Temos que concordar que o Outlast original foi um jogo classudo do gênero de horror, sua primeira hora é uma lição de intimidação, e de como construir o medo e a tensão no jogador. A partir do momento em que você avançava no abandonado Mount Massive Asylum – através de janelas e portas antes utilizadas como meio de escapar daquele lugar – o horror de sobrevivência metralhava suas entranhas e encontrava em cada pedaço do seu corpo um perturbador e lindo pânico. Os olhos brilhantes dos habitantes que espreitam o final de corredores escuros significa que a visão noturna nunca foi tão aterrorizante.
Tendo isso em mente, admitimos que Outlast 2 não deve ser tratado com descaso ou reconhecido com um jogo “fraco”, quem jogou o original e o finalizou com satisfação, aterriza nessa sequência esperando uma obra-prima do terror, mas pode acabar com uma leve decepção. Nada que deixe um jogador casual com raiva. Mas em contra partida, aqueles que tiveram que lavar seus rostos com água fria para espantar aquela sensação ruim que Outlast deixava, ao fim de cada sequência frenética, pode sem sombra de dúvidas desconsiderar esse jogo como um sucessor.
Dado que Outlast já teve um marketing em cima de sua “sequência” nomeada de Whistleblower – onde acompanhamos Waylon Park que trabalhava para a Corporação Murkoff nos sistemas de softwares – não havia necessidade de ir sobre o mesmo terreno novamente. Assim, o desenvolvedor Red Barrels mudou seu olhar de visão noturna para o poeirento deserto do Arizona, onde o jornalista Blake Langermann e sua esposa, Lynn, estão investigando o assassinato de uma mulher grávida. E como um enredo de terror/suspense deve ser, tudo vai a baixo rapidamente, e o casal acaba separado e Blake acaba sozinho com apenas sua câmera e algumas baterias de reposição. Em pouco tempo, ele está percorrendo milharais e passando por cadáveres, descobrindo um perturbador culto satânico enquanto tenta encontrar sua esposa. Assim como o original, Blake só pode correr, esconder e filmar, nada mais, deixando-o totalmente indefeso.
Desamparo e agonia são as palavras-chave. E funcionaram perfeitamente nos ambientes mais restritos durante o original, como você se esconde entre armários próximos para evitar complicações, sentindo-se aterrorizado e acanhado. Outlast 2 tem um plano muito diferente para você. Ou seja, correr. Enquanto os ambientes abertos têm barris dispersos para saltar para dentro, ou sobre eles, você precisará de stealth para sobreviver a algumas seções, é mais provável que você tenha uma chance (remota) de viver se você simplesmente começar a correr. A morte não é apenas um tema-chave nesses ambientes lindamente sombrios espalhados com corpos. É apenas o que você faz. Você vai morrer. Muito. Acostume-se à tela de carregamento. É o seu novo melhor amigo.
Com tudo que já tivemos no gênero como Resident Evil 7, Outlast 2 chegou para entregar algo fresco, mas em vez disso serve uam instantânea frustração. Enquanto a primeira sequência constrói som e atmosfera habilmente, como gritos que flutuam suavemente sobre o vento, edifícios agrícolas abandonados e o crepitar na noite, infelizmente também inclui a primeira interação com um inimigo recorrente, Martha.
Alta e aterrorizante, pelo menos quando ela surgir pela névoa, ela te matará instantaneamente com uma enorme facilidade. Enquanto a primeira vez que ela te apunhala – e você vê o sangue jorrar e derramar – é adequadamente perturbador, pela sexta morte, o cenário é construído de forma magnífica, especialmente quando você ainda não pensou para onde você deve correr, e fica passando por várias locações. E sim! Você realmente não sabe pra onde ir.
Infelizmente, este não é um incidente isolado. Além de, toda vez que você pensa que pode estar se divertindo demais explorando o mundo, o jogo te lembra qual é o verdadeiro cenário e te faz voltar para o milharal, esse voo forçado por muitas vezes afasta o jogador da imersão. Assim como a fragilidade do personagem que com apenas um hit morre e te faz retornar toda a sequência. Ou, melhor ainda, mesmo você vasculhando maletas de itens médicos, não há chance concretas de usar suas bandagens curativas.
Apesar de uma sugestão de mundo aberto, Red Barrels quer que você faça algo muito específico em cada seção. Claro que às vezes possuem sinalização, como, por exemplo, marcas de mãos sangrentas nas paredes dizendo-lhe que você deve escalá-las, em outras seções o jogo falha miseravelmente, deixando-lhe desnorteado e desesperado para tentar adivinhar onde ir em seguida. A visão noturna pode ser assustadora, mas também torna inútil qualquer sinal ambiental. Qualquer um que diz que esta geração de games é uma busca pelo realismo também deve tentar racionalizar por que Blake não pode pegar nada além de baterias, bandagens e folhas de papel. Este é literalmente um jogo onde você pode ficar sem baterias em uma sala contendo outra tocha. Outlast 2 é um exercício perturbadoramente irritante em desapontamento.
A repetição também é a ordem do dia com uma nova função de câmera. Gradualmente o jogo te lembra que é “Importante” porque você está gravando. Não só você tem que assistir a cena provavelmente estática por dez longos, arrastados segundos, como também tem que assisti-lo de volta, desta vez com os pensamentos de Blake.
É uma pena, então, porque a história é tão boa e há alguns flashes de brilho. Red Barrels sabe fazer horror. Cada centímetro deste mundo, dos campos de milho às minas nas quais você deve eventualmente descer, é maravilhosamente criado. As notas espalhadas por toda parte e as pinturas do horrendo Papa Knoth, líder de um dos cultos, são visões horrendas em um pesadelo horrível e sem sentido. Blake e seus flashbacks para sua infância, quando um amigo aparentemente cometeu suicídio, vê-lo a explorar os corredores de uma escola, são lembretes rígidos do horror do Outlast original.
Há um medo genuíno aqui. Sequências embaladas com saltos habilmente trabalhados e terror atmosférico, você vagueando por passagens e rastejando através de condutas de ar-condicionado claustrofóbico. As transições entre o passado e o presente também são brilhantemente realizadas. É apenas difícil quando você tem que admitir que você deseja permanecer na escola das ações, uma localização melhor para o talento especial de Red Barrels.
Há alguns momentos destacados no presente, além da história intrigante. Uma sequência vê Blake em uma jangada, viajando abaixo de imponentes penhascos onde pesadelos aguardam, tendo no horror, um mundo longe das sequências de perseguição frustrante. A violência é tratada com habilidade, perturbando onde ela precisa ser. É uma pena, então, que o jogo é tão inerentemente falho. Numa época em que as empresas buscam sempre se aperfeiçoar o terror precisa caminhar em uma linha entre a alegria e a repugnância. Aqui você tem que querer ter medo, e é praticamente obrigado a continuar indo para a escuridão.
VEREDITO:
Medonho e falho! Mesmo tendo tudo que um excelente jogo de terror deve ter Outlasr 2 falha em pontos que não deveria falhar. Acabando por seguir um caminho completamente errado, Outlast 2 é uma jornada de visão noturna, com leves toques de frustração. Uma história intrigante simplesmente não pode salvar a jogabilidade e desenvolvimento que o jogo decidiu optar.
Outlast 2 está disponível para PC, PlayStation 4, e Xbox One.