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Papo de Saloon | Tex Willer, a nova revista de Tex

Sei muito bem o que você está pensando: OUTRA revista Tex? Não basta as histórias inéditas sendo publicadas nas bancas, vêm aí mais republicações de clássicos? Pois saiba que a nova Tex Willer não é nada do que você espera: aqui os leitores terão um vislumbre expandido da juventude do maior herói de faroeste dos quadrinhos. Sim, estamos voltando à fase “Procurado: Vivo ou Morto”!

A vida de Tex é cheia de redenções. Um dos mais famosos foras-da-lei em sua juventude, a primeira história do ranger abre com Tex e seu cavalo – ainda sem nome na época, e depois apelidado Dinamite -, um outlaw com gorda recompensa por sua cabeça. Histórias futuras viriam a mostrar como Tex tornou-se procurado pela justiça. Se vingando dos assassinos de seu pai e posteriormente dos assassinos de seu irmão Sam, a cabeça de Tex foi posta a prêmio e assim permaneceu por algum tempo.

O herói sempre teve um grande senso de justiça e honra. Apesar de procurado, Tex manteve grandes amizades com alguns homens brancos e índios, que tinham noção de sua boa índole. Entretanto, boa parte deste período da vida de Tex permanece inexplorada nos quadrinhos. Recentemente a Tex Graphic Novel (série semestral feita em formato maior e colorida) voltou ao passado do herói, pelas mãos do roteirista e editor Mauro Boselli, e foi comentada na Torre de Vigilância há algumas semanas.

Mas e os momentos que permanecem inéditos? Como já foi dito, a vida de Tex não é completamente conhecida. E a partir deste ponto surgiu a ideia de Davide Bonelli (atual chefia da Sergio Bonelli Editore) e Boselli, de criarem uma nova revista que explora o passado do ranger, e resgata também uma característica vital do início de sua publicação nos anos 40: um senso de continuidade e aventuras seriadas, que são contadas ao longo de várias revistas, em capítulos.

O lançamento da revista Tex Willer fez parte da comemoração de 70 anos de Tex. E curiosamente, a Mythos Editora está trazendo esta publicação ao Brasil pouquíssimo tempo após seu início na Itália. Com um acabamento similar às revistas italianas (abandonando o famoso formatinho brasileiro), em altura e com papel offwhite que remete diretamente ao original, Tex Willer recebeu o subtítulo “As aventuras de Tex quando jovem“, perfeitamente apropriado para a publicação.

E a história contada aqui, ligando os leitores à aventura do Totem Misterioso, é conduzida por Mauro Boselli com arte do veterano Roberto De Angelis (de Nathan Never). Boselli, em seu prefácio, promete que os fãs conhecerão todos os detalhes de coisas como o relacionamento de Tex e diversos xerifes, do jovem Kit Carson, de suas boas relações com índios (tal qual o já conhecido Cochise) e diversas outras figurinhas carimbadas da mitologia texiana.

Roberto De Angelis traz um visual clássico porém com características claramente modernizadas ao traço da aventura, trabalhando muito bem os tons de preto. Tex já é Tex desde sempre: justo, inventivo, um herói como poucos. E aqui nada difere em relação aos seus problemas comumente enfrentados, exceto o fato da justiça o perseguir. Porém, bandidos seguem sendo castigados por suas mãos.

A característica de “novidade” está presente nesta série, já que o objetivo é audaciosamente ir onde nenhum roteirista jamais esteve. Ou seja, é um ótimo ponto de partida para novos leitores! Apesar do ar imaturo de Tex, seus feitos chamam a atenção de leitores veteranos e também podem vir a encantar os recém-chegados, que buscam uma boa nova revista seriada para acompanhar nas bancas.

E o fator “série” não é um ponto negativo, pelo menos do meu ponto de vista. Certas aventuras funcionam melhor se contadas aos poucos, e sendo aqui a meta “remeter ao clássico”, nada mais justo do que fisgar o leitor com revistas baratas (Tex Willer chega custando R$ 14,90) e de rápida leitura. Mas a quantidade de desdobramentos e reviravoltas não deixa a desejar em comparação às grandes histórias: Boselli sabe criar um elenco de personagens convincentes, capazes de pôr em xeque a astúcia do ranger mais querido da nona arte.

Com duas edições publicadas até o momento (nos meses de janeiro e fevereiro de 2019), Tex Willer segue sua publicação mensalmente, com previsão de lançamento de um novo volume no vigésimo dia de cada mês. Cada edição é padronizada com um preview da próxima história na quarta capa da revista, e no interior, suas 64 páginas contam com o prefácio e a história propriamente dita.

Até onde irá a publicação desta série, não se sabe. Porém, é interessante notar como a editora italiana, casa de Tex, é capaz de criar novos materiais para o personagem sem prejudicar o cânone estabelecido. Somente as maiores figuras da história dos quadrinhos possuem esta maleabilidade cronológica, e definitivamente, o ranger é um dos grandes destaques mundiais neste sentido.

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Papo de Saloon | Tex Edição Histórica 103

Tex Willer, personagem criado em 1948 por Gian Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini, é publicado no Brasil de forma ininterrupta desde os anos 70. Passando por várias editoras ao longo dos anos e contando mensalmente com diversas revistas publicadas em banca, tornou-se sem delongas o herói da editora italiana Bonelli de maior influência no Brasil. Um fenômeno que se estendeu para o mundo todo e um dos personagens de westerns mais longevos da história dos quadrinhos, agora, Tex também será o tema central da coluna Papo de Saloon, dedicada inteiramente às análises esporádicas de quadrinhos do ranger!

Para dar início e marcar a estreia desta coluna com pé direito, foi selecionada uma história clássica e impressionante, desenvolvida pelos autores originais do personagem citados acima, G. L. Bonelli e Galep. Publicada originalmente na Itália em Tex 207/209 (jan/mar de 1978) e chegando ao Brasil pela primeira vez em Tex Coleção 259/261 (ago/out 2008), a história A Águia e o Relâmpago, republicada em Tex Edição Histórica 103 da Mythos Editora, serve como ótima porta de entrada para novos leitores, ao mesmo tempo que traz de volta elementos que agradam os fãs de longa data, inclusive se utilizando de piadas costumeiras das aventuras para criar situações diferentes e inusitadas.

Tex Willer e Kit Carson aceitam a missão de investigar uma série de assaltos a uma linha de diligências que transporta ouro extraído da mina Golden Well, de propriedade de John Walcott. Esta linha, que faz o caminho entre as cidades de Silverton e Durango, está sendo alvo preciso e constante de um grupo de bandidos que não deixa vítimas, porém um dia, assassina um dos passageiros da diligência e rouba seu anel entalhado com uma águia e um relâmpago. O passageiro morto era sobrinho de um velho conhecido de Tex e Kit, e isto motiva os rangers a darem cabo dos malfeitores para resolver a situação.

A investigação de Tex e Kit os leva ao rico e diabólico banqueiro da cidade de Durango, Paul Brady, que parece ter alguma motivação específica para armar golpes direcionados à mina Golden Well. Brady e o chefe do bando de assalto, Tom Horan, possuem uma relação de negócios que podem ser lucrativos para ambos, e os heróis devem também descobrir até onde as garras de Brady e Horan chegam nas duas cidades e dentro da mina de John Walcott.

Conforme os pards descobrem detalhes das ações criminosas e quem são os envolvidos, detalhes estes que não serão citados aqui para preservar as surpresas da aventura, um plano mirabolante começa a tomar forma, e seu sucesso dependerá de todas as partes benignas agindo corretamente.

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Tex Edição Histórica 103: A Águia e o Relâmpago apresenta uma estrutura clássica de algumas histórias do Tex. Infiltrados em uma cidade dos possíveis bandidos, se utilizando de nomes falsos e bolando planos para encurralar os diabos, Tex e Kit contam com o apoio (na outra cidade, e revezando) de Kit Willer e Jack Tigre, tornando esta uma aventura completa com os quatro pards agindo juntos. E ao longo de toda a história, o texto de G. L. Bonelli é desenvolvido com maestria típica do autor, que gosta de aprofundar os mínimos detalhes que farão sentido no decorrer das revelações e tiroteios.

É criado para esta história um elenco de apoio extremamente carismático, com destaque especial para o velho Pop, dono da estrebaria de Silverton, e também para o xerife de Durango. Todos, heróis e vilões com características visuais únicas, cortesia da arte extremamente competente de Galep, possuem seu ‘tempo de tela’ e desenvolvimento, fazendo com que a investigação dos assaltos às diligências não seja algo superficial. E os quatro pards, agindo como rebeldes durões para manter seus disfarces, soltam pérolas impagáveis em quase todo momento da aventura, especialmente quando resolvem socar gratuitamente alguns canalhas e salafrários.

Como quase toda história de Tex e seus amigos, o enredo parece simples, porém seu desenvolvimento é rico de uma forma que prende a atenção do leitor do começo ao fim. Para fãs mais antigos, por exemplo, há brincadeiras como o fato de Kit Carson ganhar uma aposta feita com Tex, algo que nunca ocorre nas histórias, onde Kit simplesmente afirma algo como “só apostaria se fosse um louco com vontade de perder!”

E a reta final da história, repleta de ação e conclusões, alcança momentos de tirar o fôlego (quase que literalmente) dignos de bons filmes de ação, culminando no desfecho inesperado para a história de alguns dos protagonistas (do lado bom ou mau?) desta aventura.

Tex Edição Histórica 103 foi publicada no formato típico da maioria dos quadrinhos Tex no Brasil (13,5 x 17,6 cm) e compila a aventura completa que foi lançada originalmente dividida em três partes. Totalizando 268 páginas repletas de tiroteios, brigas, muitas viagens à cavalo e larápios covardes, esta edição custa R$ 26,90 e está disponível para compra na Loja da Mythos Editora, que pode ser acessada clicando aqui.