Revisitando a origem clássica da Mulher-Maravilha – com direito ao saiote de estrelinhas brancas dos EUA – a escritora e desenhista Renae De Liz trouxe um olhar feminino para a origem da Era de Ouro da Princesa Amazona da DC Comics em The Legend of Wonder Woman (A Lenda da Mulher-Maravilha), lançado em 2016.
A Lenda Mulher-Maravilha é divido em nove partes, que vão desde a infância de Diana em Themyscira, desvendando mistérios sombrios de seu lar, até seu amadurecimento como Mulher, em que conquistou o título de campeã das Amazonas e descobriu o Mundo dos Homens. A história é ambientada no período da Segunda Guerra Mundial, e isso é constantemente mencionado na trama, inclusive com diversas menções das batalha do Eixo contra a Aliança.
Desde criança, Diana sente que é diferente das outras Amazonas, pois é nascida do barro e da magia, mas não é só isso, ela é capaz de sentir que Themyscira corre perigo, a ilha clama por sua ajuda. Então, contrariando o desejo de sua mãe de não treinar a arte da batalha, a jovem Diana pede ajuda de Alcippe, a maior lutadora Amazona, para que ela possa proteger seu lar. Em certo momento da trama, a ambientação muda para o Mundo dos Homens, em que Diana descobre o conceito da Guerra e seus horrores e isso a motiva a tornar-se a campeã da verdade e da justiça, a Mulher-Maravilha.
A Lenda Mulher-Maravilha, basicamente, é a origem clássica da Mulher-Maravilha que todos os fãs da personagem já conhecem. Nascida do barro. Campeã da Amazonas. Steve Trevor é o pivô da grande transição de Diana. O grande diferencial dessa história está na abordagem feita por Renae De Liz, que se preocupa em mostrar uma óptica feminina no Universo das Amazonas e no papel das mulheres na época da Segunda Guerra Mundial.
De Liz é escritora e desenhista do quadrinho e, junto a seu marido Ray Dillon, responsável pela colorização, entregam uma arte dinâmica e bonita. Todos os personagens e lugares desenhados e coloridos pelo casal são agradáveis de ver. Dillon não economiza nas cores, tudo é muito vibrante, principalmente quando envolve armaduras brilhantes.
Uma preocupação de Renae De Liz ao desenhar o quadrinho foi em não sexualizar as amazonas e, principalmente, a Mulher-Maravilha. Nos 75 anos de existência da Mulher-Maravilha houve muitos retratados sensuais da personagem e também das Amazonas de Themyscira. Em A Lenda Mulher-Maravilha, não há qualquer sensualidade nas Amazonas. Elas são retratadas com um físico imponente e musculoso, mas não exagerado, e sem perder as curvas femininas.
Antes de concluir, não poderia deixar de falar de Etta Candy, a primeira amiga de Diana no Mundo dos Homens. Essa versão da Etta é, provavelmente, a mais carismática e divertida de todas as versões da personagem nos quadrinhos. Além de transmitir um sentimento que faz o leitor querer ter uma amiga igual a ela, Etta também é responsável pelos momentos mais divertidos da história.
A Lenda Mulher-Maravilha de Renae De Liz não é só mais uma das muitas origens da Mulher-Maravilha, é uma jornada heroica de descobertas com um novo olhar para o universo da heroína mais poderosa da DC.