A Torre de Vigilância vai contar a discografia de umas das bandas mais influentes do rock nacional na década de 90. Com peso no som e um skate nos pés, o Charlie Brown Jr. levou o Brasil a cantar sua coleção de hits e conquistou uma legião de fãs. Tendo na frente um carismático vocalista apelidado de Chorão, a banda atingiu o sucesso ao nível nacional com seus discos. Mas em uma carreira que também foi marcada com brigas, polêmicas e separações. E que foi interrompida de forma brutal pela morte de dois membros fundadores. Sem mais delongas informamos que os caras do Charlie Brown invadiram a cidade.
Transpiração Contínua Prolongada (1997)
No dia 16 de junho de 1997 chegava às lojas o primeiro CD da banda santista. Com músicas que rapidamente viraram hits nas rádios rocks e clipes que faziam sucesso na MTV, a banda chegava ao estrelato do rock nacional. Com a mistura de skate, rock, rap, um tanto de ska e reggae uma legião de fãs começou a seguir a banda. As letras diretas e desbocadas cantadas por Chorão ganharam seguidores.
Antes de chegarem nesse disco, a banda entregou uma fita cassete ao produtor Rick Bonadio por meio do amigo Tadeu Patolla (ex-Lagoa Seca). Bonadio era o presidente da Virgin Records na época e se interessou pelo grupo. Com uma demo totalmente em inglês, a banda foi convencida a fazer músicas em português pelo Planet Hemp, Tadeu e pelo próprio Bonadio. E o resultado é o que conhecemos hoje. As faixas “O coro vai Comê!”, “Proibida pra Mim (Grazon)” e “Quinta-feira” ganharam clipes que eram exibidos diretamente. E nas rádios as músicas “Sheik”, “Gimme o Anel” e “Tudo que ela Gosta de Escutar” eram tocadas diversas vezes no dia. Apesar de algumas com conteúdo duvidoso, as músicas fizeram o álbum ser um estrondoso sucesso.
Formação:
Chorão – Vocal
Thiago Castanho – Guitarra
Marcão – Guitarra
Champignon – Baixo, Beat-box
Renato Pelado – Bateria
Preço Curto… Prazo Longo (1999)
Depois de dois anos do seu álbum de estreia, em 6 de março de 1999, o Charlie Brown Jr. lançava o seu segundo álbum de estúdio. Era a prova de fogo para se consolidar no mercado da música após o sucesso do primeiro disco. E a proposta do trabalho era deveras interessante. Como falou o Chorão na época: “Nós fazíamos os shows, mas acabava muito rápido, porque tinham poucas músicas. Então resolvemos gravar muitas músicas para tocarmos mais tempo nos shows. Mas não queríamos que fosse um CD caro. Então é como fosse um CD duplo, mas com preço de CD simples.” E realmente era. O disco contém 25 faixas, mas era vendido como um de preço de 12 faixas (entendeu a matemática e o nome do disco?).
A crítica falou muito bem do novo trabalho, qualificando que o Charlie Brown Jr. tinha amadurecido do álbum anterior para este. Os fãs abraçaram a ideia e definitivamente a banda tinha vencido a prova de fogo. A música de trabalho “Zóio d’ Lula”, um reggae que virou marca registrada da banda e um belo clipe. o disco ainda conta com a energética “Confisco” e as autobiográficas “Não Deixe o Mar te Engolir” e “O Preço”. “Te Levar” durante os anos de 1999 até 2006, foi tema da abertura de Malhação da Rede Globo. Foi com esse trabalho que o nome Charlie Brown Jr. realmente entrou no circuito nacional, e eles fizeram sua primeira turnê pelo país que passou por todas as capitais. O disco tem participações de Rodolfo Abrantes (ex-Raimundos), DMenosCrime, Homens Crânio, Radjja Pmc e DJ Deco Murphy.
Formação:
Chorão – Vocal
Thiago Castanho – Guitarra
Marcão – Guitarra
Champignon – Baixo, Beat-box
Renato Pelado – Bateria
Nota na história: Antes de começarem o processo de produção do terceiro álbum, Chorão teve um baque com o falecimento do seu pai vitima de câncer. A banda então deu uma pausa para que o seu vocalista pudesse lidar com a sua perda. Nesse período ele quase acabou com a banda. Depois de alguns meses em profunda depressão, com a barba crescida e engordar 20 kg ficando em casa sem motivação. Ele decide dar a volta por cima. E começa os trabalhos para o novo disco.
Nadando com os Tubarões (2000)
A banda se reuniu em uma casa no Guarujá e lá ficaram só tocando e ensaiando, longe dos holofotes e sumidos da mídia, e em um mês no estúdio gravaram o Nadando com os Tubarões. Já rolava um burburinho que tinham problemas internos dentro do grupo, por causa do hiato. Mas que foram logo abafados. No terceiro álbum tem muito hip-hop, algumas baladas e o velho rock skatepunk de sempre. A influência do hip-hop fez com que a banda contratasse o DJ Anderson “Franja”, que fazia parte do RZO para tocar nos shows.
https://www.youtube.com/watch?v=HeC3hQXll84
O hit “Não é Sério” com participação da Negra Li tocou exaustivamente nas rádios. E a faixa “Rubão – O Dono do Mundo” estourou com um divertido videoclipe com participação da turma do Hermes e Renato. E “Ouviu-se Falar” que conta um pouco sobre o período de depressão do Chorão. O disco foi indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro em 2001. Apesar dos sucessos radiofônicos, a critica especializada não deu boas notas para o disco. Chegando a falar que o Charlie Brown Jr. consegue fazer o que é proposto, representar bem o seu publico, da a eles o que querem, mas com pouca evolução.
Formação:
Chorão – Vocal
Thiago Castanho – Guitarra
Marcão – Guitarra
Champignon – Baixo, Beat-box
Renato Pelado – Bateria
DJ Anderson Franja (músico convidado) – Scratches
Nota na história: Em 2001, guitarrista Thiago Castanho decide deixar a banda alegando que estava cansado da vida na estrada e que precisava dar uma atenção especial ao seu casamento. O músico então resolve tocar seus projetos particulares e abriu seu próprio estúdio o Digital Grooves. Não foi colocado ninguém no seu lugar. Foi no mesmo ano em que o Rodolfo saiu dos Raimundos, que era na época era considerada a maior e mais bem sucedida banda de rock no Brasil. Com a indefinição se os Raimundos iam continuar ou não, a banda santista acabou assumindo o posto dos Candangos como grande banda do rock nacional.
100% Charlie Brown Jr. – Abalando a Sua Fábrica (2001)
O quarto álbum da banda foi lançado pela gravadora EMI. A banda já estava consolidada como grande no rock nacional, com shows lotados, aparições em programas de TV eram comuns e a uma turnê que rodou novamente por todas as capitais brasileiras. Com produção de Carlo Bartolini, esse disco tem uma pegada mais punk. O rap e os elementos do hip hop ficaram de fora desse trabalho.
Canções como “Hoje eu Acordei Feliz”, “Lugar ao Sol” e “Como tudo Deve Ser”, que fez parte da trilha sonora do reality Show Casa dos Artistas, tocaram milhares de vezes nas rádios. As letras falam mais sobre conscientização dos problemas do Brasil, e a necessidade de informar a juventude sobre a sua força e importância. Nessa altura da carreira, Chorão já era considerado por alguns jovens como um poeta urbano. O álbum como sempre foi bem aceito pelos fãs, a crítica ficou dividida, mas considerou que era um trabalho melhor do que o último.
Formação:
Chorão – Vocal e guitarra rítmica
Champignon – Baixo e beat Box
Marcão – Guitarra solo
Renato Pelado – Bateria e percussão
Bocas Ordinárias (2002)
Durante a turnê gringa em 2002 na divulgação do disco anterior, a banda tocou em Portugal, onde um jornal local falou que os integrantes do Charlie Brown Jr. tinham “Bocas Ordinárias”, pelo motivo da quantidade de palavrões nas letras. Foi então o nome deste novo álbum. “Papo Reto (Prazer é Sexo, o Resto é Negócio)” e “Só Por Uma Noite” foram os sucessos desse trabalho. “Baader-Meinhof Blues” do Legião Urbana, que também está no disco, foi o primeiro cover gravado por eles.
Chorão falou na época do lançamento que o disco seria uma continuação do 100% Charlie Brown Jr. – Abalando a Sua Fábrica, e as letras novamente passavam uma mensagem para a juventude. Criada sem ideais e à margem da sociedade. Estilo pessoal, violência policial e desilusão adolescente marcam as letras desse trabalho. A crítica especializada novamente achou o disco mediano. Enquanto mais uma vez a legião de fãs da banda adoraram. Chorão se consolidava ainda mais como símbolo da molecada, o cantor foi garoto propaganda da Coca-Cola, onde segundo a empresa, foi escolhido por ser representante da geração que tem 14 e 19 anos.
Formação:
Chorão – Vocal e guitarra rítmica
Champignon – Baixo e beat Box
Marcão – Guitarra solo
Renato Pelado – Bateria e percussão
Acústico MTV – Charlie Brown Jr. (2003)
A MTV Brasil convida o Charlie Brown Jr. para gravar no seu vitorioso projeto Acústico MTV, por onde já tinham passado nomes como Paralamas do Sucesso, Titãs, Ira entre outros. O show foi gravado nos dias 5 e 6 de agosto com participações de convidados especiais. Marcelo Nova (Camisa de Vênus), Negra Li, o grupo RZO e Marcelo D2 dividiram o palco com Chorão. E quando se fala em acústico, a ideia que vem na cabeça é de violão, banquinho… mas o acústico dos caras não foi bem assim. Não chega ser uma revolução, Chorão fica em pé o show todo e as músicas tem uma levada um tanto quanto pesada.
As canções ganharam um arranjo diferente das versões originais, com destaque para “Quebra-Mar” e “A Banca”. “Não Uso Sapatos” e a excelente “Vícios e Virtudes” são as inéditas do álbum. Os covers “Samba Makossa” (Chico Science e Nação Zumbi), “Hoje” (Garotos Podres) e “Lá Vem Ela” (Jorge Ben) estão no disco. O trabalho foi muito elogiado pela crítica pelos seus arranjos e pela simpatia e energia do Chorão durante um show Acústico.
O álbum logo de cara, vendeu no Brasil mais de 250 mil cópias e foi o terceiro DVD mais vendido no ano. A turnê do show roda todo o país e passa pela Europa, Japão, EUA e toca no Rock in Rio Lisboa em Portugal na mesma noite de nomes como Evanescence e Foo Fighters. Na volta ao Brasil, o Chimera Music Festival traz a banda Linkin Park e o Charlie Brown Jr. abre o show.
Formação:
Chorão – Vocal
Champignon – Baixolão e beat Box
Marcão – Violão
Renato Pelado – Bateria e percussão
Músicos convidados:
Tadeu Patolla – Violão Base
Daniel Ganjaman – Piano Rhodes em Samba Makossa
Fabrício Uruca – Gaita em Samba Makossa
Nota na história: 2003 foi um ano de polêmicas com o vocalista Chorão. Em janeiro deste ano, um rapaz de 17 anos, prestou uma queixa de agressão contra o cantor. Segundo o jovem, Chorão teria dado um tapa no seu rosto, depois que esse falou que não gostava do Charlie Brown Jr.. Em comunicado, Chorão informou que apenas agrediu o jovem verbalmente, já que ele teria desmerecido a sua banda e seu trabalho. Ele completou falando que o rapaz queria seu “1 minuto de fama”. Meses depois, a treta foi com o vocalista Baduí do CPM22. Chorão chamou o cantor para a briga, após de ler comentários de Baduí sobre ele em uma revista. Depois desse episódio, o clima entre as duas bandas nunca mais foi o mesmo. E no ano de 2004, aconteceu o famoso desentendimento entre Chorão e o Marcelo Camelo, vocalista do grupo Los Hermanos. As duas bandas se encontraram no aeroporto de Fortaleza antes da apresentação no festival Piauí Pop. O motivo foi uma critica à participação do Charlie Brown Jr. em um comercial da Coca-Cola, feita por Camelo. Chorão foi tirar satisfações sobre as declarações e acertou um soco no Marcelo Camelo.
Esse comercial da Coca-Cola mostrava, durante um show, a banda distribuindo garrafas do refrigerante para a plateia e no final todos estavam felizes com sua bebida nas mãos. A postura do Charlie Brown Jr. provocou uma discussão acirrada entre quem gostava da banda e quem não gostava. Alegavam que para uma banda que falava da postura do jovem não se vender as coisas normais do mundo, estar em um comercial da maior bebida do mundo era meio contraditório.
Tamo Aí Na Atividade (2004)
Depois de mais de dois milhões de cópias vendidas no Acústico, o sexto álbum de estúdio chega às lojas. As músicas que mais tocaram foram “Champagnhe e Água-Benta” e “Tamo aí na Atividade”. As músicas do Tamo aí na Atividade lidam muito com as críticas que a banda sofreu por causa do comercial. A crítica falou muito sobre o álbum ser um tipo de resposta a essas insinuações contra Chorão e as letras. O álbum rendeu o primeiro Grammy Latino na Categoria Melhor Álbum de Rock.
Formação:
Chorão – Vocal e guitarra rítmica
Champignon – Baixo e beat Box
Marcão – Guitarra solo
Renato Pelado – Bateria e percussão
Nota na história: A imprensa e os fãs costuravam muitos boatos sobre o futuro da banda, já que os singles tocavam nas rádios, mas nenhum show de lançamento do disco foi marcado. Algo que aconteceu somente 3 ou 4 meses depois o lançamento do CD. O clipe de “Champagnhe e Água-Benta” foi gravado apenas por Chorão e no encarte do disco não tem nenhuma foto dos integrantes juntos. O papo que seria um disco de despedida ficava cada vez mais forte e que o clima dentro da banda já não era o mais amistoso.
Durante o show no Planeta Atlântida em 2005, Chorão repetia a frase: “Tá acabando, eu quero mais tempo para ficar com você, cuidar melhor de você!”. E em fevereiro do mesmo ano no Rio de Janeiro, após bater uma foto com o publico ao fundo ele falou: “Vou mandar fazer um quadro. Hoje eu estou aqui, amanhã tudo isso pode acabar!” coisas assim fortaleciam os boatos sobre o fim da banda. Depois de um show em São Paulo a banda entrou em férias. Em abril, Chorão participa do programa da MTV Gordo a Go Go, onde afirmou que o Charlie Brown Jr. só ia deixar de existir quando ele anunciasse. Falou que os integrantes estariam cuidando de projetos paralelos e que ele estaria com uma banda paralela, junto com o integrante Thiago Castanho, fazendo a trilha sonora do futuro filme O Magnata que foi roteirizado pelo vocalista.
Logo após em nota oficial no site da banda, Marcão, Champignon e Renato Pelado anunciaram suas saídas do Charlie Brown Jr. alegando divergências profissionais e que tomaram a decisão por vontade própria e que cada um seguiria para seu lado investindo em seus trabalhos pessoais. No dia seguinte, também por meio de nota, Chorão comunicou que ia continuar com a banda e pediu apoio dos fãs aos novos integrantes: Thiago Castanho na guitarra, Heitor Gomes no baixo e Pinguim na bateria.
O vício em cocaína do Chorão fica em níveis alarmantes. Em um momento de depressão pela indefinição sobre o futuro da banda, o vocalista abusa demais da droga. Ao ponto de sua esposa Graziela, pedir ajuda para Thais Lima (primeira esposa do Chorão) e o filho dele Alexandre (na época com 23 anos) e procuraram um advogado para providenciar uma internação involuntária do cantor. Algo que não foi possível fazer. Segundo Graziela, anos depois no velório do Chorão em 2013, ela disse que não o deixaram ser internado, o trabalho não deixou. Ela falou que o cantor sempre achava que tinha o controle sobre a situação.
Imunidade Musical (2005)
Então com novos integrantes e com a produção de Rick Bonadio, o Charlie Brown Jr. lança seu sétimo álbum de estúdio. E ao mesmo tempo lança um DVD com o nome de Skate Vibration. O álbum contém 23 faixas e o primeiro single tocado nas rádios, “Lutar Pelo o Que é Meu”, virou tema da Malhação. “Ela vai Voltar (Todos os Defeitos de Uma Mulher Perfeita)”, “ O Senhor do Tempo”, “Dias de Luta, Dias de Glória” viraram hits rapidamente. Ainda tem uma cover “Para Não Dizer Que Não Falei das Flores” de Geraldo Vandré que também marca o disco.
No geral tanto a crítica quanto os fãs aceitaram bem a nova formação. Falaram que deu uma repaginada na banda e que sacudiram a poeira que se abatia em cima do Charlie Brown Jr. transformando o Imunidade Musical em um divisor de águas na história da banda. Mas a maior recado que o disco deu foi que a alma e motor do Charlie Brown Jr. era mesmo o Chorão.
Nota na história: A banda desde Preço Curto… Prazo Longo em 1999, mantém a sequência de lançar um álbum por ano. Mas 2006 passou e nenhum material inédito do grupo foi feito. O motivo foi que além de uma gigantesca turnê do Imunidade Musical, Chorão terminou o roteiro do filme O Magnata que teve as gravações iniciadas no mesmo ano.
Formação:
Chorão – Vocal, Beat Box
Pinguim – Bateria, Beat Box
Thiago Castanho – Guitarra
Heitor Gomes – Baixo
Ritmo, Ritual e Responsa (2007)
O ano de 2007 começou com os fãs ansiosos por um novo disco do Charlie Brown Jr. mas como o trabalho era recheado de novas experiências e participações especiais para a trilha sonora de O Magnata, foram fatores que contribuíram para o atraso. Algumas músicas acabaram “vazando”na internet antes mesmo do lançamento. E no dia 09/04/2007, dia do aniversário do Chorão o single “Não Viva em Vão” é lançada oficialmente, e outras músicas foram disponibilizadas no site oficial dos caras.
Ritmo, Ritual e Responsa foi produzido pelo Chorão e pelo Thiago Castanho e tem mais de uma hora de duração. Se nos cinemas O Magnata não foi bem aceito pela critica, apesar de ter ficado entre os 10 filmes mais assistidos no Brasil em 2007, o mesmo não se pode dizer do disco. A critica gostou desse novo trabalho e os fãs nem precisa falar. “Pontes Indestrutíveis”, “Uma Criança Com Seu Olhar” e “Be Myself” foram sucessos. Forfun, MV Bill, João Gordo (Ratos de Porão) são alguns dos nomes que participam do disco.
Formação:
Chorão – Vocal, Beat Box
Pinguim – Bateria, Beat Box
Thiago Castanho – Guitarra
Heitor Gomes – Baixo
Nota na História: Em abril de 2008, em nota no site oficial, comunicava que o baterista Pinguim não fazia mais parte da banda, o motivo foi o fim do contrato que estava se aproximando e nenhuma das partes quiseram renovar. Tempos depois, o baterista entrou com um processo judicial contra a banda. Esse, para muitos amigos e familiares próximos ao Chorão, consideraram que foi um dos principais fatores para a depressão do vocalista. No posto de baterista, entrou o Bruno Graveto que havia tocado nas bandas Pipeline e O Surto. Logo após a banda resolve da uma parada para descansar. Durante o recesso houve a mudança de gravadora da EMI, onde estavam já há sete anos para a Sony Music.
Camisa 10 (Joga Bola Até Na Chuva) (2009)
Durante um encontro entre Chorão e Falcão (vocalista do grupo O Rappa) em um voo, eles viram uma foto de um jogador de futebol correndo atrás da bola na chuva, e Chorão viu como uma metáfora de como as pessoas encaram a vida. Mesmo com dificuldade levam na raça, e além, claro, da analogia com o número dez, eles iam lançar o décimo álbum.
Sob a batuta de Rick Bonadio, o disco foi gravado. O produtor e Chorão começaram a postar vídeos no YouTube onde mostravam ideias do trabalho. Eles apresentaram a música “O Dom, a Inteligência e a Voz” feita em 2001 para a cantora Cássia Eller, que planejava gravar a canção em 2002. Mas a cantora faleceu 15 dias depois da composição ficar pronta, e então ela foi engavetada. Até ser usada no álbum. “Me Encontra” e “Só Os Loucos Sabem” estouraram nas rádios no Brasil.
Camisa 10 (Joga Bola Até Na Chuva) recebeu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro. O segundo prêmio da banda, que já havia vencido na mesma categoria com o Tamo aí na Atividade. Até então, apenas Os Paralamas do Sucesso haviam sido premiados mais de uma vez nessa categoria.
Formação:
Chorão – Vocal, Beat Box
Thiago Castanho – Guitarra, violão
Heitor Gomes – Baixo
Bruno Graveto – Bateria
Nota na História: Durante um show no Viradão Carioca no Rio de Janeiro, Chorão anuncia que a banda não terá mais quatro integrantes e sim cinco. Então Marcão, guitarrista da formação original, sobe ao palco e é oficialmente apresentada a sua volta ao grupo. Em julho do mesmo ano, o contrato do Heitor Gomes acabou, e ele saiu de forma amigável, e em seu lugar retornou Champignon. O que causou uma surpresa dos fãs ao comunicar a sua volta em um vídeo postado no YouTube. O Charlie Brown Jr. voltava para quase a sua formação original de novo, com exceção do baterista Pelado.
Música Popular Caiçara – Ao Vivo (2012)
Em 2011 surgiu o projeto de fazer um registro ao vivo quando a banda ainda era um quarteto com Heitor Gomes no baixo, mas durante a primeira tentativa de gravação do DVD em São Paulo, os muitos problemas na organização do evento fizeram os membros da banda tomarem a decisão de romperem com a Sony Music e trabalharem de forma independente. Eles foram para o selo Radar Records e o disco ao vivo foi produzido por Liminha, já com o Champignon no baixo.
O álbum foi gravado em duas partes em Curitiba e em Santos somente em 2012. Já contendo o quinteto na sua formação. E diversos sucessos do grupo ao longo dos 15 anos de estrada fazem parte do set list. Além da inédita “Céu Azul”. Zeca Baleiro, Falcão (O Rappa), e Marcelo Nova (Camisa de Vênus) fazem participações no show.
Formação:
Chorão – Vocal
Champignon – Baixo, Beat Box
Thiago Castanho – Guitarra
Marcão – Guitarra
Bruno Graveto – Bateria
Nota na História: O ano de 2012 foi um ano complicado no Charlie Brown Jr. e como sempre envolvendo o vocalista Chorão. Em meados do mesmo ano, por causa do excessivo uso de drogas, após um casamento de 15 anos, houve a separação com a esposa Graziela. Durante uma apresentação no programa Caldeirão do Huck, o cantor confessou que ainda gostava da ex-mulher e que a música “Céu Azul” foi inspirada nela.
Durante um show no Paraná, Chorão fez um discurso contra o baixista Champignon no meio da apresentação. Onde falou que o músico só tinha voltado para a banda porque estava sem dinheiro, o chamando de oportunista. O baixista então abandona o palco. Para desfazer a briga, a dupla gravou um vídeo para os fãs onde Chorão disse que se descontrolou e pediu desculpa pela forma que tratou Champignon e o público.
2013 o fim do Charlie Brown Jr.
Em 06 de março de 2013, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, com 42 anos, foi encontrado morto em seu apartamento que ocupava esporadicamente em São Paulo. A policia ao chegar ao local descartou inicialmente a hipótese de homicídio, onde encontrou garrafas de bebidas alcoólicas, energéticos, embalagens de remédios e marcas de sangue. A causa da morte foi uma overdose de cocaína.
Em setembro do mesmo ano, na noite do dia 08, o baixista Champignon, ao chegar de um restaurante com a sua esposa grávida em casa, entra em um quarto e comete suicídio dando um disparo no lado direito da cabeça com uma pistola 380. O motivo do suicídio, segundo a viúva do músico, foi o fato do estresse causado pela morte de Chorão, o julgamento do publico que o fazia ficar nervoso por acharem que ele queria ficar no lugar do finado vocalista e o medo de não dar sequência a um novo trabalho. Luiz Carlos Leão Duarte Junior, o verdadeiro nome do Champignon, tinha 35 anos.
La Família 013 (2013)
É o álbum póstumo da banda após as mortes de Chorão e Champignon. Poucos dias antes de morrer, Chorão divulgou o novo single “Meu Novo Mundo” em 28 de fevereiro de 2013. Após a morte do vocalista (06/03/2013) a música e o álbum ganharam bastante notoriedade. O lançamento que seria em setembro, foi adiado pelo motivo da morte de Champignon (08/09/2013), então o álbum só saiu um mês depois.
Foi impossível não comparar o disco com o momento que era vivido pelo Chorão antes da sua morte, tido como depressivo e utilizando muitas drogas. O trabalho é um tanto quanto sombrio. Em várias faixas temos um Chorão com um vocal mais lento quase sussurrando como que demonstrassem um desânimo sem a energia de outrora. “Rock Star” ganhou um clipe onde o Alexandre Abrão, filho do cantor, participa. La Família 013 (que deve ser por causa do DDD de Santos), foi para muitos da crítica especializada como o álbum mais adulto e autobiográfico da banda.
Formação:
Chorão – Vocal
Champignon – Baixo, beat Box
Marcão – Guitarra
Thiago Castanho – Guitarra
Bruno Graveto – Bateria
O Charlie Brown Jr. foi uma das bandas mais importantes da história do rock nacional nos anos 90 e um dos campeões no mercado fonográfico. Com letras que abusavam do baixo calão, mas que também passavam mensagens positivas, relatavam romances, situações da vida e a indignação que vinha das ruas, conquistaram uma legião de fãs com o seu rock, rap e skate, que os seguem até hoje. Obviamente o carisma do Chorão fazia toda diferença no palco (palavras de uma pessoa que viu shows dos caras) o que o tornou, realmente, símbolo de uma molecada. Apesar de todas as polêmicas que sempre rodearam o Charlie Brown Jr. O que só podemos lamentar a sua saída tão brutal dos holofotes.
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