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Primeiras Impressões | Fate/Apocrypha

Heróis britânicos lutando na Romênia por causa de um copo da Galileia enquanto conversam em japonês. Vê se esses caras não são malucos? Cada coisa que eles inventam… Japonês é mesmo um povo estranho.

http://www.dailymotion.com/video/x5qzby7

Tendo origens num dos multiversos mais bem trabalhados da cultura contemporânea nipônica, – sim, aquele – a tão esperada adaptação para TV da série de light novels Fate/Apocrypha finalmente chegou, e infelizmente ela não ficou lá essas coisas. Vamos trabalhar em explicar alguns pontos. Afinal, eu já passei quase quarenta minutos ouvindo nada além de explicações em cenas expositivas mesmo, já devo estar craque nisso.

Podemos começar com a própria chacota que eu fiz no parágrafo anterior: exposições. Tá certo que, por se tratar de um show da franquia Fate/, é literalmente OBRIGATÓRIO ter, no mínimo, meia hora de explicações sobre todas as regras, todos os personagens, a ambientação, o contexto, o motivo do cara estar usando cuecas de determinada cor, etc e tal. É a regra número dois de qualquer obra da empresa.

Retirada do site oficial da empresa. Sério, de verdade, 100% legit

Apesar de focar nos aspectos excepcionais que tornam o evento que move a obra algo especial, as demoradas explicações ficam massantes depois de um tempo. A pior parte é que, mesmo sabendo que 90% das pessoas assistindo o show já são fãs da franquia e já sabem tudo que está sendo dito, eles fazem questão de repetir pela milionésima vez.

Acredito, porém, que a principal falha dessa adaptação tenha sido a coreografia. Sei lá o que diabos é um “Diretor de Ação“, mas Enokido Hayao está creditado como um em Fate/Apocrypha, então ele deve ser o responsável por isso.

As lutas, o combate, todas as cenas de ação são extremamente… vazias. Os movimentos parecem ser “brutos”, pouco refinados. Dois grandes heróis da mitologia, conhecidos através das eras por sua habilidade de combate, que quando eles cruzam espadas, parecem o Gabriel e eu brincando de lutinha com garrafas pet.

O prólogo da história, que vemos nos primeiros cinco minutos do episódio inicial contém uma das cenas mais épicas de todas as obras da franquia. Os homens capacitados e treinados da A-1 Pictures (já falo deles) conseguiram a proeza de animá-la de forma totalmente sem emoção. Acaba sempre faltando um “tchan“, aquela coisa que faz tudo parecer épico. Abaixo segue o vídeo de uma luta de Fate/Kaleid Liner Prisma Illya, onde ocorre uma cena extremamente similar. Repare como a Silverlink. (estúdio responsável) trata a cena como um todo, em especial o confronto de golpes no final, e veja se não tem um “tchan” que falta em Apocrypha?

https://youtu.be/3YhfEPxVxNY

Tendo uma história relativamente fraca, Apocrypha se apoia demais em seu excelente elenco. Com uma seleção de servos ao mesmo tempo interessante e diversa; com mestres que são chamativos por si só, além dos que brilham ainda mais quando interagindo com seus novos familiares, formamos um ambiente que consegue se sustentar mesmo sem muito pé (nem cabeça).

O único problema é a falta de mistério que envolve os personagens. Metade da graça de qualquer obra de Fate/ é tentar descobrir quem são os servos. Ter aquela satisfação de ter acertado e provar pra si mesmo que é um grandessíssimo nerd; aprender coisas novas sobre lendas que você nem fazia ideia que existiam; aquele plot twist na reta final, onde finalmente descobrimos quem é aquele babaca que vem enchendo nosso saco… Daí o autor vem e revela o nome de todo mundo antes mesmo de completar um episódio.

Pontos negativos listados, também devo dar meus méritos ao show: confesso que fiquei com receio do design de personagens para o anime (feito por Yukei Yamada) quando vi as imagens promocionais, mas vê-los em ação, animados, foi uma experiência completamente diferente. Eles funcionam até que bem, e ficaram bons o bastante.

“Um cavalo, um cavalo! O meu reino por um cavalo!”

Com pesar no coração também digo que a A-1 Pictures até que conseguiu fazer sua parte. Mais ou menos. A animação está com uma ótima qualidade. Apesar das coreografias ruins, elas estão muito bonitas. É tipo assistir a Dança dos Muleke Zika em 1080p. A OST também é extremamente consistente e acrescenta muito ao clima. Era de se esperar, tendo um diretor tão experiente como Yoshikazu Iwanami. Com um currículo desses, fica difícil contestar o cara.

Fate/Apocrypha acaba sendo um cabo-de-guerra. Temos boas qualidades em seu elenco e produção, mas muitos defeitos em sua falta de tato, mistério e direção. Independente do lado que te puxa mais, ele é, sem dúvida, uma adição extremamente importante para o universo animado da franquia, e acaba por valer a pena apenas por isso.

Eu dou 6/10 pra esse começo, e acredito que, se não houver um bom desenvolvimento dos personagens interessantes, eles não vão conseguir se sustentar. Não só com lutinhas, pelo menos. Mas não que eles precisem né, fazendo parte de uma franquia dessas, podia sair qualquer coisa que daria lucro.

O anime será disponibilizado na plataforma de streaming Netflix a partir do dia 7 de novembro, mas ainda não temos informações sobre as regiões e se terá dublagem ocidental.

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Primeiras Impressões | Renai Boukun

Aquele que tiver seu nome escrito nesse caderno há de… Beijar outra pessoa? Não, de verdade, quem é que pensa nessas coisas? É umas ideia que não tenho nem noção de onde é que eles tiram… Cada dia que passa, e cada post que eu escrevo, é uma prova cada vez maior de que japonês é um povo estranho.

Acontece que, quando uma ideia é absurda desde o princípio, só existem dois caminhos pare seguir: ou você segue na absurdidade, pois o início já foi aviso o suficiente para qualquer um; ou você tenta racionalizar o negócio, falha miseravelmente e manda tudo por água abaixo. E o que o mangá de Megane Mihoshi faz é justamente a primeira opção. Em andamento com oito volumes no Japão, a série que é publicada originalmente na web é trabalho único do autor, mas vem fazendo relativo sucesso nas terras nipônicas.

Fico extremamente feliz de saber que ainda existem pessoas e autores dispostos a aderir ao absurdo e fazer uso do que há de melhor em marmelada para trazer humor à suas obras. Renai Boukun é justamente isso, uma reunião absurda de marmelada que por juntar o inacreditável com o inesperado, consegue te fazer rir.

A obra não tenta esconder em momento algum que se trata de uma comédia absurda e propositalmente forçada. Além de ter personagens extremamente diferentes interagindo de forma genial entre si, o anime ainda conta com eventuais quebras da quarta parede que já são muito boas por si só, mas conseguem brilhar ainda mais pelo fator surpresa.

Minha cara quando o professor libera as notas.
Minha cara quando o professor libera as notas.

O desenvolvimento da história se dá por “bloquinhos”. Não é exatamente episódico, pois temos mais de um episódico por episódio, mas acho que não é errado chamá-lo assim. Em cada bloco temos um problema, um conflito e uma solução. As coisas acabam sendo bem fechadinhas em si mesmas, e pouco se vê de prosa a longo prazo. Em três episódios, não se pode tirar praticamente nada que pudesse vir a ser desenvolvido de novo no futuro. Talvez, no máximo, a história da irmã do protagonista, mas isso é algo que é óbvio que virá a acontecer no futuro, dentro do formato de “bloquinho”.

Acontece que isso não é exatamente um problema. É quase que uma das ferramentas que torna a estrutura absurda do anime viável. Justamente por ser absurdo, se tentássemos focar demais em alguma coisa, algo daria errado em algum momento, e cairíamos no segundo caso que foi descrito lá no começo deste Primeiras Impressões. Meu único medo é não ter certeza se o show consegue aguentar doze episódios assim, sem perder a graça.

Equipe de dubladores caracterizados como seus personagens. Graças a Deus o "gato" não está ai...
Equipe de dubladores caracterizada como seus personagens. Graças a Deus o “gato” não está ai…

Na parte técnica, temos uma animação de ótima qualidade pelo recente estúdio EMT², que consegue capturar bem as diversas facetas da obra (como, por exemplo, as mudanças das personagens para um modo caricato quando a cena demanda); os personagens não têm um design espetacular, mas possuem, sim, características peculiares e marcantes o bastante para podermos dizer que foi um bom trabalho por parte de Mariko Ito. O destaque técnico, porém, com certeza está na música: botar a responsabilidade nas mãos do cara que cuida da música de um anime musical que está no ar há mais de quatro anos, foi sem dúvidas uma escolha certa. O monaca conseguiu deixar tudo ainda mais galhofado com sua trilha sonora que beira o estúpido de tão boa que é. Com a ajuda do diretor de áudio Satoshi Motoyama, os sons são o ponto alto do show.

Resumão, então: obra sólida com comédia nonsense que consegue tirar muitas risadas de quem gosta desse tipo de coisa; personagens não muito especiais tanto em personalidade como em aparência, mas que interagem muito bem entre si; parte técnica interessantemente positiva e com destaque para uma ótima trilha sonora.

Pra mim, que adoro esse tipo de show, foi uma estréia maravilhosa e que com certeza valerá acompanhar. Começa com um 7/10 no comedômetro, sendo que não recebeu um oito por pura precaução.

O anime pode ser assistido gratuitamente no serviço de streaming da Crunchyroll, com novos episódios todas as quintas-feiras.

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Primeiras Impressões | Roku de Nashi Majutsu Koushi to Akashic Records

É hora da aula com o Professor Vinicius, e hoje nós vamos aprender alguns motivos que fazem com que japonês seja um povo estranho. E claro que um dos principais motivos são as benditas Light Novels de nome enorme. É o caso de Roku de Nashi Majutsu Koushi to Akashic Records.

Acho interessante começarmos com uma breve introdução. Não sobre o show, nem sobre quem trabalha na obra, mas sim sobre o que diabos são REGISTROS AKÁSHICOS.

Economizando uns cinco minutos da sua vida, eu mesmo procurei no Google e contarei do que se trata: basicamente, estamos falando de uma parte importante da corrente de estudos da Teosofia, que diz que existe um “Compêndio” onde tudo que já aconteceu, tudo que vai acontecer, e tudo que poderia ter acontecido, está arquivado. Esse compilado de informações sobre todas as almas que existem em todos os sistemas planetários se encontra no “Plano Etéreo“, e pode ser acessado por qualquer “portador de alma”, desde que ele esteja sob condições ideais (como em transe ou meditação, por exemplo).

Agora, no que isso tudo se encaixa com o anime que estamos discutindo no dia de hoje? Não faço a menor ideia.
Não, sério, eu realmente não sei como o conceito de “Registros Akáshicos” faz parte do show. O nome da série (que, como sempre, deveria ser um resumo da trama) nos sugere que o Professor de Magia, nosso protagonista, devia ter acesso aos Registros Akáshicos. Mas nada que aconteceu no primeiro episódio passou essa impressão.

Já um ponto que passou uma forte impressão, foi a ambientação do mundo. Enquanto fica claro desde os primeiros minutos que estamos em um mundo mágico, as cidades e as pessoas parecem estar numa Inglaterra vitoriana comum. Não sei se essa diferença brutal entre os dois “núcleos” é proposital ou não, mas o resultado acabou ficando extremamente desconfortável. Isoladamente, cada um funciona muito bem e tem uma qualidade acima da média para o gênero, mas quando tentamos mesclá-los, um verdadeiro choque cultural ocorre. Não apenas um, mas dois: o choque interno, onde ambas as realidades não conversam muito bem no próprio anime; e o choque externo, onde a audiência não sabe como lidar com essa diferença.

Animes ruins me obrigam a beber.
Animes ruins me obrigam a beber.

Deixando as inconsistências de lado e focando naquilo que foi realmente sólido, temos um trabalho técnico impressionante. Um nível incrivelmente alto para algo do tipo, que chegou até a me espantar, confesso. Uma animação fluída e com movimentação bonita (do estúdio LIDENFILMS, com direção de Makoto Iino), em conjunto com cenários e backgrounds de tirar o fôlego (arte por Aojashin). Tudo isso para cercar os personagens cujo design é carismático e não te deixa esquecer que estamos assistindo um harém escolar mágico genérico (por Satoshi Kimura), e ambientado por uma excelente trilha sonora, quase boa o suficiente para disfarçar a ruindade da história (composta por Hiroaki Tsutsumi).

O outro lado da moeda, que anda de mãos dadas com o problema da ambientação, é a total antítese entre a aparência e a personalidade dos personagens. Como já dito, os personagens são bonitos pra caramba, bem animados e com uma dublagem excelente, mesmo com o elenco de pouca experiência. Mas… São todos tão planos, tão simples… Esteriótipos andantes que não conseguem sair de sua zona de conforto em momento algum. A melhor personagem da série até aqui é uma garota que teve uma fala só no episódio inteiro, mas mostrou mais personalidade em suas faces como figurante do que todos os protagonistas juntos.

O que falar dessa guria que eu nem conheço e já considero pakas?
O que falar dessa guria que eu nem conheço e já considero pakas?

Poderia também comentar sobre a história, mas acredito ser muito cedo para isso. O primeiro episódio serviu para simplesmente jogar a premissa de o que virá pela frente, e terminou de uma forma inimaginável: eu não achei que poderia odiar o protagonista mais do que eu já estava odiando, mas… Ah, eu consegui. Apesar disso, toda a estruturação da trama pareceu cliché, e toda aquela exposição feita preguiçosamente através de narrações e diálogos desnecessariamente detalhados não ajudaram nisso.

Se quiser ver o copo meio-cheio, pode imaginar que, por estarmos no fundo do poço, o único caminho possível é pra cima. Eu meio que concordo, por isso acabei dando 5/10 para o primeiro episódio. Se as qualidades técnicas se mantiverem por todo o percurso, e eles tentarem fazer os protagonistas deixarem de ser sacos de batata ambulantes, talvez o show tenha salvação.

O anime possui transmissão simultânea pela Crunchyroll, com novos episódios todas as terças-feiras.

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Primeiras Impressões | Masamune-kun no Revenge

Com as sábias palavras do filósofo mexicano Don Ramón: “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena!”, começo essa postagem, que tem tudo para provar de uma vez por todas o fato de além de toda aquela história que levou a um pós-guerra traumático ser verdade e um claro exemplo da citação acima, também mostra que Japonês é um povo estranho.

Vindo de um mangá que começou sua publicação em 2012, que mesmo não tendo um volume de vendas colossal como alguns títulos, consegue se manter firme no mercado e parece não estar sofrendo pressões, temos a história criada por Hazuki Takeoka, um cara que se deu bem na vida logo de cara, acertando em cheio em sua primeira obra. Também possui a peculiaridade de ter a arte feita por uma artista coreana, mas esse é o tipo de informação que só é relevante pra quando alguma editora brasileira quiser licenciar o título.

Como uma clara resposta ao show que foi tema do último ‘primeiras impressões’, essa vingança nos traz um estilo de narrativa, que além de conseguir te prender completamente e logo de início apenas com ela mesma, também se esforça para possuir um elenco de personagens interessantes o bastante para serem levados em conta.
Cheguei a comentar sobre como existem obras que funcionam apenas por seus personagens e não possuem história alguma (Urara Meirochou, New Game!, etc.), e sobre obras que poderiam ter seus protagonistas trocados por portas que a história se sustentaria sozinha. Mas creio nunca ter falado dos outros casos. Masamune-kun nos traz um show onde não se tem nenhum dos dois pontos extremamente aguçados, mas que conseguiu encontrar um perfeito equilíbrio entre atores e roteiro, que elevou o nível da animação como um todo. Falemos sobre uma coisa de cada vez.

Como já é de praxe em obras orientais, o nome nos entrega uma (as vezes nem tão) pequena sinopse: Estamos vendo a vingança de Masamune-kun. Só a premissa de que um garoto mudou completamente de vida e se tornou alguém mais saudável e contente consigo mesmo, pode parecer estranha quando analisada de forma isolada, mas ao descobrirmos que tudo isso só ocorreu pois o menino estava sendo abastecido pelas chamas do ódio pelo bullying que sofria quando criança, já te traz perfeitamente qual vai ser o clima da obra como um todo. Ver qual será o próximo passo no plano diabolicamente planejado pelo protagonista, e principalmente, como ele irá executar essa tarefa, não é, admito, a coisa mais excitante ou inovadora do mundo, mas é, pelo menos, alguma coisa. Existe algo que possa gerar uma ansiedade no espectador, e histórias envolventes são justamente aquelas que te fazem ansiar por mais. Temos, assim, um roteiro que é efetivo o bastante.

Eu quando ele não amostra.
Eu quando ele não amostra.

O outro nó está em quem pratica essas ações. O protagonista que dá nome ao show, Masamune-kun, é um dos personagens mais bem construídos, carismáticos e relacionáveis que eu já vi. Não gostar dele é algo que beira ao impossível (e claro que, como eu falei isso, aparecerão um milhão de pessoas dizendo que o odiaram). O arquétipo que Masamune-kun representa no “presente” é justamente o protagonista estereotipado super popular e que parece ter tudo sempre a seu favor. O que o torna tão… ‘realista’ (com toda a liberdade poética para uso da palavra) é o seu ‘eu interior’, que ainda está intimamente ligado com o Masamune-kun do “passado”. Personagens que ‘fogem ao comum’ em animes são normalmente os mais convincentes. Sua infância quase que confundível com uma história ouvida no Domingo Legal, traz para nosso herói uma credibilidade quanto a sua ‘humanidade’, e faz sua mente ser mais próxima de uma pessoa real do que de uma ‘pessoa de anime’. Quando sua vida muda para o que seria mais ‘animêstico‘, ele esboça reações que eu mesmo me pego dizendo em voz alta enquanto assisto algo. O personagem é uma façanha incrível de criar uma identificação com a platéia sem precisar quebrar a quarta parede.

Os outros personagens, apesar de muito mais superficiais no quesito técnico, ainda são interessantes o bastante para que possam ser lembrados daqui há algum tempo. Isso faz com que haja um elenco que cumpre sua função.

Vai dizer que dá pra esquecer de um elenco desse nível?
Vai dizer que dá pra esquecer de um elenco desse nível?

Quando juntamos estes dois pontos discutidos acima, o resultado esperado é conseguirmos uma comédia ciente de si mesma e que consegue gerar situações cômicas tanto a partir do óbvio como do inesperado. E o show é justamente isso: uma mistura do óbvio com o inesperado. O rumo muda bruscamente entre esses dois ganchos, e o baque que essa alteração causa é um dos maiores responsáveis pelo efeito humorístico da série. É o terceiro princípio da comédia em ação. A sensação de nunca saber quando ou onde virá uma punchline é tão intensa que chega a ser pavorosa. É um tipo de comédia que, por trabalhar com extremos em sincronia, poderia ser comparada a de Sakamoto Desu Ga?, por exemplo. Ah, que saudades do meu garoto Sakamoto…

A produção técnica do show está de parabéns, aliás. Uma ótima animação do estúdio Silverlink. (Baka to Test, Strike the Blood), que mesmo não contando com cenas agitadas ou rápidas, consegue entregar uma fluidez de movimento impressionante; Personagens com designs bonitos, bem trabalhados, que garantem uma individualidade e que conseguem isso tudo sem soar absurdos são, com certeza, um ponto forte da obra, cortesia de Yuki Sawairi (que vejam só, é um estreante nesse papel!); uma seleção de músicas que amplificam de uma forma exorbitante (quase tanto quando a palavra ‘exorbitante’) a comicidade e até mesmo a seriedade dos momentos-chave da trama, uma excelente apresentação de Toshiki Kameyama (Sayonara Zetsubou Sensei, Baka to Test)… Isso sem contar o ótimo elenco de dubladores, escolha de abertura e encerramento, trabalho da diretora Mirai Minato (que trabalhou em ‘Fate/kaleid liner Prisma☆Illya’, mas que não consegui confirmar de jeito nenhum se é mesmo uma mulher) e muitas outras coisas que eu não consigo me lembrar agora. Desculpa, mas eu normalmente lembro só das coisas ruins, e Masamune-kun no Revenge não trouxe nada de ruim para a mesa até agora.

Eu procurando quem pediu a sua opinião.
Eu procurando quem pediu a sua opinião.

Ok, talvez eu pudesse reclamar do fato da mãe do protagonista ser uma criança, e que seu melhor amigo é claramente uma garota que foi desenhado como uma garota e dublado por uma garota, mas que decidiram dizer que é homem. Mas são o tipo de “erros” que só agregam ao fator inesperado que faz tão bem ao anime.

Com um começo explosivo (no caso, comigo explodindo de rir) e tendo o céu como limite para seu futuro, Masamune-kun no Revenge tem uma nota inicial de 9/10, e pode servir até de porta de entrada para várias coisas: como para alguém que não vê animes por achar seus personagens muito distantes de si; como para uma mudança de hábitos e quem sabe começar uma dieta; ou para o começo do fim das suas piadinhas ofensivas para com os coleguinhas, para que ele não tente se vingar de você no futuro.

O anime está disponível legalmente no serviço de streaming Crunchyroll, com novos episódios sendo lançados sempre nas quintas-feiras.

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Primeiras Impressões | Urara Meirochou

Começarei a postagem de hoje com uma adivinhação. Confiem em mim, eu treinei tarô com o Abdul, aprendi a ler as águas com os Jinyu e sei consultar uma bola de cristal do jeito que a Sabrina me ensinou. Depois de consultar as estrelas, elas me disseram que “japonês é um povo estranho“.

O tema da abertura das Primeiras Impressões de 2017 é justamente a adivinhação. Baseado num mangá 4-koma com início de publicação em 2014, cujo autor possui apenas dois one-shots antes desta (que, inclusive, também fez todas as ilustrações presentes nesse post. Dê uma passada no Twitter dele!), temos um anime que envolve magia, misticismo, e tudo isso junto sem levar nada disso a sério.

Se você lembra das minhas primeiras impressões sobre New Game!, então não tenho muito o que acrescentar aqui. Urara Meirochou segue a exata mesma fórmula que o seu colega da editora Houbunsha: pegue uma ambientação qualquer que não seja demasiadamente comum, encha com o maior número possível de garotinhas bonitinhas, dê uma desculpa convincente para o fato de haver zero presença masculina no elenco, e as faça fazer coisinhas bonitinhas ligeiramente relacionadas à ambientação pré-determinada.

E neste aspecto, eu diria que Urara possui a vantagem sobre seu antecessor. Embora o objetivo de ambas as obras sempre tenham sido o de mostrar o dia-a-dia de garotinhas fazendo garotinhagens, muita gente foi atrás de New Game! buscando um documentário sobre a Indústria de Jogos Japonesa, algo próximo a Shirobako, e acabaram se decepcionando e descontando a frustração desse engano em suas opiniões sobre o show. Mas não há como esperar um “retrato realístico” quando a ambientação é a de uma cidade mágica onde garotas mágicas fazem magia. Eu torço para que ninguém espere, pelo menos.

Tfw a waifu faz besteira.
Tfw a waifu faz besteira.

Quem escolhe assistir Urara sabe exatamente o que está em suas mãos. A pessoa que decide dar uma chance para o show sabe que vai encontrar garotinhas fofinhas fazendo coisas fofinhas com um pouco de história no plano de fundo. Isso já garante que, embora menos pessoas deem uma chance para a série, as que derem muito provavelmente vão gostar do que verão.

Como qualquer obra desse gênero, Urara é completamente dependente de suas personagens. A série se baseia nelas para manter o espectador interessado. Não é um show que te prende pela história. Apesar de existir sim uma história, ela é fraca, comum e principalmente, previsível. Qualquer um, ao final do episódio dois, consegue prever como será o desfecho dessa trama. Não é surpresa pra ninguém como as coisas vão se desenvolver.

Só que isso se resolve facilmente com o seu elenco. Como já dito, Urara se sobressai como obra por conter personagens carismáticos, com designs cativantes e bem chamativos, ótimo trabalho de dublagem e uma animação fluida que dá vida ao espaço detalhado em que elas se encontram. A própria essência das personagens e os métodos que elas escolheram para realizar as adivinhações já contam muito sobre elas, e essas diferenças interagindo entre si são o brilho do anime. Esse argumento vai ao extremo quando analisamos a protagonista, Chiya: ela foi criada e passou toda a vida nas montanhas, cercada apenas por animais e uma única companheira humana. Isso faz com que tudo seja desconhecido, qualquer acontecimento seja novo e traga uma nova experiência para Chiya. Até mesmo a mais banal das informações serve como mote de não apenas piadas, mas crescimento da personagem.

O elenco é o que agita a trama, as vezes, literalmente...
O elenco é o que agita a trama, às vezes, literalmente…

Apesar de conter um pouco de algo que, forçando a barra, poderia ser chamado de “fanservice” no primeiro episódio, ele pareceu funcionar de forma muito mais natural do que, por exemplo, em New Game!. Lá, dedicarem um episódio inteiro para as personagens irem fazer um check-up pareceu uma simples desculpa esfarrapada para mostrar pele que normalmente não aparece, assim como aquela vez que elas decidiram tomar banho juntas. Já em Urara, todo o foco nessa área acontece por conta da criação animalesca de Chiya, e ajuda a construir a personalidade e comportamento da garota.

Um ponto negativo que eu poderia levantar seria a OST: alguns minutos depois de assistir dois episódios em sequência, parei para conversar sobre o anime e reparei que não conseguia me lembrar de uma única música que tivesse tocado ao longo dos 45 minutos de exibição. Nem abertura, nem encerramento, nem músicas de fundo, nada. Simplesmente não deixou nenhum impacto em mim. Tenho certeza que a OST está lá, e que ajuda a construir uma ambientação para cada cena, mas não é nada memorável.

É um limão. Entendeu? Ela é vidente. Li-mão. HÁ!
É um limão. Entendeu? Ela é vidente. Li-mão. HÁ!

Consegui dar umas boas risadas e gostei bastante das interações mais “sérias” que ocorreram. Definitivamente um show que acompanharei e recomendaria a qualquer um que tenha gostado de New Game!, ou se encontre interessado em garotinhas bonitinhas fazendo garotinhagens com um background levemente influenciador (e acredite em mim, obras desse gênero não são poucas). Um bom começo, onde deixo com 6/10 com grande potencial para ambos os lados.

O show não possui stream oficial em português, mas pode ser encontrado em inglês no Anime Network.

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Serial-Nerd Séries

Primeiras Impressões | Justice League Action

Há alguns anos os fãs da DC Comics viam-se carentes de uma boa série animada regular da Liga da Justiça. A série “Sem Limites” foi encerrada em meados de 2006, e desde então a Editora das Lendas criou diversas outras animações, tais quais Young Justice, The Brave and The Bold, e suas séries mais infantis como Teen Titans Go! e DC Super Hero Girls. Justice League Action, aguardada por muitos fãs desde suas primeiras especulações, apresenta um meio-termo entre uma animação voltada para o público jovem e o infantil.

Produzida por Jim Krieg, Butch Lukic e Alan Burnett, todos nomes carimbados nas séries animadas da DC, a série J.L Action começou a ser exibida no dia 26 de novembro de 2016 (no Reino Unido) no Cartoon Network, casa de diversas outras séries da editora há muitos anos. Focada na ação e não no desenvolvimento de personagens, os primeiros episódios exibidos até o momento garantem boas doses de diversão ao longo de seus 10 minutos de duração.

Para aqueles que esperavam uma série mais longa e séria como as cinco temporadas do desenho da Liga produzido por Bruce Timm, saibam que Justice League Action soa como uma versão reduzida e infantilizada, mas não de forma a denegrir o show. O perfil do Cartoon Network vem sendo a produção de animações mais leves, todas se provando grandes sucessos, e mesmo assim esta nova encarnação da Liga em uma série animada consegue não soar totalmente nonsense e infantil como Teen Titans Go!, encontrando um meio-termo em suas situações e na forma como lida com os personagens, podendo agradar todas as idades.

Com cinco episódios exibidos até o momento, todos apresentam situações em que um vilão está ameaçando a segurança do planeta (ou do espaço) e os heróis devem impedir. Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Nuclear, Gavião Negro, FlashCaçador de Marte e  outros são alguns dos membros da equipe explorados no decorrer deste início de temporada, enquanto os produtores também exploram outros personagens dos quadrinhos como Constantine, Zatanna, Monstro do Pântano, Taxista Espacial, Lobo e vilões como Solomon GrundyCoringa e Mongul. Tudo com bastante humor, lutas e sacadas leves e rápidas para situações inusitadas.

Por se tratar de uma animação com episódios curtos de cerca de 10 minutos, é difícil conseguir desenvolver as origens e características específicas de cada herói e vilão, mas mesmo com seu tempo limitado a série consegue estabelecer muito bem a forma de agir e pensar de cada um na equipe. Superman valoriza a vida e é um herói honrado, Mulher-Maravilha é uma guerreira implacável e respeitosa enquanto Batman é um estrategista frio e um verdadeiro ninja em combate, entre outros. Em dado momento a série se dá ao luxo até mesmo de contar a origem do Nuclear em flashbacks.

O traço mais infantil mostra-se característico no design de diversos heróis. O já citado Caçador de Marte é apresentado de uma forma bem mais leve que em suas aparições em desenhos anteriores, surgindo aqui com um corpo mais esguio e um rosto mais amigável. Este redesign dos heróis e vilões torna a animação fluida e ao mesmo tempo simples, apresentando-se de forma agradável ao público, mesmo sendo bem limitada e soando bastante como uma aventura dos Superamigos e séries mais antigas.

Já o elenco de dublagem é um show a parte. Mark Hamill faz a voz do Coringa, Kevin Conroy dá vida ao Batman e Sean Astin se apresentará como Shazam. Estes são alguns dos destaques que compõe a excelente equipe que dá voz aos personagens, equipe esta que consegue tornar a dinâmica do grupo algo bem mais palpável conforme todos interagem entre si ao longo das aventuras, comunicando-se o tempo todo para encontrar uma solução para os problemas

Como já foi citado, o foco desta série é a ação, e é importante ressaltar que as cenas de ação são muito bem feitas. A série não poupa esforços em mostrar seus heróis e vilões utilizando variados poderes e apetrechos, de formas criativas e constantemente empolgantes. Além disso a animação também apresenta uma nova base para a Liga da Justiça como uma espécie de Montanha da Justiça, e promete utilizar mais de cem personagens da DC ao longo de sua primeira temporada, que deve ser constituída de 52 episódios.

Justice League Action pode ser uma decepção para quem espera algo mais sério, mas é inegavelmente uma série animada divertida, respeitosa e saudosista, que pode ser consumida por todas as faixas etárias enquanto é também uma ótima porta de entrada para crianças ao Universo DC, sem soar como uma comédia pastelão similar ao grande sucesso Teen Titans Go!. Quanto ao futuro da série, só o tempo dirá o que está por vir e qual será a recepção do público, contudo, o que foi apresentado até o momento é extremamente satisfatório e com um saldo muito positivo em todos os sentidos. The Heat is On!

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Primeiras Impressões | Soushin Shoujo Matoi

Um antigo provérbio japonês, datado do período Edo (1603-1868), diz que “Kawaii uguu baka desu sushi katana wasabi ne?“. Traduzindo, significa “Melhor postar dois meses atrasado do que deixar passar em branco, né?“. Não sei o que eles queriam dizer com isso na época, mas dá pra ver que desde muito tempo, japonês é um povo estranho.

Começamos essa temporada com presidiários, passamos por patinadores e viajantes do tempo-espaço, para chegarmos em garotas mágicas exorcistas…? Pera, tá certo isso aqui, produção, é isso mesmo? Parece que sim. Nessa famigerada season onde tudo é sempre tão melhor do que no resto do ano, e as esperanças estão sempre em alta para aquele conteúdo de qualidade, nós recebemos… Bem, isso. Mas de qualquer forma, segue o trailer abaixo e bola pra frente:

Resumir em uma só palavra a experiência inicial de MATOI THE SACRED SLAYER (que convenhamos, tem o nome anglófono muito mais legal que o original em japonês) seria desafiador. Isso porque todas que passam por minha mente, descrevem muito bem um dos aspectos do show, enquanto são uma abominação completa para com outro aspecto. Talvez pudesse usar “confuso”, mas até mesmo essa não se adequa o suficiente.

Prefiro começar pelas coisas que são mais consistentes. A representação visual, por exemplo. Cortesia da White Fox (Steins;Gate, Katanagatari), temos uma animação que… Poxa, não posso dizer que é excelente. Tem seus momentos, mas na média, ficamos apenas naquele limiar de “o mínimo aceitável para obras recentes“. Talvez um ponto que consiga compensar essa ‘falha’, seja o design de personagens: Todas elas são detalhadas, extravagantemente exclusivas e, principalmente, bonitinhas pra caramba (e estou incluindo os homens nisso também. Tenho uma queda por cavanhaques…). Um ótimo trabalho por parte de Mai Toda.

Ok, eu elogiei o design e tudo mais, mas que diabos é essa coisa? O cabelo dela tá preso numa forma bizarra? É um broche? wtf
Ok, eu elogiei o design e tudo mais, mas que diabos é essa coisa? O cabelo dela tá preso numa forma bizarra? É um broche? wtf

Depois, outra consistência é a sonora: uma OST forte e envolvente é uma das qualidades do show. Criar a ambientação através da música, seja ela uma suave melodia pra demonstrar a calmaria do dia-a-dia, ou um ritmo acelerado a intenso pra captar a agressividade de um combate, o anime o faz de forma excepcional. O responsável por esse feito de fazer um desinteressado como eu notar o seu trabalho foi o diretor sonoro Takayuki Yamaguchi (Terra Formars, NouCome). Só que vocês não ligam para esses detalhes industriais (e nem eu, pra ser sincero), então a abertura (“Chou Musubi Amulet” pelo grupo Mia REGINA) e o encerramento (“My Only Place” pelo grupo Sphere) seriam assuntos mais relevantes. O primeiro é perfeito para cumprir o seu dever, pois é empolgante e animador, te deixa com o sangue pulsando para finalmente chegar no episódio em si. E depois de tudo, você chega na segunda música e ela te acalma e bota seus nervos no lugar, te fazendo lembrar que isso tudo é só um desenho e que você não devia quase ter um ataque cardíaco por causa de garotas mágicas (Mas escrevo isso enquanto escuto a abertura em loop por mais de 2h).

Só que como nem tudo são flores… A ‘inconsistência‘ presente no feeling do show é tão grande que chega a ser… Inconsistente. Caramba, entende agora o meu drama sobre definir numa palavra só?! De qualquer maneira… Minha reclamação, indo direto ao ponto, é sobre o público-alvo: na prática, sabemos que garotinhas mágicas com roupas bonitinhas são sempre assistidas por homens de meia idade, independentemente de o quê a obra queria pra início de conversa (Precure, estou olhando pra você). Mas elas são, na maioria das vezes, feitas para A) Um mercado muito específico de garotinhas; ou B) Um público mais abrangente de crianças. O que atrai essas pessoas fora do nicho, via de regra, são justamente os aspectos infantis da obra. A ‘felicidade’, a ‘ingeniudade’, a ‘pureza’ que estão sempre presentes no decorrer desses shows são os pontos buscados…

Claramente uma série cheia de fãs homens entre 17 e 48 anos, não acha? Pois está corretíssimo.
Claramente uma série cheia de fãs homens entre 17 e 48 anos, não acha? Pois está corretíssimo.

E então temos Matoi, que decidiu fazer uma obra já diretamente voltada para esse grupo fora do nicho, sem inventar desculpas e sem papas na língua. Podemos ver que a própria produção do anime classifica-o como “Público alvo da obra original: Masculino“, dando suporte a essa minha teoria. Só que eles conseguiram a façanha de arruinar completamente toda e qualquer chance de fazer sucesso com quem eles queriam, ao destruir justamente os elementos mais importantes do gênero: as tais ‘ingenuidade‘ e ‘pureza‘. Eles mantiveram todos os outros pontos, o suficiente para ainda reconhecermos a trama como fiel ao que queria retratar (e não um rip-off de mahou shoujo como Madoka foi, por exemplo. Matoi é claramente um Mahou Shoujo vanilla, original), mas trocaram os detalhes que funcionam como a ‘cereja‘ do bolo por seu completo oposto. É tipo você comprar uma cereja pra então descobrir que é só chuchu.

Houve essa troca de ‘ingenuidade’ por ‘sexualidade‘, e eu simplesmente não consigo entender mais pra que lado eles estão atirando. Fica claro que eles tentavam atingir a famigerada “Pandemia Otaku“, aquela super estereotipada e que aparece no programa da Fátima Bernardes (que apesar de ser minoria e não representar as pessoas que gostam de anime num geral… Bem, elas existem), mas eles tentaram fazer isso da pior forma possível: juntaram duas coisas que fazem sucesso com o público-alvo, mas escolheram justamente as ‘piores partes‘ de ambos. Garotas mágicas fazem sucesso? Fazem. Softporn japonês faz sucesso? Também faz. Mas o que trás o sucesso de ambos são dois extremos completamente diferentes, e que se misturam tanto quanto Iodo em Tetracloreto de Carbono e Água (eu sou químico e digo: essas coisas aí não se misturam).

Garotas mágicas precisam da ‘ingenuidade’ para funcionar. Elas são garotas mágicas, afinal de contas! E softporn só dá certo por estar já num ambiente absurdo desde o princípio. Se ao menos eles tivessem estabelecido um tipo de atmosfera imbecil logo nos primeiros momentos do show, todo o papo de demônios, dimensões paralelas e garotas mágicas poderiam funcionar como absurdidade. Mas o que ocorre é uma normalidade excessiva, eles se esforçam ao máximo para dar a impressão de que aquilo vai ser um mahou shoujo vanilla, pra logo depois acabar com tudo isso sem nem perceber.
Colocando em outros termos: eles tentaram fazer o Batman ser sociável; Tentaram fazer o Homem-Aranha ser rico; Tentaram fazer o Aquaman ser útil; Tentaram fazer o Homem de Ferro não ser a pessoa mais detestável da história da ficção recente; etc.

A weapon to surpass metal gear... ai é só uma colher. Deu pra entender ou quer mais exemplos?
A weapon to surpass metal gear… Aí é só uma colher. Deu pra entender ou quer mais exemplos?

O mais impressionante é que, apesar de TODOS esses problemas, o aspecto mais de raiz dos Mahou Shoujos até que não ficou ruim. Depois de ignorar todos os zooms em peitos, garotinhas de 14 anos correndo peladas e piadas forçadas sobre exibicionismo, a trama conseguiu me deixar interessado o suficiente para continuar. Mesmo com uma desinformação enorme que chega a ser perturbadora, e que foi só parcialmente sanada no longínquo episódio 3, eu vejo um bom potencial para esse show, que por não ser baseado em nada (foi originalmente escrito para o anime), pode ir para qualquer lugar.

Acontece que potencial não significa nada se não for aplicado corretamente, e que apesar de serem em parte ignoráveis, todos os problemas de coerência ainda existem. Deixo minhas primeiras impressões de Soushin Shoujo Matoi como um 5/10, já sendo muito otimista no futuro da série e torcendo para que não caia num desfiladeiro.

O anime não possui simulcast em português, porém pode ser encontrado legalmente nos serviços de streaming da Anime Network,

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Primeiras Impressões | Yuri!!! on Ice

Atrasado sim, desistindo nunca. Apesar do nome, Yuri!!! on Ice não é uma história sobre garotinhas trocando beijos na neve. Na verdade, é uma história sobre dois garotos que dividem o nome Yuri, um treinador famoso e patinação no gelo. Mas poderia ser sobre as garotinhas se beijando, levando em conta que japonês é um povo bem estranho.

Animes e mangás sobre esporte são, quase sempre, parecidos. Não que não existam exceções. Sim, elas existem e são muito lembradas por todos, mas no grosso é quase sempre a mesma coisa. Mais especificamente sobre os animes, em toda temporada são lançados alguns do gênero, e quase sempre eles tratam de garotos ou garotas na escola que treinam e desejam subir na vida, competindo entre escolas e sempre usando o esporte como uma metáfora para a superação, aprendendo desde o básico. Porém, a temporada atual trouxe dois animes bem diferentes sobre esporte: Keijo!!!!!!!! e Yuri!!! on Ice. É a temporada dos animes de esporte cheios de exclamações!!!!!!!!!!!!!!!!! (Apesar do primeiro citado ser diferente por outros motivos).

Esse levou a Medalha de Ouro na categoria "Melhor Roupa de JoJo".
Esse levou a Medalha de Ouro na categoria “Melhor Roupa de JoJo”.

Dito isso, é importante ressaltar que não sou grande fã do gênero. Por não ser muito fã de esportes (seja vôlei, futebol ou qualquer outro), as obras japonesas sobre tais assuntos nunca chamaram minha atenção. Existe uma infinidade de obras nipônicas sobre futebol, algumas sobre basquete, vôlei, beisebol, diferentes tipos de luta e até sobre natação ou ciclismo. E sim, existem alguns sobre patinação no gelo, e nenhum deles jamais me cativou.

SHIKASHI, depois de quatro parágrafos de texto sobre nada, é aí que entra Yuri!!! on Ice. Poucas vezes tive contato com um anime tão envolvente e encantador como este. E se não bastasse a história cativante, os valores de produção da série beiram a perfeição.

No way! Estes garotos bonitos deslizando sobre o gelo são fabulosos!
No way! Estes garotos bonitos deslizando sobre o gelo são absolutamente fabulosos!

Resumidamente, Yuri!!! on Ice conta a história de um garoto japonês chamado Yuri Katsuki (oh!), que carrega nas costas o nome do Japão na área de patinação no gelo. Ele já é um profissional que cresceu adorando o esporte, e ao competir no Grand Prix Finale, ficou em último lugar. Quando retorna para sua terra natal pensando em desistir da carreria, após alguns eventos sua grande inspiração da vida, o ídolo Victor Nikiforov, bate na porta de sua casa dizendo que irá treiná-lo. Ao mesmo tempo, um jovem prodígio russo chamado Yuri Plisetsky (oh! São dois Yuris!) também deseja obter o treinamento de Victor após uma promessa. Victor e seus dois Yuris começam então seus treinamentos para competirem e descobrir qual será o discípulo definitivo do grande patinador, que então competirá nos grandes campeonatos de patinação no gelo. O que acontece daí pra frente, só assistindo para descobrir.

A premissa é ótima. O character design de Mitsurou Kubo e o desenvolvimento de todos os personagens também são ótimos. Logo de cara a diferença desta para outras obras sobre esportes ficam claras ao notarmos que o protagonista já é um adulto de 23 anos que compete e deseja aprimorar suas habilidades. Graças a este fator, toda a parte de descoberta do esporte e aprendizado é pulada, tornando a história bem fluida. Além disso, a animação proveniente do estúdio MAPPA (Shingeki no Bahamut: Genesis, Ushio to Tora, Zankyou no Terror) também é belíssima, e a trilha sonora é um show a parte. Entendeu? Patinação, esporte, TV, show… Enfim.

Toda vez que eles começam a girar, minha mente infernal toca a música do Pião da Casa Própria.

Os movimentos dos personagens são belissimamente animados. Por ser um leigo no assunto, é difícil eu julgar se o anime reproduz fielmente movimentos existentes nas competições de patinação no gelo, mas dando uma rápida pesquisada no papai Google notei que aparentemente sim, eles são bem fiéis a movimentos reais do esporte. Se isso é verdade ou não, só Deus sabe, mas se tá na internet é verdade e isso dá pontos adicionais à obra (que aliás, é uma obra original, não adaptada de mangá ou novel). E quando mencionei a bela trilha sonora é impossível não pensar imediatamente no lindo tema de abertura cantado por Dean Fujioka. Poucas vezes uma música de anime cantada em inglês ficou tão bela na história da Terra do Sol Nascente.

E caso seja do interesse do(a) espectador(a), Yuri!!! on Ice é cheio de baits de fanservices. Não que precise de muito esforço, já que patinação no gelo já é um esporte bem peculiar, mas algo similar a Free! (anime sobre natação), parte do público ficará bem satisfeito. Mas não, esse não é o foco da obra. É um adicional para shippers de BL. As situações são bem cômicas.

Yuri!!! on Ice foi uma grata surpresa. Ao somar uma animação linda, uma trilha sonora soberba, character design e development de primeira qualidade e uma narrativa fluida e cativante, a fama que o anime vem ganhando nesta temporada é totalmente merecida. Malemá consigo pensar em pontos negativos. Talvez o design dos cachorros, que ficaram meio estranhos. Mas isso seria forçar bastante a barra. Leva um 9/10 tranquilamente, com potencial de, se bem conduzido, manter o nível até o fim.

Novos episódios podem ser assistidos todas as quartas-feiras na Crunchyroll.

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Primeiras Impressões | Nanbaka

A temporada de outubro já começou, mas estamos em novembro e eu ainda não postei nenhum “Primeiras Impressões“. O que seria desse Pagode sem o nosso querido Gabriel? Mas, antes tarde do que nunca, trago, outra vez, um negócio que podemos passar alguns minutos dando gostosas risadas por conta de trocadilhos com as cores laranja e preto. Só que dessa vez, a conexão com o seriado é a própria temática. Que apesar de parecer comum, não é, e por um simples motivo: Japonês ser um povo estranho.

Sabe Prison Break? Se você colocar uma peruca super extravagante em todas as pessoas carecas de lá, Nanbaka é mais ou menos o que você vai conseguir.
Eu acho, nunca vi Prison Break.
Baseado num mangá, esse show é tão excêntrico quanto a autora da obra. Ao conhecer Shou Futamata, você terá certeza que nada menos poderia sair de sua cabeça. A moça é tipo uma Lady Gaga japonesa.

Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas...
Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas…

Inclusive, “extravagante” é uma excelente palavra pra descrever esse anime como um todo. Eu poderia facilmente dar uma de Porchat e fazer uma postagem inteira falando “Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante!“, que as ‘primeiras impressões’ teriam sido passadas muito bem.

Apesar de não ser o fã mais assíduo do mundo quando o assunto são filmes hollywoodianos, um dos gêneros que eu gosto bastante são as “comédias policiais“: filmes que trazem toda aquela carga de ação estadunidense extremamente exagerada, com carros sendo arremessados em helicópteros, além de piadas sendo contadas no meio de tiroteios, e coisas do tipo. Poderia citar “Os Badboys” como exemplo, mas acredito que “Loucademia de Polícia” se encaixa melhor no que eu quero dizer.
Há claras diferenças no tipo de humor utilizado, mas Nanbaka é basicamente Loucademia de Polícia em japonês. E não sei vocês, mas pra mim, isso é sensacional!

A história se passa na Prisão de Nanba, que acaba sendo um personagem por si só. Digo isso pois em obras desse tipo, o que causa o efeito humorístico são as características peculiares dos personagens. Em qualquer show você percebe que seu elenco possui individualidades específicas, mas que nem sempre (quase nunca) são abordadas abertamente. A ambientação da Prisão, o sistema carcerário, os funcionários e suas formas de agir, acabam por dar ao próprio local uma personalidade que funciona como mote para piadas. Em um momento do episódio dois, o Supervisor (já falo dele) precisa ir à sala de sua chefe. Algo que parece uma situação comum, se torna cômica por conta da caracterização da Prisão de Nanba: ele pega um trem pra se locomover entre os blocos!

Já os personagens que são, de fato, pessoas, não ficam para trás de maneira alguma. Os quatro “Números” trazem para a atmosfera do anime um ar descontraído, e fazem isso muito bem. Diversas comédias falham em te fazer rir por simplesmente não conseguirem fazer o meio parecer propenso para tal. Há várias formas de contornar esse problema, e o próprio jeito de ser de seus protagonistas é a resposta de Nanbaka. E para balancear todo esse bem-estar, e para te lembrar que o anime ainda se passa dentro de uma prisão de segurança máxima, temos o Supervisor: único personagem careca da história, ele sim parece ter sido retirado na íntegra de Prison Break. Mas sua seriedade acaba no mesmo lugar onde a palhaçada dos prisioneiros começa, fazendo com que seu papel de Tsukkomi seja sempre bem colocado, e que é ainda mais acentuado pelo excelente trabalho do veterano Tomokazu Seki. Ah, e também temos a carcereira tsundere. Adorei ela.

Falemos um pouco da parte artística da obra: o estúdio Satelight não nos deixa na mão, e apresenta uma animação super fluida, com cores vibrantes (que é extremamente necessário para o clima da obra, como citado no parágrafo anterior) e filtros em tudo que é lugar, de fazer inveja a qualquer filme do Zack Snyder.

No campo sonoro, temos uma OST muito bem colocada, com um sincronismo que eu não (ou)via há muito tempo. Todas as músicas tem uma pegada meio eletrônica-retrô, que combinam perfeitamente com a proposta do show. Tanto a arte como a sonoplastia nos fazem pensar em um joguinho de fliperama. Essa vibe é completa quando chegamos ao encerramento: “Nanbaka Datsugoku Riron♪!“, cantada pelos dubladores da obra.

[Imagem: WnD8bHU.gif]
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Enquanto a história pode não parecer importante ou relevante (e se eu fosse opinar, diria que não é mesmo), ela está guardada num potinho, como algo que tem potencial de ser uma agradável surpresa. Não criem esperanças porém, já que a comédia, que é o prometido pela obra, não precisa desse desenvolvimento para ocorrer. Eles apenas sugerem que existe uma trama por trás disso tudo… Mas que ninguém ali se importa com ela.

Foi uma estreia muito divertida, contrariamente aos péssimos boatos que tinha ouvido, e meu comedômetro marcou um 7/10 para esse início de Nanbaka. Vale a pena dar uma conferida, com toda certeza.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com novos episódios todas as Terças-feiras.

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Primeiras Impressões | Udon no Kuni no Kiniro Kemari

Imagine que você é um cara normal na casa dos 30 anos de idade que herda o antigo restaurante de seu falecido pai. Sem grandes promessas para seu próprio futuro, você visita o local com o objetivo de limpá-lo para vender e acaba encontrando um garotinho de rua, aparentando ter no máximo cinco anos de idade. Parece o sonho de um pedófilo, mas é só Udon no Kuni no Kiniro Kemari, anime recém-estreado (e ouso dizer, mais fofo) da atual temporada!

Produzido pelo estúdio LIDENFILMS (Terra Formars, Aiura), Udon no Kuni é a adaptação de um mangá criado por Nodoka Shinomaru. Dirigido por Ibata Yoshihide (Haikyuu!!), o anime contará com 12 episódios e narra a história de Souta Tawara, um designer que morava em Tóquio e herdou o restaurante de udon (tipo de macarrão japonês grosso feito de farinha, servido comumente como sopa) de sua família em Kagawa. Lá ele encontra um garotinho de rua escondido e com fome, e sem sinal de seus pais, acaba o adotando. Contudo, o garoto não é somente um perdido, mas sim um cão-guaxinim folclórico que se disfarça de criança!

O primeiro episódio de Udon no Kuni foi uma grata surpresa sendo bastante introdutório e singelo. Seja por conta de sua belíssima animação bem detalhada e limpa ou por sua trilha sonora calma e tocante dirigida por Tsuruoka Yota (insira aqui uma infinidade de animes famosos), a obra entregue é de fazer qualquer um sorrir bastante. A premissa é simples e a simplicidade é bela. E fofa. Kawaii. Já falei que isso é muito fofo?

Em poucas cenas o anime situa bem o espectador sem parecer um panfleto de introdução, característica típica de obras seinen/josei slice of life. Utilizando flashbacks e detalhes simples nos cenários, aos poucos a história vai sendo contada e alguns personagens (que aparentemente serão parte do elenco fixo) são apresentados. E se não bastasse a ótima e relaxante construção de episódio (de verdade, assistir isso é muito desestressante), o elenco de dublagem também fez um ótimo trabalho, especialmente o responsável pela voz de Souta, Nakamura Yuuichi (Haikyuu!!91 Days da temporada passada, Drifters da atual temporada, Fairy Tail, Durarara!!, Fullmetal Alchemist: Brotherhood e outros).

Infelizmente, algumas cenas deste anime darão fome. Assista por sua conta e risco.

Para os mais conhecedores de animes a premissa deve lembrar bastante Barakamon, com um quê de Usagi Drop e Amaama to Inazuma. A diferença, além do restaurante da família de Souta ser de udon, é o lado místico/folclórico, já que o garotinho chamado Poko é um tanuki (cão-guaxinim) mágico descrito pelo monge do templo como “uma criatura que se disfarça de humano e vive assim durante anos e anos“. E Souta acaba descobrindo isso no final do episódio de forma hilária.

Parece doença mas é só um guaxinim mágico e fofo.

Souta, o protagonista, é o típico esteriótipo de personagem que não se importa com o legado da família. Ao demonstrar zero interesse em reabrir o restaurante, fica óbvia a construção de plot onde Souta reabrirá o negócio e tentará tocá-lo à sua maneira com a ajuda dos amigos e familiares (como sua irmã), motivado por sua convivência com Poko e aprendendo com as recém descobertas receitas de seu pai. A relação perturbada de pai e filho entre Souta e seu progenitor também deve servir como inspiração, especialmente para o seu convívio com Poko. É tudo muito bonito nessa belezinha. Até a música de abertura é uma belezinha.

Souta decide seguir os passos do pai.
Souta decide começar a seguir os passos do pai ao herdar seu restaurante.

Udon no Kuni no Kiniro Kemari tem potencial. Julgando somente pelo primeiro episódio e comparando com outros “primeiros episódios” da temporada assistidos até o momento, este foi de longe meu favorito, recebendo todo o apoio possível e a torcida para que o bom nível se mantenha.

A série é exibida aos sábados no Japão e pode ser assistida simultaneamente através do serviço de streaming Crunchyroll.