“O realismo mágico trata de coisas muitos estranhas para ser verdade e há um motivo para ele ter nascido na Colômbia.”
Apesar de ser uma série fictícia e explicitar isso logo no primeiro episódio, Narcos mostra muito do que realmente aconteceu na Colômbia na época da ascensão do traficante Pablo Escobar. Relembre agora alguns momentos da trama e veja o que realmente aconteceu por trás disso.
[ATENÇÃO, A PARTIR DESTE PONTO TEREMOS SPOILERS]
Logo no primeiro episódio vemos que a origem do tráfico de cocaína na Colômbia inicia-se no Chile. Segundo especialistas isso realmente aconteceu, e que, entre as décadas de 1950 e 1973, ano do golpe militar, o país era o maior ponto de refino da droga na América do Sul. Porém o massacre mostrado no episódio, assim como o seu sobrevivente, “Barata”, foram fictícios. Ao invés de matarem os produtores, eles foram extraditados para os EUA.
O narrador da série e personagem Steve Murphy assim como seu parceiro do DEA, Javier Peña, realmente existiram e atuaram como consultores da série.
A espada de Simón Bolívar realmente foi roubada pelo grupo M19 para uma campanha de lançamento da guerrilha e há grande chance dela ter sido entregue a Pablo Escobar. Especialistas e antigos membros do grupo falam que a espada nunca foi entregue a traficantes e que após o grupo virar um partido político, eles devolveram a espada ao governo. Porém segundo Juan Pablo Escobar (filho de Pablo) a espada foi um de seus brinquedos de infância.
O traficante realmente foi candidato e chegou ao congresso em 1982, porém não foi Pablo que procurou os políticos e sim o contrário. A denúncia que o expôs não aconteceu como foi abordado na série, ao invés dos policiais terem achado a foto e mandado para o jornal e para Rodrigo Lara Bonilla, no livro “Escobar, o patrão do mal”, o jornalista Alonso Salazar afirma que o diretor do jornal “El Espectador” encontrou uma nota sobre a prisão de Escobar em arquivos e publicou. Pablo desesperado tentou comprar todas as edições do jornal na época, mas mesmo assim não conseguiu abafar a história, com provas do seu envolvimento no tráfico, foi obrigado a renunciar.
A invasão ao Palácio de Justiça da Colômbia pelo M19 é um fato histórico no país, porém ao contrário do que a série diz, ela não foi ideia de Pablo Escobar (pelo menos não há provas nem indícios do fato). O real objetivo da guerrilha era punir o presidente Belisario Betancur, que consideravam um traidor das negociações de paz.
Elisa, uma das chefes do M19 no seriado e também informante do DEA é uma personagem fictícia, não havia nenhum registro com esse nome entre os membros da guerrilha. As mortes dos membros do grupo sob ordens de Escobar também não são comprovadas. Ivan, o Terrível por exemplo, foi morto por militares em 1985.
A morte de vários como Carlos Pizarro, Bernardo Jaramillo, Luis Carlos Galán e outros cinco mil foi realmente à mando de Pablo Escobar, e após um pedido do filho de Galán, Cesar Gaviria de fato o sucede, como é abordado na série.
Como mostrado, Pablo realmente deu ordens para o atentado que matou 107 pessoas em um voo da Avianca, e ao que tudo indica o homem que levava a bomba não sabia do que se tratava. O atentado foi planejado por um homem chamado Darío Uzma e quando ele foi cobrar à Escobar pelo serviço, acabou sendo morto por seus comparsas.
Os sequestros para o fim da extradição de narcotraficantes também foi fato histórico no país e foram intensificados no período em que Cesar Gaviria era presidente, Diana Turbay, filha do ex presidente Julio Cesar Turbay, de fato foi sequestrada e morta em uma operação de resgate, mas estava correndo quando foi baleada e não escondida em um guarda-roupas.
A morte de Gustavo (primo de Escobar) foi considerada romantizada na série. Ele não foi vítima de uma emboscada, mas descoberto por forças de segurança que interceptaram suas comunicações. Quando morreu, Gustavo achou que era um ataque do Cartel de Cali. Também não há nenhum indício de seu envolvimento com Martha Ochoa.
La Catedral, a prisão em que Pablo foi detido após “se entregar” parecia mais uma fortaleza do que uma prisão. O Jornal The New York Times, na época, fez uma publicação que dizia que o chefe do cartel de Medellín tinha colchão de água, videocassete, bar, refrigerador, TV de 60 polegadas, banheira e até lareira. Ele também tinha um ginásio e um campo de futebol.
O “ataque” à prisão mostrado no fim da temporada também foi um fato verídico e 49 pessoas foram indiciadas pela fuga, entre eles um coronel do Exército, seis militares e o próprio ex-diretor geral de prisões, que foi feito refém por Escobar junto com o vice-ministro de Justiça Eduardo Mendoza (a série mostra apenas o sequestro de Mendonza).
Narcos foi Dirigida por José Padilha, estrelada por Wagner Moura, e está disponível no Netflix desde 28 de agosto de 2015.