Em mais uma entrevista feita durante a CCXP, dessa vez conversamos com Wagner Willian. Pintor, quadrinista, fotógrafo… e mais de uma pessoa que condensa todas essas artes em suas HQs. Em seu lançamento O Maestro, o Cuco e a Lenda, Wagner aborda uma narrativa diferente de suas obras anteriores e aqui explica o porquê:
Depois de Bulldogma, agora vem O Maestro, o Cuco e A Lenda. Bulldogma eu vejo com uma história mais adulta, mais densa. Já O Maestro… lembra mais um conto. Por que mudança entre um título e outro?
Eu quis tentar algo diferente do Bulldogma. Não penso em uma série de histórias e seguir o mesmo padrão. Eu gosto de tentar novas formas narrativas, novos conceitos, novos estilos de história. O Maestro… apesar de ser um desenho mais caracteristicamente infanto-juvenil do que o Bulldogma em si, a história também serve para um leitor adulto. Não é tão infantil assim, ela consegue abranger um público maior. Mas a história em si ainda tem sua carga dramática, tem um engine do mal…
Uma coisa engraçada do Bulldogma é que em seu livro derivado O Flerte da Mulher Barbada a sua personagem (Deisy Mantovani) toma vida. Ela é a autora do livro e não você. Como você se sente hoje como um heterônimo dentro dos seus quadrinhos?
A Deisy só me deu frutos positivos. Foi um charme fazê-la. Ela criou uma vida própria como você mesmo falou e acho que acertei meio que na mosca com ela ou ela que me acertou… estamos decidindo ainda quem vem antes e quem vem depois. Mas acho que é meio que sorte também de acertar e transformar o zeitgeist do momento, transpor e colocar voz a um personagem como quis dizer e agir, como o pessoal esperaria que um personagem atual se movimentasse e agisse.
Vendo O Maestro… vejo que seu traço do interior da publicação é diferente do que você, por exemplo, apresenta nos seus quadros. Não só pelas cores mas o estilo é diferente. Por que em quadrinhos você adota essa forma de traço?
Justamente por ser uma outra linguagem. Ela requer a sequencialidade. Outro ritmo e outra leitura. Então, não dava… até daria para outro tipo de história. Mas para o que eu estou fazendo, foge um pouco do conceito que eu faço para pintura em si. Telas únicas e separadas… ela requer o ritmo e velocidade da leitura. Por isso tenho que adaptar o meu estilo e desenho, para funcionar melhor enquanto quadrinho.
Uma coisa que a Laerte disse uma vez (no documentário Malditos Cartunistas) é que a movimentação dos quadrinhos vem do cinema. Quando você tem um quadro você tem a obra com uma representação. Nos quadrinhos você tem uma sequência. Para você que faz quadros, qual o maior desafio de transpor essas duas formas de arte?
Entre a pintura e o quadrinho em si? Acho que é a questão do tempo. A questão de saber condensar o tempo. Criar um ritmo desse tempo e condensá-lo. E principalmente, tendo isso em vista, saber fazer a questão do fluxo da leitura. De não emperrar, empacar em um ponto. Então é a questão da movimentação. Quadrinho é muito mais movimentação em si. A questão de passar a página e tal. E isso cria uma matemática própria para isso. Acho que a grande dificuldade é essa: Pensar essa questão de fluxo narrativo. Já que é uma narrativa.
Aos que não foram à CCXP e querem conferir esse lançamento, eis a sua segunda chance! Neste sábado, dia 16 de de Dezembro, das 16h às 19h ocorre o lançamento pós-CCXP na Ugra Press que fica na R. Augusta, 1371 – Consolação, São Paulo – SP. Compareçam!