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A estagnação dos filmes de heróis

Ao longo da história do cinema, nós já tivemos vários filmes de super-heróis, grandes clássicos e extremamente influentes até hoje. Mas, durante todo este tempo, uma coisa não mudou: Não temos uma diversidade, ou subgêneros para tais longas. Pegue de exemplo o Universo Cinematográfico Marvel, que completa onze anos e atualmente com 23 filmes já lançados, e mais 12 em desenvolvimento; sem contar suas séries. Pensando em um todo, isso não saturou  um gênero em que quase não havia diversificação?

Marvel e a DC Comics sempre estiveram presentes desde o início do século 21 com seus filmes, X-Men (2000), Homem-Aranha 2 (2004) e Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), longas que sem dúvidas mudaram o rumo do audiovisual e dos blockbusters. Esses filmes foram extremamente importantes para a formação e a base para o que temos hoje, os universos compartilhados, novos efeitos de CGI, e bilheterias exorbitantes.

E pensando nisso, fica no ar uma questão que não quer calar, quando teremos um novo filme que  realmente mudará o cenário que nos encontramos? É dificil pensar nisso, já que praticamente estamos vivendo em uma homogeneização em estilos, formas e histórias, e o que sai deste padrão, é atacado. Isso é visivelmente comprovado em questões de crítica (tanto profissional, quanto de público) e de bilheteria.

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Um dos maiores problemas talvez seja feito diante da “Fórmula Marvel”, tão criticada pelos fãs mais antigos, porém bastante ignorada pelo público em geral. Essa Fórmula consiste em invariavelmente, como um ‘esqueleto’ para o todos os roteiros
“O protagonista geralmente está cheio de problemas e tem um interesse amoroso não reciproco,  ele descobre seus superpoderes, um vilão descartável aparece e derrota o herói, e no final o herói enfrenta o vilão, derrotando-o e conquistando a garota. Cena pós-credito”.

Mas, felizmente, nem todos os filmes da Marvel se baseiam dessa fórmula, temos uma minoria que consegue ter seu próprio estilo e roteiro inovador, como Capitão América 2: Soldado Invernal e Guardiões da Galáxia. Esse estilo de filme se tornou extremamente rentável ao estúdio, já que só esse ano, a Disney fez mais de 1 bilhão de dólares em três filmes da Marvel Studios!

Esse com toda certeza é um dos maiores motivos de provavelmente todos os filmes do estúdio seguirem dentro de uma bolha, mas não só em roteiro, como tambem em efeitos especiais, fotografia, direção e trilha-sonora; praticamente a parte técnica e artística nesses filmes sao totalmente deixadas de lado, o que cria mais ainda uma saturação ao gênero. E isso acaba se tornando uma bola de neve, já que temos uma onda de universos compartilhados se inventando e todos utilizando dessa estrutura que a Disney criou. E isso com toda certeza interfere no trabalho dos diretores, que querem trazer sua visão para dentro de um universo tão rico, mas entre ideias e dinheiro, acho que é de ciência de todos qual o estúdio prefere.

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Levando em consideração tudo o que já foi apresentado sobre como a Marvel homogeneíza os longas de super-heróis, temos de falar sobre qual é o problema da DC Films: a vontade de ser inovadora e a auto sabotação da Warner Bros.

É inegável que a DC tem seu próprio estilo de filmes desde a trilogia do Cavaleiro das Trevas, do renomado diretor Christopher Nolan. Tratando de questões sociólogas, filosóficas, psicológicas e adaptando o que tem de melhor nos quadrinhos, a visão de Zack Snyder para esse universo era única, diferente de tudo que a Marvel estava atualmente fazendo, mas acabou de tornando um tiro no escuro após ter que lidar com um público que não tem senso critico desenvolvido, e por executivos gananciosos.

Após Homem de Aço e Batman v Superman falharem em crítica, e deixar o público misto, chegou Esquadrão Suicida, o primeiro filme em que mudaram todo o conceito original para se tornar um filme mais rentável. Mesmo o filme tendo um roteiro fraco, com falhas e furos, e críticas pesadas, se o selo “Marvel Studios” estivesse ali, provavelmente seria totalmente aceito, assim como “Liga da Justiça”, que foi praticamente todo alterado por Joss Whedon, diretor de Vingadores (2012). Ambos os filmes tem em si elementos que os filmes do estúdio rival apresentam, elementos que são glorificados, agora odiados.

Mas agora, a DC está sendo pioneira novamente, com uma nova direção sobre a DC Films e a troca de CEO da Warner Bros. Já foi dito que cada herói terá seu próprio tom e temas, sendo sombrios, engraçados e afins. Também vale lembrar que a DC está abrindo um novo selo para seus filmes, que pretende trazer filmes mais adultos, sombrios e artísticos, fora do universo criado por Snyder. Então, já temos  uma produtora correndo atrás contra a mesmice dos heróis.

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Chegamos a parte de nos perguntar, “Onde estão os filmes como Cavaleiro das Trevas, Watchmen, V de Vingança? Quais serão os futuros clássicos?”. É com muito prazer que digo , finalmente estão voltando, aos poucos, e devemos agradecer principalmente a Warner e a FOX (atualmente Disney) por isso.

Como citado acima, a DC está para lançar um selo de filmes originais, adaptações fiéis aos quadrinhos e sombrios. Longas mais artísticos, focando em festivais de cinema e que tem a chance de marcar a história em si. Felizmente, o filme já foi descrito pelo co-diretor do festival canadense de cinema como ”uma grande conquista cinematográfica”. Já o diretor de arte do festival disse que Coringa é a melhor atuação do premiado e nomeado Joaquin Phoenix. Já temos provavelmente mais um filme para lista dos pioneiros na diversificação do gênero, e com o novo selo do estúdio, a tendência é vir mais e mais.

Vale lembrar que a DC também se envolve muito quando a questão é técnica em seus filmes, pegando diretores e atores premiados, como Steve Spielberg e Jared Leto, por exemplo.

Imagem relacionadaMas também não podemos deixar de citar como a FOX ajudou o gênero de heróis, filmes como X-Men: Primeira Classe, Deadpool e Logan são tão únicos como são bons, e todos deixaram a sua marca na história. Logan foi o primeiro filme de super-heróis a concorrer a categoria “Melhor Roteiro Adaptado” no Oscar, e também foi super bem recebido nas criticas, chegando a alcançar 93% no Rotten Tomatoes. Deadpool reacendeu a faísca que Watchmen criou ao ser um dos primeiros longas para maiores com o tema de heróis. A grande maioria dos X-men’s trouxeram filmes bem desenvolvidos e bons sobre a equipe, questões sociais e boas adaptações, como pode ser visto em Dias de Um Futuro Esquecido. Uma menção honrosa pode ser feita também para o seriado Legion, que é comparado por muitos como um ‘filho perdido’ de David Lynch.

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Mas não é só isso, a FOX também  se tornaria uma pioneira em praticamente criar o primeiro filme de super-heróis em que teria o subgênero de terror. Os Novos Mutantes é a promessa de um divisor de águas legitimo. Com um elenco cheio de futuras premissas de Hollywood, como Anya Taylor-Joy (A Bruxa, Fragmentado) e Maisie Williams (Game of Thrones),o longa também conta com a brasileira Alice Braga (Cidade de Deus) e Antonio Banderas (A Mascará de Zorro). Tudo ocorria bem, até que um problema maior bateu as portas: a venda da FOX para Disney.

Já foi reportado pelo site norte-americano, Variety, que o estúdio não se impressionou com o filme, e acha ele não fará sucesso. A empresa vê o filme como ‘limitado’, e que não será um sucesso de bilheteria. Chega a ser cômico eles pensarem desta forma, já que o gênero de terror e heróis são os que mais lucram todo ano, e eles já faturam bilhões por qualquer coisa com o selo ‘Marvel’ na frente. E mais uma vez, temos a Disney mostrando que não se importa com o gênero, muito menos com o potencial dele, o dinheiro fala mais alto, sempre. As ações gananciosas podem afetar não só Os Novos Mutantes, como também pode afetar Deadpool e os próprios mutantes!

Resultado de imagem para deadpool gifO próprio diretor do Deadpool 2, David Leitch, se pronunciou sobre o mercenário tagarela indo para o MCU com uma posição polêmica. Segundo Leitch, o terceiro filme da franquia não tem necessidade  ser para maiores: “Ele é classificado para maiores, que não é a marca do MCU. Mas ele não precisa ser necessariamente assim e a Disney não precisa apenas fazer filmes para maiores de 13 anos. Eu acho que vamos encontrar um bom patamar. Ainda há muito mistério sobre o que eles querem fazer com o Deadpool no mundo da Marvel, mas pelas discussões que eu ouvi, tudo é positivo. Eu acho que eles apenas estão tentando descobrir um jeito de colocar ele dentro, já que pode ser difícil com o Deadpool”.

Em 2018 a FOX tentou fazer a sua versão para maiores de 13 anos de Deadpool 2, intitulada ‘Era uma Vez um Deadpool’, e o resultado foi aprovação de 51% do público e da crítica no Rotten Tomatoes, e nota 4.0 no Metacritic pelos usuários. Tornar um personagem em algo feito para crianças com a versão já apresentada nos cinemas seria um erro fatal, já que sua imagem está associada para maiores. Seria o mesmo erro que Venom (2018) cometeu, prometer um filme para maiores e entregar um para menores, isso tirou o que o filme sempre propôs.

Outro medo é como a Disney pretende utilizar dos X-men, uma das equipes mais importantes dos quadrinhos. Desde que Stan Lee e Jack Kirby os criaram em 1963, os quadrinhos da equipe sempre abordaram temas políticos, sociais, diversidade e isso é algo que precisamos no cinema. Precisamos de diversidade, criar essa consciência de pensar no próximo, respeitar, por meio dos filmes que mais fazem sucesso atualmente. Não podemos deixar usar apenas mais uma ‘fórmula marvel’, precisamos que isso seja único.

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Diversidade é algo que felizmente anda crescendo no mundo dos heróis. Temos por exemplo Pantera Negra, que foi um sucesso de crítica, bilheteria e prêmios. Mulher-Maravilha sendo uma das personagens mais amadas pelo público prestes a ganhar seu segundo filme, ao lado das Aves de Rapina, o primeiro filme de uma equipe feminina em um universo cinematográfico. E depois de anos pedindo, finalmente teremos o filme da Viúva Negra.

Temos atores e atrizes LBGTQ+ atuando como grandes personagens, como por exemplo Chella Man, que é um ator trans e surdo, ele interpretará Jericho na segunda temporada de Titãs. Ezra Miller, o Flash, é abertamente queer. Grandes perspectivas estão a caminho.

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Concluindo, os filmes de heróis não fazem mal algum ao cinema, muito pelo contrário. Porém, precisam sair da zona de conforto, nao continuarem a ter sempre os mesmos esquemas de roteiro, ideias não originais; vilões genéricos, isso sim faz mal ao cinema e ao gênero. Abrindo novos caminhos, novas visões e adaptações, é necessário que abracemos a diversidade e caminhos diferentes. Assim como o terror, o gênero de herói precisa ter suas vertentes e subgêneros.

O futuro nos trás esperança com tantos projetos bons e novas visões vindo, o que nos resta é esperar, e torcer para que o gênero se enriqueça e não se sature.

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Você não precisa exigir demais dos filmes de super-heróis

O princípio de ir ao cinema é querer a diversão, e os filmes de super-heróis na maioria dos casos proporcionam muita diversão, ou propõem algum tipo de reflexão ou inspiração. Entretanto, alguns consumidores exigem um padrão de qualidade absurdo desse tipo de filme. E será que deveria ser assim? Todos os filmes de super-heróis precisam ser obras-primas, ou algumas pessoas só estão ficando mais chatas conforme o tempo passa?

Existe uma frase máxima que diz: “Quando você vai consumir um produto com má vontade, você não irá gostar daquilo, mesmo que diga estar se esforçando.” Esta frase se encaixa em diversos contextos, desde o leitor de gibis até o consumidor de cinema, passando pelo fã de séries ou de música. É claro que todos devemos exigir um padrão de qualidade satisfatório para aquilo que gostamos, mas para algumas pessoas este padrão alcançou níveis inalcançáveis.

É comum, ao serem apresentadas para obras de uma qualidade acima da média, algumas pessoas passarem a desgostar de tudo que seja minimamente inferior (em quesitos técnicos ou não) àquela outra obra. E nisso, surgem pérolas como “este filme não é um Cavaleiro das Trevas, então não é tão bom“, girando uma roda de amargura infinita que aos poucos contamina a todos. Filmes de super-heróis não precisam ser obras-primas em 100% dos casos.

Digo isso baseando-me primeiramente no material de referência para tais filmes. Os quadrinhos, apesar de exceções que são verdadeiras perfeições, normalmente apresentam histórias consumidas como passatempo, feitas para entreter jovens e adultos que desejam sair um pouco da realidade e acompanhar aqueles personagens fictícios. E quase todos os filmes de super-heróis também são assim: você consome como um passatempo. Vai ao cinema, se diverte e fica tudo bem. Suspensão de descrença, como todos devem saber, refere-se à vontade de um leitor ou espectador de aceitar como verdadeiras as premissas de um trabalho de ficção, mesmo que elas sejam fantásticas, impossíveis ou contraditórias. E o mundo fictício dos super-heróis é todo baseado nisso.

Se você começa a exigir demais de certos entretenimentos, a qualidade não irá melhorar milagrosamente. Primeiramente, porque você é um ninguém, já que está dando seu dinheiro para um produto que já sabe que não irá gostar. O que vai acontecer é você se tornar um verdadeiro chato, onde nada lhe entretém. E você passará sua vida remoendo as “insuperáveis obras clássicas da humanidade”, reclamando de efeitos especiais (em filmes onde personagens precisam voar e soltar raios), dos vilões (vindos de uma mídia onde eles fazem diálogos expositivos com seus planos) ou de seríssimas incongruências como a existência de um índio americano num filme de Primeira Guerra Mundial… onde existem amazonas e deuses do Olimpo. Que absurdo! Quero meu dinheiro de volta!

Se você chegou ao triste ponto de procurar pelo em ovo para manter sua postura de reclamão, acredite quando digo que você é um dos piores tipos de consumidor. Entra em incríveis debates com outras pessoas que, ilogicamente, gostaram daquilo que você odeia. Tenta criar argumentos e questões para convencer os outros de que aquilo que eles gostam é um lixo tóxico. E nada muda, é só você lamentavelmente tentando criar mais ódio baseado na sua “experiência” e não aceitando a opinião do fã que se entreteve. E isso também vale para o sentido oposto, apesar de ser uma atitude menos comum.

É claro que gosto é algo que não se discute. Você pode não gostar, eu posso gostar, e a vida segue. O problema é quando o gosto torna-se um problema, já que ninguém sabe conviver com pessoas que discordam da sua opinião super embasada. Mas não estamos falando de gosto pessoal aqui, e sim de uma postura que visa sempre não gostar das coisas.

Aparentemente todas as pessoas também estão virando críticos profissionais de cinema. Mas a verdade é que quase ninguém é. É difícil simplesmente gostar ou não de algo sem tentar justificar expondo falhas técnicas ou estruturais das quais você nem sabe do que está falando. Principalmente se a pessoa, supostamente, tiver alguma influência nas mídias sociais, como um site ou canal de YouTube. E argumentos como “o filme te trata como burro” são risíveis por um lado, e extremamente tristes por outro, deixando pré-definido que o inteligentão é muito superior ao pobre burrinho que adorou ir ao cinema. E as vezes, a pessoa que não entendeu é o tal inteligente, que deixou passar um simples diálogo que explica uma situação.

É importante lembrar: você pode ir ao cinema de forma descompromissada. Assim como você pode ler um quadrinho, assistir uma série ou ouvir uma música só pelo entretenimento da coisa. Ninguém precisa ser um crítico expert em todos os assuntos, nem precisa justificar nada de forma super embasada. Divirta-se, acima de tudo. E se você vai consumir algo com má vontade ou exigindo um padrão de qualidade elevado, faça um favor para si mesmo e nem perca seu tempo. É uma dica muito útil que estou dando, já que você poderá economizar dinheiro e também utilizar as horas perdidas fazendo algo mais inteligente e proveitoso. Quem sabe?

Garanto que uma pessoa que gostou de algo não quer saber sua opinião que tenta fazê-la desgostar daquilo. E nem está interessada em ouvir supostas falhas. Ela está satisfeita. Dificilmente você mudará isso, Sr. Entendido.

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CBS | Emissora ainda está interessada em séries de super-heróis

A emissora CBS sempre recebeu em sua programação séries com a temática procedural investigativa (NCIS, Criminal Minds, Hawaii Five-0 e Person of Interest) ou de alívio cômico (The Big Bang Theory e 2 Broke Girls). Então, foi  fácil sentir uma certa estranheza quando confirmaram os direitos de Supergirl. Será que daria certo?

Apesar da queda de telespectadores ao longo do primeiro ano de estreia, a série caiu no gosto do público. É de conhecimento de todos que Supergirl ganhou uma segunda temporada e migrou para a The CW. Com isso, temos a conclusão que a emissora não quer mais arriscar em adaptações dos quadrinhos, certo? Errado! Tudo indica que o interesse neste gênero continua forte.

O presidente da CBS Entertainment, Glenn Gellar, revelou via Polygon durante o Television Critics Association sobre o assunto.

”Se ouvirmos sobre algum super-herói e for o certo para nós, ficaremos contentes em comprá-lo.”

Então, a porta está aberta na CBS para futuras adaptações dos quadrinhos. Só não seria surpreendente ver a rede tomar um tempo de espaço antes de entrar novamente neste meio.