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Ronda Vermelha: os Justiceiros Policiais de Garth Ennis

Garth Ennis é um roteirista bom em muitas coisas. Em escrever cenas violentas, cenas bizarras, palavrões, momentos caóticos e apoteóticos, criar personagens divertidos e cativantes, entre outras qualidades. Por outro lado, Ennis também é um exímio autor capaz de escrever belas histórias mais realísticas. Histórias de guerra e dramas policiais também são áreas que o roteirista irlandês domina muito bem.

Em Ronda Vermelha, série publicada pela Dynamite e lançada no Brasil pela Mythos Editora, Ennis une os dois lados característicos de suas obras: o teor realístico de suas histórias mais “pé-no-chão”, com o palavreado diferenciado utilizado por seus personagens, protagonizando cenas violentas e divertidas inseridas num drama policial instigante e sedutor.

Ronda Vermelha (Red Team no original) é o nome de uma equipe que age de maneira similar à ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), famosa por “passar criminosos” em suas missões. Composto pelos policias Eddie, Trudy, Duke e George, este destacamento da Polícia de Nova York é especializado em combater o narcotráfico. Após perderem um companheiro da polícia, assassinado por ordem dada pelo gângster Clinton Days, os membros da Ronda Vermelha tomam uma difícil decisão: assassinar a sangue frio, sem deixar provas, o intocável traficante.

Ao longo das sete edições da minissérie, compiladas no encadernado de luxo da editora Mythos, temos o desenrolar das consequências da ação tomada pelos membros da Ronda. Ennis explora muito bem o lado psicológico de seus personagens, apresentando problemas familiares e sociais, seus pontos de vista (mostrados de maneira bem curiosa), e de forma cadenciada vai criando novos acontecimentos que os policias devem encarar.

A primeira atitude dos quatro tiras vai de encontro, obviamente, com quaisquer leis e direitos exercidos sobre os seres humanos, policiais ou não. A forma como os protagonistas agem, a linguagem utilizada (muito bem traduzida por Érico Assis) e seus equipamentos soam todos muito reais, característica que torna a leitura mais profunda e cativante, sem perder o bom humor típico dos textos de Ennis.

O senso de amizade e companheirismo dos quatro personagens da Ronda é bem explorado, e há quadros angustiantes por mérito exclusivo dos balões de fala, contrastando com outras cenas totalmente gore graças às imagens retratadas (esta segunda característica, em menor nível). E parte das muitas qualidades deste divertido quadrinho também recaem sobre os ombros do artista Craig Cermak.

Dono de uma arte simples, sem muitas firulas, mas que cumpre seu papel e se encaixa perfeitamente na proposta desta série, Cermak é um artista estreante que havia trabalhado somente na série Voltron: Year One e em uma edição da revista Liberty Comics antes de produzir Ronda Vermelha. Através de seus desenhos, todos os personagens de Ronda são reconhecíveis, realísticos em muitos sentidos (vestimentas, equipamentos, compleições físicas), e os cenários são bem detalhados e profundos. A impressão é que você está assistindo a um seriado policial.

E o lado Justiceiro adotado pelos policias, que mergulham cada vez mais fundo no sombrio dos acontecimentos, toma rumos que surpreendem. Outros membros da Polícia de Nova York são desenvolvidos (alguns, nem tanto), e a série caminha rumo ao final de forma empolgante, que constantemente cria a impressão de que “vai dar merda.”

Por ser uma série tão sincera e linear, sem muitos plot twists loucos (os últimos capítulos revelam algumas surpresas), Ronda Vermelha pode não agradar quem lê os quadrinhos de Garth Ennis esperando somente o absurdo. Entretanto, esta história, que possui o número perfeito de edições para que não seja muito longa, nem muito curta, é a prova concreta de que Ennis é capaz de escrever ótimas histórias mais simples, com boas premissas e desenvolvimento não-linear.

O encadernado nacional também apresenta as capas originais, por Howard Chaykin, além de extras que mostram um roteiro de Ennis e os esboços e layouts de Craig Cermak. A série ganhou sequência nos EUA, chamada Red Team: Double Tap, Center Mass, que pode ser lançada no Brasil caso o primeiro volume caia no gosto do público, e mais leitores sejam cativados e seduzidos pelos Policias Justiceiros de Ennis e Cermak.

Ronda Vermelha possui 204 páginas encadernadas em capa dura no formato 26 x 17 cm com preço sugerido de R$ 69,90. Clique aqui para garantir sua edição com 20% de desconto.