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The Flash | Grant Gustin se pronuncia após ataques racistas a Candice Patton

O ator Grant Gustin, que interpreta o personagem Barry Allen/Flash no Arrowverso, postou um vídeo em sua rede social, com um comunicado sobre os ataques racistas que a atriz Candice Patton (Iris West) vem sofrendo.

“Nossa Iris é uma atriz afro-americana. Ela é negra. Ela é linda e é nossa Iris e ela sempre vai ser. Sempre têm sido, e sempre será. Ela é o “endgame” do Barry; Candice Patton interpreta ela; ela vai continuar a interpretá-la; eu protejo ela e continuarei a proteger de ataques racistas.”, disse Grant Gustin.

Flash retorna com sua sexta temporada em outubro na CW.

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Jeremias não é sobre uma questão de pele, e sim sobre o coração

“O que você vê?”

Desde a criação da linha Graphic MSP, estamos sendo brindados com lindas e deliciosas histórias da turminha criada por Maurício de Sousa em temas diferentes de que estamos acostumados a ler ou assistir desde pequenos. Histórias que lidam com amizade, amor, vida e até morte. Mas faltava um tema para ser tratado. Faltava lidar com um assunto que, infelizmente, é decorrente e muito de nós não enxergamos (ou não queremos enxergar), e se tornou paisagem e até tão rotineiro que não damos o verdadeiro grau de perversidade que nele há embutido. O racismo. Então, ao atingir a sua “maioridade”, na sua 18º edição, a Graphic MSP se desafiou a falar abertamente sobre o assunto. Jeremias – Pele estampa bem na cara do leitor o problema.

Jeremias é um garoto feliz com a sua vida. Ele tem pais maravilhosos. É o melhor aluno da escola. Até que um dia ele tem que encarar o preconceito por causa da sua pele. É a primeira vez que o personagem, um dos mais antigos criados por Mauricio, em 1960, sai da alcunha de coadjuvante/figurante para o posto de protagonista. E foi em uma excelente hora. Estamos com uma grande safra de HQ’s que lidam com esse tema lançadas recentemente. Como A Marcha da Editora Nemo e Angola Janga do Marcelo D’Salete publicado pela Veneta.

Para começar, não é difícil se identificar com Jeremias. É um personagem nerd, que curte filmes de super-heróis e quadrinhos, tem sonhos de se tornar astronauta, manda bem na escola e joga futebol. Por causa dessa identificação, o leitor, independente da etnia, sente as mazelas que Jeremias passa durante a narrativa. E não são poucas.

A HQ aborda todos os tipos de preconceitos, do mais escancarado, dos os que acontecem de rotina e as pessoas “nem percebem” ou não querem perceber, de autoridades que duvidam que o negro possa ter uma profissão que eles consideram serem somente de privilégios de brancos. A cena do ônibus é de doer o coração e se você reparar acontece diversas vezes nos transportes coletivos, em restaurantes ou até mesmo ao andar em calçadas.  Padrões de beleza das vitrines com suas modelos de padrão escandinavas, ou tratar um coadjuvante negro como “pequeno malandro” como um elogio, ou simplesmente quando se fala: “você não é negro, é moreno”, como quem tenta amenizar/justificar ações racistas com uma comparação onde aproxima a pessoa da cor branca.

O fato de quem deveria oprimir não levar a sério e achar que um simples aperto de mão e um desculpa aê” pode resolver tudo também está lá. Os pais de Jeremias sabem do que o filho um dia passará e são fundamentais para que a criança entenda como lidar com o preconceito. Mas ao mesmo tempo, sofrem sem saberem como chegar nesse assunto com o filho. Algo que não deveria acontecer, se pensarmos que o preconceito não deveria existir. A cena do pai gritando é emblemática.

O roteiro de Rafael Calça é cirúrgico e necessário. Apesar de o público alvo das Graphic MSP ser os jovens e adultos, Jeremias–Pele, também pode atingir o infanto-juvenil. Mostrar para os pequenos que o preconceito não é legal, como uma menina querer jogar bola, é algo essencial, e a HQ pode ter esse papel. Jeremias é uma criança como qualquer outra, e esse é um dos grandes trunfos de Rafael. Atingir todos os públicos com cenas fortes sem ser forçado e ao mesmo tempo sendo acessível e de bom entendimento.

Jefferson Costa conduz a arte com maestria que ajuda a narrativa fluir nas páginas. Uma das coisas mais legais são os ângulos e a perspectiva. A forma em que Jeremias, em frente a um ato de preconceito se apequena, mas consegue dá a volta por cima e fica gigante em frente às adversidades que insistem em colocar por causa de sua cor. A arte cartunesca de Jefferson é linda.

A dupla criadora ainda colocou situações reais que aconteceram em algum momento com eles na história. O que só fortalece e traz para nossa realidade Jeremias–Pele. O Jeremias dessa HQ, não é o Jeremias que lemos desde criança nas suas aparições no bairro do Limoeiro. Ele é um amálgama de Rafael e Jefferson. Os textos de Mauricio de Sousa (o título dessa resenha foi tirado do texto dele) e do rapper Emicida são incríveis, abrilhantam mais a edição.

Jeremias–Pele tem o formato 19 x 27,5 cm, 96 páginas e a Panini está distribuindo em duas versões: em capa cartonada e capa dura.