Categorias
Tela Quente

Radioactive e a incomum luz da ciência

  Filmes que narram a trajetória de personalidades famosas e históricas têm a responsabilidade de trazer consigo a veracidade de eventos referentes ao contexto da época, cenários e conflitos, ao passo que devem instaurar o drama. Alguns podem se desorientar no meio do caminho ou fugir quase totalmente da representação da realidade. Radioactive não é um desses filmes que se perdem no roteiro, embora se atrapalhe na sua execução e partes técnicas.

   Dirigido por Marjane Satrapi, o longa chegou à Netflix recentemente e ficou no top 10 do streaming no Brasil durante sua semana de estreia. Com nomes conhecidos no elenco como Rosamund Pike -que mostra mais do seu talento e multifacetas em seu histórico de atuações- e Anya Taylor-Joy, a biografia apresenta a jornada da cientista Marie Curie que veio a pesquisar e descobrir a radioatividade. 

Radioactive: a difícil verdade por trás do filme da Netflix

  Desde o começo, já somos apresentados ao universo de Curie, onde frascos de experimentos e pequenos laboratórios constroem o cenário, sobretudo na sequência em que, após descobrir o polônio e o rádio, ela descobre também a radioatividade. A Química é, de fato, o coração da obra, assim como a forma que a protagonista lida com as adversidades da vida, principalmente sociais. O sexismo exacerbado da época e a perseguição  foi algo bem aprofundado, trazendo temáticas pertinentes, ainda que tais problemáticas não impeçam Marie Curie em sua carreira e objetivos, sendo este o cume do longa.

Radioactive' On Amazon: The Story Of An Inspiring Woman Starring Rosamund Pike

   Os motivos de Marie para iniciar sua pesquisa ficam claros após descobrirmos que ela perdeu sua mãe para uma doença, sendo esta uma situação que acompanha sua trajetória e marca profundamente seu psicológico. Assim, o fato de que sua descoberta contribui para o tratamento de câncer a fascina e motiva, e a partir daí sua transformação para um tipo de heroína se desenvolve, de forma lenta, até o final, onde fica evidente sua vontade de ajudar a vida de soldados da primeira guerra mundial. 

Radioactive review: A reimagining of Marie Curie's luminous legacy | New Scientist

   O ponto principal do longa-metragem -e que foi um grande acerto- é a demonstração das consequências futuras dessa descoberta, podendo elas serem boas ou ruins. Se por um lado a radioatividade ajuda no tratamento de câncer ou no raio-x de ferimentos de soldados, ela também contribui para artefatos nocivos, como bombas  nucleares radiativas. Vale dizer que essa dicotomia é apresentada de forma bem planejada e executada.

   Falando sobre os defeitos do filme, eles se fazem muito presentes em vários cortes abruptos de cenas, além de que os primeiros 20 minutos se sucedem de forma bastante apressada. Isso resulta numa apresentação pobre de personagens e uma linha narrativa pouco sólida, que ao passo que desperta no telespectador a curiosidade de pesquisar sobre o assunto, não entrega novidades.

  Radioactive é uma biografia bastante interessante que vale o tempo assistido, pois a contribuição de Marie Curie para acontecimentos históricos é algo importante de se saber e apreciar. A performance de Rosamund é ótima e sua entrega à personagem é inegável, mesmo com alguns defeitos do filme e suas falhas técnicas.

Radioactive (2019)

  

Categorias
Tela Quente

Eu Me Importo: ácido e mordaz

Após uma performance de tirar o fôlego em Garota Exemplar -longa baseado no livro da brilhante autora Gillian Flynn-, Rosamund Pike, agora sob a direção de J Blakeson,  protagoniza novamente um papel de vilã em que arquiteta roubos contra idosos de forma ardilosa, se tornando curadora deles e, dessa forma, confiscando seus bens “legalmente” graças ao seu renome na área, isso junto com sua cúmplice e namorada (Eiza González). Mas a situação muda quando ela tem como nova vítima, Jennifer Peterson, interpretada por Dianne Wiest, que é rica e sem herdeiros, mas que possui associações criminosas e perigosas.

Resultado de imagem para eu me importo filme

Com um roteiro que fica entre a comédia e o suspense, comédia essa que não se faz presente através de piadas, mas sim no sarcasmo da própria narrativa, o filme se tornou o mais assistido da Netflix até agora após ser lançado na plataforma no dia 19 de fevereiro.

Certamente Rosamund é um dos grandes coeficientes, tanto para despertar a atenção do público quanto para a trama, que talvez não teria o mesmo resultado sem ela. A perspicácia e destemor da personagem impressiona a ponto de despertar a curiosidade no espectador de quais serão suas próximas artimanhas, ao passo que faz com que a velhice pareça assustadora por ser vulnerável a pessoas cruéis assim.

Resultado de imagem para eu me importo filme

Apesar de sua cena de sobrevivência frente ao poder da máfia russa tenha exagerado no absurdo, a famigerada brincadeira entre gato e rato -aqui, entre a protagonista e o filho de Jennifer Peterson- parece funcionar na película, que aposta na indagação do certo e errado, além da corrupção enraizada na coletividade. No entanto, os encontros entre as personagens de Pike e Wiest pareciam transmitir um confronto mais interessante e tenso e poderiam ter mais tempo de tela ou mesmo ser o foco do enredo, esse talvez seria um bom caminho para o roteiro seguir.

Estrelado por alguns nomes conhecidos como Peter Dinklage (Game of Thrones) e Chris Messina (Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa), Eu Me Importo mostra um pouco da crueldade e do satírico sem se entregar totalmente ao thriller, o que pode ou não ter sido uma boa decisão, mas que ainda assim é envolvente somado à implacabilidade da protagonista.

Resultado de imagem para eu me importo filme