as próprias personagens são frenéticas, e tomam decisões além da compreensão de um humano normal. Você vê mil coisas sendo ditas e acontecendo dentro e fora da tela, e nenhuma delas é explicada em momento nenhum.

Tanto os fatos quanto os “defeitos” das personagens mencionados anteriormente não são explicados e ficam no ar para entender como ou o motivo deles existirem. Claro que com apenas três episódios, não dá pra ter certeza de nada mesmo que a autora tentasse explicar, mas ficar no escuro assim não é muito legal.

Quando você finalmente você tem uma namoradinha e seu tio chega no churrasco.

Apesar de ser chamado de “comédia-romântica”, o show tem seus momentos divertidos, mas nada de extraordinário até então. Coisa no nível Os Trapalhões, no máximo (não que Os Trapalhões seja ruim, é claro). E eu não pude deixar de reparar no enorme CLIMÃO que a atmosfera do anime passa com sua abertura (“Daiji na Koto” por Quruli) e suas músicas de fundo. Parece que algo vai dar errado, lágrimas vão ser derramadas e pessoas vão ser atropeladas por caminhões a qualquer momento. Não sei se estou preparado para isso.

Só para não perder o costume, podemos falar da parte técnica: o estúdio responsável é a Hoods Entertainment; e quem dirige é Takashi Naoya, que tem em seu currículo a direção de um terço de um de meus animes prediletos, que por acaso também é uma comédia-românica: Sakurasou no Pet na Kanojo. Lá, o trabalho foi bem feito. Podemos esperar algo no mesmo nível para cá.

No final das contas, 3D Kanojo: Real Girl consegue ser divertido, apesar de você não entender o que está acontecendo por 90% do episódio. Tenho como esperança de que no futuro, todas as decisões tomadas e todos os defeitos dos personagens sejam devidamente explicados. Por enquanto, um 6/10 parece ser razoável, e ainda aguardamos por fatos (ou pela falta deles) para saber se essa nota desce ou sobe ou empina ou rebola.

O show pode ser assistido legalmente no sistema de streaming da Hidive, com legendas em português.

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Primeiras Impressões | Koi wa Ameagari no You ni

Para abrir esse post, eu poderia falar que japonês é um povo estanho, mas vou deixar isso pra lá. Afinal, nada se encaixa melhor do que citar o nobre compositor e violinista brasileiro Luis Carlinhos, com a música que se popularizou na voz de Tato, vocalista do grupo Falamansa:

Experimente tomar banho de chuva
E conhecer a energia do céu
A energia dessa água sagrada
Nos abençoa da cabeça aos pés”

Baseado no mangá de Jun Mayuzuki, ganhador do 63º Shogakukan Manga Awards, serializado desde 2014 e que conta atualmente com nove volumes, “Koi wa Ameagari no You ni” (lit. “O amor é como o cessar da chuva”) é o show que iremos fazer uma análise precoce hoje. E amigos, acho que “show” é uma palavra perfeita pra isso.

Tudo, absolutamente TUDO no anime é demasiadamente pomposo, e merece o título de “show”. A premissa é o que mais chama a atenção, mas o desenvolvimento, a direção artística e as personagens não ficam para trás, formando um enorme mosaico de coisas espalhafatosas (positivamente falando) que quando juntas, acabam funcionando muito bem. Falemos de cada um desses pontos.

Quando o amor é pelo administrador do grupo

Primeiro, a premissa: Sabemos que o amor não tem barreiras; que não escolhe alguém por aparência, cor, credo ou idade; e que é responsável por muitas ações policiais envolvendo garotinhas que dizem ter 900 anos de idade, mas aparentam ter 12.
Uma garota de dezessete anos e um homem de quarenta e cinco. Esse é o tipo de história que poderia tanto ser um belo conto sobre a luta pelo triunfo do amor, como poderia ser o tipo de história que levanta diversos questionamentos sobre a integridade da mídia “anime” como um todo e geraria polêmicas reportagens no Fantástico.

Felizmente, até então, tivemos personagens extremamente racionais, tendo reações e tomando decisões também racionais, que fizeram com que a trama conseguisse se manter verossímil em seu desenvolvimento. É essa verossimilhança que me deixou tão intrigado (de novo, positivamente) com o show, por me mostrar que não importa o que o autor quiser fazer, ele tentará traçar um caminho que não ofenda a inteligência (e a ética) de ninguém.

Apesar de todos os elogios aos pontos anteriores, nenhum deles chega aos pés da qualidade de sua direção artística. Com Ayumu Watanabe no cargo-chefe, o anime consegue ser lindo e maravilhoso, sem exagerar. Nessa mesma temporada temos Violet Evergarden, que é considerado por muitos como um dos shows de TV mais bonitos da história. Pra mim? Eles exageram demais, tudo é demasiadamente detalhado, é como se eles tentassem demais fazer o negócio ficar bonito, e acaba não soando tão natural.

Já aqui, tudo é naturalmente bonito, os cortes são belos por sua simplicidade e por estarem sempre adequados ao momento. O estilo muda repentinamente, e você é pego de surpresa por isso. Ele muda, mas para algo que retrate bem a situação, e tudo flui perfeitamente. É um bagulho 5000% AESTHETICS o tempo todo. Mesmo quando não tenta ser cinematográfico, o show tem cenas bem animadas e agrada a todos os públicos.

Por fim, mas não menos importante, as personagens: Cara, o que falar dessas pessoas que eu mal conheço e já considero pacas? Todas as personagens são idiotas, mas são idiotas adoráveis. Desde a protagonista que não sabe ajustar o seu temperamento, até o gerente de meia-idade com mania de perseguição. Os secundários também brilham de uma forma incrível, com designs interessantes e personalidades que completam perfeitamente o quadro de pessoas da trama. É um elenco perfeito para uma obra que tenta pagar de hipster sem querer passar longe do palpável.

Minha única recomendação é: Dá uma chance pra esse negócio, venha de coração e mente abertas, e você não vai se arrepender de tentar. Você pode até não gostar, mas com certeza será uma experiência única. Pra mim, acho difícil alguma outra estréia bater essa, e carimbo um 8/10 para o começo dessa história que olha… Ainda tem muito chão pra andar, e muita água pra cair do céu.

O show pode ser assistido por assinantes da Amazon Prime.

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Primeiras Impressões | Grancrest Senki

Magos, cavaleiros, feudos e poderes malignos desconhecidos. Esse é o tipo de coisa que você encontra em qualquer tipo de mídia, não importa a sua origem. Então hoje provamos que não só os japoneses, mas como todo o mundo é um povo estranho.

Tudo começou quando um jogador de D&D fez amizade com um fã de Sonic. Após diversas carícias e noites de amor, eles deram à luz um menino chamado Grancrest Senki. Vivendo uma adolescência conturbada, o garoto foge de casa, mas leva consigo o lema de sua mãe. Um dia, ele é parado na rua por executivos extremamente suspeitos de um estúdio de animação (e fast-food) chamado A-1 Pictures. Vendo ali uma chance de garantir seu sustento, o garoto Grancrest aceita a proposta que lhe é oferecida.
O nome desse executivo? Ninguém menos que Albert Einstein.

Brincadeiras e surrealismo a parte, algo em torno de dez porcento do parágrafo anterior é, de fato, realidade. Você talvez conheça Lodoss-tou Senki (ou “Record of the Lodoss War“, em inglês), um OVA que foi produzido no início dos anos 90, e que foi o estopim para a explosão do sub-gênero de fantasia nas obras japonesas. Lodoss-tou Senki é o transcrito de uma campanha de RPG de mesa mestrada por Ryou Mizuno, o homem que viria a ser o criador do sistema 2d6, uma adaptação do clássico D&D para dados mais modestos.

Mas o que isso tudo tem com o anime que vamos falar hoje? Bem, Grancrest Senki é, de certa forma, o sucessor de Lodoss-tou Senki. Escrito pelo mesmo autor e com as circunstâncias semelhantes, uma Light Novel se cria e após ser adaptada em mangá, vira também um anime. Anime este que vamos falar hoje. Entendeu a volta que demos?

Com uma temática superficialmente genérica (assim como todas as obras de fantasia medieval), percebemos que o mundo que estamos por explorar é rico e amplamente detalhado por várias e várias horas de atenção dada por seu criador. Não que isso seja aproveitado, mas comentarei mais sobre, depois. Primeiro a gente fala de como é genérico, já que chamar as coisas de ‘genéricas’ dá ibope.

mcq chamam o meu anime de genérico

Eu normalmente não dou sinopses em minhas análises e resenhas pois é algo trivial, que pode ser facilmente encontrado internet afora, e que não acrescenta nada, além de tamanho, para meu post. Mas vejam só como a sinopse – levemente alterada – do show em questão pode ser encaixada em diversos outros:

Num mundo fantástico e de temática medieval, um grande mal de origem desconhecida paira pelos quatro cantos do continente. Um grupo de pessoas, agraciadas com um poder especial, são os únicos capazes de combater os misteriosos inimigos que espalham o caos. Com o passar das décadas, os homens começam a brigar entre si, buscando obter esse poder. Não para combater o mal, mas para seus próprios objetivos egoístas. Protagonista A é um(a) talentoso(a) que busca um(a) companheiro(a) de aventuras que tenha uma missão nobre para que juntos, possam mudar o mundo que, além de devastado pelo mal, sofre com a ganância dos homens. Protagonista A encontra Protagonista B e juntos, vivem incríveis aventuras.

Agora que falamos da parte genérica, podemos tentar falar sobre o ricamente trabalhado universo da séri-
Já o próximo tópico é sobre os personag-
Falemos também sobre a política que envolv-

Essa é a experiência de assistir Grancast Senki. Lembra do lema da mãe do garoto, que era fã de Sonic? Isso mesmo, o lema é “Gotta go Fast“. Tudo acontece num ritmo tão frenético que mal temos tempo de parar para respirar. Eu honestamente, sem meme, acredito que todo o conteúdo mostrado nesses três primeiros episódios poderiam preencher uma temporada inteira, e ainda estaríamos correndo um pouco. É sério, o negócio corre.

Gravação ao vivo dos bastidores do show

Há tantos acontecimentos, personagens, explicações de mundo e implicações políticas rolando, e tão pouco tempo para eles, que é muito fácil de se perder. Acabamos por ter diversas coisas na mesa, mas todas com pouco ou nenhum aprofundamento. Tudo é raso, tudo é superficial. O negócio chega ao absurdo de termos uma personagem que simplesmente surge, do nada, no episódio três, e está lá, junto com os protagonistas, fazendo coisas e tomando parte na ação. E que eu não faço a menor ideia de quem seja, nem mesmo o seu nome eu sei! Fica subentendido que todo o seu arco aconteceu por debaixo dos panos, e que devemos simplesmente aceitar aquilo como realidade.

A animação também não é lá essas coisas, falando em bom português. Cortesia da A-1 Pictures (Sword Art Online, Ao no Exorcist, Magi), que nunca foi conhecida por seus trabalhos de qualidade gráfica elevada. A maioria absoluta dos cortes são feios. Sério, feios mesmo. Temos eventuais bons cortes, mas que de nada ajudam com o resto, e pouco agregam a experiência como um todo. É de uma mediocridade sem igual.

O incrível, porém, é que mesmo rushado e visualmente feio, o anime ainda consegue ser prazeroso de se ver. Os seus personagens são interessantes (com um design único e que retrata bem suas personalidades) e todos são LEGAIS PRA CARAMBA, o tempo inteiro. Até mesmo o protagonista, que está mais para uma porta do que um lorde, tem seus momentos e consegue estampar um sorriso no teu rosto de vez em quando. Você não entende absolutamente nada do cenário mais amplo da trama, e quais consequências aquelas ações terão, mas as ações em si são divertidas, mesmo fora de contexto, por causa de seus atores.

No final do dia, a gente xinga, maltrata e esperneia, mas se diverte e dá gostosas risadas com a companhia de Grancrest Senki. É uma merda, mas é bem legal, eu gosto até. Pra esse conturbado início, creio que 6/10 é uma nota interessante. O show não é ruim. O show não é bom. A experiência de assisti-lo é simplesmente… Intrigante. Vale a pena arriscar, eu diria.

O anime pode ser assistido legalmente no site de streaming Crunchyroll.

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Primeiras Impressões | Princess Principal

Alguns períodos da história humana acabam sendo fetichizados pelo homem moderno. Nunca paramos para pensar em como a Peste Negra assolava a Idade Média; como a discriminação era a norma na Era Vitoriana; ou como as pessoas viviam com medo do fim dos tempos durante a Guerra Fria. É com esses aspectos mais viscerais do passado que autores como Philip Pullman, Scott Westerfeld, Stephen Hunt e China Miéville (que eu descaradamente copiei e colei da Wikipédia) “fundaram” o subgênero steampunk.

E isso tudo é relevante para nosso tópico pois tratamos de uma série com canos, engrenagens e vielas londrinas pra tudo que é lado. E que apesar de abraçar fortemente a temática de “Crítica social foda” que é o steampunk, ainda não deixa de ser japonês, então vemos a fetichização de outras formas.

Mas convenhamos, quem é que não gostaria de ver garotinhas moe encarnando o 007 numa Londres Steampunk durante uma releitura da Guerra Fria? Esse é o seriado que você nunca soube que queria tanto.

Com um primeiro episódio sensacional, provavelmente um dos melhores que eu vi nos últimos anos, o show conseguiu usar aquele truque que é mais velho que vovó menina, mas que funciona perfeitamente quando bem executado: a Premonição Sugestiva.

Não sei se já existe um nome pra isso, mas acabei de inventar um, e na minha cabeça ficou muito legal.

Começos de história são sempre chatos. Você é obrigado a explicar o que está acontecendo, quem são essas pessoas, o motivo delas estarem fazendo aquilo, em que mundo estamos, de onde viemos, para onde vamos, e aquela coisa toda. Dependendo de como você faz isso (tipo o clássico “Ficar sentado num restaurante por vinte minutos“), o espectador já transcendeu a morte de tão entediado que ele ficou. O que vem depois pode até ser bom, mas ninguém aguenta passar por tanta exposição chata logo de cara.

Por isso que a Premonição Sugestiva existe. Tasque um episódio intenso, porém independente, do meio da temporada logo no começo. Pegue o telespectador desprevenido, mostre para qual lado o negócio vai andar, e o que o espera no futuro. Depois que ele pegar o queixo do chão, você pode voltar pro começo e ficar naquele lero-lero nada acontece feijoada, que vai ser mais fácil de engolir.

E até nisso o nosso anime da vez dá um show. Em cada episódio após o nosso prólogo de nome elegante, eles conseguem: apresentar uma personagem; introduzi-la na história de forma satisfatória; contar parte dos acontecimentos que moldam o mundo sem apelar pra fatídica cena do café; e ainda ter uma sequência de ação de dar inveja no Jack Splinter.

Weebs, a maior fraqueza da Máfia

Só que eu já gastei metade da postagem falando da mesma coisa, então vamos comprimir todo o resto na segunda metade e torcer para ficar legível.

O elenco não tem lá grandes nomes. As personagens são espiãs (e elas adoram dizem que são espiãs. Elas farão questão de te lembrar que elas são espiãs a cada dez segundos e vão repetir caso você tenha esquecido que elas são espiãs), então é meio óbvio que elas não queiram se destacar demais.

Mas mesmo assim temos uma guria que brilha verde e voa, outra que anda por aí com espadas na mão e uma que é basicamente o Stephen Hawking moe. Tanto em Character Design como em notoriedade, elas se destacam mais do que deviam. Ah, e elas são espiãs.

Desnecessário falar, os visuais são simplesmente deslumbrantes. Não dá pra fazer um steampunk de qualidade sem artwork de mesmo nível. Eles se preocuparam tanto com isso que na lista de staff tem pra mais de dez pessoas creditadas como responsáveis ou envolvidos na parte artística. É mais gente nisso do que muito anime por aí tem pra produção inteira

Por outro lado, a animação (por conta dos não-tão-influentes ‘Actas’ e ‘Studio 3Hz’) é tão flutuante quando a protagonista (já que ela voa… sacou?). Temos muitas cenas lindíssimas, que são seguidas por cortes questionáveis e de qualidade duvidosa. Não gosto de me prolongar nisso pois é um buraco bem mais fundo do que aparenta e quase ninguém tem coragem de descer isso tudo.

DELET THIS

Uma surpresa agradável, que vai te interessar por soar extremamente bobo (e, como é de praxe nas mídias nipônicas, realmente é tão idiota quanto soa), mas vai te fisgar e te manter entretido pelos episódios intensos; pelas personagens (que são espiãs) e seus objetivos; e toda aquela bagunça de espionagem e politicagem no melhor estilo House of Cards. A nota não podia ficar abaixo de 8/10.

Você pode assistir este excelente show legalmente pelo sistema de Streaming de anime da Amazon, o Anime Strike.

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Primeiras Impressões | Koi to Uso

Vamos falar sobre Koi to Uso. Histórias que começam com “Num futuro não tão distante…” normalmente têm várias coisas que com certeza não existiram num futuro não tão distante. Isso é quase que uma regra da ficção (científica). Mas quando tratamos do Japão, as coisas numa história dessas são bem mais plausíveis do que imaginamos. Japonês é um povo estranho mesmo.

De vez em quando nós paramos para refletir sobre nossas vidas, sobre todos os anos que temos nas costas… Pensamos sobre como nossos tempos de colégio já estão lá pra trás (ou não! Mas estarão um dia!), numa época distante… Daí vem um anime desse tipo e faz você perceber que, de verdade, tua cabeça ainda está na quinta série.

Incrível como, não importa a maturidade que você tenha, a sua idade ou seu estado civil, quando certos assuntos são tocados, nossa mente instantaneamente regressa para o auge dos nossos doze anos. E o mais legal é que eu não preciso citar nenhum exemplo, todo mundo sabe do que eu estou falando.

https://youtu.be/2CS87AfcD1A

Koi to Uso trata justamente de um desses temas: romance cinematográfico. Você acaba torcendo tanto para tal casal dar certo, que sua mente desaparece e tudo que você consegue fazer é dar gritinhos e espernear.

Eu totalmente não fiz isso…
Aham

De qualquer maneira… O mais impressionante de tudo, e que vale como um enorme ponto positivo, é a famigerada “desconstrução” (palavra que eu detesto, mas que por motivos diversos pode ser encaixada aqui) do principal paradigma do gênero: a enrolação.

Se você já assistiu qualquer anime que possuísse qualquer forma de “romance” em sua narrativa (não importa se foi um Harém Genérico, um Shoujo… Independente do gênero), você deve ter notado como as coisas são DEVAGAR PARA CARAMBA. Tudo demora demais. Nenhum desenvolvimento acontece por trinta e sete episódios, e quando algo finalmente vai acontecer… Alguma coisa interrompe ou impede ela de se efetivar. Ficamos andando em círculos, para que só aconteça algo (isso QUANDO acontece algo) no final da obra.

O que temos nesse show é justamente o contrário: o autor (Musawo Tsumugi) não poupa esforços para que, logo no começo da história, você já sinta afeto e interesse o suficiente nos personagens dele, para que quando eles finalmente consumarem seu amor, você se importe. Enquanto outros mangakás e escritores preferem levar anos de publicação para fazer isso (e no final você acaba se apegando aos personagens pelo tempo gasto com eles, e não por se importar com quem eles são), Musawo mete o pé no acelerador e consegue, de forma convincente, te deixar emocionalmente ligado aos protagonistas em menos de vinte minutos.

Ele faz de zero a cem [lágrimas] em vinte [minutos]!

E já que estamos falando dos protagonistas, deixe-me comentar sobre os personagens. Acharei extremamente difícil você desgostar de alguém. Todos são muito gostáveis, e de certo modo você fica até triste com o fato de, não importando como o negócio se desenrole no final, alguém legal vai acabar perdendo. Sério. E olha que eu costumo ser bem chato com isso, e desgosto de mais da metade do elenco de muitas coisas.

E isso não se resume ao núcleo central da trama, apenas. Até mesmo os secundários tem algo de especial que os fazem interessantes. Pode não ser muita coisa, mas se compararmos a impressão que eles deixam com o (pouco) tempo de tela que eles possuem, vemos como eles têm certa presença, certo carisma que muitos shows falham em dar aos seus figurantes (e às vezes, até aos seus mocinhos!).

Acontece que quem vive só de flores é defunto, e claro que o anime não veio sem suas falhas. Meu principal problema com o show é, dentre outros que citarei mais adiante, o seu Design de Personagens. O traço faz parecer que os personagens tenham, no máximo, uns 13 ou 14 anos. Eles possuem feições infantis, um corpo de criança. A impressão que me passa é que o desenho se força muito a tentar diferenciar os seus “jovens” (de 15 e 16 anos) de seus “adultos” (com mais de 30), e como os adultos parecem normais, os jovens acabam ‘rejuvenescendo‘.

Isso não seria um problema por si só. Existem diversos shows com um design mais “infantil” que funciona bem. A questão é como esse design se encaixa na atmosfera da obra em que ele está. Animes como Lucky Star ou K-ON!, por exemplo, possuem um ritmo mais leve (entendeu? Leve? Música Leve? K-ON? …Não? Ok), onde o design infantil acrescenta ao humor e à narrativa da obra. Em Koi to Uso, onde os temas principais são o amor, a paixão e a sexualidade de adolescentes, ter um design infantil é… Horrível. Não preciso poupar palavras, é quase que nojento.

Ah sim, e aqueles olhos gigantes (até para padrões japoneses) me perturbaram um pouco.

Mesma idade? Mesma idade. É o poder do design de personagens.

O outro problema que enxerguei nesses episódios iniciais, parece ser a hipocrisia da trama. Explico:

Enquanto toda a história roda em volta da “banalização” do casamento, da ideia de que a união do matrimônio não é mais uma decisão importante na sua vida, e de como os personagens não concordam com essa ideia… O autor parece também “banalizar” o próprio adversário do sistema, que é o “amor”.

Talvez por consequência da aceleração do desenvolvimento, ou simplesmente por falta de costume de ver isso acontecendo nessa mídia, eu encaro o tanto de afeto trocado entre o casal principal como sendo “banal”. No começo, você sente toda aquela emoção nos personagens… Mas quando aquilo começa a se repetir várias e várias vezes (até como consequência do desenvolvimento da trama! Que diabos!), a mágica simplesmente se esgota, e aquilo que deveria ser o ápice da história, vira um quadro do centro da página 37.

Na parte técnica, não temos nada de extraordinário. A animação dirigida por Eriko Ito (Another, Kuromukuro) no estúdio LIDENFILMS (Terra formars, Arslan Senki) é passável, apesar de ter vários derps aqui e ali. E a música de Masaru Yokoyama e Nobuaki Nobusawa (Freezing! e Dagashi Kashi, respectivamente), dirigida por Yota Tsuruoka (Clannad, Puella Magi Madoka Magica) ajuda a criar o clima, mas não chama muita atenção. A dublagem conta com nomes de peso e atuações acima da média, com Kana HanazawaYui Makino e Shinnosuke Tachibana.

Mesmo com falhas muito graves, elas são poucas e podem ser, se não superadas, pelo menos “aceitas”. E as qualidades do show acabam por abafar seus defeitos. Passou uma boa primeira impressão, e possui potencial tão grande para ir pra qualquer lugar, que ainda prevejo muita gente (eu incluso) deixando cair o cu da bunda com o que pode vir. 8/10 é uma nota justíssima.

Você encontra Koi to Uso para ser assistido legalmente pelos sites de streaming da Amazon (Anime Strike) e da HIDIVE.