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Arlequina é uma série animada extremamente promissora

Parece absurdo, mas a Arlequina é o quarto pilar da DC Comics há algum tempo. Palavras de Jim Lee, não minhas. É realmente interessante como uma personagem criada para a TV, conquistou o coração de inúmeros fãs e consequentemente, foi incorporada ao universo das HQs. Entretanto, o gigantesco”BOOM” veio com Os Novos 52 e a emancipação da (ex) namorada do Coringa por Jimmy Palmiotti e Amanda Conner. Em breve, Aves de Rapina e Aquele Longo Subtítulo refletirão essa importante mudança de status nos cinemas, mas até lá, esse papel cabe à série animada dela.

O primeiro e excelente episódio, Till Death Do us Part, é pontuado por bastante violência e linguagem obscena desde os seus primeiros minutos. Não soa forçado, pois há uma organicidade na forma como a direção associa a tonalidade com a personagem. Além de introduzir perfeitamente a sua atmosfera, também o faz com arco dramático da protagonista, extremamente iludida com o Palhaço do Crime. Tão iludida a ponto de crer em um resgate por ele, mesmo aprisionada há um ano no Asilo Arkham.

Arlequina

Enquanto ela crê cegamente nesse Louco Amor, toda a Gotham, principalmente a Hera Venenosa, conhece a verdadeira natureza do relacionamento entre os dois. Utilizar os personagens da cidade como indicadores da obviedade situacional ao público, é uma excelente jogada do roteiro. Ainda melhor, é a forma como Dean Lorey, Justin Halpern e Patrick Schumacker apresentam e desconstroem a ilusão da personagem.

Além disso, o universo construído aqui, repleto de caricaturas de personagens icônicos é simplesmente hilário. Apesar da seriedade do Batman se transformar em piada sempre, há usos mais criativos para outros personagens. Como por exemplo, o comissário Gordon, em sua encarnação mais exagerada e melancólica já testemunhada nas adaptações. O Homem-Calendário e o Charada também se destacam.

“Liga, desliga, desliga e liga. Tudo vive e tudo morre.” – Melhor Gordon

O elenco também é perfeito. A Arlequina de Kaley Cuoco traz um forte senso de ironia e explosão, em contraste com a voz mais debochada, mas amável e acolhedora de Lake Bell como Hera. Enquanto Alan Tudyk como Coringa possui tanta presença quanto o Senhor-Ninguém em Patrulha do Destino. Diedrich Bader faz um bom trabalho como Batman e Christopher Meloni está sensacional como Jim Gordon.

A julgar pelo primeiro episódio, Arlequina é uma série animada extremamente promissora. Além da ótima irreverência violenta e cômica, é a encapsulação perfeita de mais de 20 anos de cânone em 20 minutos. Os designs são ótimos, a animação, fluída e as vozes são um casamento perfeito com os personagens. Caso mantenha a qualidade, pode tornar-se o melhor desenho da DC desde a era Dini e Timm e a melhor produção do DC Universe.

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Primeiras Impressões | Patrulha do Destino é bizarramente criativa

Em fevereiro de 1989, tinha início uma nova era para a Patrulha do Destino nas HQs. Pelas mãos do Grant Morrison, o grupo composto por estranhos desajustados se tornou ainda mais estranho. A ideia era simples: Se eles são esquisitos, eles enfrentam vilões esquisitos. Desde homens-tesoura, até pessoas com complexo de Deus. Não há limites para o que as histórias do grupo podem ser.

Exatamente por isso, ninguém  jamais imaginaria que a Patrulha ganharia uma adaptação em live-action. Visto que eles confrontam o absurdo e o grotesco, produzir uma película poderia resultar em algo inovador, ou tosco.  Se a Patrulha do Destino ganhasse uma série, ninguém esperaria que fugiria dos padrões estabelecidos pelas séries de super-heróis. Pois bem, aconteceu.

O piloto dirigido por Glen Winter é provavelmente o mais criativo e cinematográfico das produções da DC Comics até então. O que a direção é capaz de realizar com apenas alguns movimentos de câmera, beira ao surreal, para uma série com um orçamento limitado. Cenas em primeira-pessoa e até mesmo enquadramentos que parecem ter saído de um gibi. Inclusive, para os leitores, há uma cena idêntica à primeira edição de Morrison pela equipe.

Fiquei arrepiadinho :3

A atmosfera grotesca e bizarra, não apenas ganha contornos narrativos interessantes, tais como chocam e impressionam o espectador, logo em seus primeiros minutos de projeção. Aviso: Se você não gosta de elementos separados caminhando, assim como eu, feche os olhos, pois ficarão na sua memória. Por um lado, os efeitos especiais são decentes, por outro lado, é fácil sentir agonia ao decorrer dos 58 minutos com cada personagem em tela. O que parando para pensar, não é um ponto negativo. É só um problema do redator mesmo.

Falando em personagens, não há como apontar uma caracterização ruim: Alan Tudyk como Senhor Ninguém em sua primeira cena, já vende o personagem completamente para o espectador. Timothy Dalton está perfeito como Chefe, assim como Brendan Fraser está impecável e com uma boca bem suja como Homem-Robô. Facilmente, a melhor performance. April Bowlby e Matt Bomer como Rita Farr e o Homem-Negativo, também não apresentam problemas. Apesar de não tão impressionante por enquanto, Diane Guerrero entrega uma boa Crazy Jane. Não há também problemas de interação aqui, há uma sinergia irônica e dramática ao redor do grupo.

Entretanto,  o verdadeiro trunfo do piloto está no roteiro de Arnold Drake, Bob Haney e Bruno Premiani. Não apenas unindo todos os elementos bizarros em uma trama crível, como também contando a origem de cada personagem, sem que a narrativa seja prejudicada. Além disso, vale a pena destacar a forma como a série utiliza da narração em terceira pessoa do Senhor Ninguém, para construir um humor interlinguístico. Algumas partes de seus monólogos, se conectam com o que os heróis conversam no presente, sendo contraditos por noticiários de TV, ou até mesmo flashbacks.

Patrulha do Destino poderia facilmente ser apenas uma série sobre desajustados, dentre outras séries. Ainda bem que o showrunner Jeremy Carver tinha noção do material-base. Aliando o bizarro, o grotesco, o agoniante, a metalinguagem e a sensação de ser uma pária para a sociedade, este é o início daquela que promete ser a melhor, senão a mais criativa produção televisiva da DC. A mente é apenas o limite.

Você também pode conferir a análise com SPOILERS de Titãs aqui

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Titãs: Definitivamente não é uma série de super-heróis [SPOILERS]

Titãs não é uma série de super-heróis. Parece absurdo, mas é verdade. Este não é um seriado sobre pessoas as quais pretendem salvar o mundo. Este é um seriado sobre pessoas tentando sobreviver, atormentadas por sua próprias habilidades. Cabe ao espectador, dizer sim ou não à proposta da produção. Se você gosta (exclusivamente) dos Jovens Titãs combatendo o mal em sua mais plena leveza juvenil, essa série não é para você. Todavia, caso você adore desconstruções de personagens, uma sensação de suspense e um tom gritante, então você foi feito para essa série.

O CONTEXTO 

Primeiro, é necessário dizer que criticar produções em decorrência de sua tonalidade, não é crítica. Arte é relativa. O contexto precisa ser entendido. Alguns enxergam como algo leve, vibrante, outros simplesmente, preferem a vertente melancólica. A questão nunca é o tom, mas sim, à forma como ele é aplicado dentro de sua narrativa. Afinal, narrativa é narrativa. “Mas por que justamente uma série sombria e violenta dos Titãs, João?” Bom, meu caro leitor, eu explico:

1 – Pois pertencem a um serviço de streaming, onde há mais liberdade para a produção de conteúdo.

2 – Greg Berlanti é um dos criadores da série.

Que homem esse tal de Berlanti!

Não conhece o Berlanti? Ele é o criador da maioria das séries da DC exibidas na CW. Ele criou Arrow, uma versão mais sombria e violenta do Arqueiro Verde. Entretanto, ele trabalhou com outras adaptações de quadrinhos, como por exemplo: Riverdale. A série é uma adaptação sombria dos quadrinhos da Archie Comics, misturando horror, suspense e adolescentes problemáticos e bonitos. Enfim, essa série é o exagero em pessoa. Mas por que comparar Titãs à Riverdale? Pois a ideia é a mesma. Pegue personagens de quadrinhos vibrantes e os transforme na versão mais sombria possível. A única diferença é que Titãs tem mais liberdade para cenas de violência, pois como já dito anteriormente: serviços streaming não tem restrições.

“Por que ninguém reclama de Riverdale?” Devem existir reclamações, mas os Jovens Titãs são muito mais conhecidos na cultura pop, existiu uma geração a qual cresceu com os quadrinhos por Marv Wolfman e George Pérez, outra, com o desenho animado de 2003 e uma nova está crescendo com Jovens Titãs em Ação. Então por que as pessoas estavam tão inconformadas com a série antes de sua estreia? Pois não parecia em nada com a imagem tida da equipe. “Mas isso justifica os comentários racistas com a Estelar?” Não, não justifica. Nada justifica racismo. Entretanto, aguardar pelas escolhas tomadas na produção se justificarem na narrativa era o sensato a ser feito.

Essa família é muito unida! Turututu E também muito ouriçada!

Felizmente, todas se justificaram. As mudanças não são o problema de Titãs. Cada membro do elenco regular traz algo único para a série: Dick Grayson (Brendon Thwaites) traz a fúria, Rachel Roth (Teagan Croft) traz o horror e em alguns momentos, inocência, ao lado de Garfield Logan (Ryan Potter) e Kory (Anna Diop), traz um maravilhoso senso de ironia. A familiaridade a qual permeia o grupo durante os 11 episódios, faz deles um verdadeiro – peço perdão por isso – Quarteto Fantástico revoltado. Todavia, os roteiristas não parecem entender o elo mais forte do show, o que fará o espectador vibrar e acompanhar com carinho cada detalhe da história. Não, ao invés da união ser priorizada, os roteiristas escolhem destacar a individualidade. Mas quem dera fosse a individualidade dos quatro personagens.

DICK GRAYSON

 

Titãs não é uma série dos Titãs. Parece absurdo? Parece e talvez seja. Titãs é uma série do Dick Grayson. Você, leitor, deve estar se perguntando: “Por que? O quê?” É a verdade nua e crua. Mas não, não pense que isso torna a série uma produção ruim, só a torna menos boa do que ela poderia ser. A temporada começa com os Grayson Voadores e termina com Dick aceitando o seu lado sombrio. É sobre ele. É tudo sobre ele.

Do primeiro ao quinto episódio, o espectador descobre que Robin se afastou do Batman, pois estava se tornando, em teoria, um psicopata. Proteger e cuidar do Rachel, é uma chance de desconstruir isso e ele apenas enxerga a oportunidade no quarto episódio, ao impedir a queda dela na escuridão. A interação entre os dois personagens não apenas se assemelha com a relação paterna entre Batman e Robin, como também é bem escrita e pontuada por momentos traçados por paralelos interessantes. No quinto episódio, o único onde os Titãs agem como uma equipe propriamente dita, é levantada uma questão: “O que Dick pode trazer para a equipe?” Ravena tem seus poderes demoníacos, Kory, rajadas flamejantes e Garfield, se transforma em um tigre. O roteiro resolve responder através da aceitação de Dick ao manto de Robin. É uma das cenas mais satisfatórias da série.

Aqui estou eu mais um dia, sob o olhar sanguinário do Robin.

Você deve estar pensando: “Essa é a maneira perfeita para finalizar o arco dramático dele e priorizar a trama, certo?” Sim, mas os roteiristas não pensaram que eles tinham mais seis episódios pela frente. Ou será que pensaram? Eu não sei. De qualquer forma, do sexto ao oitavo episódio, Dick recebe um novo arco dramático: Matar o Robin. É coerente, se parar para pensar que nas HQs, o personagem assume, após o Garoto-Prodígio, o manto de Asa Noturna. Entretanto, a temporada parece não finalizar o arco o qual foi iniciado, provocando um enorme vazio. Uma pena, pois a preparação é ótima:

  • No sexto episódio, o melhor da temporada, Dick conhece Jason Todd, o novo Robin. Todd serve como um espelho para mostrar a ele o que pode acontecer, caso a ideia de continuar sendo o Passarinho suba a sua cabeça. No final do episódio, ao ver como Jason se sente poderoso com a máscara, Dick resolve aposentar o seu codinome.
  • No sétimo episódio, os personagens param em um asilo, onde vivem seus piores medos, o maior medo de Grayson, é enlouquecer usando a máscara. Ao final do episódio, o personagem ordena que Kory incendeie o local, mais tarde, na última cena, Dick queima o traje de Robin, aposentando sua aparência.
  • No oitavo episódio, a série explora uma faceta diferente do personagem, trazendo um pouco de humor a ele, ao lado de sua amiga, Donna Troy. A ex-Moça-Maravilha argumenta sobre a diferença entre parar e se aposentar. Ela sugere que Dick não precisa ser o Robin para ajudar pessoas, ele precisa ser algo a mais.

Fica difícil entender o porquê existir essa demora em torná-lo o Asa Noturna. Não é apenas o caminho óbvio, mas o caminho narrativo certo a se seguir. Entretanto, a série resolve seguir o caminho “errado”. No final da temporada, intitulado “Dick Grayson“, o personagem precisa lutar contra seu lado sombrio e a forma como o roteiro encontra para executar essa ideia é através de uma realidade artificial onde Batman se tornou um assassino. Ele é o único capaz de pará-lo, mas isso significaria, sacrificar o seu compasso moral.

Você caiu na artimanha do Trigo kkk

Caro leitor, você já deve ter visto inúmeras capas de quadrinhos onde o herói grita furiosamente: “Preciso pará-lo de uma vez por todas.” Entretanto, você também deve saber que na maioria das vezes, a história por trás da capa, nunca apresenta o tal acerto de contas. Como um exemplo audiovisual, eu posso citar Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Pois em determinado momento, Batman está lá para matar Superman, mas segundos antes de enfiar uma lança de kryptonita em seu peito, Superman, através de um nome, faz com que o Cavaleiro das Trevas perceba o monstro o qual ele se tornou.

Em Titãs, não há momento para essa percepção, o heroísmo é negado por completo, no exato momento em que ele diz: “Meu Deus, Bruce. Isso é o que você queria, que eu abraçasse a escuridão. Vai se foder, Bruce. Você ganhou.” Ele deixa Batman para morrer naquele mundo fictício e abraça tudo o que há de ruim nele. Para muitos, inclusive para mim, soou como um arco mal finalizado, mas após muitos dias de reflexão, eu percebi: Isto não foi um equívoco narrativo. O que me leva ao próximo ponto.

A ATMOSFERA

Como dito no primeiro parágrafo: “Titãs não é uma série de super-heróis.” Não há nada heroico (com exceção de uma ou duas cenas) sobre esta série. Literalmente nada. Esta série é como um filme de 13 horas idealizado por Josh Trank. Caso não conheça o diretor, ele é o responsável pelo ótimo Poder Sem Limites e o terrível Quarteto Fantástico (É culpa do estúdio, para falar a verdade). Estes filmes não são sobre super-heróis, mas sim, sobre pessoas atormentadas pelas suas habilidades extraordinárias. Há um senso de horror diferente em cada personagem e a proposta da série é explorada ao máximo no episódio “Asylum”. Por que?

  • 1 – Personagens lidando com o que há de pior dentro deles.
  • 2 – Eles precisam fugir. Fuga é um aspecto constante na série.
  • 3 – O asilo é anônimo, as pessoas trabalhando lá também. Outra característica de Titãs é o fato de que existem vilões por toda parte e nós nunca saberemos os nomes deles.

Os roteiristas poderiam facilmente fazer dessa, mais uma série de conspiração criada pelos antagonistas, mas eles são o que menos importam e isso é ótimo. O que eles representam para os heróis é o que realmente importa e essa constante adrenalina se desenrola no decorrer desses 11 episódios, onde os personagens precisam lidar com seus problemas e fugir ao mesmo tempo. Não dá para confiar em ninguém, pois todo personagem fora do núcleo principal podem ser uma ameaça: Policiais, freiras, uma família geneticamente modificada, médicos de um asilo, idiotas em restaurantes, demônios, maníacos sexuais. Todos são motivo para pelo menos levar um soco na cara.

Exceto esse cara carbonizado. Ele só queria amor.

Esse fato contribuí para moldar o suspense da produção, justamente pela falta de ciência em relação a tudo o que não é fantástico neste mundo. Outro fator o qual colabora bastante é a excelente trilha sonora composta por Kevin Kiner & Clint Mansell trazendo o senso de adrenalina mesclado com o medo do desconhecido, a música cresce em momentos de tensão, em momentos violentos e imerge o espectador dentre deste universo doido. Entretanto, fica evidente a preocupação dos produtores em deixar a série com uma cara moderna. A quantidade de músicas tocadas no decorrer dos episódios (e bem selecionadas) confere à série um estilo pop.

Entretanto, a série não apenas transita entre esses dois fatores, ela serve como uma introdução ao Universo DC do serviço de streaming. Logo, conta com inúmeras participações especiais bem pontuadas em sua maioria. É impossível escolher o que parece mais atrativo. A Patrulha do Destino tem um tom próprio, misturando drama com humor (provavelmente o que se pode esperar da série). Rapina e Columba (Alan Ritchson e Minka Kelly) são carismáticos e trazem aventuras pé-no-chão, mas a série cometeu um equívoco em trazer um episódio piloto perfeito para a dupla no meio da temporada. Jason Todd (Curran Walters) entrega a raiva imatura e Donna Troy  (Conor Leslie) entrega maturidade através da ironia, provavelmente, serão os mais recorrentes na série.

Família! Família! Almoça junto todo dia
E nunca perde essa mania.

VEREDITO

Confesso, Titãs me deixou dividido. Não por ser sombrio e desconstruir os personagens, mas pela ausência de heroísmo. Entretanto, não posso simplesmente concluir que a primeira temporada é ruim. Pois é bem produzida, bem dirigida e cativa o espectador a continuar assistindo. O final, entretanto, pode ser considerado jogar o arco dramático de um personagem no lixo, ou o prelúdio para algo maior. Prelúdio. Era essa palavra que faltava. Titãs soa como um episódio piloto de 13 horas sobre Dick Grayson, com outros heróis como pano de fundo, na busca do confronto contra seus demônios internos. Em alguns momentos, usa o exagero ao seu favor, em outros momentos, parece querer reafirmar ao espectador a que veio, mas no fim, é uma ideia diferente, predominantemente bem executada, mas repleta de imperfeições.

Titãs já está disponível na Netflix.

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Titãs definitivamente não é o seu desenho animado

Os Jovens Titãs são uma das equipes de super-heróis mais queridas pelos fãs de quadrinhos. Quando Marv Wolfman e George Pérez tiveram a brilhante ideia de reunir super-heróis jovens, ninguém pensaria que se tornaria um grande sucesso. Mas se tornou. Não apenas nas páginas, mas na TV, com o desenho animado de 2003 e sua paródia, em 2013. Os Titãs atingem todas as idades, então por quê não trazer uma adaptação mais adulta destes personagens icônicos? Com este propósito, o primeiro live-action do grupo surgiu.

O anúncio da série foi recebido calorosamente pelos fãs, mas suas prévias, dividiram opiniões. Enquanto uns acreditavam que o show estava se tornando muito sombrio, apenas para se tornar legal. Outros acreditavam que o tom se encaixava perfeitamente aos personagens. Finalmente, o piloto foi divulgado, para sanar todas as preocupações em relação ao tom e aos visuais. Titãs definitivamente não é o seu desenho animado e isso é ótimo.

Brendon Thwaites como Robin

O primeiro episódio serve como uma mera introdução aos personagens e ao quebra-cabeça o qual virá a ser o formato da trama. Tudo começa com Rachel (Teagan Croft) tendo um pesadelo envolvendo a morte dos Graysons Voadores. Paralelamente, somos introduzidos ao detetive Dick Grayson (Brendon Thwaites) atuando como o vigilante Robin em DetroitKory Anders (Ana Diop), uma mulher desmemoriada. As primeiras duas tramas convergem no decorrer do primeiro capítulo.

Os roteiristas Akiva Goldsman e Geoff Johns entendem perfeitamente as regras da mídia audiovisual. Além de roteirizarem bem os diálogos entre os personagens, seu script se utiliza muito da lógica: Mostrar, não contar. tornando o ritmo da série extremamente dinâmico e reduzindo diálogos expositivos desnecessários. Assim como a escrita, a direção de Brad Anderson é extremamente inspirada, com cenas de ação brutais, no sentido literal.

Ana Diop como Estelar

 

A trilha sonora flerta com o épico super-heroico, ficção científica e horror. Visualmente, o show é um primor, os efeitos especiais não destoam da belíssima fotografia escura e cheia de flashes, mas sim, acrescentam e muito. O grande destaque vai para os incríveis poderes flamejantes da Estelar.

Falando em destaque, cada membro do elenco traz algo único para a dinâmica da série. Brenton Thwaites traz um sentimento incontrolável por justiça em sua violenta performance como Robin. A jovem Teagan Croft traz medo e confusão para a mente de Ravena. Enquanto Ana Diop traz imponência e mistério, entregando a melhor performance da série, como Kory Anders. Ryan Potter, em sua pequena aparição como Mutano no fim do primeiro capítulo, entrega o humor característico do personagem.

Teagan Croft como Ravena

Titãs é sombrio, visceral e promissor. É diferente de tudo o que já foi feito com os personagens e pode vir a se tornar um dos melhores seriados de super-heróis de todos os tempos. Até agora, o maior mal da produção, é a decisão de ser lançada como uma série semanal. Torçamos para que seja o único problema até o final da temporada.

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Krypton é um presente para os fãs do Superman

Desde o seu anúncio, Krypton era uma incógnita. Ao mesmo tempo que era promissora por explorar o lore alienígena do Superman, era um risco devido aos personagens desconhecidos. Diferente de Gotham, o planeta natal do personagem nunca contou com uma mitologia bem construída nos quadrinhos. A série era a oportunidade perfeita para construí-la de forma coesa. O piloto foi ao ar na última quarta-feira e felizmente, a série começou com o pé direito.

Na trama, a Casa de El é vista pela sociedade teocrática Kryptoniana como uma pária. Tudo isso se deve a quantidade de descobertas feitas por Val-El. 14 anos depois, o símbolo da Casa foi renegado e cabe a Seg-El reerguer o legado de sua família e salvar o seu planeta de uma futura ameaça. Em seus minutos iniciais, a série traça paralelos com cenas icônicas do Superman de Richard Donner. Os diretores Ciaran Donnelly e Colm McCarthy fazem um jogo de câmera interessante logo nos segundos iniciais. Temos a impressão de que veremos o Superman devido ao som da capa ao vento e ao emblema nela, mas é tudo um truque.

Seg-El

Falando em Superman, a série não apenas serve à sua própria trama, como também entende e abraça a importância do herói para a cultura pop. Seja através do tema composto por John Williams ou pelo recurso mais óbvio: Adam Strange, um herói vindo do futuro. Ele é o responsável por demonstrar o impacto do S no universo para Seg. O roteiro cumpre essa função com perfeição. Criando um ciclo onde tudo recomeça ou acaba com o Superman.

O roteiro de David Goyer (O Homem de Aço) é eficiente em sua maioria. Ele apresenta muito bem todos os conceitos, o modo de vida da sociedade e suas crenças. Goyer também escreve bem os personagens, mas os introduz de forma apressada. Como por exemplo, o romance entre o protagonista e Lyra Zod. Demora alguns minutos para o espectador se acostumar com a ideia. Já as tensões políticas e militares entre as Casas são muito bem construídas. O roteiro também aproveita alguns conceitos de O Homem de Aço como o controle artificial populacional. A série poderia facilmente se passar no Universo Cinematográfico da DC.

Seg-El e Lyra Zod

A construção de mundo é excelente. É notável o valor de produção aqui. Há muita inspiração nos designs de produção de O Homem de Aço, com estruturas medievais espaciais e a trilogia prequel de Star Wars, com edifícios luxuosos e modernos. É uma mistura perfeita e acarreta na criação de um visual único e totalmente consistente com a sua proposta.

Em relação ao elenco de Krypton, todos estão bem. Destaques para Ian McElhinney com Val-El em uma curta e memorável participação. Elliot Cowan, extremamente imponente e com excelentes overactings. Ann Ogbomo como Alura Zod, impressionando pela sua frieza e falta de compaixão. Cammeron Cuffe como Seg-El é um bom personagem, mas ainda há espaço para melhorar. O mesmo vale para Georgina Campbell como a filha de Alura.

Val-El

Krypton celebra o Superman como um todo, mesmo sem o próprio. É uma série extremamente promissora e empolgante. Torçamos para que o nível se mantenha e que as pequenas falhas sejam corrigidas. Em uma época escassa do personagem fora dos quadrinhos, esse piloto é um grande presente para os fãs do Homem de Aço e para os 80 anos de sua existência.

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Raio Negro é uma série extremamente promissora

A CW é casa dos super-heróis da DC na televisão. Tudo começou com Arrow, uma adaptação jovial e dramática do Arqueiro Verde. Logo após o sucesso do herói de capuz, tivemos a série do Flash. Tivemos um crossover que resultou em Legends of Tomorrow. Alguns anos depois, a emissora começou a exibir Supergirl a partir da segunda temporada. Antes a série da prima do Superman era exibida pela NBC. Com todos esses personagens, a cada ano, é feito um mega crossover entre as quatro séries. É o Universo DC fora dos quadrinhos que deu certo. Agora a nova aposta da emissora é Raio Negro. Uma adaptação do super-herói criado por Tony Isabella e Trevor Von Eden.

Já em seus minutos inciais, Raio Negro desponta como uma série promissora. A primeira cena se passa em uma delegacia. A direção de Salim Akil resolve se focar em pequenos detalhes como panfletos e noticiários para contextualizar o espectador sobre a situação da cidade. Nessa mesma cena o roteiro de Akil também demonstra eficiência. É possível ter empatia pelo núcleo principal: A família de Jefferson Pierce. Além disso, Raio Negro fala abertamente sobre o racismo e segurança. Apesar de Supergirl ter falado sobre esses temas em alguns episódios, Raio Negro é muito diferente em questão de tom. É mais séria em relação aos outros seriados, mas abraça a galhofa super-heroica. 

É um equilíbrio perfeito para alcançar aqueles que gostam da fórmula da emissora e aqueles que não gostam. O outro trunfo de Raio Negro está em não ser uma história de origem. A trama é sobre um herói aposentado o qual quer viver uma vida normal. Em muitos aspectos, remete bastante ao Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Se Bruce Wayne precisa abraçar o morcego novamente, Jefferson Pierce precisa abraçar os raios. A obra de Miller funciona como uma crítica ao fascismo. A nova série da DC funciona como uma crítica aberta ao racismo.

Raio Negro: O herói do ano
Cress Williams como Raio Negro

A raiva move Jefferson Pierce (Cress Williams). Ele tenta escondê-la através da diplomacia de um diretor de escola. Talvez não seja apenas a voz do personagem, talvez seja a voz do criador da série. Talvez mostre perfeitamente a intenção de Isabella e Von Eden ao criá-lo. Um pai super protetor de duas filhas que vive em uma cidade perigosa. A propósito, elas também se destacam na série. Anissa é a filha mais velha e responsável enquanto Jennifer é a irresponsável. Uma dinâmica simples, bem escrita e carregada de carisma graças as atuações de China Annie McLain e Nafessa Williams.

A direção de fotografia de Scott Peck é linda. Há uma cena em particular onde o protagonista está sangrando em uma banheira. É simplesmente fantástica, trágica e poética. A série também encontra formas criativas de introduzir personagens. A mais interessante é com certeza a de Tobias Baleia, o antagonista da série. Sua performance e suas atitudes trazem um pouco da galhofa dos quadrinhos para a série. Raio Negro também conta com bons fanservices. Um deles é a aparição do uniforme clássico do personagem em um flashback.

Raio Negro chega como um raio de esperança para as séries de super-heróis. Podendo fugir da fórmula do vilão da semana, a nova série da DC é extremamente promissora e poderosa. É um grande passo para adaptações de quadrinhos. É séria e galhofa na medida certa. É a série de super-heróis que nós precisamos.