A aventura apresentada por Seth Rogen e seus companheiros é repleta de palavrões, sexo, exageros, preconceito e tudo que há de mal no mundo. Só que o discurso que Rogen sempre quer colocar em pauta está novamente estampado na tela, usando o sarcasmo para discutir questões polêmicas envolvendo etnias, religiões e drogas na forma de comida, a coisa mais boa no mundo.
Um supermercado qualquer é o cenário ideal para construir a história. Todos os dias uma mesma música é cantada pelos alimentos, que acreditam em uma crença onde os humanos são deuses, e levarão todos os alimentos escolhidos para o paraíso. Só que ninguém sabe o que acontece da porta do mercado para fora, que é um verdadeiro inferno na visão dos produtos. Desde descascar batatas, até comer uma simples batata frita, é retratado como um perigo e um jogo mortal para os pequenos alimentos. O mais interessante dessa ideia é mostrar um momento tão simples e cotidiano de nossos dias, se tornando um momento inesquecível e marcante no contexto.
Se uma pessoa que não está muito ligada a um mundo culinário, adorou o longa, chefes de cozinha vão amar. Referências a animações e filmes em geral não faltam, mas por se tratar de comidas em diversas culturas, há muitas piadas que só os mais ligados irão pegar. Também há um apelo sexual na forma dos alimentos. Dá para perceber pela protagonista, que é um pão de cachorro quente, mas aparenta ser outra coisa…
Porém, antes de tudo, há um ponto negativo que pode incomodar e destruir a nossa experiência com o filme. Durante o 2° ato, quase inteiro, vemos um roteiro vazio e sem relevância ou significado, repleto de palavrões que começam a perder o sentido por causa do excesso.
Apesar do exagero e da apelação, a ideia de desconstruir a crença que envolveu aquela sociedade alimentícia desde o princípio, se coloca em primeiro plano na metade do filme para frente. Um longa que parecia apenas mais um besteirol de Rogen se torna uma aventura que todos torcem para o sucesso do protagonista, uma salsicha. O roteiro é bem estruturado e consegue criar o clímax certo, que vale boas referências, inclusive envolvendo Exterminador do Futuro.
No Brasil, a adaptação do roteiro e a dublagem ficaram nas mãos do grupo da internet Porta dos Fundos, que cumpriram o desafio colocando o filme em um contexto mais brasileiro, já que a versão original estava repleta de piadas envolvendo o cenário americano, onde o público não está muito habituado.
Festa da Salsinha não é para qualquer público. Este tem que estar consciente e de cabeça aberta para receber algumas piadas que podem não condizer com seus ideais. Essa foi a melhor forma de somar um elemento mais infantil, como a animação, com um elemento que apela para os adultos, envolvendo sarcasmo e humor negro. Nunca veremos nossa cozinha da mesma forma daqui pra frente.