Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, foi o filme mais comentado de 2021 devido as incontáveis teorias que rodeavam a sua trama. Agora, o longa-metragem já está em cartaz nos cinemas e todos os fãs do herói ao redor do mundo, finalmente terão a oportunidade de assistirem a obra prima que esta produção é.
Há dois anos, a Sony Pictures junto da Marvel Studios haviam tomado uma decisão que deixou a internet polvorosa por semanas. Ambas as empresas determinaram que não renovariam suas parcerias, e o terceiro filme do Homem-Aranha de Tom Holland não seria mais situado no MCU.
Como era de se esperar, grande parte dos admiradores do teioso não gostaram da escolha, e os dois estúdios definiram que iriam reverter a situação, prolongando suas colaborações por mais dois filmes, um solo (é importante mencionar, que recentemente Amy Pascal, produtora-executiva da Sony Pictures, revelou que Holland será o protagonista de mais três obras do Cabeça de Teia dentro do Universo Cinematográfico da Marvel) e um de equipe.
Após a notícia mencionada no parágrafo anterior, os apreciadores do Homem-Aranha e de sua trilogia esboçaram uma felicidade sem tamanha e ao mesmo tempo, uma dúvida: como será este novo filme? A resposta, veio com o tempo, e ela foi deslumbrante.
Após ter tido sua identidade secreta revelada ao mundo por culpa das ações de Mysterio, Peter Parker vê a sua vida e a sua reputação desmoronar. Ao procurar ajuda de Stephen Strange para tentar consertar tudo, a situação só fica ainda mais perigosa, e Parker precisa descobrir o que significa ser o Homem-Aranha.
A datar de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, o público faz duras críticas ao Homem-Aranha de Tom Holland por vários fatores, como: ele enxergar o Tony Stark como uma figura paterna, não possuir problemas sociais intensos como as suas contrapartes cinematográficas, a cada momento se deparar com soluções razoavelmente fáceis para grandes conflitos, não dispor de consequências fatais para os seus atos e etc. Em Sem Volta Para Casa, tudo isso é jogado no lixo… para um novo Amigão da Vizinhança de Tom ser concebido.
Holland entrega uma atuação madura, consistente, responsável e o mais importante, um comportamento benevolente.
Desde o início da história de Sem Volta Para Casa, o Peter Parker do ator se comporta como as suas principais variantes dos quadrinhos: um rapaz simples, humano, piadista, ingênuo e que mesmo diante dos problemas mais conflitantes, ele ainda está de pé. A evolução repentina que o MCU trouxe ao Peter e Homem-Aranha, foi necessária para o contexto desse vasto e majestoso universo compartilhado, dado que a sua jornada como escalador de paredes, foi composta por altos e baixos.
Todos os acontecimentos presentes no enredo, desde os mais simplórios até os conceituados, foram necessários para a construção de um novo personagem que ainda possui um caminho extenso na Marvel Studios. Por sorte, temos Tom Holland, um astro dedicado e compromissado ao herói, para carregar o manto da Aranha Humana por muitos e muitos anos.
As interações entre Peter Parker, Doutor Estranho, Ned Leeds e MJ são orgânicas e funcionam. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) está mais arrogante e prepotente em comparação aos outros filmes do MCU (com exceção de Doutor Estranho).
O Mago Supremo não serve como um mentor para Peter como foi noticiado no final de 2020, mas sim, como uma pessoa que indica quais caminhos o Homem-Aranha deve seguir quando se trata de magia e multiverso. Apesar de possuir um papel chave para a conjectura da história, Estranho é facilmente descartado para segundo plano quando os componentes da trama decidem focar-se inteiramente na evolução de Peter Parker como ser-humano.
A relação entre Parker e MJ (Zendaya) também passou por mudanças. Em De Volta ao Lar e Longe de Casa, o vínculo amoroso entre eles era cru e imaturo, mesmo com os roteiros se esforçando para criarem uma metalinguagem baseada na paixão. Agora, em Sem Volta Para Casa, a relação amorosa entre eles é verdadeira e contagiante, colocando o espectador diante um namoro adolescente que existe respeito e afeto genuínos. Felizmente, a produção abre brechas para o relacionamento de Peter e Michelle ser explorado em filmes futuros de forma ainda mais madura e cativante.
Quanto a conexão do protagonista com Ned (Jacob Batalon), não há evolução; mas não se engane, isso não é algo ruim, uma vez que desde o primeiro longa-metragem protagonizado por Tom Holland, ambos possuíam uma união afetiva muito forte.
As presenças dos vilões são nostálgicas e caricatas, visto que Jon Watts retoma com perfeição os elementos apresentados em Homem-Aranha, Homem-Aranha 2, Homem-Aranha 3, O Espetacular Homem-Aranha e O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, e ao mesmo tempo insere novos componentes nesses personagens originários diretos dos quadrinhos, que alavancam ainda mais seus graus de importância para a mitologia do Amigão da Vizinhança.
Sem sombras de dúvidas, Doutor Octopus (Alfred Molina) e Willem Dafoe (Duende Verde) são os vilões mais significativos para a história de Sem Volta Para Casa. Ambos os atores, entregam as exatas mesmas atuações vistas nos filmes anteriores, dando a sensação de que eles interpretam esses papéis de forma contínua. Enquanto Molina opera de um jeito inteligente, mas esnobe, Dafoe efetiva seu personagem com diretrizes sádicas e psicopatas.
Electro (Jamie Foxx) recebeu uma melhoria ampla em contrapartida da sua versão de 2014. A sensação que Jamie entrega quando está no papel do vilão, é que ele é uma versão totalmente inédita de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, o que não é o caso. Dentre os cinco antagonistas, Electro é o mais caricato e previsível, uma vez que ele sempre fica repetindo o mesmo diálogo inúmeras vezes durante a trama.
Homem-Areia (Thomas Haden Church) e Lagarto (Rhys Ifans) são os antagonistas com menos apelo emocional em comparação com os outros três. É gratificante vê-los participando dessa grandiosa trama, entretanto, o pressentimento que se tem relacionado as suas presenças, é que eles foram incluídos no filme ”de última hora”, sendo que seus desenvolvimentos não foram bem trabalhados quanto os de Doutor Octopus, Duende Verde e Electro.
Sintetizando, as interações do quinteto com o Homem-Aranha funcionam e não são cansativas. Cada um, possui uma motivação distinta que se entrelaçam entre si, fator que contribui para a caminhada do enredo até o seu epílogo.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é um grande fan-service que a Sony Pictures junto da Marvel Studios construíram para atenderem uma certa carência que os fãs do Homem-Aranha do MCU tinham. A direção de Jon Watts (junto de A Viatura) é a melhor de sua carreira como cineasta. Desde os primeiros minutos até os últimos segundos, Watts respeita todo o legado e a história construída pelo teioso.
Watts se esforça ao máximo para contar um ”conto” que definirá o rumo que o Homem-Aranha terá nos próximos anos; e por sorte, o seu esforço é motivo para prestígio.
Sem Volta Para Casa, é uma produção visceral. Os combates corpo a corpo equivalem-se com o primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi, ou seja, são compostos por lutas mais intensas, cansativas e reais. O mesmo pode-se dizer a respeito da trama, na qual foge por completo em tudo que a Marvel Studios construiu para o personagem desde De Volta ao Lar.
O seu humor é inteligente e sarcástico, mas não pontual; o que é de se esperar vindo do Cabeça de Teia, um personagem que solta piadas nas histórias em quadrinhos nos momentos mais tensos para aliviar a tensão.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é o melhor filme do personagem, e o mais épico da Marvel Studios. A obra encerra com chave de ouro a primeira trilogia de Tom Holland. e deixa os fãs com um gostinho do que está por vir. Ele é um presente para os amantes de Peter Parker e sua mitologia, e ele deve ser valorizado.
Agradeço por ter lido até aqui, e lembre-se, há certos sacríficos que valem a pena.
Nota: Diamante.