No dia de 18 de março de 1977 era lançado um dos mais icônicos discos do punk rock mundial. The Idiot, primeiro trabalho solo de Iggy Pop chegava às lojas para se tornar um clássico há 40 anos, e graças as mãos mágicas de David Bowie.
Enquanto lê a matéria, que tal ouvir o disco?
The Idiot foi o trabalho de Iggy Pop logo após sua estadia em um hospital psiquiátrico por causa de sua vida regada a drogas, álcool e groupies. A amizade com Bowie surgiu quando o inglês produziu o terceiro álbum dos Stooges, Raw Power (1973). Cuidando de Iggy, Bowie o convenceu a participar da turnê do disco Station to Station (1976). Foi a primeira vez que louco vocalista fazia algo profissional, ou seja, recebendo dinheiro, plateia decente, sem abusar das drogas. Algo inédito na carreira do cara que para se drogar tomou tranquilizante para elefantes. Bowie ainda fez que a RCA Records contratasse o amigo e o levou para Berlim, onde gravaram The Idiot.
O álbum foi gravado nos estúdios Hansa em Berlim e no Chateau D’ Herouville em Paris. E realmente The Idiot tem as mãos de Bowie. Muito até para o gosto dos fãs mais radicais de Iggy Pop. Com oito faixas, o disco foi recebido com estranheza pela critica, mas aos poucos foi conquistando o publico, e se tornou favorito de futuros astros da música como Siouxsie Sioux e Ian Curtis, vocalista do Joy Division. Segundo relatos, que nunca confirmados, Curtis ouvia o álbum quando cometeu suicídio se enforcando na cozinha da sua casa.
“Sister Midnight” abre o disco abordando nas letras o assunto do incesto. Em seguida vem “Nightclubbing” falando sobre a paranoia sobre a guerra nuclear, e foi regravar anos depois por Grace Jones. Já a terceira faixa, “Funtime” se tornou um clássico e entrou na trilha do filme Fome de Viver (1983). Logo em seguida vem “Baby” e fechando o Lado A, “China Girl” que virou hit depois da regravação de David Bowie no álbum Let’s Dance (1983).
O Lado B contém somente três faixas,“Dum Dum Boys” onde Iggy fala sobre seus antigos companheiros de Stooges, abre a sequência, “Tiny Girls” com seu belo solo de saxofone, fala sobre romantismo e decepção é a segunda faixa e encerrando vem a tecno-estranha “Mass Production”.
“É meu disco de libertação”, dizia Iggy Pop na época. “Pode não ser fantástico ou uma obra de arte, mas significa muito para mim.” Pop montou uma banda com os irmãos Tony (baixo) e Hunt (bateria) Sales, Ricky Gardiner ficava na guitarra e um tecladista que raramente aparecia em publico. Que era o próprio David Bowie. O inglês se recusava aparecer para não tirar o foco da publicidade sobre Iggy. Algumas pessoas comentavam que The Idiot era um disco de Bowie e chamavam Iggy de “garoto de David”.
O nome The Idiot foi inspirado no livro O Idiota, do escritor russo Dostoiévsk, que Iggy, Bowie e o produtor Tony Visconti tinham admiração. A famosa capa foi uma foto batida por David Bowie de Iggy Pop fazendo a pose do quadro Roquairol do artista Erich Heckel.
The Idiot completa 40 anos sendo um dos discos mais emblemáticos da história do chamado pós-punk. Mas a grande curiosidade fica na benevolência de David Bowie, que era um artista gigantesco na época e muito conhecido pelo seu imenso ego, em ajudar um falido e perdido Iggy Pop e sua carreira arruinada. Vale a conferida no disco que até hoje é celebrado como um dos grandes álbuns já feitos.