Foi no ano de 1984 que os irmãos Max Cavalera e Igor Cavalera, em Belo Horizonte, deram o pontapé inicial para a considerada a melhor banda brasileira e de maior repercussão em todo mundo. O Sepultura. A influência musical dos irmãos eram bandas como Black Sabbath, Van Halen, Iron Maiden, Motörhead, AC/DC entre outras do heavy metal. Só que depois de uma viagem para São Paulo, onde ouviram Venom pela primeira vez, os ouvidos passaram a escutar Kreator, Megadeth, Exodus e as brasileiras Stress, Sagrado Inferno e Dorsal Atlântica. Sons que se tornaram base musical do Sepultura.
Com Max na guitarra, Igor na bateria, Paulo Jr. no baixo e Wagner Lamounier no vocal, a primeira formação do Sepultura estava pronta. Logo depois, Wagner saiu para formar a banda de black metal Sarcófago, Max então assumiu de vez os vocais e Jairo Guedez foi recrutado para a segunda guitarra. O Sepultura em 1985 participa de um festival de bandas em Belo Horizonte, onde é contratada pela Cogumelo Records. A partir desse momento para frente a Torre de Vigilância tem o orgulho de trazer para você, estimado leitor, a discografia e um pouco da história da banda que sempre foi referência do Brasil lá fora, influenciou diversos artistas nacionais e internacionais, chegou ao posto até hoje nunca alcançado por nenhuma banda brazuca e construindo assim uma carreira mais do que sólida no mercado fonográfico mundial.
Mas nem tudo são flores na longa estrada do Sepultura. Brigas, mudanças de formação, membros fundadores que saíram… bem, continue a sua leitura, ligue o som no talo e vamos viajar nos riffs de guitarras e vocais guturais que são uma identidade da banda!
Bestial Devastation (1985)
Poucas pessoas sabem, mas o primeiro registro em estúdio para valer do Sepultura foi esse EP em formato de vinil lançado no mês de dezembro de 1985. Com produção de Tarso Senra, João Guilherme e da banda, o LP foi gravado e mixado em apenas dois dias em Belo Horizonte. Max, Jairo e Paulo tinham na época 16 anos e Igor tinha 14. Com poucos recursos a banda usou instrumentos emprestados de amigos.
O LP ainda era dividido com a banda Overdose (procurem saber sobre a banda é muito boa), com cinco músicas do Sepultura no lado A e três da Overdose no lado B. O disco no total vendeu 8 mil cópias, com destaque para a faixa título que já dava um gostinho do que vinha para o futuro.
Formação:
Max “Possessed” Cavalera – Vocal, guitarra base
Jairo “Tormentor” Guedez – Guitarra solo
Paulo “Destructor” Jr. – Contra Baixo
Igor “Skullcrusher” Cavalera – Bateria
Sim. Eram esses os nomes que os caras usavam na época.
Morbid Visions (1986)
O álbum (pra valer) de estreia do Sepultura foi gravado, produzido e mixado por Eduardo Santos, Zé “Heavy” Luiz e a própria banda. O estilo death metal percorre por todo o trabalho e foi bem aceito na critica especializada na época do lançamento, apesar de ser uma produção em tanto quanto pobre.
A arte da capa foi feita por Alex, um antigo amigo da banda. Com o disco embaixo do braço a banda sai em turnê por alguns lugares do país. Pouco depois a Cogumelo Records relança o Bestial Devastation. “Troops of Doom” é um dos destaques do disco.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra
Jairo Guedez – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: O guitarrista Jairo Guedez, alegando problemas particulares, deixa a banda. No seu lugar assume Andreas Kisser, que já vinha tocado em alguns shows com a banda como uma espécie de terceiro guitarrista. Ainda em 86, o Sepultura processa a gravadora Shark por lançar os discos da banda fora do país sem nenhum acordo.
Schizophrenia (1987)
O segundo álbum oficial do Sepultura, sai novamente pela Cogumelo Records, é o primeiro trabalho com o Andreas Kisser na guitarra como membro oficial. Com produção da banda é do velho conhecido Tarso Senra, o som vai contra o Morbid Visions (que era um disco mais death metal), o novo álbum tem mais influências de trash metal.
Foi com o Schizophrenia que o Sepultura ficou mais conhecido. Nas primeiras semanas de venda, foram comercializados cerca de 10 mil cópias, e a gravadora New Renaissance lançou o disco nos Estados Unidos. O sucesso fez que houvesse um lançamento pirata do disco por uma produtora europeia, que vendeu 30 mil cópias, mas a banda não pode usufruir dos direitos autorais. Mas de um jeito ou de outro, abriu as portas desses mercados. O álbum virou uma sensação da critica tanto na Europa quanto na América do Norte.
https://www.youtube.com/watch?v=AUdFMV7yqYA
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base
Andreas Kisser – Guitarra solo
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na História: A gravadora Roadrunner Records, conhecida por ter grandes nomes do heavy metal em seu cast, assina com o Sepultura e lança o Schizophrenia oficialmente em todo o mundo. O detalhe é que todo o processo foi feito sem que ninguém da gravadora tivesse encontrado com a banda pessoalmente.
Beneath the Remains (1989)
Com letras escritas por Andreas Kisser e Max Cavalera, o terceiro disco do Sepultura é lançado. E do jeito que eles sempre queriam: por uma grande gravadora e uma grande distribuição. A história de Beneath the Remains começa com Max indo para Nova York em fevereiro de 1988, para negociar com a Roadrunner o orçamento da gravação. Apesar de terem fechado com o Sepultura, a gravadora ainda tinha um pé atrás com o potencial de vendas da banda. Depois de uma semana de conversas, o orçamento inicial foi de U$ 8.000, mas no final custou quase o dobro.
Para a produção foi escolhido Scott Burns, que aceitou trabalhar por uma quantia bem abaixa do normal na época. O produtor mesmo disse em diversas ocasiões que estava curioso sobre o som que era feito no Brasil, por isso aceitou. O som apresentado em Beneath the Remains é bem mais limpo do que os seus antecedores. A melhora da técnica dos músicos e os belos solos de guitarras são destaques do disco, que vendeu 800 mil cópias ao redor do mundo. Foi com esse trabalho que o Sepultura provou que era sim um dos grandes no rock mundial, e que poderia vender milhões.
O álbum foi muito celebrado por toda a critica especializada, a revista britânica Terrorizer o classificou com um dos “20 melhores álbuns de thrash metal de todos os tempos”, o disco, após seu lançamento, acabou sendo comparado com o clássico álbum do Slayer, Reign in Blood. E pela primeira vez, o Sepultura sai em uma turnê internacional, tocando junto com os alemães do Sodom. Os shows aconteceram na Áustria, Estados Unidos e México. A turnê foi marcada pelos diversos conflitos entre os membros das duas bandas.
Mas foi nessa série de shows internacionais que a banda aumentou sua popularidade. O mundo já sabia quem era o Sepultura e o som pesado e bem feito que se resumia em um tapa na orelha, muito lindo e perfeito, dos fãs. Foi nessa época que eles conheceram Lemmy Kilmister e o Motörhead, passaram por Berlim e seu muro durante a Guerra Fria e conheceram o Metallica que estava no auge da carreira.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base
Andreas Kisser – Guitarra solo
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: Em 1990 durante a apresentação no Dynamo Open Air Festival, eles conhecem a Gloria Bujnowski, empresária do Sacred Reich. Então, ela passa a lidar com os negócios do Sepultura e dos integrantes também. Depois se tornaria Gloria Cavalera ao se casar com o vocalista Max.
Arise (1991)
Em agosto de 1990, o Sepultura se juntou novamente com Scott Burns na Flórida para gravar o novo disco, a essa altura todos os membros da banda já moravam nos Estados Unidos. A essência de Arise é praticamente o estilo death/thrash metal de Beneath the Remains (o trabalho anterior), mas claramente mostra que a banda buscava também um “quê” experimental. Elementos de música industrial, hardcore punk e até percussão latina são presentes no álbum.
Os membros da banda falavam na época que o Arise tem a mesma direção do disco anterior, mas percebesse que o ritmo estava um pouco mais lento e a bateria de Igor tinha estilos mais carregados para o groove. E marca também o inicio da “fase tribal” do Sepultura com a música “Altered State” e o hardcore dá as caras em “Subtraction” e “Desperate Cry”.
Arise recebeu excelente criticas ao redor do mundo e carimbou de vez o lugar do Sepultura como grande banda do rock mundial. O trabalho ficou em 119º na Billboard, algo inédito na carreira da banda, o primeiro a conseguir uma certificação musical (estatuto de ouro em 1992 por vender 25 mil cópias na Indonésia). Quando chegou o ano de 1993 já tinha atingido a marca de 1 milhão de unidades vendidas no mundo. E em 2001, mantendo o fôlego, ganhou a segunda certificação, estatuto de prata no Reino Unido por mais de 60 mil cópias vendidas. É particularmente o disco que mais gosto dos caras.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base
Andreas Kisser – Guitarra solo
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: O Sepultura, apenas um dia após encerrar as gravações de Arise, começou uma pequena turnê com as bandas Obituary e Sadus. Foi o inicio da maior série de promoções feita pela banda, que correu o mundo e durou dois anos. Em 1991, eles se apresentaram no Rock in Rio 2 para uma plateia de 70 mil pessoas. No mesmo ano tocaram gratuitamente em São Paulo no fatídico show do dia 11 de maio na Praça Charles Miller. Os organizadores e a policia militar estimavam que tivessem cerca de 10 mil pessoas presentes, quando apareceram 30 mil. O que tornou o controle da multidão algo praticamente impossível. Na confusão seis pessoas ficaram feridas, 18 presas e uma foi morta a tiro. Há apenas uma semana antes, durante uma briga entre headbangers e skinheads um jovem foi morto a facadas durante uma apresentação dos Ramones também em São Paulo. Ambos os eventos repercutiram muito mal na mídia, criando um falso mito sobre o publico dos shows de rock. O Sepultura em particular tinha uma pequena dificuldade de tocar no Brasil por que produtores temiam que fosse acontecer alguma tragédia. Em compensação, a turnê internacional do Arise foi longa e passou por lugares como Grécia e Japão.
Chaos A.D. (1993)
O Sepultura já era considerado uma das melhores e maiores bandas de thrash metal do mundo. Foi então que a banda se juntou com o produtor Andy Wallace e nasceu o quinto álbum de estúdio da carreira. Dessa vez, eles realmente abraçaram o experimentalismo no som com um estilo groove metal que acabou os tornando uma grande influência para as bandas de groove, alternative e nu metal.
Os hinos “Refuse/Resist”, “Territory” e “Manifest” (que fala sobre o massacre do Carandiru) são destaques em Chaos A.D. que tem em suas letras assuntos geopolíticos mundiais. O estrondoso sucesso do álbum rendeu mais de 1 milhão de cópias por todo o mundo, levando o Sepultura em um patamar nunca alcançado por nenhuma banda brasileira. Foi a primeira banda do Brasil a se apresentar na Rússia, a primeira metal da América Latina a se apresentar no Monster of Rock na Inglaterra e depois de um abaixo-assinado organizado pelo fã clube oficial brasileiro, o Sepultura voltou a se apresentar no Brasil no festival Hollywood Rock. Vencendo assim o boicote de parte dos organizadores do evento, o incidente em São Paulo anos antes ainda amedrontava.
O lançamento foi feito em um castelo medieval na Inglaterra com a presença de convidados especiais e a imprensa mundial. O clipe de “Territory” foi gravado em Israel e eleito o melhor videoclipe do ano pela MTV Brasil. O álbum ainda conta com a participação de Jello Biafra, ex-vocalista do Dead Kennedys, na música “Biotech Is Godzilla” escrita pelo próprio, uma faixa onde os integrantes ficam rindo e gritando e na versão brasileira do álbum temos uma versão de “Polícia” dos Titãs.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base
Andreas Kisser – Guitarra solo
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Roots (1996)
Os fãs tiveram um gostinho do novo disco do Sepultura quando foi lançado compacto Roots Bloody Roots no começo de 1996. O EP tem a inédita faixa título, além de versões ao vivo de “Refuse/Resist”, “Territory” e um cover de “Procreation (Of The Wicked)” do Celtic Frost. Eis que então fevereiro do mesmo ano, com produção de Ross Robinson, Roots chega as lojas. E o novo trabalho marca uma mudança significativa no som da banda.
Com elementos como percussão, berimbau, a participação de Carlinhos Brown na música “Ratamahatta” e duas músicas gravadas com os índios Xavantes. É com certeza o trabalho mais experimental da carreira do Sepultura. A música “Itsari” foi gravada às margens do Rio das Mortes no estado do Mato Grosso na Aldeia Pimentel Barbosa em 1995. Os experimentos fizeram alguns fãs mais antigos da banda torcerem o nariz, mas não impediu o sucesso do Roots e tornou o trabalho referência para várias bandas que posteriormente seguiram o estilo nu metal. A versão brasileira do álbum contém os covers de, novamente, “Procreation (Of the Wicked)” do Celtic Frost e “Sympton of the Universe” do Black Sabbath, e a música “Lookaway” escrita pelo vocalista do Korn, Jonathan Davis.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base
Andreas Kisser – Guitarra solo
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: Dana Wells, filho de Gloria Cavalera, é assassinado em meados de 1996, Max e Gloria vão para os Estados Unidos e no festival Donnington o Sepultura toca em trio. O grupo cancela três semanas de shows em solo americano e encerra a turnê participando no OZZfest.
O furacão Max Cavalera
Andreas, Igor e Paulo estavam insatisfeitos com o modo que Gloria Cavalera estava lidando com a banda. O trio alegava que ela estava dando espaço apenas para o seu marido Max, e não para a banda como um todo. E a demissão da empresária foi colocada na mesa. Max por sua vez se sente traído e resolve sair da banda.
A discussão chegou à mídia e o publico ficou apreensivo com um possível final do grupo, o trio decidiu não renovar o seu contrato de trabalho. Existiu a opção de que ela continuasse a cuidar dos interesses do vocalista em separado, mas ele não aceitou a decisão dos companheiros e se sentiu injustiçado. A separação estava sacramentada.
Com o passar do tempo, a banda decidiu continuar os trabalhos e começou a escrever o novo álbum, como um trio. E Max formou o Soufly.
Os fãs temiam o final da banda…
O gigante Derrick Green
O trio Sepultura começava a trabalhar na nova formação, o baixo de Paulo Jr. ganhou mais força nas músicas e Andreas Kisser assumiu os vocais. Mas este não se sentiu a vontade no posto e o impasse estava formado. Então decidiram buscar um novo vocalista, milhares de fitas chegavam aos escritórios da RoadRunner, houve uma seleção e um pequeno grupo de finalistas foi escolhido e receberam uma fita com as músicas que deveriam trabalhar antes dos testes com a banda.
Tendo como principais tópicos para os testes finais, saber cantar no estilo proposto, é claro, integração e afeição com todos no grupo, Derrick Green foi o que mais impressionou. Em sua estadia no Brasil durante os testes finais, o norte-americano, se entendeu muito bem com os membros e se sentiu em casa. Com a pressão de gravar logo um novo trabalho e boa parte das músicas prontas (só faltando um vocal) o novo disco já estava no forno.
Against (1998)
A estreia de Derrick Green no vocal aconteceu no sétimo álbum de estúdio do Sepultura. Produzido por Howard Benson, o novo trabalho chegava ao mercado cercado de desconfiança por causa da saída de Max Cavalera. Algo que, ao que parecia, se estendia aos membros do grupo.
Igor Cavalera, na época do lançamento, disse que ainda estavam em dúvidas em manter o nome Sepultura. Então decidiram fazerem as musicas primeiro, se não soasse com a identidade da banda, trocariam de nome. Mas ao modo que tocavam, que produziam, mas viram que o Sepultura estava ainda vivo e com muita lenha para queimar.
A turnê de Against passa roda o mundo e acaba com as desconfiança em torno do futuro da banda. O Sepultura tinha passado por uma tempestade e conseguido sobreviver ao período mais difícil de sua carreira.
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nation (2001)
O oitavo álbum do Sepultura é produzido por Steve Evetts e é também o ultimo da banda a ser lançado pela RoadRunner Records. Nation é recheado de participações especiais como do vocalista Jamey Jasta da banda Hatebreed, Jello Biafra ex-vocalista do Dead Kennedys, Cristian Machado vocalista do Ill Niño, João Gordo do Ratos de Porão e da banda Apocalyptica.
O álbum tinha uma temática que contava a história de uma nação utópica ao longo das faixas. Mas as vendas do Nation não foram grandes coisas, mas não desanimou os integrantes que entendiam o momento de transição em que passavam. Alem disso o Sepultura acusou a RoadRunner de não promover o álbum, um exemplo foi que o videoclipe de “One Man Army” estava programado para ser filmado em agosto de 2001, nunca foi realizado, por falta de apoio da gravadora.
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: A turnê do Nation foi iniciada em janeiro de 2001 no festival Rock in Rio III. No ano seguinte, o Sepultura assinou contrato com a SPV Records.
Roorback (2003)
No primeiro trabalho junto com a gravadora SPV Records, o Sepultura novamente recrutou o produtor Steve Evetts, e assim Roorback foi lançado. A influência ao som groove/alternativo continua forte no decorrer das faixas.
Mas as vendas ainda continuavam baixas, apesar de Roorback ter tido analises melhores do que o anterior Nation. A versão brasileira do disco tem o cover de “Bullet the Blue Sky” da banda U2.
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: em 2005 o Sepultura grava o show Live in São Paulo, comemorando os 20 anos da banda. O disco tem participações especiais de B-Negão, Alex Camargo, João Gordo, Jairo Guedez e Zé Gonzáles.
Dante XXI (2006)
Com produção de André Moraes, o novo álbum do Sepultura é completamente baseado na obra A Divina Comédia de Dante Alighieri. O tema foi sugerido pelo vocalista Derrick Green, pois a banda passava por um período sem ideias para suas composições. É o terceiro disco temático na carreira do Sepultura. O primeiro foi Roots (1996) inspirados nas culturas brasileiras e africanas, Nation (2001) onde falam sobre uma nação utópica e agora em Dante XXI.
A odisseia pelo inferno, purgatório e paraíso feita pelo personagem Dante é refeita musicalmente pelo som pesado, a ideia era fazer algo como uma “trilha sonora para o livro”. Para diferenciar as passagens do purgatório e paraíso, instrumentos como Celo e Piano foram usados com arranjos mais elaborados. Na sonoridade que marca o inferno, a bateria, baixo e guitarra soam mais pesadas.
Foi na turnê desse álbum que o Sepultura tocou pela primeira vez na índia, além dos locais tradicionais como Europa, América do Norte e América Latina. Em 2007, foram atração de festivais no Brasil como Abril Pro Rock em Recife e no Porão do Rock em Brasília. Dante XXI foi disco de ouro no Chipre, o primeiro desde Roots (1996).
https://www.youtube.com/watch?v=_hUM2YH41jE
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
A saída de Igor Cavalera
No inicio da turnê de Dante XXI, o Sepultura teve mais uma baixa da sua formação original. O baterista e membro fundador Igor Cavalera decidiu sair da banda. Ele foi substituído temporariamente por Roy Mayorga. Mais tarde Jean Dolabella assumiu as baquetas de forma definitiva.
A saída de Igor, segundo Andreas Kisser, não foi tão traumática como a do seu irmão Max. O guitarrista falou que ele já tinha dividido com pessoas próximas o desejo de deixar a banda. Foi apenas uma questão de tempo.
A-Lex (2009)
Seguindo a linha de Dante XXI, um álbum temático, o Sepultura lança o interessante A-Lex, que é inspirado na obra A Laranja Mecânica de Anthony Burgess. Com produção de Stanley Soares o disco é lançado pela SPV Records e pela Atração Records no Brasil, sendo o primeiro trabalho sem Igor Cavalera, que foi substituído por Jean Dolabella.
O título é um trocadilho com Alex, personagem central da obra, e o latino para a expressão “sem lei”. Ab(longe de, sem) + Lex (lei). O disco foi bem recebido pela critica e vendeu 5 mil cópias no Brasil e 1.600 nos Estados Unidos. E a turnê, como de praxe, rodou mais uma vez o mundo.
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Kairos (2011)
O primeiro trabalho na gravadora Nuclear Blast e com produção de Roy Z marca por ser algo como “de volta as origens” do Sepultura. Pode se dar bom credito disso ao produtor, que é considerado um dos melhores no segmento de Metal no mercado fonográfico.
Bem recebido pela critica, Kairos tem um som mais pesado e cru do que os dois últimos trabalhos da banda, e é considerado como o álbum que trouxe o Sepultura de volta. A participação especial é do grupo francês Les Tambours Du Bronx na faixa “Structure Violence (Azzes)”, e o disco contém duas covers: “Just One Fix”, da banda Ministy e “Firestarter” do The Prodigy.
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: O baterista Jean Dolabella deixa a banda ainda em 2011, falando que quer procurar rumos diferentes para sua carreira.
Em seu lugar entra o excelente Eloy Casagrande, que tinha 21 anos na época, e termina a turnê de Kairos.
The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (2013)
O novo álbum marca a volta do produtor Ross Robinson ao trabalho junto com a banda e o primeiro disco de Eloy Casagrande na bateria do Sepultura. Também é o primeiro disco a ser todo gravado nos Estados Unidos desde o Against (1998).
“Sinistro, sombrio e metal pra caramba!” assim o vocalista Derrick Green descreve o som do disco. A critica e os fãs ficaram satisfeitos com o resultado final, muitos consideraram o melhor trabalho do Sepultura nesse milênio. Em sua primeira semana de vendas nos Estados Unidos o álbum vendeu mais de 1.800 cópias.
Andreas Kisser disse que o disco foi inspirado no filme Metropolis (1927) do austríaco Fritz Lang. O título é baseado em uma frase que significa a principal mensagem da história: “O Mediador entre a Cabeça e as Mãos deve ser o Coração”.
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Eloy Casagrande – Bateria
Machine Messiah (2017)
O elogiado novo trabalho do Sepultura foi lançado no começo desse ano e chegou com o pé na porta total. Para a gravação, a banda se refugiou na casa do produtor Jens Bogren em Estocolmo onde não tinham muito o que fazer, a não ser pensar em música 24 horas por dia.
Machine Messiah foi bem recebido pela critica como um disco bem sólido com a cara do Sepultura, mas ao mesmo tempo se propõe a mostrar algo novo na longínqua estrada da banda. Destaques do álbum são as faixas “I Am The Enemy”, “Alethea”, a instrumental “Iceberg Dances” e a incrível “Phanton Self”.
Formação:
Derrick Green – Vocal
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Eloy Casagrande – Bateria
Foi lançado o documentário Sepultura Endurance dirigido pelo cineasta Otávio Juliano. Confira AQUI. Apesar de não ter depoimentos dos irmãos Cavalera, o filme vai contar a trajetória da banda desde o inicio em Minas Gerais até sua afirmação como gigante no rock mundial.
O grande resultado sobre a carreira fonográfica do Sepultura é com certeza o legado que eles deixam para todos. A forte influência em diversas bandas mundiais, muitas até chegaram ao estrelado como Slipknot, Godsmack e System of a Down. E levando o nome do Brasil para o ponto mais alto do rock mundial, por mais que sejam músicas cantadas em inglês, a banda nunca escondeu e renegou suas origens. Se você procura algo para ouvir pesado e de boa qualidade, o Sepultura é prato cheio!