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A Leitura Que Me Fez Bem! As Indicações de 2021!

Em todo mês de dezembro, surgem as famosas “listas dos melhores do ano”. Ano passado, resolvemos criar algo diferente e juntamos um time de pessoas que fazem parte da mídia de quadrinhos, ou então que fazem quadrinhos ou que são leitores, e criamos A Leitura que Te Fez Bem. Aquele gibi ou livro que te fez bem no ano que passou, que tenha mexido com você de alguma forma.

Esse ano juntamos uma galera de primeira linha e pedimos para realizar a mesma coisa. E o resultado foi muito bom.

Principalmente, por que esse ano reuniu algumas resenhas de quadrinhos nacionais e de uma galera que… digamos… é mais “underground”. O que é bom, por que se tem uma coisa que eu adoro é divulgar a galera dos quadrinhos nacionais. Principalmente a galera lá da labuta.

Mas também temos arrasa quarteirões como X-Men do Jonathan Hickman, Incal, temos mangá, livros e a maravilhosa Berlim. Ou seja, tem para todos os gostos. Se te fez bem, se colocou sua massa para pensar, se te deu um alivio e te divertiu. Então o gibi cumpriu a sua missão.

Um time lindo, cheiroso e talentoso, colocou aqui suas leituras que, de alguma forma, marcaram ou que ficou na mente esse ano e indica para você, queridaço leitor! E aqui está a leitura que fez bem para todos nós:

Quadrinhos Azedos Vol. 0 (Felipe Limão) – Por Ricardo Ramos

O quadrinista e professor Felipe Limão não fez uma coletânea com suas histórias. Ele agiu como a música da banda Engenheiros do Hawaii chamada Armas Químicas e Poemas: “Eu abri meu coração, como se fosse um motor. E na hora de voltar, sobravam peças pelo chão. Mesmo assim eu fui à luta…” sim, Felipe foi a luta e apresenta um dos quadrinhos mais sinceros que transbordam sentimentos que li esse ano. Ele junta tudo que vivenciou na pandemia do COVID-19 desde o ano passado, em relação a seu relacionamento, vida financeira, raiva do negacionismo, medo de perder pessoas queridas, conviver com perdas cada vez mais próximas… e também a alegria de reencontrar parentes, amigos e uma retornada a “vida normal”.

Quadrinhos Azedos V.0 reúne essas passagens e também trabalhos do Felipe Limão publicados em 2019 como a excelente Tempo Acúmulo. Em uma viagem existencial, onde tudo depressão e desanimo batem de frente com esperança e a alegria de uma vida simples, Quadrinhos Azedos é um espelho para muita gente que se vê nas situações do Felipe.

Para poder ter o seu exemplar, você pode entrar em contato direto com o autor pelo Twitter ou assinando a sua campanha no Padrim.


Manual do Minotauro (Larete) – Por (Laura Athayde – designer, ilustradora e quadrinista)

Eu adoro quadrinhos, mas eu AMO tirinhas! Não é à toa que esse é o formato que mais exploro no meu trabalho. Acho que tirinhas têm um potencial imenso de provocar reflexões e sentimentos com poucos e bem pensados quadros. Por isso, a minha leitura preferida do ano (que, na verdade, ainda não terminei) é o Manual do Minotauro, da Laerte. Bem conhecida pelas tirinhas com personagens engraçados e charges de cunho político, em 2004 Laerte começou a testar formas diferentes de fazer quadrinhos.

Ela foi pra um caminho mais filosófico e experimental, e são esses trabalhos que estão compilados no Manual do Minotauro. O livro tem mais de 1.500 tirinhas, a maioria delas composta de 4 quadros. E é incrível ver tantas formas diferentes que a autora encontrou de preencher esse espaço!

Manual do Minotauro é uma publicação da Quadrinhos na Cia.


X-Men (Jonathan Hickman) – Por Konema (Podcaster do HQ Corp e comentarista de NBA no Twitter)

Meu prêmio de melhor quadrinho do ano vai para os X-men de Jonathan Hickman!

Não é de hoje que a gibisfera rasga elogios ao Hickman e nessa fase dos mutantes não poderia ser diferente! Depois de anos de história de sofrimento com lapsos de sucesso, Jhonathan vem para escrever um épico mutante onde a raça Homo-Superior finalmente irá PROSPERAR no universo Marvel!

Tem como isso ser ruim?

Esse foi o melhor título que li esse ano, disparado, chegava a da crise de ansiedade esperando a próxima edição, coisas como a formação da nação mutante Krakoa a planos “sem falhas” do futuro da raça mutante arquitetado por Magneto e Xavier em cima de uma pilha de segredos.

Um dos pontos mais altos para mim é como o Hickman escreve o Ciclope, Scott Summer tomou no meu coração o primeiro lugar antes conquistado pelo Logan, neste título ele contempla que FINALMENTE a raça mutante chegou a um patamar onde não está mais se matando, onde não a mais necessidade de revolução ou guerras e que finalmente eles têm uma terra para chamar de sua, ele nunca teve isso e vai lutar com tudo o que tem para manter, é apaixonante ver a evolução do personagem de aluno, líder, revolucionário para agora protetor!

Eu poderia perder horas falando desse título, até já fiz isso em outras mídias, mas fica aqui para vocês a melhor leitura do meu ano de 2021.

X-Men é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Dez Dias num Hospício (Nelly Bly) – Por Raphael Fernandes (Editor-Chefe da Editora Draco e sangue bom demais)

Dez Dias num Hospício, de Nelly Bly, foi uma grata surpresa e acredito que foi o livro mais interessante que li este ano. Trata-se de uma reportagem de 1887 sobre o sistema manicomial norte-americano, que foi escrita por uma das pioneiras do jornalismo investigativo.

A jovem Bly conseguiu forjar facilmente a própria condição mental e testemunhou como funcionava o encarceramento de mulheres em instituições para “tratamento” de pessoas com algum tipo de distúrbio mental. Uma reportagem brutal, muito bem escrita e que revela que o inferno somos nós.

Dez Dias num Hospício é uma publicação da Editora Fósforo.


Tecnodreams (Isaque Sagara) – Por Monique Mazzoli ( Podcaster Yellow Paper, HQ Corp e redatora da Torre de Vigilância)

Meu quadrinho escolhido do ano de 2021, entre muitos que eu também gostaria de falar, é o Tecnodreams do Isaque Sagara. Tecnodreams aborda um cenário futurista, mas que infelizmente ainda está preso em questões do passado, uma realidade ainda muito atual para todos nós, como a desigualdade social e a ideia errônea da meritocracia.

A HQ narra como a possibilidade de obter um pouco mais de poder sobre o próprio destino, ainda que em um mundo de realidade virtual, faz com que o ser humano passe rapidamente de oprimido a opressor. Com o Slogan: “Seja o que você quiser” a tecnologia Orion, da empresa Tecnodreams, faz com que seus maiores sonhos e desejos estejam a um passo de distância, basta desejar.

O trabalho do professor e quadrinista Isaque Sagara, sempre aborda questões sociais, mostrando como ainda vivem boa parte dos brasileiros, com temas pertinentes a serem debatidos, independente do cenário apresentado. Recomendo demais, não apenas esta HQ, como também seus outros trabalhos.

Tecnodreams é uma publicação do selo Negrogeek.


Dampyr (Mauro Boselli e Maurizio Colombo)  – Por  Caio Oliveira (Cantinho do Caio e o mais amado pelo fãs do Snydercut)

Quando me pediram pra resenhar o melhor gibi que li em 2021, eu tive que parar e pensar bastante pra lembrar qual foi. Não que não tenha lido coisas incríveis esse ano, mas: 1- queria evitar cair em Demolidor do Zdarsky ou Hulk do Ewing; 2- o grosso do que tenho lido nos últimos anos são compilações gringas de gibis velhos que li nos anos 80 e 90, e não sabia se isso funcionaria na proposta que me pediram. Foi então que me decidi por Dampyr, da Editora 85, que tá fazendo um excelente trabalho editorial em suas publicações. Dampyr nem sequer é meu fumetti favorito em bancas atualmente (esse seria Mágico Vento), mas eu tenho um carinho especial por Harlan Draka e seus companheiros por ter sido o primeiro fumetti que comprei em bancas, em 2004, quando ainda era publicado pela Mythos. Eu já lia Ken Parker, Dylan Dog e Mágico Vento que comprava em sebos, mas comprar a edição na banca me pareceu na época um ato de traição contra os gibis americanos, meu xodó na época! Me senti ousado e aventureiro!

Mas do que trata Dampyr? É a velha história de um caçador de vampiros filho de um vampiro mais poderoso. O diferencial de Dampyr é a ambientação, quase sempre as histórias se passam em cidades do leste europeu (em especial Praga) onde eclodem guerras civis, um prato cheio pros vampiros, que se banqueteiam. Na edição 7 da Editora 85, nós temos 4 histórias, 3 delas escritas por Mauro Boselli e uma escrita por Maurizio Colombo, os criadores do personagem. Eu prefiro a escrita do Boselli, acho mais fluida, em especial na história que abre a edição, “Pesadelo Flamengo”, sobre dois amigos idosos envoltos no mistério  do assassinato de seus velhos conhecidos de infância, numa trama de terror que deixaria Dylan Dog orgulhoso! Isso com a arte magistral de Luca Rossi (aliás, todos os artistas dessa edição 7 são fantásticos!).

Enfim, Dampyr é um bom gibi pra quem procura ação, terror e até um pouco de tramas históricas. Recomendo demais!

Dampyr é publicado no Brasil pela Editora 85.


Laura Dean Vive Terminando Comigo (Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell) – Por Fabi Marques (Colorista e podcaster do 1001 Crimes e DFP)

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma daquelas hqs que a gente lê de uma vez só e depois fica olhando pra parede se sentindo órfão.
Os personagens são tão bem escritos que a gente vive todo o ciclo de estar preso em um relacionamento tóxico e sente o frio do coração de gelo de uma pessoa que não está emocionalmente disponível, no caso, a Laura Dean.

O enredo é muito bem construído, no meio existe uma certa confusão que é exatamente o sentimento de um relacionamento abusivo não linear, com seus altos e baixos muito baixos mesmo.

Um quadrinho que mostra que todes nós estamos sujeitos a cair em armadilhas tóxicas e não é nossa culpa. Um quadrinho que pode ajudar a curar um coração partido mas também ensinar outras pessoas a terem mais empatia, enquanto mostra o verdadeiro valor das amizades e que você não está só.

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma publicação da editora Intrínseca.


Detrito – do caos a lama (João Carpalhau, Alex Genaro e Cristiano Ludgerio) – Por Paloma Diniz (Desenhista e quadrinista)

Sinopse: a história se passa na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, e narra o dia a dia de Renato Barros, um professor que está num momento muito ruim e delicado em sua vida pessoal e profissional. Como se não pudesse piorar mais, acontece um acidente químico após um assalto a um carro com carga radioativa na cidade. O que mudará completamente a vida do Renato e das pessoas na história. Baseada em fatos trágicos e reais que ocorreram em 2012 na cidade de Duque de Caxias-RJ, apesar de ficcional, traz muito da realidade brasileira.

Pessoalmente, é uma HQ na qual me identifico e que gostei muito em todos aspectos: uma HQ brasileira, feita por brasileiros, ficcional e bem embasada na nossa vida; uma história completa (com começo, meio e fim), num formato fácil de manusear, confortável de ler, e o melhor: preço acessível. Pra mim, o melhor de uma produção brasileira em todos os quesitos. Precisamos de mais HQs como estas.

Detrito – do caos a lama é uma publicação da Capa Comics.


Ao No Flag (Kaito) – Por Bruno Fonseca (Editor-Chefe do site Proibido Ler)

Sabe aquelas leituras que não exige nada do leitor? Você não tem que ter conhecimento prévio de nada, nem precisa se esforçar muito pra entender a trama. É sentar, ler e se divertir de um jeito simples e prazeroso. Assim é Ao No Flag, mangá escrito e ilustrado por Kaito.

Na história, três jovens estão naquele período de se formar no Ensino Médio e entrar na faculdade. Um período cheio de dúvidas e incertezas, mas que ficarão menos pesado por conta dos protagonistas. Aqui, todo mundo gosta de todo mundo, mas ninguém tem coragem de assumir e eles vão de um jeito único se entendendo e te cativando. Leitura boa para desestressar e relaxar.

Ao No Flag é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Incal (Alejandro Jodorowsky  e Moebius) – Por Carlos Pedroso (Yellow Paper poscast)

Um dos quadrinhos que me marcou em 2021 foi Incal, escrita por Jodorowsky e desenhada por Moebius, da editora pipoca e nanquim. Incal apresenta um futuro distópico cheio de bizarrices, ação e aventura capazes de me fazer imaginar no mundo real como tudo isso seria. Com uma visão particular para um futuro a autor nos apresenta a uma intriga intergaláctica ala Star Wars, cheio de inimigos perigosos que querem dominar o universo e aliados inesperados. Incal conseguiu me prender da primeira à última página com maestria, e conforme fui entrando e conhecendo seus personagens fiquei de boca aberta com o roteiro e artes casam de uma forma única, construindo todo universo e com seus personagens cheio de camadas e história bizarras.

Particularmente o querido Jonh Difoo que mais parece um velho rabugento que só sabe reclamar, foi sem dúvida o melhor personagem. Sempre reclamando de algo, o duvidando o tempo todo e sendo o herói improvável. Outro que me cativou foi o Metabarão, personagem frio e calculista, cheio de manias mais parecido com o “Hitman do jogo”, o Metabarão deu um ar de filmes dos anos 80 para a trama. O mais interessante é que todos os outros personagens são importantes para o desenvolvimento da trama e tem seu momento. E meu, que história concisa, densa e cheia de reviravoltas e surpresas que te prende e te faz querer chegar ao final para descobrir o que vai acontecer com nossos heróis.

Com uma arte impecável e roteiro sensacional, Incal sem dúvidas é uma das melhores leituras que fiz nesse ano fácil. Um adendo, cara que cores tem esse quadrinho, com uma coloração viva que realça todos os ambientes, além de destacar em detalhes os ambientes, planetas e pessoas. Esse é o tipo de quadrinho, com uma combinação perfeita na minha opinião como fã de ficção científica e tem tudo para quem gosta do gênero, viagem espacial, tramas bem elaboradas, uma visão distópica do futuro e muita ação.

Incal é uma publicação da editora Pipoca & Nanquim.


Berlim (Jason Lutes) – Por Léo Palmieri (Podcaster Gibi Nosso de Cada Dia e fundador do site Crossover Nerd)

Imagine acompanhar algumas vidas durante o conturbado período de 1928 a 1938 em Berlim. Neste incrível quadrinho, Jason Lutes conseguiu sintetizar de forma magistral, acontecimentos incríveis na vida de pessoas comuns na cosmopolita Berlim dos anos 30. Aqui, vemos como foi a ascensão do Nazismo frente a todas as situações ideológicas possíveis, bem como este regime totalitário se utilizou de toda a cultura e informação para, aos poucos, estabelecer o seu poder.

Jason Lutes demonstra neste trabalho, que além de uma narrativa sem igual (beirando a cinematográfica em algumas situações), domina muito da história da Alemanha. Os Embates dos Nazistas contra os comunistas, a troca de situações quase novelescas, o auge e queda de pessoas, comércio, cultura e liberdade. Berlim não é uma obra fácil de se digerir, se você não for uma pessoa empática. Esse quadrinho me tocou muito nesse ano.

Berlim foi publicada pela Editora Veneta.


Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria (Max Andrade) – Por Gabriel Ávila (Jornalista do site Jovem Nerd)

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é a típica HQ que engana o leitor. Se você confiar na sinopse, vai achar que está comprando um “mangá sobre aceitação e amadurecimento em uma realidade” – o que não é mentira, mas não é toda a verdade. Partindo desta ideia, que parece simples, Max Andrade (Tools Challenge) constrói uma história que é ao mesmo tempo grandiosa e metalinguística, como também é intimista e sincera.

É nesse equilíbrio de coisas que parecem antagônicas que esse quadrinho sustenta em uma história cativante as infinitas referências que habitam a mente de um dos maiores talentos dos quadrinhos. E faz tudo isso com uma sinceridade vibrante que torna a experiência memorável e o Juquinha um dos mais queridos personagens das HQs.

Vida longa ao Juqs!

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é uma publicação da Editora Draco.

 

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Logan irá ao passado para salvar o futuro dos X-Men em X lives and X Deaths of Wolverine

A Marvel Comics terá uma invasão de Wolverines no começo de 2022, e o personagem será peça fundamental para salvar o futuro dos X-Men. The X Lifes Of Wolverine e The X Deaths Of Wolverine serão duas minisséries que irão mexer com o universo mutante. Mais uma vez. Confira algumas artes e capas abaixo:

 

As publicações vão marcar com início da Segunda Era de Krakoa e acompanharemos Logan viajando no tempo, onde ele deve prevenir a morte de uma figura chave na história mutante. É estranho pensar que o personagem remexer no passado, pode ser e ter uma peça fundamental no futuro dos mutantes, pois Logan viveu muitas vidas sob muitas identidades durante muitos anos. Confira o trailer lançado pela Marvel Comics para o evento:

Além de encontrar suas versões mais famosas do passado, Wolverine também irá bater de frente com seus vilões clássicos e encontrar membros de sua família como Daken e X23. E vai revisitar momentos importantes de sua longa história.

X lives and X Deaths of Wolverine terão roteiros de Benjamin Percy, arte da dupla Joshua Cassara e Federico Vicentini e capas de Adam Kubert. A série será uma publicação semanal, com data de lançamento para Janeiro de 2022 nos EUA.

E se você quiser curtir essa histórias, e muitas outras, antes de serem publicadas no Brasil, venha conhecer o site Comics and  Signatures, gibis, colecionáveis importados!

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Acertar a Cronologia e Reformular os X-Men é Importante Para Todos

Ter uma cronologia complicada beira ser uma característica dos X-Men e seu universo. São tantas indas e vindas. Xavier morre, Xavier ressuscita. Jean Grey morre, Jean Grey ressuscita. Magneto fica jovem, Magneto fica velho… se o leitor ficasse um tempo sem ler qualquer título dos Mutantes da Marvel, depois que voltava ficava mais perdido que cego em tiroteio. Mas os últimos lançamentos da Marvel Comics, pelo menos os mais importantes dos últimos anos, vem para colocar tudo no eixo finalmente. E chegou em boa hora.

Clássicos nunca morrem.

Os X-Men sempre foram um grande produto da Marvel Comics. Quantas e quantas vezes salvou a editora com seus diversos produtos, licenciamentos, games etc e tal. Reconheço que os títulos tiveram bastante sucesso nos anos 80, com grandes sagas e participando de momentos históricos. Muitos mesmo, ali fermentou uma base sólida com personagens se tornando verdadeiros arrebatadores de fãs, como o Wolverine e a Tempestade. Mas a grande popularização veio realmente na década de 90.

Os games presentes no Mega Drive, Super Nintendo etc, o icônico desenho animado e até mesmo as sagas de gosto duvidoso como Era do Apocalipse e Massacre não abalavam o sucesso dos Mutantes e muito menos as suas vendas. Com o passar do tempo, apesar dos filmes com sucesso de público, os quadrinhos já não cativavam tanto quanto antes, até chegar o momento em que praticamente foram “jogados para o escanteio” pela própria editora. Com o advento dos filmes dos Estúdios Marvel e os Mutantes (e também o Quarteto Fantástico) em outros estúdios, os títulos foram diminuindo, personagens importantes foram saindo de cena e muita coisa foi testada, usada, sem muito sucesso. Os, até então, um dos carro chefe mais lucrativos da editora ficaram à sombra até mesmo dos Inumanos.

X-Men: Grand Design
X-Men por Jonathan Hickman

Mas agora com X-Men: Grand Desing de Ed Piskor e a nova fase nas mãos do badalado Jonathan Hickman, um novo capítulo está sendo escrito. Sim, confesso que até agora não li nenhuma das edições, isso é uma verdade. Então escrevo aqui como o Ricardo, menino lá da década de 90, que comprava formatinho dos X-Men e do Wolverine, que está empolgado infinitamente com essa “guinada” dos Mutantes. Pelo o que já li de resenha das edições, ou de pessoas que leram e deram feedbacks sinceros, elas em sua maioria abraçaram os novamente os Mutantes. E isso é muito importante, para os personagens, e para o mundo em que vivemos. Isso mesmo.

X-Men Gold e Red

O principal fator dos X-Men e toda comunidade mutante, sempre foi enfrentar o inimigo chamado preconceito. Cada vez que vemos um caso de racismo, homofobia ou algo do tipo, e que esse tipo de idiotice vem de algum “nerd” ou leitor de HQ, usamos um jargão: “esse não entendeu X-Men”. E realmente ele não deve ter entendido. Até porque esse tipo de pessoa não se conectou com as histórias e personagens que trazem o peso do preconceito. Esse tipo de pessoa conheceu os personagens em games lutando contra Ryu, Ken e CIA. Conheceu por cima dos filmes que abordam muito superficialmente o assunto e nas HQs, esse tipo de pessoa leu um mundo sem mutantes, ou então eles lutando contra os Vingadores, ou contra sua própria extinção por causa da Névoa Terrígena dos Inumanos. Qual foi a última grande história ou momento dos quadrinhos em que vimos os mutantes abordando o preconceito de forma efetiva contra aqueles que os temem? As mais recentes foram nas HQ’s X-Men Gold e na ótima X-Men Red. Que sinceramente, apesar de serem boas publicações, não fizeram o estardalhaço do peso do assunto.


“Ah Ricardo, você está sendo um radical chato. A culpa de existir preconceito é da Marvel que não publicou histórias de racismo contra os mutantes?”

Não, estimado leitor, não mesmo. É algo maior do que isso. Mas se cada um fizer a sua parte, usando as “armas de propagação” que tem, podemos subir um degrau de cada vez. Hoje mais do que nunca é importante que as pessoas entendam os X-Men. Por que são justamente com essas “armas de propagação” ou com a “máquina de propaganda”, usadas de forma errada e maliciosa, que as fakes news são espalhadas. Mas também o ódio, o preconceito, ignorância contra outras pessoas e até governos são eleitos com ela. Hoje mais do que nunca é importante que as pessoas saibam que preconceito de qualquer forma é nocivo e maligno. Por isso é muito bom que os X-Men sejam acertados cronologicamente, reformulados e venham ensinar.

E lá em cima, no começo do texto, eu disse que Ed Piskor e Jonathan Hickman vieram em boa hora para colocar tudo no eixo e criar novos leitores e arrebatar os antigos. XMenGrand Design veio para recolocar a galera na cronologia e nova fase do Hickman para dar uma nova… digamos… roupagem, atualizada… nos personagens e tudo aquilo que os cercam. Os Mutantes daqui a algum tempo vão estar de volta aos cinemas e agora pelos poderosos Estúdios Marvel. Vão surgir/criar novos fãs e quem sabe novos leitores. Mais uma incrível chance de usar personagens queridos e poderosos na mídia, para ensinar, de forma clara, o que sempre foi um alicerce na criação deles no passado. Sim, os X-Men tem um papel importante na “criação educacional e moral” de muita gente.

E aquele, que mesmo depois de ler sobre X-Men e continuar com o mesmo sintoma de preconceito imbecil… sim, esse nunca vai entender os X-Men.

Vida longa aos X-Men!